quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Estupradores de Mumbai não tinham medo da lei

The New York Times

Ellen Barry e Mansi Choksi
Em Mumbai, Índia
  • Punit Paranjpe/AFP
    Policiais escoltam um suspeito de participar do estupro coletivo a uma fotojornalista em Mumbai
    Policiais escoltam um suspeito de participar do estupro coletivo a uma fotojornalista em Mumbai
Às 17h30 daquela quinta-feira, quatro jovens estavam jogando cartas, como de costume, quando o celular de Mohammed Kasim Sheikh tocou e ele anunciou que era hora de sair à caça. Presas tinham sido avistadas, disse ele a um amigo. Quando o dono da casa perguntou o que eles iriam caçar, Sheikh disse: "um belo veado".

Quando os dois homens saíram apressados da residência, o anfitrião sorriu, imaginando que eles não gostavam de perder no jogo.

Duas horas depois, uma fotojornalista de 22 anos saía mancando de um edifício em ruínas. Ela havia sido estuprada repetidas vezes por cinco homens. Um deles pediu para que ela imitasse cenas pornográficas exibidas em um telefone celular. Depois que a moça deixou o local do estupro, os homens se dispersaram e voltaram para suas esposas ou mães – ao menos aqueles tinham esposas e mães –, pois era hora do jantar. Nenhuma de suas vítimas anteriores tinha ido à polícia. Por que esta iria?

O julgamento do caso de estupro coletivo em Mumbai teve início em um tribunal sonolento e mal frequentado, sem a pressão dos repórteres que registraram cada reviravolta de um caso semelhante, ocorrido em Nova Déli, no qual uma mulher morreu depois de ser estuprada por vários homens dentro de um ônibus particular. Os acusados, que estavam descalços e se sentaram em um banco ao fundo do tribunal, observavam os argumentos com expressões vazias, como se eles estivessem sendo proferidos em mandarim. Todos se declararam inocentes.

Mas o caso de Mumbai oferece um vislumbre incomum sobre um grupo de jovens entediados que já cometeram o mesmo crime tantas vezes que até chegaram a desenvolver uma rotina. A polícia diz que os homens já estupraram pelo menos cinco pessoas no mesmo local. O jeito confiante e relaxado dos acusados reforça a ideia de que aqui na Índia o estupro tem sido um crime em grande parte invisível, para o qual as condenações são raras e cujas vítimas costumam sair silenciosamente de cena. Só após a prisão dos acusados, num momento em que a violência sexual vem ganhando as manchetes e tem sido alçada ao topo da agenda das autoridades locais, é que a gravidade do crime foi compreendida.

Um editor da publicação onde a fotógrafa trabalha, que falou sob a condição de anonimato para proteger a identidade da vítima e estava presente quando uma testemunha identificou o primeiro dos cinco suspeitos – um jovem –, disse que o adolescente se esvaiu em lágrimas assim que foi acusado.

Mumbai é uma mistura anárquica, com seus arranha-céus ladeados por pequenas favelas e imóveis desocupados que se transformaram praticamente numa selva. Um desses lugares é Shakti Mills, onde estão as ruínas dos dias prósperos da indústria têxtil de Mumbai. Quando a noite cai, Shakti Mills se transforma em um traiçoeiro trecho de escuridão em meio à cidade, repleto de buracos e detritos, mas ainda próximo o suficiente de Mumbai para que seja possível olhar para cima e observar as luzes piscantes do Hotel Shangri-La.

A fotógrafa e seu colega, um homem de 21 anos, eram estagiários de uma publicação de língua inglesa e decidiram incluir as ruínas do complexo Shakti Mills em um ensaio fotográfico sobre os prédios abandonados da cidade, segundo o editor. Naquela quinta-feira de agosto, eles chegaram ao complexo fabril em ruínas cerca de uma hora antes do pôr do sol.
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Casos de estupro na Índia239 fotos

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23.ago.2013 - Policiais indianos inspecionam local onde uma jovem de 22 anos foi vítima de estupro coletivo, em Mumbai, nesta sexta-feira (23). A fotojornalista foi atacada por um grupo de homens, enquanto seu parceiro foi amarrado a uma árvore e espancado, segundo a polícia. Em dezembro passado uma jovem de 23 anos também foi estuprada coletivamente em um ônibus e morreu por consequência dos ferimentosLeia mais Indranil Mukherjee/AFP

Os cinco homens que eles encontraram vieram das favelas próximas ao complexo fabril.

Nenhum dos homens tinha emprego fixo. Eles diziam a suas famílias que queriam uma vida melhor, um trabalho em um escritório ou em uma fábrica, mas esse trabalho nunca parecia chegar. Eles passavam o tempo jogando cartas e bebendo. O luxo da parte mais rica da cidade era esfregado na cara deles todos os dias por meio das formas sinuosas do Lodha Bellissimo, um prédio de 48 andares que estava sendo construído em um terreno adjacente.

Apenas Kasim Sheikh, 20, o jogador de cartas que recebeu o telefonema, parecia ter deixado a pobreza para trás. Ele usava camisas espalhafatosas e conseguia bicos de garçons para seus amigos em festas de casamento. Ele já havia sido condenado por roubo e, ocasionalmente, fornecia informações para a polícia, de acordo com o comissário de polícia de Mumbai, Himanshu Roy.

Quando outro de seus amigos, Salim Ansari, 27, pai de dois filhos, avistou os estagiários na fábrica naquele dia, a primeira coisa que ele fez foi ligar para Sheikh para informar que a presa havia chegado.

Nada a perder

Nos últimos meses, desde o estupro coletivo em Nova Déli, a violência sexual tem sido discutida continuamente na Índia. Mas ainda há poucas respostas claras para as dúvidas relacionadas à frequência desse tipo de crime ou sobre suas causas.

Um dos problemas desse tipo de delito é que seus autores provavelmente não consideram suas ações como um crime grave, mas sim como algo mais próximo de uma travessura. Uma pesquisa realizada em seis países asiáticos – a Índia não estava entre eles – com mais de 10 mil homens e publicada pela revista Lancet Global Health em setembro passado apresentou dados surpreendentes. O levantamento constatou que, quando a palavra "estupro" não era usada como parte de um questionário, mais de um em cada 10 homens da região admitiu ter feito sexo à força com uma mulher que não era sua parceira.

Questionados sobre os motivos que os levaram a tomar tal atitude, 73% dos homens disseram que a razão era "porque eles tinham direito". Cinquenta e nove por cento dos entrevistados disseram que sua motivação foi "a busca por diversão".

A fotógrafa e seu colega foram até a fábrica, mas perceberam que, visualmente, o local não era o que eles queriam. Foi nesse momento que os dois homens se aproximaram deles, disse a vítima à polícia posteriormente, e se ofereceram para mostrar um ponto mais afastado. Nesse local, as imagens eram melhores, e os dois já estavam trabalhando durante meia hora quando os dois homens voltaram.

"A presa está aqui"

Dessa vez, eles voltaram com um terceiro homem, Kasim Sheikh, que disse algo estranho à fotógrafa e seu colega – "Nosso chefe viu vocês dois e vocês têm que vir com a gente agora" –, e ele insistiu para que eles se aprofundassem ainda mais no complexo. Enquanto eles caminhavam, a fotógrafa ligou para um editor, que disse para eles saírem imediatamente dali. Mas já era tarde demais.

"Venha aqui para dentro, a presa está aqui", Sheikh chamou, e mais dois homens se juntaram a eles.

Os homens disseram que o colega da fotógrafa era suspeito de assassinato, pediram para que os dois retirassem seus cintos e os usaram para amarrar o homem. Depois disso, disse a mulher à polícia, "o terceiro homem e um homem de bigode me levaram para um lugar que parecia um cômodo todo destruído".

Os homens tinham feito a mesma coisa de um mês antes, disse Roy, o comissário de polícia, quando se revezaram no estupro de uma atendente de call center de 18 anos que, acompanhada de seu namorado, havia torcido o tornozelo e estava tentando pegar um atalho através do complexo fabril desativado. Eles também estupraram uma mulher que trabalhava como catadora em um depósito de lixo, uma prostituta e um homem vestido de mulher, disse Roy.

Por fim, eles levaram a fotógrafa, que estava chorando, para fora do local. Antes de soltá-la, eles ameaçaram fazer o upload do vídeo do ataque na internet caso ela denunciasse o crime – uma estratégia que já havia funcionado com as vítimas anteriores.

Mas ela não hesitou. A fotógrafa e seu colega pegaram um táxi para o hospital mais próximo. Lá, eles denunciaram o crime.

Resposta enérgica

Apesar de os homens que estavam na fábrica não terem consciência, o crime de estupro se transformou em uma questão de grande importância para a opinião pública na Índia, um indicativo que está relacionado à identidade de uma cidade. As autoridades de Mumbai, que tinham dito que o estupro coletivo registrado em Nova Déli não poderia ter acontecido aqui, ficaram horrorizadas e deram início a uma ampla e enérgica resposta, como se um ato de terrorismo tivesse ocorrido na cidade.

A polícia acionou suas redes de informantes nas favelas e todos os cinco suspeitos foram presos e confessaram rapidamente o crime.

Mas, em vários bairros localizados nos arredores de Mumbai, as pessoas ainda estão tentando ligar o crime aos homens comuns que elas conheciam.

Shahjahan Ansari, a esposa do mais velho dos acusados, Salim Ansari, parecia aterrorizada quando um desconhecido apareceu em sua porta. Os vizinhos começaram a evitar a família desde que a notícia da prisão de Salim tornou-se pública, e mulher do acusado passou a temer a atenção extra.

Ansari relembrou o tempo de dias melhores, antes de seu marido perder o emprego em uma fábrica que produzia caixas de papelão. Ele tinha tanto orgulho de seu trabalho na fábrica, que era equipada com grandes máquinas, que levava seus filhos para ir vê-lo trabalhar nos turnos de domingo.

"Eu quero que meus filhos cresçam e sejam bons seres humanos, e isso é tudo", disse a mãe.

Tradução: Cláudia Gonçalves

Publicitário que já foi vendedor de saco de lixo fala sobre mercado, vida e consumo

KÁTIA LESSA
DE SÃO PAULO
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Top of MindNo início da carreira, Hugo Rodrigues, 43, tinha cabelos quase raspados. Até conseguir o primeiro emprego, bateu tantas vezes à porta de agências consagradas que resolveu deixar as madeixas crescerem para não ser reconhecido pelos diretores que o entrevistariam mais uma vez.
"Quando fui eleito profissional do ano pela ABP [Associação Brasileira dos Publicitários], olhei para aquela plateia cheia de gente bacana do mercado e falei: 'Todos vocês aqui já me negaram emprego'", diverte-se. Os cabelos armados acabaram se tornando a marca registrada do hoje vice-presidente das agências Publicis no Brasil.
"Todo publicitário tem que ser, antes de tudo, um comerciante. A pesquisa é fundamental, nossa área virou uma ciência exata e eu sou obsessivo pelo consumidor."
Helena Peixoto/Folhapress
Hugo Rodrigues na sede da Publicis, em São Paulo
Hugo Rodrigues e seus cabelos armados --marca registrada-- na sede da Publicis, em São Paulo
Folha Top of Mind - Você sempre quis ser publicitário?
Hugo Rodrgieus - Sou de uma família simples de Santos [litoral paulista]. Sempre tive uma visão pragmática das coisas. Eu pensava: "Se eu começar a trabalhar desde cedo, em qualquer área, talvez consiga chegar a algum lugar". Para gente como eu, não tinha isso de escolher uma profissão, o objetivo era sobreviver. Vendi saco de lixo, produtos de limpeza e trabalhei em gráfica. Depois, cursei um ano de engenharia, vi que não era pra mim e mudei para o marketing.
E por que escolheu a área?
Um dia eu li uma entrevista do Washington Olivetto e pensei: "Nossa, que cara 'bon vivant'". Eu achei que poderia ser divertido escrever, fazer com que pessoas se entusiasmassem por um produto e ainda ganhar com isso.
Como era naquela época?
Em 1991, não existia internet e as boas propagandas eram aquelas que divertiam as pessoas. O consumidor lembrava da piada, mas não do produto. Hoje não existe fazer um anuncio só pela ideia.
Então por que o festival de Cannes ainda aceita anúncios fantasmas [feitos só para premiação]?
O consumidor é quem manda na mensagem. Não adianta fazer uma propaganda incrível se ele não for contagiado por ela. Mas os prêmios são uma espécie de feira.
Como assim?
Nem todos os carros do salão do automóvel vão pra rua, nem tudo o que é desfilado na semana de moda de Paris vai para as lojas. É preciso premiar projetos de vanguarda também. Mesmo assim, prefiro sacudir o Brasil e dar resultado para o meu cliente do que ganhar um prêmio em Cannes, que sacudiu só o especialista. Quando virei vice-presidente aqui, só tinha um Leão no currículo, isso não é tão importante quanto parece.
Qual é o seu diferencial no mercado?
Vim do comércio, eu gosto de saber exatamente quem é o meu consumidor. Minha carreira demorou a decolar, por isso eu tive que me dedicar muito ao trabalho sujo, fazer coisas que os jovens do mercado não gostavam muito.
Que tipo de trabalho?
O varejo, as contas públicas e médicas me deram uma boa base para encarar um mercado dinâmico como o que temos agora. A convivência com a pressão do resultado imediato da placa do comércio me fez estar mais preparado quando a era digital chegou. No mercado, sou mais um Zeca Pagodinho do que um Seu Jorge, apesar de o segundo ser mais "cool".
A propaganda brasileira poderia ousar mais?
Vivemos em um país que passa pelo problema do analfabetismo funcional. Ainda estamos em um estágio muito primário de educação. Deveríamos passar uns dez anos com a linguagem simplificada e apostar no crescimento do país. Só assim poderemos ser mais ousados na linguagem e, ainda assim, apresentar resultados aos clientes. Por enquanto, precisamos falar a linguagem do nosso consumidor e respeitá-lo sempre.
E qual é essa linguagem?
Vou dar um exemplo prático de uma pesquisa que fizemos na casa: 80% dos brasileiros não faziam "recall" de peças de carros, de eletrônicos etc Fomos pesquisar o motivo e descobrimos que 83% dos brasileiros simplesmente não sabem o que é "recall". A mudança vai ser lenta e gradativa.
A classe C ainda é a bola da vez?
É. E ainda vai demorar muito na ponta. A mulher da classe C gasta R$ 19 bilhões em cosméticos no Brasil, enquanto a da classe A gasta R$ 10 bilhões. Com quem você acha que as pessoas querem falar?
Como é essa mulher?
A mulher da classe C é a mais otimista do mundo. Ela olha para a madame comendo só uma salada no shopping e fala: "Que triste, quero comer melhor, quero ser feliz". Ela se movimenta e faz a economia girar com ela. Hoje somos especialistas nesse mercado, mas garanto que, se o foco de amanhã for a classe A, também seremos, porque o nosso negócio é a obsessão pelo consumidor.
O que você gosta de fazer quando não está trabalhando?
Acho o prazer de não fazer nada importante, mas tenho um sentimento de dívida com Deus por tudo o que aconteceu na minha vida, então não me permito ficar ocioso. Uso esse tempo para contemplar o consumidor. Vou a um shopping ou a um restaurante e me pego reparando nas pessoas. Tiro até fotos, que levo para as reuniões. Faço exercício por obrigação e gosto de sair para comer.
Seu cabelo virou uma marca. Ninguém nunca implicou com ele?
Conheço 25 países e em quase todos noto que as pessoas ainda olham meio torto. Aqui no Brasil isso é mais forte, sofro preconceito no banco, em show Mas a luta continua, eu acho bacana.

Francisco Daudt

folha de são paulo
Momento perigoso
O investimento da paixão é tamanho que sua perda precisa ser negada a qualquer custo
"O inferno não contém fúria igual à de uma mulher rejeitada." A citação de William Congreve, erradamente atribuída a Shakespeare, fala de um dos momentos mais perigosos da convivência humana: a separação, o desprezo dos apaixonados pelo objeto de sua devoção.
É curioso que a história tenha guardado ícones femininos dessa fúria (quem viu "Atração fatal", 1987, Glenn Close e Michael Douglas, nunca mais se esqueceu, homens têm calafrios só de lembrar).
O mesmo vale para o homem rejeitado (as óperas "Carmen", de Bizet, e "Os Palhaços", de Leoncavallo, terminam com homens rejeitados assassinando suas mulheres, enquanto cantam seu amor por elas).
A vingança que se segue à rejeição é tamanha, que dá uma ideia do monumental terremoto psíquico que ela envolve. Homens costumam ser mais diretos, assassinam pessoalmente. Mulheres, mais elaboradas (veneno; contratação de um assassino de aluguel; sequestro de filhos dele; perseguição implacável --"Vou dedicar minha vida a tornar a sua um inferno").
Mas mulheres atiram, e homens perseguem também.
O "stalking" ("perseguição implacável") de outros tempos --telefonemas desligados no meio da noite; lixo revirado; aparições de surpresa; barraco armado na frente do prédio; cartas anônimas; difamação --vai sendo substituído pelo instrumento de perseguição mais diabólico já inventado: a internet.
Ela permite fuçar, não mais o lixo, mas todo o conteúdo de e-mails. Possibilita difamar, não com palavras, mas com filmagens e fotos íntimas postadas na rede. Nas mãos de um bom hacker, a devassa completa da vida do outro. O inferno tornou-se muito pior na era da informática.
Mas, afinal, o que move tamanho investimento maligno? Chico Buarque cantou: "Dei pra maldizer o nosso lar, pra xingar teu nome, te humilhar e me vingar a qualquer preço, te adorando pelo avesso, pra mostrar que ainda sou sua".
Aí mora a chave: o investimento da paixão é tamanho que sua perda precisa ser negada a qualquer custo. Eis porque o "amor" precisa ser afirmado mesmo com seu objeto morto: o cadáver é a posse definitiva.
"Se ela já estava separada dele havia tempos, por que ele foi matá-la quando ela arranjou um namorado novo?" São truques da paixão: imaginar a mulher com outro homem é capaz de reacendê-la, pois dá um enorme tesão (vide "swings", "ménages").
Há duas espécies de ciúme: o sexual (dos homens, que sempre correram o risco de criar o filho de outro) e o de prestígio (das mulheres, que detectam desinvestimento nelas, mesmo que seja em favor do futebol, do computador ou dos amigos do marido). Isso fala só do mais frequente. O de praxe é haver sempre uma mistura dos dois.
Mas como o momento perigoso é o do crime passional, precisamos entender que a paixão (do latim "passio", cuja única tradução é "sofrimento") é um programa de loucura transitória, um investimento de toda nossa vida, não numa pessoa, mas na idealização de alguém. Por isso, ela pode prosseguir depois da perda, mesmo depois da morte.
Quem ama, não mata. Quem está apaixonado, sim.

Extremistas holandeses usam gays e mulheres no combate ao islamismo

EL PAIS
Ana Carbajosa
A extrema-direita holandesa encontrou a fôrma de seu sapato em Almere, uma cidade-dormitório próxima a Amsterdã, que foi construída do nada em 1976 e na qual hoje dormem 200 mil pessoas que votam majoritariamente nos populistas do PVV (Partido da Liberdade) de Geert Wilders.
Ali, os moradores falam em imigração, identidade e fobia da UE, os três pilares ideológicos das correntes radicais que ganham força na Europa e que agora aspiram a fazer frente comum diante das eleições europeias. O eixo é promovido por Marine Le Pen junto com o PVV holandês, o FPO austríaco, o Vlaams Belang belga ou os Democratas da Suécia.
Famílias jovens em busca de casas espaçosas por preços acessíveis se instalaram nessas terras conquistadas do mar e hoje transformadas em uma meca da arquitetura moderna, rodeada por quilômetros de chalés vizinhos e ajardinados. Fugiam da multiculturalidade das grandes cidades holandesas, o que ali chamam com surpreendente naturalidade de "a fuga dos brancos".
Mas quase 40 anos depois em Almere há tantos imigrantes ou mais que no resto do país, o que incomoda os primeiros povoadores. Também não agrada ao PVV, para o qual o islã é uma praga a ser erradicada. "Não queremos que construam mais mesquitas nem que tragam sua cultura. O islã é uma ameaça para a sociedade e para as liberdades das mulheres e dos homossexuais." É o que diz Toon van Dijk, chefe de fileiras do PVV de Almere, um advogado atraente e eloquente, em um café do centro.
Continua com um discurso que dificilmente poderia ser mais claro. "A Europa? Nós defendemos sair da UE e do euro. No máximo, deveria haver acordos bilaterais, mas cada país deve ser soberano para decidir sobre as leis migratórias e sobre sua economia."
Os resgates financeiros contribuíram para expandir o antieuropeísmo pegajoso que hoje circula com fluidez pela UE, inclusive em países como a Holanda, nos quais era algo que nem se imaginava há alguns anos. "Não queremos dinheiro para os gregos, e sim para nossos doentes", é uma frase que em holandês rima e que Wilders transformou em um de seus slogans. O dirigente holandês visitou seus colegas na França, Bélgica, Suécia e Áustria para sondá-los sobre uma potencial coalizão. Em meados de novembro, Le Pen viajará a Haia para reforçar sua cruzada particular contra a UE.
Wilders é provavelmente o político mais eficaz desse movimento. Além disso, conseguiu diluir, pelo menos em parte, a pátina rançosa que tradicionalmente envolvia os movimentos de extrema-direita na Europa. Wilders é o espelho em que se olham alguns populistas europeus. "Ele aspira a ser o líder ideológico desses movimentos. Deixa de lado o antissemitismo da extrema-direita tradicional e combate o islamismo em nome dos direitos dos gays e das mulheres", explica Koen Vossen, cientista político da Universidade de Nijmegen e autor do livro "Rondom Wilders", que analisa a figura do político e seu partido.
De sua parte, Le Pen sofreu sua transformação particular, sobretudo nas formas, dando pé a novas alianças. Por aí vão as coisas: por mudar de pele e revestir-se de um halo centrista - pelo menos em certas questões - que torne a mensagem digerível.
A anti-imigração seduz, culpar Bruxelas de todos os males também, mas há uma terceira cartada que os populistas europeus manipulam como ninguém: a do nacionalismo entendido como sistema de valores ameaçado pela chegada de imigrantes e como o direito a que o governo do Estado-nação seja o único a decidir sobre seus habitantes.
Em Almere, a cidade do desenraizamento, o PVV toca bem essa tecla. Oferece altas doses de identidade fácil e triunfal. Porque nem a estátua da vagem gigante azul-metálica no centro comercial-fortaleza com jardins no telhado conseguiu despertar em seus habitantes o sentimento de pertencer à cidade. "Isto foi vendido como a cidade prometida. As pessoas pensaram que viriam para cá e seriam felizes, mas não são, e hoje votam no partido do descontentamento", interpreta Mario Withoud, que é conhecido como o poeta oficial da cidade.
Um bom representante desse descontentamento e do apoio incondicional ao PVV é Peter Aggenbach, um designer de sites da web que vive entrincheirado em um subúrbio de Almere. Uma câmera de vídeo vigia o que entra e sai da casa e um pastor alemão que late muito dá as boas-vindas aos visitantes. "É que a situação não permite ficar sem proteção." Ele se queixa do índice de criminalidade entre a população imigrante e acredita que o grande problema é que "vêm impor sua cultura sobre a nossa. A ONU, Bruxelas... temos de lutar para conservar nossa cultura".
E cita o caso de são Nicolau e os acompanhantes negros com lábios vermelhos que desfilam tradicionalmente na Holanda em novembro e que agora a ONU estuda se poderia tratar-se de um ato racista. "A correção política fede", diz.
Aggenbach, 58 anos, indica uma quarta questão, mais metodológica talvez, mas que sem dúvida explica boa parte do êxito dos partidos populistas na Europa. "Estamos cansados da elite política que se dedica a tergiversar. O PVV é o único partido que se atreve a chamar as coisas pelo nome, que se atreve a tocar em temas como a imigração ou o desperdício que representam os inúteis subsídios europeus para a sustentabilidade, por exemplo."
A dose de frescor político que esses líderes vendem diante dos tradicionais, com uma linguagem e uma correção política que engessam sua mensagem, constitui um dos grandes ativos dos extremistas.
A história de Almere se repete por toda a Europa. Muda a fisionomia das cidades, claro, e mudam também algumas preocupações. Mas seus clichês ideológicos soam tremendamente familiares na planície flamenga belga, nos vales suíços ou em bairros periféricos da Finlândia. O coquetel ideológico populista se estende como uma mancha de óleo no continente.
Conscientes de que o vento sopra muito a seu favor, os dirigentes populistas se esforçam para aproximar suas posições da ideia de fazer frente comum nas eleições europeias de maio. Foi o que Le Pen anunciou esta semana. As famílias políticas afins da Frente Nacional, tradicionalmente pouco dadas à cooperação, preparam agora um manifesto e um projeto comuns.
O partido de Wilders, o austríaco, o sueco e o belga são os que até o momento alcançaram um consenso mínimo, segundo explica em seu escritório no Parlamento Europeu Philip Claeys, do Vlaams Belang. Claeys aspira a que muitos partidos radicais subam no carro pan-europeu na medida em que se aproxime a data. Precisam de 25 deputados de pelo menos sete países para formar um grupo parlamentar que reforce seu poder e gere mais financiamento.
Na extrema-direita austríaca, o FPO, que na época foi liderado pelo falecido Jörg Haider, é outro dos promotores da iniciativa, junto com o VB, o partido flamengo independentista de extrema-direita belga. Os grupos extremistas da Hungria ou da Grécia parecem inicialmente excluídos por seu antissemitismo e viés criminoso. Os eurocéticos britânicos do Ukip compartilham o euroceticismo, mas não querem ser associados à extrema-direita.
Os demais grupos de extrema-direita estão se farejando e tentando discernir até que ponto seriam capazes de coabitar. "Sentimos que desta vez é diferente, que temos posições mais próximas e que há um clima na Europa que nos favorece", estima Claeys.
Pode ser que, como em ocasiões anteriores, as brigas entre os próprios extremistas levem o experimento de coalizão a nada, mas no momento o Tea Party europeu conseguiu provocar um clima de ansiedade em Bruxelas e sobretudo na Eurocâmara, onde os cálculos indicam que poderiam controlar 20% dos assentos depois das eleições. "Isto é muito sério", estima Guy Verhofstadt, ex-primeiro-ministro belga e atual presidente dos liberais no Parlamento Europeu.
O problema, diz ele, é que, além do poder concreto que conquistarem, esses grupos já ganharam porque conseguiram de alguma maneira impor sua agenda antieuropeia. "Os líderes da UE caíram na armadilha eurocética. Em vez de oferecer alternativas para sair da crise, os políticos tradicionais copiam o discurso e a linguagem dos radicais. Não se atrevem a decidir. O processo de decisões está parado."
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Cresce número de artigos científicos 'despublicados' por fraude ou erro - Reinaldo José Lopes

folha de são paulo

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
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Nunca tantos artigos científicos foram publicados e nunca foi tão fácil ter acesso a eles de graça. São notícias aparentemente ótimas, mas dois levantamentos recentes indicam que o efeito colateral desses avanços é uma explosão no número de estudos fraudados, plagiados ou simplesmente muito ruins.
Uma das maneiras de medir isso é a análise das "retratações", nome dado às pesquisas "despublicadas" por problemas éticos ou erros.
Em artigo na revista científica "PLoS ONE", pesquisadores nos EUA apontam que, de 2003 a 2012, o número de artigos retratados (1.333 numa das principais bases de dados do setor, a PubMed) foi quase o dobro do que se viu entre 1973 e 2002 (só 714).
Dos anos 1970 para cá, a produção científica cadastrada na PubMed praticamente quadruplicou, mas os artigos "retratados" cresceram em ritmo ainda mais forte, chegando perto de ficar seis vezes mais comuns.
O outro levantamento foi feito de forma mais rocambolesca. O jornalista americano John Bohannon, da "Science" (um dos periódicos científicos mais respeitados do mundo), enviou diversas versões de um estudo fajuto para mais de 300 revistas de acesso livre (que não cobram pela leitura de seus artigos).
Resultado: metade delas topou publicar a pseudopesquisa. Entre essas revistas está uma publicação brasileira, a "Genetics and Molecular Research", cujo editor-chefe diz ter havido erro de interpretação.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
FÓRMULA
Os estudos enviados por Bohannon seguiam uma fórmula simples, mas crível: a molécula X, extraída de um líquen Y, inibe o crescimento de células de câncer do tipo Z (um programa de computador foi usado para criar variações desse tema).
O objetivo do "trote", segundo a "Science", foi mostrar que existe um submundo de revistas científicas de acesso livre "predatórias". Em geral sediadas fora da Europa e dos EUA, essas revistas usariam o pretexto do acesso livre para ganhar dinheiro. Nesse tipo de publicação, o cientista paga os custos de impressão do artigo, diferentemente das revistas tradicionais, que cobram assinatura dos leitores.
Além de identificar o crescimento dos artigos "despublicados", a pesquisa na "PLoS ONE", liderada pelo neurofisiologista americano Grant Steen, identificou outras tendências significativas.
O perfil de quem tem artigos retratados mudou. Até os anos 1990, a maioria era gente que fazia isso várias vezes, espécie de mentirosos contumazes. Hoje, mais de 60% das "retratações" está ligada a pesquisadores que nunca tinham sofrido isso antes.
"Cientistas mais jovens podem não ter sido integrados corretamente à maneira como a ciência funciona, seja por falta de mentores cuidadosos, seja por excesso de pressão para publicar. Mas não conseguiria provar essa ideia", ressalta ele.
Um ponto que pode ser positivo, segundo ele, é que o tempo para que um artigo seja retratado encolheu: de mais de quatro anos antes de 2002 para dois anos hoje.
"Isso pode ser visto como um sinal de saúde do sistema científico. Temos de esperar para ver se a taxa de retratações vai aumentar mais. Se isso acontecer, é o caso de ficarmos mais preocupados."
Revista brasileira que aceitou estudo falso se defende
COLABORAÇÃO PARA A FOLHADe acordo com Francisco Moura Duarte, editor-chefe da revista brasileira "Genetics and Molecular Research" --a única do país a ser apontada pela "Science" entre as que aceitaram o artigo científico fajuto criado pela publicação americana--, a repercussão do artigo foi pequena, "quase nenhuma".
Duarte afirma que o estudo falso foi aceito "preliminarmente", para cobrir os custos da revisão e da publicação.
"Fazemos isso porque muitas vezes, depois de todo o trabalho de revisão, o autor acaba retirando o artigo e publicando o material em outra revista, então isso é uma forma de segurá-lo' e evitar o desperdício dos nossos recursos", explicou. "Se o artigo acaba não sendo aceito, nós devolvemos o dinheiro."
O editor da revista brasileira diz que foi aos EUA para consultar advogados sobre uma possível ação legal contra a "Science", mas acabou desistindo.
"Esse pessoal é muito poderoso, e a lei americana é frouxa nesse sentido."
Em carta enviada por ele à publicação americana, o pesquisador diz que outras revistas sérias também poderiam ter sido prejudicadas pela maneira como o "trote" foi conduzido.
"Nós não publicamos artigos fraudulentos, enquanto a própria Science' andou fazendo isso."
Em comunicado, a "Science" disse que o objetivo era avaliar se os periódicos honram o compromisso de avaliar rigorosamente os artigos e encaminhou o e-mail enviado pela revista brasileira que dizia que o artigo havia sido aceito e seria avaliado após o pagamento.

    Matias Spektor

    Conselho pra quê?
    Seria um equívoco definir a participação no organismo das Nações Unidas em termos de custo-benefício
    O grito de Angela Merkel contra a espionagem norte-americana abriu a caixa de Pandora em Washington, alimentando uma crise cujo desfecho é imprevisível. A fúria dela ainda movimentou as águas na ONU, de onde poderá sair uma resolução ao gosto do Planalto. Note-se, contudo, o detalhe da reação alemã. Merkel foi dura com Obama, mas não impôs condições para o diálogo. Quando políticos aliados pediram que ela cancelasse negociações comerciais com os EUA, deram com os burros n'água. Merkel gostaria de pedido de desculpas e busca concessões da Casa Branca, mas deixa a porta aberta para o acordo.
    Hélio Schwartsman pergunta o que ganha a sociedade brasileira quando o país ocupa um assento no Conselho de Segurança da ONU (folha.com/no1360590). A indagação é excelente. Segundo ele, não haveria ali vantagens materiais para a população, só novos gastos e encrencas desnecessárias.
    Esse raciocínio, acredito, precisa de ajustes.
    Passagens pelo Conselho têm impacto econômico positivo, como revelam os estudos empíricos dedicados ao tema. Elas também ajudam a modernizar e profissionalizar as Forças Armadas, que tendem a participar de mais operações de paz.
    Além disso, como o Conselho define as regras de conduta às quais o Brasil se submete, é vantajoso para o país ter voz e voto na hora de defini-las.
    Mas seria um equívoco definir a participação em termos de custo-benefício, pois a natureza de muito do que está em jogo é intangível.
    O Conselho de Segurança limita a capacidade de grandes potências fazerem o que bem entendem, tornando-se foro útil para países que não podem ou não querem expressar suas preferências à força.
    Por ser um clube restrito, o Conselho também aufere ganhos de posição aos países que lá operam, dotando-os de influência, moeda valiosa para avançar seus interesses.
    O governo de um país no Conselho vê-se forçado a tomar posição em temas politicamente delicados. No processo, a sociedade informa-se, debate e participa das coisas do mundo. Também define e adapta seus valores.
    O governo que participa do Conselho também se expõe a críticas dentro e fora das fronteiras, revisando as suas crenças e reajustando as suas ideias.
    É claro que a sociedade brasileira pode viver bem sem Conselho. Mas é uma ilusão acreditar que, ficando de fora, o isolamento será esplêndido, pois a política internacional desafia interesses e valores básicos da sociedade brasileira todo dia.
    Ficar longe tampouco livrará nossa diplomacia de fazer escolhas morais difíceis: com dez vizinhos contíguos, uma economia dependente de fluxos globais e 200 milhões de cidadãos que demandam direitos em um mundo interligado, elas são inescapáveis.
    Esse debate quase não figura nas preocupações dos poderes que nos governam, dos acadêmicos que nos educam e dos intelectuais que nos provocam. A falta de discussão nos empobrece --estando no Conselho ou não.

    Helio Schwartsman

    folha de são paulo
    De ratos e cães
    SÃO PAULO - "O coração tem suas razões que a razão desconhece", escreveu Pascal. O pensamento do filósofo se aplica bem aos paulistanos e seu amor pelos animais.
    Segundo o Datafolha, 66% dos entrevistados se opõem ao uso de cães em pesquisas científicas. O índice baixa para 59% quando as cobaias são macacos, 57% caso sejam coelhos e apenas 29% se forem ratos.
    Esses resultados, embora não surpreendentes, contrastam com o discurso dos ativistas, para os quais infligir sofrimento a bichos constitui um caso de especismo, delito moral que os militantes mais radicais equiparam ao racismo e ao escravagismo.
    Em termos puramente filosóficos, esse é um raciocínio consistente, se aceitarmos as premissas consequencialistas de pensadores como Peter Singer, para o qual todos os seres sencientes são dignos de igual consideração. Se há uma hierarquia entre eles, ela é dada pela capacidade de sentir dor e prazer de cada espécie e indivíduo. Um ser humano vale mais que uma lesma; o problema é que os mamíferos, em geral, estão todos mais ou menos no mesmo plano.
    Sob essa chave interpretativa, proteger cães em detrimento dos ratos constituiria especismo. Seria o equivalente de, na escravidão, defender a libertação dos nagôs e jejes, mas não dos hauçás e axantis, para citar alguns dos grupos étnicos entre os quais o Brasil fez mais vítimas.
    O que a pesquisa Datafolha mostra, no fim das contas, é que as pessoas definitivamente não pensam por meio de categorias filosóficas.
    Ao rejeitar a lógica consequencialista com base em emoções, o paulistano revela a principal dificuldade dessa matriz ética, que é exigir um igualitarismo tão forte que se torna desumano. Um consequencialista consequente, afinal, precisaria atribuir ao próprio filho o mesmo valor que dá ao filho de um desconhecido.
    Não importa o que digam Singer e a filosofia, nos corações dos paulistanos um cão vale mais do que um rato.

    José Dirceu

    folha de são paulo
    Entre tapas e beijos
    A crítica feroz ao Procure Saber se traduz, na prática, como o medo atávico de nossa mídia a qualquer proposta que signifique regulação
    Fiquei estarrecido --e sei que não deveria-- com a agressividade da resposta de grande parte da mídia e mesmo de alguns biógrafos às propostas apresentadas por artistas do Procure Saber no debate sobre as biografias sem autorização.
    Embora me espante com o ataque, sou contra a bandeira levantada pelo grupo porque acredito que o direito à liberdade de expressão e o veto a qualquer forma de censura de natureza política, ideológica ou artística, como diz claramente o artigo 220 da Constituição, é um bem maior que se sobrepõe à interpretação de proteção à privacidade do cidadão comum estabelecida pela reforma do Código Civil, em 2001.
    Sabemos que artistas e políticos, ao assumirem tais papeis de destaque em sociedades democráticas, abdicam de seu direito à privacidade absoluta.
    A crítica à causa do Procure Saber deve, portanto, ficar restrita à saudável esfera do debate das ideias. O que se viu nos últimos dias foi uma reação de intolerância e, como se dizia antigamente, de muita patrulha ideológica, na imprensa e nas redes sociais.
    Exemplo maior é a reportagem de capa da revista "Veja" sobre o tema na semana passada.
    Fui vítima --isso mesmo, vítima-- de uma das piores biografias recentemente publicadas. Mas nada me anima a ser favorável à atual proibição inscrita no nosso Código Civil que exige autorização do retratado e da família.
    A "biografia" escrita sobre mim é um bom exemplo para o debate em questão. Não foi autorizada, porém o mais grave não é o fato de ter sido produzida à revelia, mas sim o de oferecer aos leitores um livro repleto de erros --graves e em dezenas--, inverdades, impropriedades e com trechos de pura ficção.
    Do primeiro ao último capítulo, lê-se uma história que não condiz com a verdade. Jornalistas e críticos a debateram, alguns enaltecendo, outros criticando.
    Em nenhum momento cogitei proibir sua publicação porque acredito e aposto na liberdade de expressão em regime democrático. Por ela lutei toda a minha vida e ainda luto. Acredito no debate de ideias e no contraditório. Acredito na lei e na justiça. Por ela luto e lutarei sempre.
    Mas é preciso garantir tanto a liberdade de expressão quanto a reparação em caso de ofensa. Deve-se garantir plena isonomia entre o direito de publicar biografias e o direito de resposta e proteção à honra --o que em boa hora a Câmara dos Deputados parece fazer no debate do projeto do deputado do meu partido Newton Lima (SP) que libera biografias sem autorização.
    No Brasil, a Justiça não é nada cega em se tratando de mídia e é raro se observar a garantia ao direito de resposta. O receio do Judiciário de colocar uma empresa de comunicação no banco dos réus se torna ainda mais latente em tempos de exibição pela TV dos julgamentos da suprema corte. Os processos de reparação não andam e raramente um jornal ou uma revista é condenado, assegurando o direito de resposta a quem teve sua honra ameaçada em reportagens tendenciosas.
    Mais uma vez cito o meu próprio caso, na invasão de meu apartamento residencial em um hotel de Brasília por um jornalista de "Veja". Ele não foi acusado formalmente, apesar de réu confesso, sob o argumento de que a camareira impediu que o crime se consumasse. Imagine se fosse o contrário: eu tentando invadir o apartamento de um jornalista?
    No caso das biografias não autorizadas, é preciso deixar a patrulha ideológica de lado e privilegiar o debate com o objetivo de assegurar o pleno cumprimento do Estado democrático de Direito.
    O veto às biografias é, antes da defesa da privacidade do biografado, uma censura velada à liberdade de expressão, conquista que a sociedade brasileira alcançou depois de anos de regime militar.
    Esse é o debate que deve ser feito. É preciso entender que a crítica feroz ao Procure Saber se traduz, na prática, como o medo atávico de nossa mídia a qualquer proposta que signifique regulação, sob o argumento falso de que seria censura e controle da informação. Dessa forma, ela fica livre para atacar a honra alheia, sem direito de resposta e proteção da imagem, como manda a Constituição de 1988, no mesmo nível de proteção da liberdade de imprensa e de informação.

    Elio Gaspari

    folha de são paulo
    Falta carne na receita do PSB/Rede
    Sonhando-se, metaboliza-se a completude que conseguirá os alinhamentos de um novo padrão civilizatório?
    Marina Silva deu mais um passo na sua campanha para tirar o PT do Planalto com o 1º Encontro Programático que discutiu um texto básico de sua aliança pragmática com o governador Eduardo Campos. Um grupo político que coloca sua reunião no ar, ao vivo, alguma coisa de bom pretende fazer. Se até a campanha do ano que vem o PSB e o Rede começarem a falar português claro, fará melhor.
    A ex-ministra de Lula continua pedindo "metabolização" e "completude" para "democratizar a democracia". Isso numa reunião em que se falou em "novo padrão civilizatório" e "inclusão cidadã". Para quem não quer dizer nada, é tudo.
    Discutiu-se um texto preliminar que dizia o seguinte:
    "É necessária mudança profunda do sistema político para permitir a emergência de outro modelo de governabilidade, cujos alinhamentos se deem em torno de afinidades programáticas, e não em torno de distribuição de feudos dentro do próprio Estado, do desmantelamento da gestão pública, e do uso caótico, perdulário e dispersivo do orçamento nacional."
    Muita farinha para pouca carne. Felizmente um orador propôs a redução dos cargos em comissão (coisa que Eduardo Campos, que tem o apoio de 14 partidos, poderia começar a fazer hoje em Pernambuco) e denunciou as "portas giratórias" montadas nas agências reguladoras de serviços. Outro defendeu o fim da reeleição e as candidaturas avulsas. Alguma carne.
    Isso acontece numa coligação onde o provável candidato a presidente diz que não quer "ganhar perdendo", pretende "vencer o que está ultrapassado" impondo "outro padrão de serviço público" a partir de "um salto de qualidade da política", com uma "visão estratégica para as próximas décadas". Pura farinha.
    Célio Turino, porta-voz da Rede, disse que, "para se mudar a realidade, primeiro é preciso sonhar". Para ficar na retórica do sonho, Martin Luther King anunciou o seu há 50 anos depois de ralar cadeias e passeatas, com uma agenda clara: o fim da segregação racial nos Estados Unidos. Como? Cumprindo-se uma sentença da Suprema Corte e aprovando-se a legislação de direitos civis que estava no Congresso. Quando ele discursou aos pés da estátua de Lincoln, não estava sonhando. A realidade americana já estava mudando.
    Não se pode pedir a Marina Silva e Eduardo Campos que sejam específicos um ano antes da eleição. Pedir-lhes que ouçam os discursos da doutora Dilma seria um suplício. Se eles e seus militantes deixarem de proteger indecisões e dúvidas com frases que não querem dizer nada, uma reunião de cinco horas poderá acabar em 45 minutos, mas quem os ouve sairá no lucro.
    A reunião de segunda-feira foi uma discussão em torno de um rascunho. Marina espera que as contribuições, reunidas em desafios, sejam levadas às bases para que voltem a um plenário representativo da coligação. A ideia é ótima e no percurso poderão botar carne no prato. Enquanto Marina esteve no PT, de 1983 a 2009, assistiu à decomposição dessa promessa.
    Marina Silva e Eduardo não são obrigados a falar claro a respeito de tudo. Ela explicou que a Rede e o PSB devem escutar o que diz o outro. Ambos, contudo, precisam ser entendidos por quem os ouve.

    Ruy Castro

    folha de são paulo
    Ao sabor de uns poucos
    RIO DE JANEIRO - Longe do Brasil há um mês, e sem celular, internet, Facebook, Twitter ou telepatia, dependi de amigos para saber a quantas íamos. A imprensa europeia não nos acusa em seu radar, e o total de notícias que li sobre o país foi perto de zero --sinal, pelo menos, de que estávamos livres de tufões, tsunamis, terrorismo e tráfico de criancinhas louras.
    Já a Alemanha, por onde andei nesse período, completou sua ocupação do noticiário internacional com o estrilo de sua primeira-ministra, Angela Merkel, ao saber-se espionada pelos americanos --a mesma denúncia que a presidente Dilma fizera há pouco, sem repercussão. Mas não é só nos diferentes pesos de Merkel e Dilma que os dois países podem ser comparados.
    Berlim, por exemplo, continua esmagadora em sua oferta de museus, teatros, bibliotecas, centros culturais e salas de concerto --que outra cidade tem três óperas? Sem falar na presença da história em suas ruas, na forma de mausoléus, monumentos, placas e exposições ao ar livre, por toda parte. A ninguém é permitido ignorar os 12 anos de ocupação pelo nazismo e mais de 40 pelo comunismo, e tudo que de horrível aconteceu neles. É uma expiação cruel, mas, enquanto durar, Berlim será um bastião da liberdade.
    A história reina também na Dussmann, uma livraria de fazer cair o queixo, em que as biografias, prós, contras ou neutras, autorizadas ou não, tomam paredes inteiras --de políticos, militares, escritores, atletas, cientistas, artistas, vivos ou mortos. Lá é assim: se a vida de alguém vale minimamente a pena, os alemães têm o direito de aprender sobre e com ela.
    De volta ao Brasil, o sentimento é de vergonha e frustração ao ver que, aqui, esse direito continua ao sabor de uns poucos que, ciosos de uma vaga privacidade, não se importam de obstruir a história e consolidar nosso atraso.

    José Simão

    folha de são paulo
    Protestos! São João fora de época!
    E eu tenho uma sugestão pra essa autobiografia do Roberto Carlos: 'Jesus Cristo, eu AINDA estou aqui'
    Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E eu tenho a foto de uma van com o adesivo: "Foi Deus Que Mim Deu". E aí um cara pichou embaixo: "Não use o nome de Deus em van". Rarará. E esse adesivo: "Esse carro foi Deus que me deu. Vendo!". E Deus: "Não dou mais porra nenhuma pra esse cara". Rarará.
    E os protestos? Não existe mais protesto sem fumaça. Todo protesto agora acaba em fumaça e fogo. São João fora de época!
    E o Roberto Carlos? O Roberto Carlos continua a favor de biografia não autorizada. Desde que não seja a dele. E eu tenho uma sugestão pra essa autobiografia do Roberto Carlos: "Jesus Cristo, eu AINDA estou aqui". Rarará.
    E ele disse: "Ninguém melhor que eu pra saber da minha vida". Mas ele não tem vizinhos? Se ele morasse no meu prédio, ele não ia dizer isso. Rarará!
    E o Obama? Novidades! O Obama descobriu a idade da Glória Maria. Ela nasceu há dez mil anos atrás, junto com o Raul Seixas. Rarará!
    E o Obama descobriu que a Angela Merkel não dorme, ronca. A Merkel tem cara daquelas que dormem de barriga pra cima com as duas mãozinhas cruzadas em cima da pança!
    E o Obama espiona todo mundo, mas não sabe onde está Wally! E uma pergunta pro Obama: "O Lula sabia?". Rarará!
    E acho que vou escrever a palpitante biografia do Alckmin: "As Aventuras do Picolé de Chuchu": aos quatro, ele já era coroinha, aos 12, recebeu a eucaristia e, aos 18, virou prefeito de Pindamonhangaba. E aos 50, formou uma dupla sertaneja com o Serra: Alcksiemens e Serralstom. Só cantam no metrô! Rarará!
    E sabe como faz pro dólar baixar? Atrela o dólar ao Vasco! Novidades na série B: sai o Palmeiras e entra o Vasco! O Vasco da Granja ou Fiasco da Gama!
    Mas os otimistas dizem: "Mas o Vasco ainda não caiu". Otimista é um pessimista mal informado. O otimista é aquele que abre a porta de casa, vê um monte de estrume e grita: "Oba, ganhei um cavalo!". Rarará.
    É mole? É mole, mas sobe!
    Os Predestinados! Sabe como se chama a advogada da Marcha em Defesa dos Animais? Nelma LOBO. Lobo não, beagle. Devia mudar o nome pra Nelma Beagle. Rarará! Ficaria mais fofo!
    E essa aqui: Clínica Respirar, dr. Eduardo Cançado! Rarará.
    Nóis sofre, mas nóis goza!
    Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

      Keila Jimenez

      folha de são paulo
      Canais de filmes são os mais vistos nas favelas
      Nem esportivos, nem infantis. Na favela, os canais pagos mais assistidos são os de filmes dublados, como Telecine e TNT. Esse é um dos dados que integram a pesquisa Nova Favela Brasileira, do Instituto Data Popular.
      A pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 30 de setembro, com 2.000 pessoas com idade acima de 16 anos, em 63 comunidades carentes de regiões como São Paulo, Rio, Pará e Ceará, entre outras.
      Os resultados, obtidos com exclusividade pela Folha, mostram que 28% dos domicílios de favelas possuem TV por assinatura, sendo que, destes, 83% adquiriram o serviço nos últimos três anos.
      Entre os entrevistados, dois em cada dez domicílios que possuem TV paga assumem que compartilham o sinal com os vizinhos: 8% dizem que possuem TV paga pirata, o famoso "gato net" e 23% afirmam conhecer alguém na favela que utiliza o serviço sem pagar por ele.
      Entre os que não possuem TV paga, 12% pretendem contratar o serviço até 2014.
      O estudo mostra que 9% dos domicílios de favelas possuem antena parabólica. O mesmo montante têm decodificador de TV digital.
      O canal pago mais assistido por quem tem TV paga nessas comunidades é o Telecine, seguido por Fox, TNT, SporTV, HBO, Multishow, Megapix, Discovery Kids e Viva.
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      HOLLYWOOD Na nova temporada do 'Lugar Incomum' (Multishow), Didi Wagner vai explorar as atrações de Los Angeles; o programa estreia dia 11
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      Tribunal Depois do "Saia Justa", Eduardo Moscovis ganhará um projeto solo no GNT. Trata-se da série "Assunto de Família", da produtora Morena Filmes, que começa a ser gravada em dezembro.
      Tribunal 2 Na trama, que estreia em abril, o ator viverá um juiz da Vara de Família que terá um método peculiar de tomar suas decisões sobre os casos: ele investigará, por contra própria, a vida dos envolvidos.
      Boleiras O "Esporte Espetacular" (Globo) vai ganhar um debate sobre futebol só com mulheres, o quadro "Bolsa Redonda".
      Boleiras 2 O bate-papo sobre os lances da rodada será conduzido por Fernanda Gentil e terá as participações de Christine Fernandes, Thalita Rebouças e Glenda Kozlowski.
      Muro Comenta-se nos bastidores do "Fantástico" (Globo) que o cantor Roberto Carlos, para não ficar mal com a turma do Procure Saber, está espalhando que não gostou da edição de sua entrevista ao programa.
      Muro 2 O cantor, que não reclamou ao programa ou à emissora, estaria dizendo que faltou ir ao ar partes importantes da conversa de quase 40 minutos gravada pela Globo.
      Visual O "Esquadrão da Moda" (SBT) gravou uma edição em Buenos Aires. A personagem é uma cantora de músicas brasileiras.
      Gaveta Mesmo com a negociação de um pacote menor com a Warner, o SBT pretende manter no ar as principais séries da produtora americana, como "The Big Bang Theory".

        Mônica Bergamo

        folha de são paulo

        Haddad presencia assalto e agressão em visita à cracolândia

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        CERCO NA CIDADE
        O prefeito Fernando Haddad (PT-SP) viu um homem ser assaltado bem ao seu lado na cracolândia, anteontem, em São Paulo. Em seguida, correu para socorrer a vítima, que começou a apanhar de outros usuários da droga.
        CERCO
        O prefeito fazia uma visita surpresa ao local com o secretário de Segurança Urbana, Roberto Porto, e o da Saúde, José de Filippi Junior. Foi cumprimentado por um cineasta que trabalhava na região. Em poucos minutos, uma criança, com uma faca na mão, ameaçou o profissional, pegou seu celular e sumiu entre os barracos. O cineasta correu atrás, foi cercado e agredido.
        CONSIDERAÇÃO
        Haddad chamou um assessor militar, que conversou com os moradores da cracolândia. "O prefeito vem aqui visitar e vocês fazem esse papelão", argumentou o policial. Em poucos minutos, o celular foi devolvido.
        TINTAS E TECIDOS
        A apresentadora Glória Maria e a modelo e atriz Bianca Brandolini foram anteontem ao primeiro dia da São Paulo Fashion Week, no parque Villa-Lobos, com desfiles de grifes como Animale, Tufi Duek e Osklen. O presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, o dono do Instituto Inhotim, Bernardo Paz, com a mulher, Arystela Rosa, e as atrizes Sophia Abrahão e Adriana Alves também estiveram no evento. O grafiteiro Eduardo Kobra pintou um painel no local.

        Glória Maria vai a SPFW

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        Zanone Fraissat/Folhapress
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        A apresentadora Glória Maria esteve no primeiro dia da SPFW, na segunda (28), no parque Villa-Lobos
        SLOGAN
        E o prefeito procura "um nome" para batizar o que define como um "plano de reorganização da cidade". Nele estariam incluídos cortes de gastos, aumento de IPTU e renegociação da dívida. E medidas de combate à corrução de "forte impacto" que se tornariam públicas nas próximas horas, segundo um de seus auxiliares.
        JUNTOS...
        Ex-dirigentes da VAR-Palmares, grupo de resistência armada à ditadura militar do qual a presidente Dilma Rousseff fez parte, estão se organizando para um reencontro depois de décadas. A iniciativa é do jornalista Antonio Roberto Espinosa.
        ...OUTRA VEZ
        Entre os convidados estão Carlos Araújo, ex-marido de Dilma, José Aníbal, secretário de Energia do governo de Geraldo Alckmin, e Rui Falcão, presidente do PT. O encontro é definido como afetivo e totalmente apartidário.
        CAMINHO DE VOLTA
        O rabino Henry Sobel, que está se aposentando e voltando para os EUA, recebe homenagem do Instituto Vladimir Herzog, da Congregação Israelita Paulista e da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico amanhã. "Um artista não se faz apenas por uma obra e, sim, pelo conjunto dela", diz o convite eletrônico.
        PEQUENO CIDADÃO
        Os brasileiros desconhecem os direitos das crianças, segundo pesquisa encomendada pelo Instituto Alana. O levantamento, que ouviu 2.000 pessoas em 132 cidades, mostra que 81% delas se consideram "mais ou menos, pouco ou nada informadas" sobre as proteções previstas na Constituição e no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Para a entidade, que atua na defesa da infância, o dado é "alarmante".
        BELEZA PÕE MESA
        Eduardo Anizelli/Folhapress
        O cabeleireiro João Boccaletto (na foto com sua assistente, Adriana Santos) deve inaugurar até o fim do ano um espaço fashion para o dia da noiva no salão Lab. Duda Molinos, em Higienópolis, do qual é sócio.
        *
        Há dois meses o local passou a oferecer também cursos e workshops de cabelo e maquiagem.
        FAMÍLIA
        Regina, mãe de Alexandre Herchcovitch, dizia ontem no desfile do estilista na SP Fashion Week que ficaria feliz caso ele lhe dê netos. "Se vierem, serão bem-vindos." Segundo o genro, o designer Fabio Souza, ele e o estilista pensam em adotar. "Mas não é um plano para a semana que vem."
        MERA MORTAL
        E Sabrina Sato ficou presa no trânsito entre sua casa, em Perdizes, e o Theatro Municipal, no centro, e chegou uma hora atrasada ao primeiro desfile de Herchcovitch. "Foi uma loucura", disse, usando um dos dois vestidos da nova coleção que o estilista deu a ela de presente. Viu a segunda exibição das peças, às 12h.
        SUAS APOSTAS
        Após reforma de R$ 20 milhões, o Conrad Resort, em Punta del Este, inaugura seu novo cassino na sexta, com show de Ringo Starr.
        CURTO-CIRCUITO
        Guilherme Vieira apresenta linha de moda praia hoje, às 10h, no hotel Fasano.
        Domício Pacheco autografa hoje "A Morte no Fim do Mundo - A História do Pintor Almeida Junior", na Livraria Cultura do shopping Iguatemi, às 18h30.
        O compositor Mario Adnet faz show amanhã, às 21h, no auditório Ibirapuera. Nana Caymmi participa. Livre.
        com ELIANE TRINDADEJOELMIR TAVARESANA KREPP e MARCELA PAES
        Mônica Bergamo
        Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.