domingo, 20 de outubro de 2013

Ferreira Gullar

folha de são paulo
A magia da imagem
O vínculo entre a imagem e a realidade deu origem às artes visuais, que nasceram com o homem das cavernas
Quando o homem do Paleolítico encontrou um pedaço de sílex, que parecia a cabeça de um bisão, pensou que aquele era um outro modo de o animal existir. E esse vínculo, para ele, entre a imagem e a realidade, parecia-lhe tão forte que, se atingisse a imagem do animal, atingiria o próprio animal.
Essa será possivelmente a razão pela qual o corpo dos bisões pintados nas cavernas esteja cravejado de setas. É que isso asseguraria o êxito da caçada. Essa crença sobrevive até hoje no que se conhece como "magia simpática", praticada por feiticeiros. No Brasil mesmo, é conhecida essa prática, que consiste em fazer o boneco da pessoa e espetá-lo no coração, na certeza de que, desse modo, levará à morte a pessoa ali representada.
Esse vínculo entre a imagem e a realidade deu origem às artes visuais, que nasceram precisamente com o homem das cavernas e se mantêm até hoje como um dos principais meios de que dispomos para inventar o nosso mundo humano.
Como se viu, desde o primeiro momento, a imagem já não é mera representação do real, mas um meio de transformá-lo: a arte existe porque a realidade não nos basta.
E, não por acaso, após milênios, a arte das imagens acompanha a aventura do homem, seja como expressão de seus desejos e representação de seus valores, seja como a criação de momentos de beleza e deslumbramento. Das paredes de Lascaux a dos mosteiros medievais, das primeiras telas renascentistas às imagens fotográficas de hoje, das xilogravuras quinhentistas à litografia e aos processos eletrônicos de agora, o universo imagístico tornou-se parte essencial da história humana, a ponto de ser impossível separarmos imagem e realidade.
Esse universo de significações, no entanto, não se contenta com a expressão visual das formas, das imagens. Ele necessita decifrá-las, entendê-las, traduzi-las na linguagem das palavras. Mas, como disse Ernst Cassirer, as linguagens são intraduzíveis entre si, ou seja, o que a imagem diz, a palavra não consegue dizer.
É que os significados só existem nas linguagens e são, portanto, criações delas. Certamente, podemos, com palavras, referirmo-nos, por exemplo, a uma gravura de Oswaldo Goeldi, em que vemos, na noite escura, um homem com um guarda-chuva vermelho. Podemos, mesmo, não apenas descrevê-la --os elementos figurativos que a compõem-- como tentar evocar a atmosfera de solidão ali presente. Não obstante, essa será sempre uma formulação verbal que jamais equivalerá, nem muito menos substituirá, a expressão que a imagem visual nos proporciona.
Isso não significa, porém, que a expressão vocabular seja um exercício descabido e inútil. Pelo contrário, por ser também uma linguagem autônoma, a palavra cria significações --leituras-- que se somam à expressão visual das imagens. Nesse sentido, o texto crítico, analítico ou poético sobre uma obra de arte pode de certo modo incorporar-se a ela, não como tradução da obra, mas como interpretação que a enriquece. Exemplo disso é o soneto de Rainer Maria Rilke sobre o torso de Apolo, traduzido para o português por Manuel Bandeira e que termina com este verso: "Força é mudares de vida".
E isso não apenas com respeito à arte. Na verdade, a realidade em que vivemos é, de fato, inventada por nós. Não simplesmente a realidade material --os instrumentos, as casas, os veículos etc.-- como também a realidade espiritual, constituída pelos valores éticos, estéticos, religiosos, científico.
Essa relação entre imagem e a palavra, no mundo da arte, ganha um significado muito peculiar, já que, neste campo, a interatividade das duas linguagens contribui para o enriquecimento de ambas, que assim descobrem novas possibilidades de reinventar-se.
Acredito que estas considerações evidenciam a importância que a criação artística desempenha na permanente reinvenção de nossa realidade. Refiro-me à realidade do homem como ser cultural. A permanência das obras de arte, criadas há séculos e mesmo há milênios, é a demonstração cabal do que a arte significa para o homem. É que se de fato, como creio, a vida é inventada, nada a torna mais fascinante do que a arte.

Elio Gaspari

folha de são paulo
Para um bom domingo: Banksy
O grafiteiro inglês faz do anonimato suprema forma de celebrização, indicando a grande arte que está nas ruas
Banksy desceu em Nova York. O misterioso grafiteiro inglês, que foi saudado por um editorial do "Times", está alegrando a cidade. Na capital do dinheiro, brincou com ele. No domingo passado botou uma mesinha impessoal no Central Park, oferecendo por 60 dólares gravuras assinadas que, no mercado, valem até US$ 30 mil. Só três pessoas compraram as peças, e uma senhora conseguiu 50% de desconto. As gravuras valiam US$ 225 mil.
Van Gogh pintou 900 quadros e só vendeu um, mas todos têm o direito de achar que seriam capazes de comprá-los, teria faltado apenas a oportunidade. Na tarde de domingo umas mil pessoas passaram batidas pela mesinha dos Banksys. Isso na cidade em que, em 1956, o Museu de Arte Moderna mandou uma carta a um artista pedindo que não lhe mandasse mais quadros, pois não os queria. Chamava-se Andy Warhol, e hoje a Marilyn Dourada é uma das principais peças do seu acervo.
O misterioso Banksy faz do anonimato a suprema forma de estudada celebrização. Não se sabe ao certo quem ele é. Tem cerca de 40 anos, não se deixa fotografar, raramente dá entrevistas (sem mostrar o rosto) e tanto pode dizer uma coisa como o seu contrário. Cultiva essa imagem com advogados e até mesmo uma agência de relações públicas. Banksy solta seus grafites na rua e num deles, deixado no Bronx, a vizinhança pobre está cobrando US$ 20 para quem quiser tirar fotos. Chamá-lo de grafiteiro é uma imprecisão, pois o que deixa nos muros são imagens feitas com moldes e sprays. Há nele poesia, delicadeza e um humor militante que ecoam Warhol. Copia-lhe alguns truques, mas falta-lhe a faísca. Suas raízes estão no francês Blek Le Rat, um tipo oposto no comportamento. É um parisense convencional que fez um poderoso David de metralhadora em defesa de Israel, enquanto Banksy fez do mesmo David um homem-bomba.
Banksy é acima de tudo uma boa discussão. Gênio? Espertalhão? O lance do Central Park ajuda a vender suas obras nas galerias por centenas de milhares de dólares, mas também desmistifica o fetiche dos originais. Uma reprodução de um desenho de Banksy não tem por que valer US$ 30 mil, a menos que a pessoa queira pagar pelo autógrafo. (Por US$ 9.750 compra-se um bilhete assinado de Matisse e por US$ 9.500 leva-se uma carta manuscrita de Winston Churchill.) Como Banksy já grafitou: "Eu não entendo por que idiotas compram essas merdas". (Dois deles: Brad Pitt, Angelina Jolie.) As três esculturas mais contempladas do mundo (o David de Michelangelo e as portas do Batistério de Florença, bem como os cavalos da Basílica de São Marcos, de Veneza) são cópias. Os originais estão por perto, em locais que deturpam o ambiente em que devem ser vistos.
Mesmo tendo parado de correr da polícia há tempo, Banksy, como todos os grafiteiros, tem uma aura de marginal. Ele não é um verdadeiro vândalo, dizem seus críticos. Banksy é hoje o mais conhecido artista plástico inglês. Ocupa o lugar deixado por Francis Bacon, morto em 1992. Nem de longe tem sua genialidade, muito menos sua essência verdadeiramente marginal. Prostituto na juventude e gay da pesada (vestia couros por cima e lingerie por baixo), quando lhe deram um atelier em área chique, fugiu. (Essas informações estão numa ótima biografia, que horrorizaria Roberto Carlos.) Banksy é o símbolo de uma grande arte, que há décadas é deixada nas ruas. Por elas passou Jean-Michel Basquiat, que tinha a faísca.
De graça, estão na rede 18 trabalhos que o grafiteiro espalhou por Nova York desde o dia 1º, alguns deles com vídeo e áudio. Para um bom domingo, basta ir a eles em banksy.co.uk.
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MADAME NATASHA
A doutora Dilma lançou o "Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica". Madame Natasha acredita que se deve lançar o Plano Nacional de Compreensão dos Planos do Planalto.
Em junho foi criado o cargo de diretor do Departamento de Racionalização das Exigências Estatais da Secretaria de Racionalização e Simplificação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República.
FALTA EXPLICAR
Se os cidadãos declararem suas rendas à Receita Federal da mesma forma que seu Secretário, Carlos Alberto Barreto, explica o pedido de demissão do seu xerife da fiscalização, o Brasil quebra.
Caio Cândido foi-se embora reclamando da "influência externa em algumas decisões, com prevalência (...) de posições menos técnicas e divorciadas do melhor interesse."
Barreto fez que não leu e atribuiu a decisão a um "natural desgaste". Dias depois retificou a declaração e disse que Cândido foi embora por causa de uma divergência legal. Cadê a "influência externa"?
Fiscais da Receita queriam criar uma força tarefa para investigar as conexões da empreiteira Delta. A iniciativa foi abatida em voo.
CHAMEM O EXÉRCITO
O comissariado chamou o Exército para garantir o leilão do campo de Libra.
No comício do dia 13 de março de 1964, João Goulart garantiu-se com a tropa. Deu no que deu.
Há dois meses o vice Michel Temer e o ministro da Defesa, Celso Amorim, chegaram à Academia Militar das Agulhas Negras com duas horas de atraso para a cerimônia de entrega dos espadins aos cadetes. Tomaram uma tremenda vaia. Está no Youtube.
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COMO SE ACOBERTOU A MORTE DE AMARILDO?
A Polícia Civil do Rio parece ter desvendado o caso do pedreiro Amarildo. Ele teria sido assassinado na UPP da Rocinha. Já estão presos um major e nove PMs.
Falta a PM explicar como seu deu a tentativa de acobertamento do crime. Como pifaram as câmeras que teriam registrado a saída do cidadão? Com que frequência elas pifam? Como e por que surgiu a versão segundo a qual traficantes puseram seu cadáver num carro de lixo? Como prosperou a história segundo a qual o traficante "Catatau" contou que Amarildo fora morto por bandidos?
Policiais asfixiando um preso com o saco de plástico da aplaudida cena de "Tropa de Elite" é um crime praticado por poucas pessoas. O acobertamento precisa de mais gente e da compreensão dos superiores. Ele corrói a instituição. A disciplina militar não pode impedir que se mate um preso, mas a instituição não pode carregar a fraude. Em 1971 o Exército acobertou o assassinato de Rubens Paiva no DOI do Rio. Inventaram um sequestro implausível, durante o qual ele teria fugido. O assassino de Paiva pode estar morto. Um dos oficiais que teriam tirado o cadáver do DOI já morreu, mas a fraude permanece, intacta, encravada na instituição.

    Janio de Freitas

    folha de são paulo
    Debates que se perdem
    Todos os que defendem a exigência de autorização aos biógrafos dizem não estar defendendo a censura. Mas censura é isso
    REAÇÃO DE última hora, e exacerbada, contra o leilão da área de Libra no pré-sal vem de uma aberração brasileira que encontra, neste episódio, o papel de exemplo perfeito. Tanto de si mesma, como do seu agravamento ameaçador.
    Protesto é sempre cabível: assim caminha o regime democrático para o seu aprimoramento, aos solavancos das reafirmações e das reconsiderações. Mas a hora dos atuais protestos contra o leilão de Libra era lá atrás, quando o governo Lula projetou o modelo de exploração do pré-sal por petrolíferas privadas, com associação minoritária do Estado brasileiro.
    A causa do protesto era e é perfeitamente defensável em nome de múltiplas razões nacionais. O seu confronto com os interesses empresariais, alheios às questões nacionais, por certo seria proveitoso em muitos sentidos. Não ocorreu, porém. Não pôde haver mais do que manifestações anêmicas. Por quê?
    Só para lembrar um caso a mais, na mesma linha: dá-se igual com a multibilionária Copa, já presente em protestos públicos e promessa de reações maiores na hora final. Por que a reação não se deu quando podia suscitar alguma reflexão sobre o ímpeto, pouco ou nada responsável, com que Lula buscava essa inutilidade esbanjadora?
    É a falta de partidos representativos. Os segmentos da sociedade estão órfãos, entregues a si mesmos. Ou, no máximo, a associações que até podem ter representatividade, mas solta no espaço, sem a necessária extensão na arena adequada que seria o Congresso.
    Aos partidos compete serem as vozes da sociedade, organizá-las para serem forças, opô-las para chegar à composição de posições ou à prevalência de um lado. Mas não há partidos: são organizações comerciais, todos interessados em manter o afortunado poder ou em tomá-lo.
    A aberração arrasadora e crescente. O que equivale a dizer que assim são os seus efeitos. Até quando e até onde, cada um de nós que imagine.
    OUTRO NÃO DEBATE
    A polêmica das biografias degringola depressa para o gaiato. Chico Buarque escreve contra a hipótese de difamação em livro praticando horrível difamação de um escrito. No mais, só deu fora: mal informado, os outros exemplos que cita como comprovações de sua opinião são inverdadeiros, e comprovam a tese contrária à sua.
    No retorno, Chico Buarque engrossou: "Se for levar isso ao extremo [o direito de escrever biografia sem depender de autorização do biografado ou de parentes], o sujeito é obrigado a deixar invadir sua casa, fazerem fotografia de cueca, exporem sua mulher em trajes mínimos, sem poder recorrer". São mesmos os riscos e a tendência que uma pessoa séria vê?
    O compositor, cantor e escritor Jorge Mautner compara os biógrafos com agentes da KGB, a polícia política de Stálin, personagens do que ele disse ser uma piada em que disputam quem mais inventaria para prender duas turistas inocentes. Exposta a comparação, a graça Mautner guardou para si. Um outro, jornalista cultural, encontra "situação análoga" entre a defesa de censura a biografias e a defesa de diploma universitário para jornalistas.
    E todos os que defendem a exigência de autorização aos biógrafos dizem não estar defendendo censura. Querem o predomínio, sobre a liberdade constitucional de expressão e informação, dos artigos do Código Civil que permitem impedir biografias contrárias à honra ou à imagem. Para sabê-lo, porém, só lendo a biografia antes, para aceitá-la ou vetar a publicação. E censura é precisamente isso, nem mais nem menos.
    Os defensores da biografia necessariamente autorizada estão pondo todos os biógrafos no papel de difamadores potenciais, quando não contumazes. Os biógrafos já podem processá-los criminalmente por calúnia, injúria e difamação. E cobrar em indenizações, já que os acusadores falam também em dinheiro, o que as biografias não lhes rendem.

      sábado, 19 de outubro de 2013

      André Singer

      folha de são paulo
      Ideologia e voto
      Na segunda-feira passada, o Datafolha divulgou pesquisa que mede a orientação ideológica dos brasileiros. Os resultados, apontando para a prevalência da direita sobre a esquerda, confirmam, em linhas gerais, a série que o instituto vem realizando desde 1989. Porém, a metodologia utilizada desta feita pode levar a visões equívocas sobre a relação entre ideologia e voto.
      Diferentemente do que sempre fez, o Datafolha decidiu, neste ano, atribuir a localização entre direita e esquerda a partir das respostas a um conjunto de questões adaptado de formulário norte-americano. Embora traga resultados parciais de interesse, o questionário mistura indagações de alta relevância política, como, por exemplo, se os sindicatos são importantes para defender os interesses dos trabalhadores, com outras de baixo impacto no debate nacional, como a que pergunta se "acreditar em Deus torna as pessoas melhores".
      Nos trabalhos que realizei a partir de 1990, pude constatar que os assuntos que mais dividem a esquerda da direita no Brasil são os que dizem respeito à ordem. Enquanto a esquerda apoia posições que implicam contestação do ordenamento estabelecido, a direita tende a reforçá-lo. Por isso, o item referente aos sindicatos é importante. Por meio dele pode-se medir como o indivíduo se coloca perante a organização de base para a defesa de interesses que, na ordenação capitalista, são subordinados.
      Não é casual que, entre os dez temas elencados pelo Datafolha, este seja o que mais divide o público, com metade considerando negativa a instituição sindical. Já o problema religioso é o que menos polariza. Quase todos (85%) acham que "acreditar em Deus torna as pessoas melhores", indicando que tal opinião vale tanto para os de esquerda quanto os de direita.
      Entre 1989 e 2010, o Datafolha pedia ao eleitor que se autoposicionasse na escala esquerda-direita, apresentando-lhe cartela de sete pontos. Os resultados chamam a atenção pela enorme estabilidade das preferências em mais de duas décadas. Com poucas exceções, as variações estão dentro da margem de erro, isto é, são estatisticamente irrelevantes, e apontam para um campo de esquerda com cerca de 20%, um de centro idem e um de direita com o dobro das escolhas (40%). Pouco mais de 20% não sabem se posicionar.
      Como o lulismo embaralhou as cartas, propondo um programa de mudança dentro da ordem, passou a ter votos também da direita, sobretudo a popular, o que ocorria menos antes de 2006. Em decorrência, não é que a ideologia interfira pouco no voto, mas, sim, que houve uma importante alteração no plano dos atores políticos, à qual o eleitorado respondeu de maneira coerente com as suas próprias inclinações ideológicas.

        José Simão

        folha de são paulo
        Ueba! Virei black-biógrafo!
        E não se esqueçam de que já está em todas as livrarias a bio do Maluf: "Minha Vida Foi uma Roubada"
        Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Pensamento do dia do FuteboldaDepressão: "Se o Tite cair, é pênalti pro Corinthians!". E chama o Ceni.
        E diz que agora a dívida do Eike vai ser calculada em Playstations 4.
        E diz que a Marina vai ser vice do Campos e o Campos vai ser vice da Marina e vice-versa!
        E adorei a charge do Duke: "Sou neto do Lobo Mau e exijo que você retire da biografia dele a parte em que ele come a vovozinha!". Rarará!
        E como me disse uma menina no twitter: "a melhor forma de desautorizar uma biografia não autorizada é dizer que autorizou". Rarará! Ninguém vai querer ler!
        E atenção! Virei black-biógrafo! Vou lançar a biografia não autorizada do Malafaia: "Minha Mala é Feia". Subtítulo: "Malafaia é o nosso pastor e nada nos SOBRARÁ!". E vou lançar a bombástica biografia não autorizada do Lula: "Tenho Raiva de Quem Sabe!".
        E descobri que a Dilma não é búlgara, é pittbúlgara! E que a Marina Tartaruga Sem Casco é mãe do Macunaíma. Com pose de Virgem Inca!
        E vou lançar uma fotobiografia do Neymar: "50 Tons de Wellaton". Rarará! Com todas as fotos desde o início da carreira até hoje: 50 tons de Wellaton!
        E estou escrevendo a minha autobiografia não autorizada: "Minha Vida é um Buraco". Você nasce por um buraco, come por um buraco, transa por um buraco e quando morre: vai pro buraco!
        E a manchete do Piaui Herald: "Astros da MPB organizam Marcha da Família com Deus pela Privacidade". E que MPB agora quer dizer: Músicos Proíbem Biografias!
        E não se esqueçam de que já está em todas as livrarias a bio do Maluf: "Minha Vida Foi uma Roubada". A bio do Sarney: "Moribundo de Fogo". E a do Edir Macedo: "EDÍRZIMO". Rarará!
        É mole? É mole mas sobe!
        O Brasil é Lúdico! Ontem o Centro Acadêmico 11 de Agosto fez a Peruada 2013 em homenagem ao Feliciano: Peruada 2013! Contra o ódio do pastor! Meu peru é mais amor!". Isso! Viva!
        E em Itapuã, Salvador, tem a "Barbearia do Pão Com Ovo". Rarará!
        Nóis sofre mas nóis goza!
        Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

          Mônica Bergamo

          folha de são paulo

          Lincoln Continental 1935 usado por Getúlio Vargas pode ser restaurado em breve

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          O Lincoln Continental 1935 usado pelo ex-presidente Getúlio Vargas em seus deslocamentos pode ser restaurado em breve. A Ford, que deu o carro de presente ao governante brasileiro naquele ano, analisa um pedido feito pelo governo federal para fazer a reforma. A ideia é que, depois de recauchutado, ele seja exibido no Museu da República, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro.
          DIREÇÃO
          O carro é considerado histórico e está hoje guardado no Palácio do Ingá, em Niterói, que abriga o Museu de História e Artes do Rio. Há informações de que hoje existam só 17 modelos dele no mundo. O pedido de restauração foi feito numa audiência do ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, com Steven Armstrong, CEO da montadora.
          PRÓXIMO PASSO
          A Associação Procure Saber deve fazer reunião de balanço na próxima quinta, no Rio, com representantes de Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso, entre outros. Os artistas sofreram avalanche de críticas por causa da defesa que fazem da restrição a biografias.
          PELO MENOS
          A ideia agora é tentar entender melhor as leis que regulam o assunto. E traçar uma estratégia para que nem todas as suas preocupações sejam agora ignoradas --como, por exemplo, a do uso das imagens dos artistas em produtos audiovisuais.
          NOVA VOZ
          Alguns pensam inclusive em consultar outros especialistas no assunto, para ouvir argumentos diferentes dos apresentados pelos advogados de Roberto Carlos.
          ESTRELA EM CENA
          Regina Duarte recebeu convidados na estreia de "Bem-Vindo, Estranho", espetáculo do projeto Vivo EnCena, anteontem, no teatro Vivo. A atriz Vida Alves, o estilista Dudu Bertholini, o curador do projeto, Expedito Araujo, e a cantora Wanderléa foram ao evento. Gabriela Duarte, filha da protagonista, também esteve na plateia.

          Regina Duarte estreia peça

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          Zanone Fraissat/Folhapress
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          Regina Duarte recebeu convidados, como a atriz Vida Alves, na pré-estreia de "Bem-vindo, Estranho", espetáculo do projeto VivoEnCena, na quinta (18)
          NA PARADA
          Depois da Cow Parade e da Call Parade, exposições de vacas e orelhões personalizados nas ruas de SP, chegou a vez de Mônica, personagem de Mauricio de Sousa, ganhar 50 versões espalhadas pela cidade. A Mônica Parade começa em 8 de novembro. Além do próprio quadrinista, outros 49 artistas, entre eles Crânio, Mulheres Barbadas e Titi Freak, serão responsáveis pela estilização da personagem em esculturas de 1,60m de altura.
          MOSQUETEIROS
          Ney Latorraca e Edi Botelho estão ensaiando na Broadway, em NY, o espetáculo "Entredentes" (título provisório), dirigido por Gerald Thomas. É o reencontro do trio desde "Quartett" (1996). Para o novo espetáculo, que estreia em 2014, Thomas escalou também Maria de Lima, atriz portuguesa radicada em Londres. "O sotaque português dá mais graça ao texto", explica o diretor.
          EM CASA
          Athina Onassis está com o marido, o cavaleiro Doda Miranda, em São Paulo. O casal chegou anteontem para o Concurso de Saltos Internacional Indoor 2013, do qual Doda participa, na Sociedade Hípica Paulista. O casal retorna para a Europa no domingo.
          CURTO-CIRCUITO
          A série de livros "Os Filmes da Minha Vida" ganha seu quinto volume, organizado por Renata de Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema, na segunda, às 19h, no Espaço Itaú de Cinema.
          O Rotary Club começa, nesta segunda, campanha de doação de sangue nos postos da Pró-Sangue do Hospital das Clínicas e do Mandaqui.
          A Box 1824 expõe, a partir de hoje, painel sobre tendências na Serpentine Gallery, em Londres.
          com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
          Mônica Bergamo
          Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

          Sem autorização, livro sobre Caetano acabou engavetado

          folha de são paulo

          Sem autorização, livro sobre Caetano acabou engavetado


           
          JULIANA GRAGNANI
          DE SÃO PAULO
          MARCO AURÉLIO CANÔNICO
          DO RIO
          RAQUEL COZER
          COLUNISTA DA FOLHA
          Muito antes de entrar no debate sobre biografias não autorizadas, Caetano Veloso já havia barrado uma pesquisa de sete anos sobre sua vida feita com seu conhecimento e a princípio com seu aval.
          O caso ocorreu em 2004. Antes da desistência, a editora que publicaria a obra, Objetiva, elaborou um contrato com cláusulas exigidas pelo escritório que representa o músico. Uma era a participação nas vendas, reivindicação do grupo Procure Saber, que Caetano integra hoje.
          O trabalho foi realizado de 1997 a 2004 pelo compositor e poeta Carlos Eduardo Drummond, 42, e pelo funcionário público Marcio Nolasco, 44, cuja mãe é próxima de Rodrigo Velloso, irmão de Caetano.
          Rony Maltz/Folhapress
          Os autores Carlos Eduardo Drummond e Marcio Nolasco
          Os autores Carlos Eduardo Drummond e Marcio Nolasco
          Com a pesquisa avançada, a dupla contatou a Objetiva, que lhes pediu aval do biografado. Em 2001, levaram carta que teria sido escrita pelo cantor. "Como não se trata de biografia encomendada ou combinada de antemão, tenho ciência apenas de que os dois rapazes vêm entrevistando as pessoas [...] nos termos adequados", diz o texto.
          A situação mudou em 2004, quando a editora buscou a autorização do escritório que representa Caetano, então comandado por Conceição Lopes e Paula Lavigne, ex-mulher e empresária do cantor.
          Além da participação nos direitos autorais da obra, o escritório exigiu a retirada de cláusula que permitia a adaptação do livro ao cinema.
          Editora e autores aceitaram.
          Pelo contrato, Caetano levaria 5% dos direitos autorais. Cada autor ficaria com 2,5%, metade do estipulado a princípio. Outros 2,5% iriam para a jornalista Ana Maria Bahiana, que faria a redação final. Ela só confirma ter sido chamada para o projeto.
          Em 2004, com o contrato prestes a ser assinado, Drummond recebeu uma ligação de Isa Pessoa, então diretora editorial da Objetiva, avisando que Caetano desistira do projeto. Não se soube a razão.
          A editora, então, renunciou à publicação. Para Roberto Feith, sócio da Objetiva, ela tornara-se "inviável". "A chance de um processo seria alta", diz. Um ano antes, entrara em vigor o Código Civil, com os artigos que exigem a autorização do retratado ou dos herdeiros para biografias.
          SEM FOFOCAS
          "Não era uma biografia chapa-branca, mas também não era de fofocas. Era minuciosa", diz Drummond. Ele e Nolasco dizem ter feito 103 entrevistas e viajado com recursos próprios. Depois, receberam R$ 20 mil de adiantamento da editora, valor que a casa não pediu de volta.
          Das pessoas próximas a Caetano, Paula foi a única que não falou com os autores. "Não havia histórias que denegrissem a imagem deles, não queríamos motivos para bloqueios", diz Nolasco.
          A dupla diz que Caetano corrigiu "detalhes" e comentou o estilo do texto. "A postura dele era de que a obra era nossa", diz Drummond. A editora, porém, quis convidar um escritor "mais qualificado", segundo Feith, para "dar forma à pesquisa". "O trabalho era admirável, mas o texto não era bom", diz.
          Antes de aceitar Ana Maria Bahiana, Caetano, segundo os autores, sugeriu o nome do poeta Eucanaã Ferraz, seu amigo, que recusou. "Disse ao Caetano que a publicação não valia a pena, não pela pesquisa, mas pela qualidade do texto", afirma Ferraz.
          Conceição Lopes diz não se lembrar da história. A Folha enviou e-mails a Paula Lavigne, Caetano e à assessoria do cantor, sem resposta até o início da tarde de ontem. Por telefone, a assessoria disse estar ciente das questões.
          Rony Maltz/Folhapress
          Carta que teria sido escrita por Caetano Veloso, dando aval à obra
          Carta que teria sido escrita por Caetano Veloso, dando aval à obra
          Na casa de Drummond, na zona norte do Rio, a Folha viu e-mails da editora, a minuta do contrato e a carta creditada a Caetano. "Documentos [...] a que tiveram acesso me surpreenderam e emocionaram. Isso anima-me a encorajar a continuação da pesquisa", teria escrito ele.
          O material que sensibilizou o baiano, dizem os autores, incluía cartas, fotos e um caderno com desenhos de 1961 e 1962, em que ilustrou rostos femininos, como o de Maysa.
          "Engavetamos um livro que lançaria luz sobre os primeiros anos de Caetano. Falamos com gente que não está mais viva, como dona Canô [mãe do cantor]. Se fizerem outra biografia, essa parte da história terá sido perdida", afirma Drummond.
          Ele nunca mais ofereceu o projeto a ninguém. "As editoras não bancariam uma disputa em favor de dois desconhecidos. Era uma briga desproporcional."