quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Eliane Cantanhêde

folha de são paulo
Mocinho e bandido
BRASÍLIA - Eles não duelam entre si e muito menos vão sacar um revólver do coldre, mas o mensalão está produzindo um mocinho e um bandido e despertando todas as emoções que ambos merecem.
O mocinho é José Genoino, que foi preso e torturado na ditadura e, desde o início do julgamento no Supremo, divide mentes e corações.
Os ministros do tribunal e nove entre dez colunistas sempre foram (fomos) mais cuidadosos com ele do que com os demais. Parte pela questão objetiva de que Genoino entrou no bangue-bangue por assinar um documento na condição de presidente do PT. E parte pela questão subjetiva de que, apesar de envolvido num esquema milionário, ele nunca quis ser --e não é-- um homem rico.
Decretadas as prisões, a aura de Genoino só fez aumentar. Além de todo o desconforto geral durante seu julgamento, ele agora tem 67 anos, acaba de passar por uma cirurgia cardíaca e, segundo laudo do IML, tem doença grave e precisa de cuidados especiais.
Até Dilma, orientada a passar a léguas de distância do mensalão, sentiu-se liberada para seguir a onda da "opinião publicada" e fazer uma defesa de Genoino, enquanto o Congresso --que já manteve o mandato do deputado prisioneiro Natan Donadon--quebra a cabeça para arranjar uma solução toda especial para o petista.
Do outro lado, o bandido número um passou a ser Henrique Pizzolato, um almofadinha excêntrico que, anos atrás, já metido num escândalo (o de uso do dinheiro do Banco do Brasil para beneficiar o PT), me disse que era intocável. "Já comi torresmo com muito mais cabelo", ironizava.
O ministro Marco Aurélio foi infeliz ao justificar a fuga e, tanto quanto se procuram saídas para Genoino, discutem-se opções para não deixar Pizzolato livre, comendo pizza e tomando bons vinhos italianos. Mas, se ele não for passear em Mônaco com uma nova namorada, como fez Cacciola, sabe quando vão botar a mão no camarada? Nunca.

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