quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Comum, assédio sexual no trabalho é pouco denunciado no Brasil

folha de são paulo
DA DEUTSCHE WELLE
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"Na hora eu fiquei muito mal. Eu não consegui reagir de forma alguma, porque você se sente tão humilhada, tão 'lixo humano', que você não tem confiança para responder. A única coisa que eu fiz foi ir ao banheiro. Eu me tranquei lá e vomitei. Fiquei uns dez minutos lá dentro, pensando no que eu ia fazer e rezando para que ele já tivesse ido embora quando eu voltasse para a sala."
É assim que Maria (nome fictício), 20, descreve a sua reação ao ser vítima de assédio sexual no trabalho. Ela era estagiária havia quatro meses. O colega, mais velho, já trabalhava há mais tempo na empresa.
Maria diz que o assédio começou quase despercebido. Segundo ela, o colega simulava uma intimidade que não existia. Com o passar do tempo, conta, esses pequenos gestos viraram declarações constrangedoras e de cunho sexual. Foi quando Maria procurou deixar claro que não gostava do que estava acontecendo. "Não quis arrumar confusão porque ele era amigo do dono [da empresa]. Não o enfrentei, mas ele percebeu que eu não gostei. Eu achei que ele iria parar."
Mas ele não parou, diz. "Ele se aproximou da minha mesa, como quem quer olhar alguma coisa no monitor do computador. Abaixou-se, tirou os cabelos do meu ombro e disse: 'Eu estou morrendo de tesão por você e ainda vou te montar, você vai ver'." Maria prestou queixa da agressão -e o caso dela virou uma exceção à regra.
VERGONHA E MEDO
Não existem estatísticas de quantas mulheres são vítimas de assédio sexual, mas especialistas acreditam que o número de casos é bem superior aos que se tornam públicos. Vergonha, medo de serem culpadas pela agressão, dificuldade de conseguir provas e até mesmo falta de informação são as causas desse silêncio.
"Muitas vezes a mulher não sabe que pode se posicionar e denunciar. Ela se sente vítima, mas tem vergonha e acha que, se fizer uma denúncia, vai ser acusada de ter favorecido a situação", afirma Erika Paula de Campos, integrante da Comissão de Estudos à Violência de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR).
Soa absurdo, mas muitas vezes a vítima é tratada como culpada. Quando decidiu denunciar, Maria foi acusada, através de comentários postados na internet, de ter provocado a situação ou de querer tirar vantagem do ocorrido. "O assédio em si já foi muito difícil, mas, além dele, todo dia tinha essa carga emocional muito grande", conta Maria, falando dos comentários anônimos.
DIVERSAS FORMAS DE ASSÉDIO
Pela definição do Ministério do Trabalho e do Emprego, assédio sexual é o constrangimento de colegas de trabalho através de cantadas e insinuações de teor sexual. Essas atitudes podem ser claras ou sutis, como piadinhas, fotos pornográficas, brincadeiras e comentários constrangedores. Podem também se manifestar através de coação, quando há promessas de promoção ou chantagem. Essa violência não atinge somente mulheres, mas também homens.
Como no caso denunciado por Maria, o assédio costuma ser uma situação que se repete, provocando desconforto na vítima. "Raramente haverá uma situação de assédio isolada. Assédio é essa conduta repetida que é repelida, de ordem sexual, e que torna a situação no ambiente de trabalho insuportável", diz Campos, que também é professora de Direito na PUC-PR.
A orientação para as vítimas é procurar a direção da empresa, o sindicato e também um advogado, além de registrar a ocorrência na delegacia da mulher e na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.
"Em se tratando de uma empresa grande, cabe procurar o setor responsável ou a direção a fim de que a empresa tome as medidas cabíveis para proteger a vítima. A outra opção é procurar a delegacia da mulher e registrar a ocorrência", reforça a professora de direito Vanessa Chiari Gonçalves, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Mas, para Maria, justamente o registro na delegacia da mulher mostrou ser uma das etapas mais difíceis. A falta de preparo dos funcionários e também as informações exigidas para registrar a ocorrência criaram uma situação constrangedora. Cabe à vítima informar, por exemplo, os dados pessoais do agressor, incluindo a data de nascimento e o número da carteira de identidade. "No primeiro registro eu não sabia esses dados e eles colocaram o agressor como não identificado. Eu mesma tive que ir atrás disso."
Além de ser obrigada a reunir informações sobre o agressor, Maria, assim como todas as mulheres que denunciam assédio, também precisa apresentar provas da acusação. Elas nem sempre existem, já que o assédio sexual pode ser cometido de forma verbal e sem testemunhas. Diante de todas essas dificuldades, muitas vítimas desistem da denúncia.
Segundo o procurador do trabalho Flávio Henrique Freitas Evangelista Gondim, a Justiça está ciente de que, em alguns casos, o assédio não deixa rastros, e tende a ser mais flexível na hora de exigir provas. "Sabendo disso, a Justiça tende a flexibilizar um pouco o ônus da prova, e em alguns casos admite que a prática seja comprovada através de indícios."
Gondim, que também é vice-coordenador nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho do Ministério Público do Trabalho, cita como exemplo de indício o registro de ligações telefônicas feitas em horários inapropriados ou com muita frequência.
Apesar de todas as dificuldades, a denúncia, aliada a campanhas de prevenção e educação dentro das empresas, ainda é a melhor maneira de combater esse crime. Segundo os especialistas, uma mudança na legislação não traria grandes efeitos.
Para Campos, as empresas precisam adotar medidas educativas e deixar claro que não admitem essa prática. Além disso, é importante criar um canal para que as vítimas possam encaminhar denúncias. "Ocorrendo o assédio, o empregador deve se posicionar e proteger a vítima, dando apoio psicológico, médico, se for necessário, e jurídico, além de punir esse empregado, para que isso tenha um caráter pedagógico dentro da empresa."
Gonçalves também diz que a melhor maneira para reduzir essa violência é a conscientização sobre os limites no local de trabalho e o incentivo para que as vítimas façam a denúncia. "A ampliação do debate em torno desse tema é de fundamental importância", afirma.
Maria deixou o estágio que tanto quis, mas diz que fazer a denúncia foi a melhor decisão. "Pessoas me disseram para não dar bola, que assédio acontece em várias empresas, todos os dias, e que não seria a primeira nem a última vez que eu seria assediada. Mas eu não queria, eu disse para mim mesma: é a última vez que eu vou ser assediada, eu não vou deixar que as pessoas façam isso comigo e essa foi a minha decisão."

'Podemos estimular a produção do hormônio do amor', diz neurocientista

folha de são paulo
JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
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Depois de 12 anos coletando o sangue de voluntários para uma série de experimentos, o economista e neurocientista americano Paul Zak, 51, diz ter descoberto a molécula que funciona como um interruptor da bondade humana: a ocitocina, conhecida como o hormônio do amor.
Apelidado de Dr. Love, Zak, que é professor da Universidade Claremont, na Califórnia, e autor do livro "A Molécula da Moralidade" (Campus, 264 págs., R$ 69,90), participa hoje do ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento, em São Paulo.
À Folha, ele explica o que chama de "ciclo virtuoso da ocitocina" --a possibilidade de estimular a produção do hormônio em outras pessoas e, assim, gerar uma sociedade mais generosa. Leia trechos da entrevista.
Jefferson Bernardes / Folhapress
O neuroeconomista Paul Zak, no hospital da PUC-RS, em Porto Alegre
O neuroeconomista Paul Zak, no hospital da PUC-RS, em Porto Alegre
Ocitocina e confiança
Eu já estudava a confiança interpessoal quando, em 2001, uma colega me falou sobre a ocitocina. Pesquisei e tive uma revelação: talvez a molécula conhecida como hormônio feminino pudesse estimular uma preocupação com o próximo, que se manifesta por meio da confiança.
Era uma ideia doida, então fiz experimentos medindo o nível de ocitocina no sangue de voluntários --durante situações reais, como ao checar os níveis hormonais de noivos antes e depois de um casamento, ou em testes em laboratório-- até me certificar e publicar os resultados.
Molécula do amor
Nas pesquisas, encontramos uma relação entre níveis altos de ocitocina e uma postura mais generosa. [Por exemplo: quando pessoas participaram de um teste em que tinham que dividir dinheiro com estranhos para poder ter mais lucro, níveis mais altos do hormônio foram encontrados entre aquelas que receberam um montante --uma resposta à demonstração de confiança dos doadores-- o que também fez com que elas fossem mais generosas.]
A ocitocina é a base biológica do amor, ajuda as pessoas a confiar nos outros, a dar dinheiro para a caridade.
Ativismo pró-hormônio
Podemos nos transformar em ativistas sociais e impulsionar um ciclo virtuoso: a ocitocina gera empatia, que inspira confiança e aumenta os níveis hormonais na outra pessoa, o que a leva a demonstrar mais empatia. Isso pode construir uma sociedade mais conectada e afetiva.
Receita
Há uma "receita" para aumentar os próprios níveis de ocitocina, a minha favorita é dar oito abraços por dia --cheguei nesse número porque penso em um abraço por hora, durante um dia de trabalho.
É como se déssemos de presente a alguém um aumento nos níveis de ocitocina. Também produzimos o hormônio em oração ou meditação e quando damos atenção a outra pessoa.
Spray de ocitocina
Entender o mecanismo biológico da ocitocina e tentar se esforçar para se conectar verdadeiramente com as pessoas funciona melhor do que aspirar um spray com o hormônio. Testamos isso em laboratório e comprovamos: somos criaturas sociais. Nós precisamos do contato. Ser honesto, gentil e ter compaixão exige que sejamos parte da sociedade.
Antagonistas
Altos níveis de estresse e de testosterona podem diminuir a ação da ocitocina. Mas isso não quer dizer que o hormônio só tenha influência em laboratório, em uma realidade controlada. Testamos situações reais, por exemplo, em guerreiros tribais em Papua-Nova Guiné, e vimos que mesmo em situações com estresse moderado a ocitocina desempenha o mesmo papel.
Reducionismo
Não estou reduzindo a moral humana a uma molécula. Mas a ocitocina parece ter um papel de coordenação do mecanismo da moral. Não significa que as teorias da filosofia ou da teologia sobre moral estão erradas. O que tentamos fazer é encontrar os mecanismos biológicos por trás da moralidade humana.

Jairo Marques

folha de são paulo
Avalie meu trabalho
A atendente queria arruinar o meu plano de destilar todo o ódio contra a 'coisa pública' na tecla ruim
Logo que estacionei no guichê, bati o olho no aparelho cinza onde se lia: "Avalie o meu trabalho". Aquilo me instigou. Senti que havia chegado a hora de me vingar de todo o serviço público porco com que tive de me enlamear para conseguir ser cidadão ao longo da vida.
Meu pensamento era fixo e perverso. Apertaria a tecla ruim, por maior que fosse o esforço da atendente.
Era questão de honra firmar ali a minha revolta com o policial que deu carteirada na blitz e saiu todo pimpão, com o fiscal da receita que me mandou preencher documentos sem pé nem cabeça e também com o taxista debochado que não parou para mim naquele dia de chuva.
O botão do ruim, com uma carinha simulando um descontentamento parecido com o de quem sofre pela morte da bezerra, seduzia meus dedos. Era nele que eu botaria o indicador com gosto, ao mesmo tempo em que levantaria os lábios com satisfação.
Mas a moça deixou claro, desde as primeiras palavras, que seria jogo duro. Ao contrário daquelas famosas feições blasés de alguns caixas de bancos do governo, ela tascou em mim um olhar de atenção e um sorriso natural.
Nem para fazer aquele forçado, de atendente de lanchonete que pede a você que deixe o troco para as crianças pobres de Papua Nova Guiné.
"O senhor não trouxe a cópia do comprovante de residência?"
Pronto, estava ali o meu argumento para acabar com aquela patifaria. Era uma burocrata sem coração.
"Não tem problema, mas terei de ficar com o original. Pode ser?"
Tudo estava sendo rápido e bem explicado. Olhei ao redor com atenção para ter certeza de que não estava em uma daquelas pegadinhas sem graça do Silvio Santos.
O atendimento estava chegando ao fim e ainda não havia acontecido um entrave que me faria ir até o protocolo, esperar um mês e receber o documento errado.
E a danada da atendente não estava mesmo de brincadeira e foi para cima de mim na tentativa desesperada de arrancar pelo menos um bom, que se daria apertando o botão do meio do equipamento, ao lado da simulação de um rosto com uma risadinha contida.
"Por que o senhor já não faz todo o procedimento aqui mesmo? Vai evitar ter de se deslocar pela cidade, ter de pagar um despachante..."
Encarei a atitude como um abuso! Ela queria, de fato, arruinar o meu plano maligno de destilar todo o meu ódio contra a "coisa pública" no desabafo íntimo e protegido (o aparelho é isolado do olhar do atendente) da tecla ruim.
Naquele momento, meu coraçãozinho já se afrouxava. Pensei o quanto seria útil ter avaliações para os deputados. Talvez, diante uma saraivada de "carinhas aborrecidas", alguém resolvesse reagir com fervor.
Olhei para o guichê do lado e o rapaz que tirava dúvidas de uma moça bem confusa entre fazer um novo RG e renovar a carteira de motorista também agia de maneira sagaz em busca de aprovação.
Onde estaria aquela pessoa dos tele atendimentos que jamais resolve os dramas com a TV? Aquela que dá vontade de apertar o ruim no primeiro "vou estar verificando se o senhor vai estar podendo cancelar"?
Acabara o procedimento e eu tinha de acionar o botão. Disfarcei, fechei a cara e tasquei "ótimo" na geringonça. Talvez o mundo esteja mudado, talvez.

Temas tabus são alvo de questionário do Vaticano

folha de são paulo
Temas tabus são alvo de questionário do Vaticano
Perguntas enviadas à igreja em todo o mundo foram divulgadas ontem
Objetivo é coletar informações para o Sínodo de Bispos, convocado pelo papa Francisco para 2014
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIASA Santa Sé divulgou ontem um questionário de 38 perguntas sobre a evolução da família moderna, que aborda temas como a união homossexual, o divórcio e o aborto, entre outros assuntos até então tabus na Igreja Católica.
A igreja vive uma época "de evidente crise social e espiritual", adverte o texto enviado às conferências episcopais do mundo inteiro.
O documento é preparatório para o Sínodo de Bispos, convocado pelo papa Francisco para outubro de 2014.
Entre as informações que a igreja pretende levantar está a quantidade de divorciados e separados em cada uma das paróquias e se essas pessoas se sentem "marginalizadas ou sofrem pela impossibilidade de receber os sacramentos".
"Poderia uma simplificação da prática canônica, ao reconhecer uma declaração de nulidade do casamento, facilitar uma contribuição positiva para as soluções dos problemas dos católicos divorciados?", pergunta.
O documento ainda questiona se existe no país uma lei civil de reconhecimento das uniões homossexuais e qual a atitude das igrejas frente a esta situação.
"Que atenção pastoral é possível desenvolver em relação às pessoas que elegeram viver nesse tipo de união?", diz, citando ainda o caso de casais gays com filhos.
As respostas servirão de base para o debate dos bispos em 2014. Mas, segundo o relator- geral do sínodo, cardeal Peter Erdo, não haverá "mudanças na doutrina, só na forma de encarar essas situações".
O papa Francisco tem defendido uma evangelização baseada na "misericórdia" para com aqueles que vivem em situações "irregulares".

    Veja parte do questionário sobre as famílias modernas enviado pelo papa aos bispos


     
    DA AFP
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    Casamento homossexual, aborto, adoção por casais do mesmo sexo, comunhão de divorciados, natalidade e família monoparental estão entre as questões enviadas pelo Vaticano aos bispos de todo o mundo.

    Dividido em nove partes e apresentado em forma de perguntas, o documento tem como objetivo avaliar a evolução da família católica contemporânea.
    Abaixo algumas das 39 perguntas enviadas às conferências episcopais.
    CASAMENTOS DIFÍCEIS
    - "A coabitação ad experimentum é uma realidade pastoral relevante em sua igreja? É possível estimar uma percentagem?"
    - "Separados e divorciados recasados são uma realidade pastoral relevante em sua igreja? É possível estimar uma percentagem?"
    - "Existem uniões livres, sem reconhecimento religioso ou civil? Existem dados estatísticos confiáveis?"
    UNIÕES DO MESMO SEXO
    - "Existe no país uma lei civil de reconhecimento das uniões entre pessoas do mesmo sexo equiparadas, de algum modo, ao casamento?"
    - "Qual a atitude das Igrejas ante o Estado civil, promotor de uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, e também ante as pessoas envolvidas neste tipo de união?"
    - "Qual a atenção pastoral é possível desenvolver em relação às pessoas que escolheram viver segundo este tipo de união?"
    - "Em caso de união entre pessoas do mesmo sexo que adotaram crianças, qual o comportamento pastoral em vista da transmissão da fé?"
    SOBRE EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS EM CASAMENTOS IRREGULARES
    - "Qual é, nestes casos, a proporção estimada de crianças e adolescentes, em relação aos filhos nascidos e criados em famílias regularmente constituídas?"
    - "Com que atitude os pais procuram a Igreja? O que pedem? Apenas sacramentos ou também a catequese?"
    - "Como as igrejas locais tentam atender as necessidades dos pais dessas crianças?"
    SOBRE A ABERTURA DOS CASAIS À VIDA
    - "Qual é a consciência do valor moral sobre os diferentes métodos de controle de natalidade? Quais discussões poderiam ser sugeridas sobre este assunto do ponto de vista pastoral?"
    - "É aceita a mencionada doutrina moral? Quais são os aspectos mais problemáticos que dificultam a aceitação na grande maioria dos casamentos?"
    - "Quais métodos naturais são promovidos por parte da Igreja local para ajudar os cônjuges a aplicar a doutrina da Humanae Vitae?"
    - "Qual é a experiência a respeito desta questão na prática do sacramento da Penitência e da participação na Eucaristia?"
    - "Que contrastes podem ser encontrados entre a doutrina da Igreja e a educação cívica em relação a esta questão?"
    OUTROS DESAFIOS E PROPOSTAS
    - "Existem outros desafios e propostas em relação aos temas tratados neste questionário que mereçam ser considerados como urgentes ou úteis?"
    Nomear cardeal mulher é 'em tese' possível, diz porta-voz de Francisco
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIASO porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que, "teoricamente e teologicamente", é possível a nomeação de uma mulher como cardeal pelo papa Francisco, mas isso não está no horizonte --ao menos de curto prazo.
    O próximo consistório (reunião para nomeação de cardeais) da Igreja Católica está marcado para fevereiro.
    "Não é uma possibilidade realista. Teológica e teoricamente, é possível: para ser cardeal, em tese, não é preciso ter sido ordenado [padre]. Mas daí a sugerir que o papa nomeará mulheres cardeais no próximo consistório não é nem remotamente realista", declarou o porta-voz.
    Lombardi, porém, não afirmou que nunca ocorrerá; apenas disse que não será na próxima leva de nomeações.
    As especulações sobre o assunto começaram em setembro, quando o ex-padre Juan Arias, correspondente do jornal espanhol "El País" no Brasil, escreveu um artigo dizendo que Francisco cogitava elevar mulheres ao cardinalato.
    No fim de semana, foi o irlandês "Irish Times" que levantou o tema, o que levou à manifestação do porta-voz.
    Embora essa possibilidade nunca tenha sido confirmada, chegaram a circular nomes de mulheres "cardinaláveis", como a teóloga Linda Hogan, do Trinity College de Dublin (Irlanda), e a ex-presidente irlandesa Mary McAleese. Desde sua eleição, em março, Francisco tem dito que é preciso "reavaliar" a participação feminina na igreja.

      Abram Szajman

      folha de são paulo
      A toga e o chão de fábrica
      Já que a Justiça do Trabalho ignora muitas vezes o que decidem patrões e empregados, por que estes não podem voltar a indicar juízes classistas?
      O modo atual de operar da Justiça do Trabalho tornou-se, ao lado da elevada carga tributária, da burocracia excessiva e das deficiências de infraestrutura, um dos grandes obstáculos para que o Brasil possa voltar a crescer.
      Ela espalha insegurança jurídica nos meios empresariais, o que contribui para brecar investimentos e dificultar a criação de empregos.
      Não é exagero dizer que a maior barreira para a modernização das relações laborais hoje no Brasil situa-se na própria Justiça do Trabalho, em especial quando ela insiste em rever ou anular cláusulas livremente acordadas nas negociações coletivas entre patrões e empregados.
      E o problema não está só no âmbito interno dos tribunais, mas também fora deles: qual é a razão de uma entidade de juízes trabalhistas fazer lobby no Congresso contra o projeto de lei que busca regulamentar o trabalho terceirizado?
      Diante desse quadro, as entidades empresariais não podem se omitir. Sem ferir nenhum direito dos trabalhadores, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) apresentou um conjunto de 101 Propostas para a Modernização Trabalhista.
      Apoiando a iniciativa, a Fecomercio SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) pretende abrir o debate em outra frente: já que a Justiça do Trabalho ignora muitas vezes o que decidem patrões e empregados, tanto individual como coletivamente, por que estes não podem voltar a participar por meio de juízes classistas indicados pelas entidades sindicais patronais e de trabalhadores?
      A extinção dos classistas --que existiam desde a criação da Justiça do Trabalho e atuavam de forma semelhante aos peritos como auxiliares dos juízes de carreira-- deixou uma lacuna não preenchida pelas comissões de conciliação prévia.
      Diferentemente da conciliação intermediada pelos classistas e homologada pelos tribunais como coisa julgada, aquilo que se acorda nessas comissões com frequência volta a ser discutido por meio de ações trabalhistas, com mais perda de tempo e dinheiro para as partes.
      A Justiça do Trabalho surgiu paritária para incorporar na interpretação das leis os princípios da realidade. A participação das representações de trabalhadores e empresários era o argumento que justificava a sua criação, atribuindo-lhe a capacidade de julgar observando as particularidades de cada tipo de referência trabalhista. Sem ela, está desautorizado o seu poder normativo e não se justifica a sua existência.
      A questão pode ser colocada da seguinte maneira: juízes togados conhecem a lei e os ritos do processo, mas ignoram a realidade do chão das fábricas, das lojas e escritórios. Por essa razão, países como Alemanha, França, Suíça e Portugal recrutam entre as entidades de classe pessoas que vão atuar como auxiliares da Justiça. É disso que precisamos.
      Não se está propondo, evidentemente, a ressurreição pura e simples do modelo anterior. A sociedade deve decidir em que moldes seriam reintroduzidos os juízes classistas, quanto seus serviços custariam e quem deve pagar por eles.
      A figura do classista --existente desde a Constituição de 1946 e abrigada pela Carta de 1988-- foi extinta por conta da oposição de juízes togados, por meio de uma emenda constitucional, em 1999. Agora, o mesmo instrumento deve ser usado para reintroduzi-la, exigindo o quórum qualificado (três quintos do plenário) e duas passagens pelas Casas Legislativas, o que, juntamente com as audiências e consultas públicas, é garantia de ampla discussão.
      Se a ideia despertar polêmica, como no passado, tanto melhor, desde que preconceitos não interditem o debate. Será mais uma forma de direcionar os holofotes para o ponto central. Restaurado seu caráter paritário, a Justiça do Trabalho será arejada por ventos soprados desde as categorias econômicas e profissionais que são, em última análise, sua razão de existir.

      Anna Veronica Mautner

      folha de são paulo
      Entre o campo e a cidade
      Urbanos comunicam-se com homens do campo sem se anularem. Curiosamente, as diferenças entre o moderno e o regional são mantidas
      Ela me disse ao telefone: "O Félix está mamando com tanta força! Que gracinha meu neto! E que cara feliz a da minha filha!". Indago: "Mas ela não mora em Barcelona?". A resposta: "Ué, a gente se vê pelo Skype".
      Nunca pensei que ouviria isso. Há menos de 50 anos, uma ligação telefônica para Barcelona não só não tinha imagem como obrigaria os interlocutores a gritar para se fazerem ouvir, após horas de espera até que a Companhia Telefônica completasse a conexão.
      Há menos de 60, em Paraty (RJ), marcava-se encontro para falar dali a dez horas ou mais com São Paulo. Tinha fila de pedidos de ligações.
      Hoje, tudo ficou instantâneo: o leite, o chocolate, a conexão.
      Nos anos 1940, a conexão Brasil Europa --de navio-- levava 15 dias. Já existia avião, mas não para turismo. Quando uma pessoa emigrava de um continente para outro, ocorria uma ruptura séria. Para rever os que ficaram, muito tempo se passava. A Terra parecia enorme.
      Existia o telégrafo, um cabo subterrâneo que ligava enormes distâncias. Só era usado para notas breves: nasceu, morreu, espere, chego. Não para romance, muito menos bate-papo. Telegrama era caro. Pagava-se por letra. Tinha de escolher entre sinônimos o mais curto.
      As geladeiras eram raras. A alimentação era regional. Aqui não tinha cogumelos, não se fazia receitas com cogumelos. A cereja só vinha para o Natal. São Paulo era São Paulo. Bahia era Bahia. Belém do Pará era Belém do Pará.
      Hoje, tudo mudou. Novas identidades regionais foram se formando. O homem da cidade é o homem do mundo moderno.
      No interior, pelo campo afora, ainda temos muito do regionalismo. Núcleos com identidades quase puras persistem por ali em contato com o mundo todo, se o assim desejarem, ou só com seu vilarejo ou cidade de origem.
      Algumas pessoas mantêm contato com seus antepassados, outras rompem e vão criando novas linhagens. No campo, hábitos e costumes demoram mais a mudar. O tempo é mais lento, apesar da TV, do rádio, dos jornais e revistas --no campo, encontramos pessoas que conservam. Preservam o contato com a natureza e com o que ela tem de regional e permanente.
      O campo gaúcho tem pouco a ver com o sertão cearense, e ambos são interior. Vistos como movimentos de transformação, podem ser idênticos, ou pelo menos parecidos. Ambos são fiéis ao passado.
      É cada vez maior a força da urbanização e, portanto, da presença do homem moderno. O homem do campo, contudo, resiste, mantendo o chimarrão, o óleo de dendê, o jambu e o doce de leite.
      Que bom que essas duas forças coexistem, facilitando a manutenção da especificação das nações.
      Gosto de ser brasileira e comer queijo com goiabada. Não que desgoste de "pancake" americano com "maple syrup" ou compota de lichia. Nem sei se prefiro um ao outro, mas não largo o que é meu.
      Quem é o homem novo? Este homem moderno que vai surgir no coexistente dos dois universos? A diferença não é geográfica. Urbanos comunicam-se com os homens do campo sem se anularem. Curiosamente, as diferenças são mantidas.

      Helio Schwartsman

      folha de são paulo
      Cavalheirismo e espionagem
      SÃO PAULO - Os escândalos de espionagem vão de vento em popa. Da última vez que comentei o assunto, dois meses atrás, descobrira-se que a presidente Dilma Rousseff havia sido pessoalmente alvo da bisbilhotice dos EUA. De lá para cá, dezenas de líderes mundiais, incluindo Angela Merkel, vieram fazer companhia a Dilma.
      Essa não é, contudo, só uma história de heróis contra vilões. O Brasil não tem competência técnica para monitorar os telefonemas de Obama, mas, como mostrou Lucas Ferraz, a Abin costuma vigiar diplomatas estrangeiros que atuam no país.
      Não há muita dúvida de que, na medida de suas capacidades, todo mundo espiona todo mundo. A questão que se coloca é se não dá para tentar mudar esse estado.
      As relações internacionais, por não serem mediadas por nenhum poder central equiparável aos de um soberano, já foram comparadas ao estado de natureza hobbesiano, no qual impera "a guerra de todos contra todos". Embora hiperbólica, a imagem tem lá seu apelo. Mas será que, da mesma forma que seres humanos foram capazes de transcender esse suposto estado de natureza e estabelecer formas mais harmoniosas e regradas de convívio, países não conseguiriam fazer algo parecido?
      O antropólogo Christopher Boehm sustenta que a consciência moral, pré-requisito da civilização, foi precedida por um processo de autodomesticação social, no qual até machos dominantes aprenderam a exercer autocontrole. No começo, evitavam recorrer à força por temer retaliações do grupo, mas, com o tempo, isso se tornou uma segunda natureza.
      Se esse modelo é aplicável às relações internacionais, devemos reclamar cada vez que um país é apanhado espionando mais do que devia. Fazê-lo sentir-se desconfortável é o primeiro passo para que um dia consigamos tornar real a máxima segundo a qual cavalheiros não devem ler a correspondência uns dos outros.
      helio@uol.com.br

        Prefeitura apura suspeita de desvio de dinheiro do Theatro Municipal

        folha de são paulo
        MATHEUS MAGENTA
        EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"
        FERNANDO MASINI
        DE SÃO PAULO
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        A Controladoria Geral do Município de São Paulo investigará a suspeita de uso indevido do dinheiro arrecadado na bilheteria do Theatro Municipal entre 2005 e 2009, durante a gestão do secretário municipal de Cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil.
        A gestão atual do teatro não sabe estimar o montante sob suspeita. Neste ano, o teatro já arrecadou R$ 3,2 milhões. A investigação surge em meio a uma crise na instituição, com suspeitas de sabotagem em espetáculos, brigas e protestos contra o diretor artístico, John Neschling.
        O pedido para investigar as supostas irregularidades partiu da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que se baseou em denúncias feitas por ex-músicos do teatro.
        arte
        Segundo eles, o dinheiro da bilheteria não era depositado num fundo municipal, como manda a lei, mas sim repartido com associações de músicos (Amandra, que reúne integrantes do Coral Paulistano, e APTMSP, de artistas do Municipal; veja quadro ao lado).
        Para a atual gestão do teatro, há indícios de irregularidade na prática, que servia para driblar a burocracia da máquina pública --criada justamente para evitar corrupção.
        Gestores culturais argumentam que as especificidades da área dificultam o cumprimento das exigências de órgãos de controle. E que a contratação de um músico não deveria ter o mesmo nível de exigência da escolha da empresa que construirá uma escola.
        Com o uso de uma associação, portanto, fica mais fácil gastar recursos sem precisar cumprir uma licitação.
        Há contestações de órgãos de controle sobre práticas semelhantes na Cinemateca e nos museus da Casa Brasileira e da Imagem e do Som.
        Ex-gestores do Theatro Municipal (o maestro Jamil Maluf e o ex-secretário Calil) admitem a prática, mas negam qualquer ilegalidade nela.
        "Que se investigue. Não há nada de ilegal", diz Calil (leia texto abaixo).
        Segundo o atual diretor administrativo do teatro, José Luiz Herencia, os repasses não ocorrem mais. Ele não soube dizer quando cessaram.
        "PERSEGUIÇÃO POLÍTICA"
        As denúncias que motivaram a investigação partiram de músicos que atuaram no Coral Paulistano, grupo artístico do Theatro Municipal.
        Sete deles alegam que sofreram perseguição política por apontarem supostas irregularidades e, por isso, não tiveram seus contratos renovados entre 2010 e 2011.
        A pedido do secretário de Cultura, Juca Ferreira, a gestão atual do Municipal apurou nos últimos dez meses se as denúncias procediam. A apuração concluiu que sim, diz o secretário. Os músicos foram reincorporados em outubro. Os documentos serão enviados à Controladoria Geral do Município.
        A soprano Dênia Campos, 44, diz buscar explicações para a sua saída após audições em 2010 e 2011. Segundo ela, a causa alegada pela direção da instituição na época foi "problemas na afinação".
        "Há dois anos peço ao Municipal a gravação da minha prova e notas da banca", diz.
        Campos deixou a Amandra em 2006 por discordar da nova atribuição da associação de gerir a bilheteria. "Não estava de acordo, não era nossa função e disseram que era ilegal."
        O tenor Nelson Campacci, 47, também saiu da Amandra por, entre outros motivos, ser contra o repasse da bilheteria. "Éramos tratados como malignos lá dentro", diz.
        *
        GESTÃO PARALELA
        Associação
        A Amandra (Associação Mário de Andrade dos Artistas e Amigos do Coral Paulistano do Theatro Municipal de SP) foi criada em 2003 para reivindicar direitos e captar recursos
        Repasses
        Em 2005, a Amandra foi escolhida pelo Theatro Municipal para receber a "reversão de bilheteria", como é conhecido o repasse de parte da arrecadação do teatro
        Histórico
        Em 2006, a Amandra foi substituída pela Aptmsp (Associação Pró-Teatro Municipal de São Paulo), que congregava mais artistas do teatro. Os repasses foram até 2009, segundo ex-associados
        Desligamentos
        Em 2006, divergências na Amandra levaram sete músicos a deixarem a associação. O principal motivo da saída foi a discordância sobre gestão financeira e os impactos dela na condução artística do Coral Paulistano
        Audições
        Em 2010 e 2011, foram feitas duas audições para reavaliar os 42 cantores do Coral Paulistano. Cinco dos não recontratados estão entre os sete que deixaram a Amandra. Eles alegam retaliação. O maestro que liderou as audições nega
        *
        JOGO DE INTRIGAS
        Capítulos da crise no Municipal
        16 de julho
        Em almoço para divulgar a temporada de 2014, maestro comenta perfis anônimos criados em redes sociais para criticar a contratação de cantores estrangeiros
        10 de agosto
        Um dia após a estreia da ópera "Aida", o cabo de um elevador de palco é encontrado rompido; a administração do Municipal faz registro policial do caso
        15 de setembro
        Uma queda de energia na mesa de luz interrompe uma apresentação da ópera "Don Giovanni"; prefeitura abre sindicância para apurar sabotagem
        17 de setembro
        Nova falha no sistema de luz interrompe, na terça-feira, outra sessão de "Don Giovanni"; policiais passam a vigiar quadro de luz no quinto andar da casa
        24 de setembro
        Theatro Municipal comunica a todos os músicos dos corais Lírico e Paulistano que os dois grupos serão fundidos em 2014; anúncio gera mal-estar
        Sabotagem na ópera não foi confirmada
        DO EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"
        A delegada responsável por apurar as suspeitas de sabotagem em dois espetáculos do Theatro Municipal neste ano afirmou que a investigação ainda não apontou nenhum suspeito.
        "Foram ouvidas mais de 20 pessoas, mas ainda não temos nada de concreto", disse a delegada Giovanna Clemente, do 3º Distrito Policial (Campos Elíseos).
        Segundo ela, os depoimentos não confirmam a suspeita de sabotagem. Os casos foram denunciados em setembro. Não há prazo para a conclusão do inquérito.
        A gestão do maestro John Neschling, diretor artístico do Municipal desde o início do ano, enfrenta também ataques anônimos na internet --há críticas sobre a contratação de artistas estrangeiros.

        José Simão

        folha de são paulo
        Ueba! Maluf tem a esfirra suja!
        E o Maluf nunca mentiu: 'Eu não tenho dinheiro no exterior'. E não tem mesmo. O dinheiro é nosso!
        Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Festival de Piadas Prontas! "Quadrilha dos fiscais da propina atuava no edifício Ouro Para o Bem de São Paulo". Rarará! E o edifício fica no Largo da Misericórdia! E esse Pina deve ser o homem mais rico do Brasil. Tudo vai pro Pina!
        E essa direto do Pará: "Acusado de homicídio, o fazendeiro e empresário Carlos Solto foi preso". Que azar! Ele podia se chamar Preso e ser solto! Ou muda de nome pra Ex-Solto!
        E essa manchete do jornal "O Dia": "Ex-militar acusado de tráfico é preso ao sair do cinema". Qual o filme que ele estava assistindo? "Meu Passado me Condena". Rarará!
        E essa bomba: "Paulo Maluf é condenado e vira ficha suja". O Maluf tá com a esfirra suja! E o Maluf: "É mentira! Eu lavei a ficha junto com o dinheiro". Isso! O Maluf tem ficha lavada! Rarará!
        Diz que ele superfaturou o túnel Ayrton Senna. Obra do Maluf é superfaturada, mas não cai, não dá problemas. Só dá problema no bolso do contribuinte e na Polícia Federal. Rarará.
        E diz que ele vai ficar inelegível. Protesto! Eleição sem o Maluf não tem graça! Um amigo meu vota até hoje no Maluf por três motivos: rouba, mas faz. Mente, mas não convence. E é culpado, mas ninguém prova.
        E o frango à Maluf: primeiro você rouba o frango, depois você faz como quiser! E o Maluf nunca mentiu: "Eu não tenho dinheiro no exterior". E não tem mesmo. O dinheiro não é dele, é nosso!
        E a manchete do Piauí Herald: "Vasco e Fluminense desabam antes da perimetral", garante Eduardo Paes. E diz que ele contratou malabaristas do Cirque du Soleil e flanelinhas poliglotas pra entreter os cariocas presos no trânsito! É o ENGARRAFOLIA!
        E contratou a nova secretária de Urbanismo, Aracy Balabanian. No personagem da dona Armênia. Lembra da dona Armênia, que ficava gritando: "Na chón! Quero tudo na chón"? O Eduardo Paes quer o Rio na chón! Rarará!
        É mole? É mole, mas sobe!
        Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! É que um amigo foi para o urologista e sabe como ele se chamava? Carlos Picanço Costa! Rarará.
        E em Porto Alegre tem um proctologista chamado Rabolini. Rarará. Mais direto impossível.
        Nóis sofre, mas nóis goza
        Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

          Escritor Mia Couto vence Prêmio Neustadt, o 'Nobel americano'

          folha de são paulo

          O escritor moçambicano Mia Couto, 58, venceu na última semana o Prêmio Literário Internacional Neustadt, considerado o Nobel norte-americano.
          O autor de "Terra Sonâmbula" e "A Menina sem Palavra", entre outros, ganhará cerca de R$ 113 mil da Universidade de Oklahoma, responsável pela premiação, entregue a cada dois anos.
          Zanone Fraissat/Folhapress
          O escritor Mia Couto em São Paulo, durante o evento que integrou a série Fronteiras do Pensamento
          O escritor Mia Couto em São Paulo, durante o evento que integrou a série Fronteiras do Pensamento
          À agência Lusa, o escritor destacou a importância de a premiação ser entregue a um nome de língua portuguesa, para "despertar o interesse e a atenção" a idiomas que não o inglês. Ele foi o primeiro moçambicano a ser indicado e a ganhar o prêmio, que, nesta 23ª edição, tinha entre os indicados o japonês Haruki Murakami e o argentino César Aira.
          Vários autores que receberam a honraria em edições anteriores, como Pablo Neruda, Gabriel García Márquez, Orhan Pamuk, Mo Yan e Alice Munro, foram depois premiados com o Nobel de Literatura.
          Neste ano, Couto também recebeu o Prêmio Camões de Literatura, uma das mais prestigiosas honrarias em língua portuguesa, sendo agraciado com cerca de R$ 265 mil.

          LITERATURA
          Angolano Ondjaki leva Prêmio Saramago
          O escritor Ondjaki, 36, recebeu ontem o Prêmio Literário José Saramago, um dos mais importantes em língua portuguesa, pelo romance "Transparentes" (Companhia das Letras). Receberá 25 mil euros (R$ 77 mil). Na edição anterior, em 2011, a vencedora foi Andrea del Fuego, por "Os Malaquias".

          Livro do jogador Sócrates está na gaveta há dois anos

          folha de são paulo

          Dois anos após a morte de Sócrates (1954-2011) --ídolo do Corinthians, capitão da seleção de 1982 e um dos mais emblemáticos jogadores de futebol da história do país--, um livro de sua própria autoria ainda está engavetado.
          Com o título "Jogo, Ciência, Drogas e Aculturação", a obra, de cerca de 200 páginas, foi deixada aos cuidados da viúva do jogador, a empresária Kátia Bagnarelli. O texto, não exatamente uma autobiografia, é um registro de memórias entremeado por comentários analíticos.
          Bagnarelli diz que há interesse de lançar o volume pela editora Prumo, de São Paulo, mas que a decisão depende da autorização de familiares, incluindo os filhos de Sócrates (são seis, sendo um menor de idade).
          Folhapress
          Sócrates comemora gol pelo Corinthians no Campeonato Paulista de 1981, no Morumbi
          Sócrates comemora gol pelo Corinthians no Campeonato Paulista de 1981, no Morumbi
          Segundo um dos herdeiros, o advogado Gustavo Vieira de Oliveira, 36, o assunto ainda está sendo discutido por toda a família, inclusive pelo também ex-jogador Raí, 48, irmão de Sócrates.
          Oliveira afirma que não há previsão para o lançamento. Um dos motivos do atraso, afirma, é a estratégia de não lançar o livro enquanto o foco estiver sobre os eventos relacionados à Copa do Mundo.
          "O público anseia pelo livro para 2014, mas essa confusão cria um aspecto popularesco, algo fácil, e Sócrates nunca foi assim", diz Oliveira. "A memória dele é mais forte do que o evento. Há que se ter uma estratégia, os fãs merecem esse cuidado."
          Sóstenes Oliveira, irmão de Sócrates, diz que não há preocupações da família em relação ao conteúdo do livro. "Somos lentos mesmo", afirma.
          ÁLCOOL
          De todo modo, o jogador não fala dos problemas com o álcool --apenas narra episódios regados a cerveja.
          Futebol é a questão central do livro, sob a ótica de um sujeito politizado e crítico das relações profissionais dentro dos clubes. No passeio literário por sua carreira, conta que testemunhou episódios de racismo nos clubes e reclama de jogadores que usavam drogas. Com humor, assume-se como um homem feio e relembra momentos da adolescência: descreve grupos de garotos que dividiram com ele campinhos amadores.
          Ele fala, ainda, de como jogos de futebol se tornaram mais previsíveis com o tempo e estabelece, como marca da última década, um cenário mais técnico que criativo.
          "O surgimento de um gol, o mais das vezes, é quase que um acidente de percurso, pois as equipes em geral possuem preocupações defensivas que extrapolam em muito as parcas estratégias ofensivas", escreve.
          Há passagens em que o ex-jogador faz análises sob pontos de vista médicos. Comenta, por exemplo, a transformação física pela qual o jogador Ronaldo passou no início de sua carreira.
          "A tendinite nos patelares nada mais foi que fruto de distorções de desenvolvimento. Acompanhadas é claro de doses nem sempre homeopáticas de anti-inflamatórios."
          Em linguagem coloquial, também deixa impressões e experiências com o amor. Casado três vezes, conta que chegou a pegar quatro voos entre Rio e São Paulo num mesmo dia, só para ver uma namorada. (GUSTAVO FIORATTI)
          *
          TRECHO
          Todos sabem do cancro que é o consumo de drogas em nossa sociedade contemporânea e a extensão de seus estragos.
          O que é inadmissível é a forma como as pessoas que lidam com o futebol recebem este fato: sempre com a suada missão de tentar escondê-lo e "preservar" seus atletas. (...)
          Ora! Nós temos que ser mais realistas e enfrentar os problemas como eles o exigem: com maturidade e discernimento.
          Se o exame comprova o uso desta ou de outras drogas é porque o jogador fez, sim, o uso delas de alguma forma e em alguma ocasião.
          Trecho de "Jogo, Ciência, Drogas e Aculturação", de Sócrates

          Marcelo Coelho

          folha de são paulo
          Sol e chuva
          Um clássico rabugento, no filme 'Pedalando com Molière', aprende algumas lições da vida
          Quando eu era criança, estranhava muito que a primavera, em São Paulo, não correspondia nada ao que me ensinavam na escola e nos desenhos animados.
          Nenhum despertar da natureza, nenhum degelo, nenhuma floração. Só mais tarde aprendi que, nesta cidade, quem procura as flores não deve olhar para baixo, para os canteiros e jardins, mas para o alto: são as árvores que se cobrem de rosa, de azul, de roxo, de vermelho.
          Já é alguma coisa, embora um rabugento possa dizer que não há tantas árvores assim, e que nem todas acompanham a nova estação.
          Menino rabugento, certamente eu era, e tinha outras reclamações. Ao contrário de um lindo longa-metragem com Zé Colmeia e Catatau, onde nas cenas iniciais o sol derretia os pingentes de neve da caverna, deixando as primeiras gotas de água gelada caírem no focinho dos ursos adormecidos, em São Paulo a primavera não era sinônimo de sol.
          De fato. Nada mais incerto que estes dias de outubro e de novembro. Domingo, um calor brutal dava por inaugurada a época das compras natalinas e das férias; segunda-feira, vento e chuva, luzes de casa acesas às quatro da tarde.
          Será o nosso "microclima"? A palavra, com sua irritante dose de pedantismo, volta e meia aparece no filme "Pedalando com Molière", de Philippe Le Guay, atualmente em cartaz.
          A história se passa num lugar turístico do noroeste da França, a ilha de Ré, em pleno inverno. A estância balneária sofre com o frio da baixa estação; mas o sol aparece às vezes. É o nosso microclima, explica um motorista de táxi, numa tagarelice simpática que nem sempre associamos ao temperamento francês.
          Os franceses, pelo menos os de Paris, tiveram fases de extrema antipatia. Depois, parece que houve alguma campanha (hipnose? Alguma substância no vinho de consumo ordinário?) e eles melhoraram.
          Passei a entendê-los melhor quando percebi que não eram propriamente ferozes, mas apenas... nervosinhos. No fundo, apesar de toda a história de refinamento, mesuras, perucas e palácios, facilitou-me a vida pensar que os franceses são na verdade perfeitos italianos, explosivos e sanguíneos, só que falando a língua de Racine e Molière.
          Voltando ao filme. O bonitão Lambert Wilson (Plástica? Botox? Depilação de sobrancelhas?) faz o papel de um célebre ator de telenovelas. Vai procurar, na fria cidadezinha à beira-mar, um amigo mais velho (Fabrice Luchini, magistral), que por desgosto abandonou os palcos e sets de filmagem.
          O objetivo da visita é convencer o amigo, que deseja o isolamento completo, a voltar para o teatro. Encenariam juntos "O Misantropo", comédia a bem dizer sombria de Molière. Na peça, dois amigos debatem visões distintas sobre a humanidade. Alceste, o rabugento, não vê nos homens senão "injustiça, interesse, malícia e traição". Retira-se do convívio dos semelhantes.
          O outro, Philinte, pede a Alceste alguma ternura; seria insensato querer a correção do mundo, e por excesso de lucidez se pode errar também. No filme, Lambert Wilson sugere ao ator mais velho que, quando representarem a peça, alternem os papéis. Numa semana Lambert seria o inimigo dos homens, na outra o amigo complacente.
          Não estrago nenhuma surpresa se disser que, enquanto ensaiam a peça, os dois atores também terminarão trocando de atitudes. O bonitão da TV, querendo ficar bem com todo mundo, agirá às vezes como o misantropo Alceste. O veterano ator, desenganado e recluso, pode aos poucos impregnar-se da bonomia de Philinte.
          São tantas as reviravoltas, tão matemática, tão francesa, a engrenagem do filme, que de dez em dez minutos o espectador tem de se readaptar às mudanças do "microclima" entre os dois personagens.
          Sol e chuva se alternam rapidamente, e a fotografia de "Pedalando com Molière" não poderia ser mais poética. O ator velho, no começo, se faz de rogado, diz que não está interessado em participar de nenhum novo projeto.
          Pela janela, contudo, passa um raio de sol, quase branco, e seu rosto se ilumina. A psicologia dessa cena, convenhamos, é tão legível quanto a de uma comédia clássica: Fulano diz não quando quer dizer sim.
          Mas, do mesmo modo que a leitura da peça vai se refinando conforme a dupla se aplica mais e mais aos seus ensaios, também o filme vai revelando camadas e mais camadas nos sentimentos de seus personagens.
          O rabugento tem e não tem razões para desconfiar do mundo. A realidade, a vida, a solidão, a sorte ou o azar no amor não cessam de lhe trazer novas lições; só um morto pode gabar-se de convicções definitivas, e, como na primavera paulistana, não perde quem levanta os olhos um pouco acima do chão.

          Ruy Castro

          folha de são paulo
          Exemplo inspirador
          RIO DE JANEIRO - Michael J. Fox, o ator de "De Volta para o Futuro", que interrompeu a carreira em 2000 quando os efeitos de sua doença de Parkinson ficaram muito evidentes, volta às telas numa série de TV --"O show de Michael J. Fox", pelo VH1-- que acaba de estrear aqui. Nela, ele faz um âncora de telejornal que, mesmo sofrendo da doença, retoma o trabalho e se expõe para milhões. A história se parece com a dele.
          Ao ser diagnosticado com o parkinson, em 1991, Fox tinha 30 anos. A princípio lutou contra si mesmo, tentando escondê-lo. Até que resolveu ir à vida e contar tudo. Deu entrevistas a jornais e TVs, testemunhou no Congresso e criou a Fundação Michael J. Fox, dedicada a financiar pesquisas para permitir diagnósticos mais precoces, apoiar testes de remédios em laboratório e descobrir novas formas de aliviar os sintomas.
          Por causa de Fox, os americanos com parkinson têm hoje menos vergonha de sua condição. Mas uma coisa é atuar nos bastidores; outra é abolir todas as defesas. Quem já assistiu a episódios da série, afirma que o telespectador logo se acostuma ao leve tremor de suas mãos e a certos movimentos involuntários, e até ri sem culpa dos diálogos que, incrivelmente, fazem humor com o parkinson.
          Nenhuma celebridade com uma doença ou deficiência grave é obrigada a se abrir em público. Mas, para muitos, pode ter sido inspirador saber que Beethoven era surdo, que a atriz Sarah Bernhardt amputou uma perna (e ainda representou pelos nove anos seguintes, até sua morte) e que o escritor Jorge Luis Borges era cego. Ou que o nosso próprio e grande Paulo José também tem parkinson.
          A Amazon oferece cerca de 20 livros sobre Michael J. Fox, dele próprio e de outros, autorizados ou não. E apesar (ou por causa) disso, ele continua amado e admirado, mais até do que como artista --como um homem.

            Elio Gaspari

            folha de são paulo
            'Delação premiada', expressão malvada
            Satanizar quem colabora com a Viúva é uma ajuda aos bandidos que avançam sobre seu patrimônio
            Passou-se a chamar de "delação premiada" a conduta de uma pessoa que, tendo participado de um malfeito, decide colaborar com as autoridades em busca de alguma leniência. As duas palavras são usadas indevidamente e não constam de nenhum texto de lei. Quem colabora com o poder público não é um delator, nem a busca da leniência é prêmio. Tomem-se os casos do pedreiro Amarildo, morto durante uma sessão de torturas em julho, e do deputado Rubens Paiva, assassinado no DOI-Codi do Rio em 1971. PMs da UPP da Rocinha que testemunharam o episódio narraram-no ao Ministério Público e aos investigadores da Polícia Civil. O crime foi desvendado em poucos meses porque houve a colaboração. São delatores? Na alta hierarquia do Exército prevaleceu o código do silêncio, que, apesar de estarem vivos pelo menos cinco militares do plantel que testemunhou o que sucedeu a Paiva, prevalece há 42 anos.
            Em agosto passado, depois de ter passado a colaborar com a investigação do propinoduto que funcionou no governo de São Paulo para favorecer um cartel que ganhava licitações, a empresa alemã Siemens viu-se atacada pelo próprio governo do Estado. Respondeu com uma nota oficial denunciando "um ambiente contrário à transparência e ao diálogo e que acaba premiando os que decidem acobertar as más práticas".
            Há pouco, um dos fiscais que participava do esquema de mordidas montado na Prefeitura de São Paulo passou a colaborar com a investigação. Apareceu a informação de que ele era conhecido pelo apelido de "o louco". A ponderação entre o que roubou e o que ele vier a revelar dos roubos alheios será tarefa para o Ministério Público.
            Em junho do ano passado, quando foi exposta a primeira rede de roubalheiras montada em torno do mercado imobiliário de São Paulo, a empresa canadense Brookfield desmentiu que se metesse em "atos ilícitos". A denúncia partira de uma ex-diretora. Quando explodiu a nova rede de achaques, a Brookfield abandonou a linha do silêncio e passou a colaborar com o Ministério Público. Contou que tomou mordidas que somaram R$ 4 milhões.
            A Siemens e a Brookfield não colaboram com as autoridades porque são boazinhas, mas porque estão na frigideira dos mecanismos de combate à corrupção dos governos alemão e americano. Os mecanismos internacionais de combate à corrupção vêm humilhando seus similares nacionais. As maracutaias da Confederação Brasileira de Futebol foram expostas pelo Judiciário suíço, que pegou a rede da Fifa. Os mesmos suíços estão no pé da Alstom (prima da Siemens no cartel paulista) há cerca de dez anos.
            A satanização de quem colabora com a Viúva socorre os larápios e dá serviço aos seus advogados. Afinal, os honorários pagos pelos réus do mensalão ultrapassam, em muito, o ervanário de suas roubalheiras. Quando um delinquente colabora com a Viúva, quebra-se a corrente da felicidade que posterga processos e tumultua inquéritos.
            O que o Brasil precisa é de mais negociações com os malfeitores interessados em colaborar com a Viúva. Há dias o governo americano fechou um acordo de US$ 1,2 bilhão com um gênio de Wall Street que admitiu fraudar negócios. O magnata foi apanhado graças a três anos de investigações e à colaboração de seis corretores.

            Mônica Bergamo

            folha de são paulo

            Filha de acusado de receber propina para liberar obras em SP prestará depoimento

            Ouvir o texto
            O caso Aref, em que um ex-diretor da Prefeitura de SP, Hussain Aref Saab, foi acusado no ano passado de receber propina para liberar obras na cidade, terá mais um capítulo. A filha dele, Ana Saab, presta depoimento ao Ministério Público nos próximos dias. Vai tentar explicar como adquiriu mais de uma dezena de imóveis pagando os proprietários em dinheiro vivo.
            MARCHA
            O advogado Augusto de Arruda Botelho, que defende a família, afirma que ela provará que as operações foram "regulares". O dinheiro viria de herança e também da movimentação de estacionamentos administrados pelos Aref --um deles, em frente ao estádio do Morumbi.
            MARCHA 2
            O caso Aref, revelado pela Folha, mostrou que o ex-diretor adquiriu 106 imóveis nos sete anos em que permaneceu à frente do Aprov, setor de aprovação de obras da administração municipal.
            CANARINHO
            Apesar das rusgas entre os artistas, há quem acredite ser possível salvar a Associação Procure Saber, que reúne, entre outros, Roberto Carlos, Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso. A proposta é que ela passe a funcionar como "a seleção brasileira", nas palavras de um integrante: só reuniria suas "estrelas" para "grandes jogos e campeonatos". Como, por exemplo, a discussão sobre biografias.
            EM MÃOS
            Uma dessas próximas "partidas" seria a pressão, sobre o governo, para a instalação do órgão que fiscalizará o Ecad, escritório que arrecada direitos autorais. A Procure Saber defende que 51% dele seja composto por artistas ou seus representantes, para evitar a "estatização" da atividade.
            AUTOCONHECIMENTO
            O Fora do Eixo quer reunir 2.000 pessoas de todo o país em seu congresso anual, em Brasília, no mês que vem. Para Pablo Capilé, a série de críticas e elogios recebida pelo grupo em agosto beneficia o encontro. "Os debates vão ajudar bastante nas nossas reflexões", diz o líder do movimento. "É bom lembrar que nada [das denúncias] foi provado. Muito rumor e pouca comprovação."
            UM DESFILE PARA GABRIELA
            Luiz Di Bella
            Laerte (à direita) usou sua peça mais ousada para ir ao cortejo em homenagem a Gabriela Leite, fundadora da Daspu e morta no mês passado. "A ideia era ficar o mais puta possível. Usei o primeiro vestido que comprei na vida." Para o cartunista, a fundadora da grife, idealizada por prostitutas do Rio de Janeiro, era "o nosso Milk", referindo-se ao americano Harvey Milk, militante LGBT assassinado em 1978. O evento fez parte das intervenções do projeto Luz e Sombra, do Sesc Bom Retiro, e contou com as atrizes Fabiana Faleiros e Juliana Fagundes e a pesquisadora Elaine Bortolanza (na foto, da esquerda para direita).
            VIZINHO
            O cantor Luan Santana comprou, há duas semanas, uma casa para morar com os pais e a irmã em Alphaville. Ele, que vive com a família em Londrina, se muda em dezembro para São Paulo para otimizar a agenda e os compromissos profissionais.
            TIRANDO DE LETRA
            Depois de sofrer um infarto em agosto e ser internado novamente em setembro, Ariano Suassuna, 86, voltou ao batente.
            *
            Cancelou todos os compromissos até o fim do ano, por recomendação médica, mas segue trabalhando diariamente em um novo livro, ainda sem nome.
            TEMPERO LOCAL
            O chef Alex Atala lançou o livro "D.O.M. - Redescobrindo Ingredientes Brasileiros", anteontem, no Itaim Bibi. A estilista Márcia Lagos, mulher dele, e os também chefs Bel Coelho e Emmanuel Bassoleil foram ao evento, no estúdio do fotógrafo Sergio Coimbra, que registrou os pratos da publicação.

            Alex Atala autografa livro

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            Bruno Poletti/Folhapress
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            O chef Alex Atala lançou, na segunda (5), o livro "D.O.M. - Redescobrindo Ingredientes Brasileiros", no Itaim Bibi
            MONSTRO ANDANTE
            Enrique Diaz fará temporada em São Paulo do monólogo "Cine_Monstro", a partir de 23 de novembro, no Sesc Pompeia. Na peça, já encenada no Rio, em Brasília e em Paris, o ator faz 13 personagens. Autor do texto original, o canadense Daniel MacIvor virá à capital paulista para ver a montagem pela primeira vez. "Cine_Monstro" é o terceiro espetáculo dele encenado por Diaz.
            ARENA
            "Matando saudades do 'Roda'", o jornalista Paulo Markun, ex-apresentador do "Roda Viva", da TV Cultura, faz a mediação de debate hoje entre os arquitetos Ciro Pirondi e Paulo Mendes da Rocha. O evento, no Sesc Vila Mariana, marca o lançamento da série "Habitar", dirigida por Markun e pelo cineasta Sergio Roizenblit para o canal SescTV.
            RITMO DE FESTA
            O decorador José Antonio de Castro Bernardes recebeu convidados no lançamento do livro "25 Anos de Festa", anteontem, na Sociedade Harmonia de Tênis, no Jardim América. A estilista Gloria Coelho, a jornalista Perla Nahum e Gabriela Izar estiveram no evento.

            Decorador lança livro

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            Bruno Poletti/Folhapress
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            O decorador José Antonio de Castro Bernardes recebeu convidados no lançamento do livro "25 Anos de Festa", na Sociedade Harmonia de Tênis, na segunda (5)
            CURTO-CIRCUITO
            João Benedicto de Azevedo Marques lança hoje o livro "Violência e Corrupção no Brasil", às 18h30, na Livraria da Vila da alameda Lorena.
            Carin Mofarrej organiza venda especial da grife de joias Momussk com renda para a instituição Mão Amiga. Hoje e amanhã, das 11h às 18h30, nos Jardins.
            com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
            Mônica Bergamo
            Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.