segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Desamericanizar o mundo - Noam Chomsky

Desamericanizar o mundo

Noam Chomsky

Noam Chomsky



  • 19.jun.2013 - Shawn Thew/Efe
    Simpatizantes do movimento direitista norte-americano Tea Party protestam em frente ao Capitólio
    Simpatizantes do movimento direitista norte-americano Tea Party protestam em frente ao Capitólio
No último episódio da farsa de Washington que surpreendeu um mundo já confuso, um comentarista chinês escreveu que, se os Estados Unidos não podem ser um membro responsável do sistema mundial, talvez o mundo deva se "desamericanizar" --e se separar do "rogue state" [algo como "Estado fora da lei"] que é a potência militar reinante, mas que está perdendo credibilidade em outros domínios.
A fonte imediata do colapso de Washington foi um deslocamento brusco da classe política para a direita. No passado, os EUA às vezes eram descritos com ironia --mas não de forma imprecisa-- como um Estado de um partido só: o partido dos negócios, com duas facções chamadas democratas e republicanos.
Isso não é mais verdade. Os EUA ainda são um Estado de um partido único, o partido dos negócios. Mas só há uma facção: os republicanos moderados, agora chamados de novos democratas (como a coalizão do Congresso dos EUA se autodenomina).
Ainda existe uma organização republicana, mas há muito tempo abandonou qualquer pretensão de ser um partido parlamentar normal. O comentarista conservador Norman Ornstein, do American Enterprise Institute, descreve os republicanos de hoje como "uma insurgência radical ideologicamente extremada, que desdenha fatos e acordos e rejeita a legitimidade da oposição política": um grave perigo para a sociedade.
O partido está a serviço dos muito ricos e do setor corporativo. Uma vez que votos não podem ser obtidos com essa plataforma, o partido foi obrigado a mobilizar setores da sociedade que são extremistas segundo os padrões mundiais. A loucura é a nova norma entre os membros do Tea Party e entre uma série de outras pessoas fora das linhas convencionais.
O establishment republicano e seus patrocinadores empresariais esperavam usar esses setores como um bate-estacas no ataque neoliberal contra a população --para privatizar, desregular e limitar o governo, mantendo apenas aquelas partes que servem à riqueza e ao poder, como o exército.
O establishment republicano teve algum sucesso, mas agora descobriu que não pode mais controlar a sua base, para seu espanto. O impacto sobre a sociedade norte-americana, portanto, torna-se ainda mais severo. Um exemplo disso: a reação virulenta contra o Affordable Care Act, a lei de reforma da saúde, e a quase suspensão dos serviços do governo.
A observação do comentarista chinês não é totalmente nova. Em 1999, o analista político Samuel P. Huntington advertiu que, para a maior parte do mundo, os EUA estavam "se tornando um rogue state" e eram vistos como "a grande ameaça externa às suas sociedades".
Poucos meses depois do início do mandato de Bush, Robert Jervis, presidente da Associação Americana de Ciência Política, advertiu que, "aos olhos de grande parte do mundo, de fato, o Estado mais criminoso é hoje os Estados Unidos". Tanto Huntington quanto Jervis alertaram que esse rumo era insensato. As consequências para os EUA poderiam ser prejudiciais.
Na última edição da Foreing Affairs, a principal revista do establishment, David Kaye analisou um dos aspectos do afastamento de Washington do resto do mundo: a rejeição de tratados multilaterais "como se fosse um esporte".
Ele explica que alguns tratados são recusados de imediato, como quando o Senado dos EUA "votou contra a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência em 2012 e o Tratado de Proibição de Testes Nucleares (CTBT) em 1999".
Outros são rejeitados por inação, incluindo "temas como trabalho, direitos econômicos e culturais, espécies ameaçadas de extinção, poluição, conflitos armados, manutenção da paz, armas nucleares, leis relativas ao mar e discriminação contra as mulheres".
A rejeição das obrigações internacionais "cresceu tão arraigada", escreve Kaye, "que governos estrangeiros já não esperam a ratificação de Washington ou a sua participação plena nas instituições criadas pelos tratados. O mundo está seguindo adiante; leis são feitas em outras partes, com pouco (ou nenhum) envolvimento norte-americano".
Embora não seja nova, a prática de fato se tornou mais enraizada nos últimos anos, juntamente com a aceitação silenciosa da doutrina de que os EUA têm todo o direito de agir como um rogue state.
Para dar um exemplo típico, há algumas semanas as forças de operações especiais dos Estados Unidos prenderam um suspeito, Abu Anas al- Libi, nas ruas da capital da Líbia, Trípoli, e levaram-no para um navio da Marinha para ser interrogado sem advogado --nem direitos. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, informou à imprensa que as ações são legais porque estão de acordo com a lei norte-americana e não fez qualquer comentário específico.
Princípios só são válidos quando são universais. As reações seriam um pouco diferente, é desnecessário dizer, se as forças especiais cubanas sequestrassem o famoso terrorista Luis Posada Carriles em Miami e o levassem a Cuba para ser interrogado e julgado de acordo com a lei cubana.
Tais ações são próprias dos rogue states. Mais precisamente, do Estado fora da lei que é poderoso o bastante para agir com impunidade: nos últimos anos, para continuar com a agressão à vontade, para aterrorizar grandes regiões do mundo com ataques de aviões não tripulados e muito mais.
E também para desafiar o mundo de outras maneiras, persistindo, por exemplo, em seu embargo contra Cuba apesar da longa oposição do mundo inteiro, exceto de Israel, que votou com seu protetor quando a ONU condenou novamente o embargo (188-2), em outubro.
Não importa o que o mundo pense, as ações dos Estados Unidos são legítimas porque dizemos isso. O princípio foi enunciado pelo eminente estadista Dean Acheson, em 1962, quando instruiu à Sociedade Americana de Direito Internacional que não há nenhum problema jurídico quando os Estados Unidos respondem a uma contestação de seu "poder, posição e prestígio".
Cuba cometeu esse crime quando revidou uma invasão dos EUA e em seguida teve a audácia de sobreviver a um ataque planejado para levar "os terrores da terra" a Cuba, nas palavras do conselheiro de Kennedy e historiador Arthur Schlesinger.
Quando os EUA conquistaram a independência, procuraram se juntar à comunidade internacional da época. É por isso que a Declaração de Independência começa expressando a preocupação com o "respeito apropriado às opiniões da humanidade".
Um elemento crucial foi sua evolução de uma confederação desordenada para um sistema unificado de "nação digna de tratados", nas palavras do historiador diplomático Eliga H. Gould, que observou as convenções da ordem europeia. Ao atingir esse status, a nova nação também ganhou o direito de agir como desejava internamente.
Pôde assim proceder em se livrar da população indígena e expandir a escravidão, uma instituição tão "odiosa" que não podia ser tolerada na Inglaterra, como o distinto jurista William Murray, conde de Mansfield, decretou, em 1772. A evolução da lei inglesa foi um dos fatores que impeliram a sociedade escravagista a fugir de seu alcance.
Tornar-se uma nação digna de tratados conferia, assim, múltiplas vantagens: o reconhecimento externo e a liberdade de atuar sem interferências internamente. O poder hegemônico oferece a oportunidade de se tornar um rogue state, um Estado fora da lei, desafiando livremente as leis e normas internacionais, enquanto enfrenta uma resistência cada vez maior no exterior e contribui para seu próprio declínio através de ações autodestrutivas.
Tradutor: Eloise De Vylder

NOAM CHOMSKY

Noam Chomsky é um dos mais importantes linguistas do século 20 e escreve sobre questões internacionais.

Prenúncio do massacre nazista, 'Noite dos Cristais' foi ignorada pelo mundo

Klaus Wiegrefe
Nos dias em torno de 9 de novembro de 1938, os nazistas cometeram o pior massacre da Alemanha desde a Idade Média. Para marcar o 75º aniversário do acontecimento, uma exposição em Berlim reúne relatos até então desconhecidos de diplomatas estrangeiros, revelando como esses eventos chocantes não causaram nada além de reprimendas vazias.
O cônsul-geral Robert Townsend Smallbones já tinha visto muito do mundo. Ele havia estado em Angola, na Noruega e na Croácia, e havia passado oito anos na Alemanha com o corpo diplomático britânico. Apesar da ditadura nazista, o homem de 54 anos tinha grande estima pelos alemães. Eles eram "costumeiramente gentis com os animais, as crianças, os idosos e enfermos. Eles me pareciam não ter nenhuma crueldade em sua formação", escreveu Smallbones num relatório para o Ministério das Relações Exteriores britânico.
Dada a sua impressão sobre os alemães, o representante do Império Britânico ficou ainda mais perplexo com o que vivenciou no início de novembro de 1938. Em Paris, Herschel Grünspan, um refugiado judeu de 17 anos da cidade alemã de Hanover, havia atirado no diplomata alemão Ernst vom Rath num ato de protesto contra as políticas de Hitler para os judeus. No início, os nazistas só caçavam judeus na região de Hesse, na Alemanha, em torno de Frankfurt. Mas, após a morte de Rath em 9 de novembro, os pogroms [massacres] se espalharam por todo o Reich alemão, onde sinagogas foram queimadas, vitrines de lojas foram estilhaçadas e milhares de judeus foram levados para campos de concentração e maltratados.
Em Frankfurt, Smallbones relatou que judeus tinham sido levados para um prédio grande e lá obrigados a se ajoelhar e colocar a cabeça no chão. Depois que um deles vomitou, escreve Smallbones, os "guardas limparam o chão pegando o culpado pela nuca e esfregando seu rosto e cabelo sobre o vômito". Segundo o relato Smallbones, depois de algumas horas, as vítimas foram levadas para o campo de concentração de Buchenwald, onde muitos foram torturados e alguns espancados até a morte. Os presos foram até mesmo obrigados a urinar na boca uns dos outros. Este foi um dos detalhes contados a Smallbones por um parceiro de golfe, um judeu alemão, depois que este foi libertado de Buchenwald.
"Eu me gabei de ter compreendido o caráter alemão", escreveu o cônsul-geral, mas acrescentou que não esperava este "surto de crueldade sádica".
Os massacres de novembro de 1938 duraram vários dias, embora os livros de história muitas vezes se refiram ao evento simplesmente como a "Noite dos Cristais" (Kristallnacht), porque o chefe da propaganda nazista Joseph Goebbels anunciou no rádio em 10 de novembro que os excessos tinham acabado. Especialistas estimam que até 1.500 pessoas morreram nos dias em torno de 9 de novembro. Foi o pior massacre na Alemanha desde a Idade Média.
Reunindo relatos diplomáticos contemporâneos
Esta semana marca o 75º aniversário do que o historiador de Leipzig Dan Diner chamou de "catástrofe antes da catástrofe". Isso levou o Ministério das Relações Exteriores alemão a tomar a medida incomum de pedir a 48 países que tinham missões diplomáticas na Alemanha em 1938 para procurarem em seus arquivos relatos sobre o pogrom de novembro.
Há meses, o Ministério de Relações Exteriores tem recebido cópias de documentos históricos até então desconhecidos pelos especialistas. A partir de próxima segunda-feira, o Ministério e o Berlin Centrum Judaicum exibirão uma seleção desses documentos na Nova Sinagoga na Oranienburger Strasse, numa exposição intitulada "De Dentro para Fora: Os Pogroms de Novembro de 1938 em Relatos Diplomáticos na Alemanha."
Apesar da forma muitas vezes truncada dos relatórios e da linguagem fria dos diplomatas, tratam-se de documentos impressionantes com valor histórico. Eles atestam o destino do orfanato judeu em Esslingen, perto de Stuttgart, onde uma multidão de simpatizantes do nazismo expulsou as crianças para as ruas; de judeus que foram obrigados a marchar em duplas por Kehl, no sudoeste da Alemanha, gritando "Nós somos traidores da Alemanha"; e de pessoas aterrorizadas escondidas nas florestas perto de Berlim.
O que também vale notar sobre os documentos é o que eles não contêm. Nesse sentido, eles apontam para o fracasso da comunidade internacional e as suas consequências mais amplas. Os diplomatas quase unanimemente condenaram os assassinatos e atos de violência e destruição. O britânico descreveu o pogrom como uma "barbárie medieval", os brasileiros chamaram-no de "espetáculo repulsivo", e diplomatas franceses escreveram que o "escopo de brutalidade" só foi "excedido pelos massacres dos armênios", referindo-se ao genocídio turco de 1915-1916.
Entretanto, nenhum país rompeu relações diplomáticas com Berlim ou impôs sanções, e apenas Washington retirou seu embaixador. E mais que isso, as fronteiras de quase todos os países permaneceram praticamente fechadas para os cerca de 400 mil judeus alemães.
Muitas missões diplomáticas já estavam em contato com vítimas porque os homens da SS e as SA, funcionários do Partido Nazista e membros da Juventude Hitlerista também estavam assediando os judeus estrangeiros que viviam na Alemanha. No início de novembro, mais de mil judeus que fugiam dos nazistas se refugiaram no consulado polonês em Leipzig. Num relato sobre o destino da família Sperling, o cônsul local escreveu que eles haviam sido praticamente espancados até a morte, e que "muitos objetos valiosos" tinham sido roubado de seu apartamento, "incluindo um rádio, um cheque de 3.600 Reichsmarks, 3400 Reichsmarks em dinheiro e outras coisas de valor. "Os bandidos, aparentemente, despiram a mulher e tentaram 'estuprá-la'".
Os judeus alemães também buscaram proteção em consulados estrangeiros, especialmente nos norte-americanos. "Judeus de toda parte da Alemanha se aglomeraram no escritório até que ele estivesse transbordando de gente, implorando por um visto imediato ou algum tipo de carta relativa à imigração, que pudesse convencer a polícia a não prendê-los nem molestá-los", relatou Samuel W. Honaker, cônsul-geral dos EUA em Stuttgart.
Buscando os motivos
A maioria dos diplomatas estavam bem informados sobre a extensão das atrocidades através de relatos que ouviam de pessoas desesperadas que descreviam suas experiências. Além disso, as janelas quebradas e os recintos saqueados dos estabelecimentos judaicos eram claramente visíveis.
Nesse ponto, pelo menos de acordo com um enviado finlandês, Hitler estava menos interessado em assassinar judeus na Alemanha do que em mandá-los para fora. "A posição do Estado alemão para com os judeus é tão conhecidaque não há razão para escrever muito sobre isso", escreveu num relatório ao seu governo. "Medidas cada vez mais duras estão sendo tomadas contra eles, com o objetivo de expulsá-los do Reich alemão de uma forma ou de outra."
Mas os diplomatas estavam intrigados com o motivo pelo qual os nazistas estavam agindo com tanta violência, especialmente considerando o prejuízo resultante disso à sua reputação internacional. Representantes da França acreditavam que tinha a ver com uma disputa pelo poder dentro da liderança nazista. O enviado suíço assumiu que era a maneira de Hitler demonstrar seu poder. O diplomata britânico Smallbones suspeitava que a explosão de violência havia sido desencadeada por "aquela perversidade sexual... muito presente na Alemanha".
Mas, como os historiadores descobriram após a Segunda Guerra Mundial, Hitler apenas tirou proveito de uma oportunidade. Ele estava em Munique na tarde de 9 de novembro, quando chegou a notícia da morte do diplomata Rath. Nesse mesmo dia, a alta liderança do partido se reunia anualmente para comemorar o fracassado golpe Beer Hall Putsch de Hitler em 1923. Depois de consultar Hitler, o ministro da propaganda Joseph Goebbels incitou outros funcionários na reunião, até que, de acordo com seu diário, eles "correram imediatamente para os telefones". Eles deram instruções aos soldados nazistas, que já estavam ansiosos para maltratar os judeus. Os excessos começaram naquela noite.
1.406 sinagogas destruídas
Muitas sinagogas nas regiões de Württemberg, Baden e Hohenzollern foram "incendiadas por jovens bem disciplinados e aparentemente bem equipados usando trajes civis", relatou Honaker, cônsul-geral dos EUA, observando que o processo foi "praticamente o mesmo" em todas as cidades. "As portas das sinagogas foram arrombadas. Algumas partes do prédio e do mobiliário foram encharcadas de gasolina e incendiadas. Bíblias, livros de oração e outros objetos sagrados foram atirados às chamas", escreveu ele. Um total de 1.406 sinagogas foram incendiadas.
Em seguida, eles começaram a quebrar vitrines. As lojas eram fáceis de identificar, especialmente em Berlim. Alguns meses antes, os nazistas haviam obrigado os lojistas judeus na capital a escreverem seus nomes em tinta branca e letras grandes sobre as vitrines.
A segunda onda aconteceu no decorrer do dia seguinte, conforme relatou o diplomata húngaro a partir da capital alemã: "Na parte da tarde, depois das aulas, adolescentes de 14 a 18 anos, na maioria membros da Juventude Hitlerista, foram soltos nas lojas. Eles invadiram os negócios, onde reviraram tudo de cabeça para baixo, destruíram móveis e tudo que era feito de vidro, bagunçaram toda a mercadoria e depois, enquanto davam vivas a Hitler, deixavam o local para buscar outros lugares para vandalizar. Nos distritos do leste da cidade, a população local também saqueou as lojas devastadas."
Conforme as instruções, os autores não usaram uniformes do partido. Goebbels queria que o público a acreditasse que o massacre era um reflexo da "indignação justificada e compreensível do povo alemão" com a morte do diplomata Rath – e que a polícia estava impotente.
Mas nenhum dos diplomatas acredita nesta versão dos acontecimentos, especialmente, como observou ironicamente um conselheiro da embaixada brasileira, num país com a "polícia mais poderosa, bem organizada, perfeitamente equipada e mais brutal do mundo, na melhor posição possível para reprimir prontamente qualquer tumulto entre a população".
O 'inimaginável' prestes a se tornar realidade
A uniformidade da abordagem em centenas de cidades e aldeias foi suficiente para expor a mentira. Mas acima de tudo, a maioria dos alemães não se comportou da forma como o regime esperava.
Embora tenha havido alguns saques, muitos diplomatas, como o representante finlandês Aarne Wuorimaa, relataram a "crítica devastadora" de membros da população. De acordo com Wuorimaa, "como alemão, estou envergonhado" foi uma "observação ouvida com muita frequência". No entanto, os relatórios geralmente não se aprofundam em se os críticos rejeitavam fundamentalmente a privação de direitos dos judeus em geral ou apenas os métodos brutais nazistas.
O cônsul-geral dos EUA Honaker estimou que cerca de 20% dos alemães apoiaram o pogrom. Há um paralelo surpreendente entre este número e o resultado de uma pesquisa que as autoridades norte-americanas fizeram em 1945, após o Holocausto, em sua zona de ocupação. Na época, um quinto de todos os entrevistados ainda "concordavam com Hitler sobre o tratamento aos judeus". Em outras palavras, eles admitiam ser antissemitas assassinos.
Para muitos dos responsáveis tardios pelo Holocausto, a Noite dos Cristais marcou um ponto de virada. De repente, tudo parecia possível, escreve o historiador Raphael Gross, aludindo ao clima emergente. Os nazistas se sentiam "como pioneiros que tinham acabado de entrar com sucesso em novo território", diz Gross.
Nas semanas seguintes, o regime decretou um grande número de medidas destinadas a perseguir e expropriar os judeus. Crianças judias já não podiam mais frequentar as escolas comuns, e os adultos judeus foram proibidos de ter negócios artesanais ou entrar em universidades. Numa ironia cruel, as vítimas foram obrigadas a pagar um enorme "imposto de reparação" de um bilhão de marcos. "Eu não gostaria de ser judeu na Alemanha", disse Hermann Göring, um dos principais membros do partido nazista.
Infelizmente para os judeus alemães, muitos observadores internacionais não perceberam o radicalismo do sentimento nazista para com suas vítimas. Se tivessem percebido, talvez alguns países de exílio, como os Estados Unidos ou o Brasil, pudessem ter relaxado suas exigências rígidas de imigração, que se tornaram um dos principais obstáculos para os judeus que tentavam emigrar.
Mesmo os diplomatas da aliada mais próxima de Hitler, a Itália, ainda escreviam em novembro de 1938 que era "inimaginável" que os judeus na Alemanha "fossem um dia enfileirados diante de um muro ou condenados a cometer suicídio, ou serem presos em campos de concentração gigantes".
Contudo, esta coisa "inimaginável" – o assassinato sistemático de judeus europeus – começaria aproximadamente três anos mais tarde.
Tradutor: Eloise De Vylder

Cientista usa pinturas famosas para chamar a atenção para o desmatamento


Paulo Gomes
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA de São Paulo, DE EDIMBURGO
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O pesquisador Iain Woodhouse, da Universidade de Edimburgo, encontrou uma maneira curiosa de chamar a atenção para seu objeto de estudo, o desmatamento. Para expressar "ausência", ele fez novas versões de obras dos pintores do século 19 Vincent Van Gogh, John Constable e Georges Seurat.
"Como representar a perda de algo?", pergunta retoricamente, enquanto mostra imagens das ilustrações. "Pela ausência", prossegue o professor da Escola de Geociência da universidade.

Pinturas famosas retratam desmatamento

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Iain Woodhouse
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Versão da obra feita pelo pesquisador Iain Woodhouse não tem as árvores; a intervenção pretende chamar a atenção para o desmatamento
Woodhouse então apresenta reproduções das verdadeiras obras e esclarece: as árvores foram retiradas dos originais "Oliveiras com o Céu Amarelo e o Sol", de Van Gogh, "A Carroça de Feno", de Constable, e "Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte", de Seurat.
O pesquisador afirma que é relativamente fácil representar a importância de algo que está presente, mas que o mesmo não se dá com a falta de algo, como o desflorestamento.
"Não é fácil chamar a atenção do observador para algo que não está lá", diz. Elaborado em conjunto com a artista Alice Ladenburg, o projeto busca chamar a atenção para a causa ambiental.
CONSEQUÊNCIA POLÍTICA
Além de produzir versões "desmatadas" de obras famosas, o britânico também incentiva crianças no Maláui, na África, a plantarem e a darem nome a uma árvore. Segundo ele, com a proximidade criada pela nomeação, as crianças estabelecem vínculo afetivo com a "sua planta" e passam a cuidar do vegetal, regando-o regularmente.
A ideia é que o tema vire algo de importância para a população em geral. "Se isso vira uma questão relevante para o eleitorado, torna-se uma questão importante para os políticos."
O jornalista PAULO GOMES viajou a convite do Consulado Britânico, após ser um dos selecionados no Desafio GREAT

Países começam a debater novo acordo climático em conferência da ONU

folha de são paulo

 
GIULIANA MIRANDA
ENVIADA ESPECIAL A VARSÓVIA
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Como fazer para que países ricos e pobres, democracias e ditaduras, nações beneficiadas e pessoas prejudicadas pelo aquecimento global cheguem a um consenso sobre um novo pacto climático mundial?
A COP-19 (19ª conferência do clima da ONU), que começa hoje em Varsóvia, começa a tentar desatar esse nó, abrindo diálogos e dando os primeiros passos no debate de pontos polêmicos antes da decisão final sobre o acordo, que acontecerá em Paris daqui a dois anos e deve substituir o Protocolo de Kyoto.
Analistas consideram que uma das razões para o fracasso de um acordo abrangente na COP-15, que ocorreu cercada de expectativas e recheada de chefes de Estado em 2009 na Dinamarca, foi o fato de países e negociadores terem deixado as decisões para a última hora.
Editoria de Arte/Folhapress
Diplomatas dizem que vão trabalhar dobrado para não deixar que isso se repita.
O fiasco de Copenhague fez com que o mundo ficasse órfão de metas abrangentes para limitar a emissão de gases-estufa. Em 2012, em Doha, houve uma tímida prorrogação do Protocolo de Kyoto, que não foi ratificado pelos EUA e não tem metas obrigatórias para a China, os dois maiores poluidores.
O acordo definitivo foi empurrado para 2015, com metas que começarão a valer a partir de 2020.
Enquanto isso, as emissões globais batem novos recordes todos os anos.
"Nós sabemos que a conferência não deve ser transformadora. A COP de Varsóvia é uma reunião intermediária, mas isso não significa que ela não seja importante, diz o embaixador Everton Lucero, chefe da divisão de Clima, Ozônio e Segurança Química do Itamaraty.
"As discussões de Varsóvia têm de permitir que nós cheguemos a Paris [para a COP de 2015] com condições de adotarmos um acordo ambicioso e justo, respeitando responsabilidades comuns."
POLÊMICAS
Em uma conferência virtual com jornalistas da área ambiental, o diretor-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Achim Steiner, disse estar confiante nos bons resultados da cúpula.
Segundo ele, uma boa parte dos países, inclusive os ricos, estão fazendo sua parte para contribuir.
Outros assuntos, sobretudo os que envolvem financiamento, devem esquentar o encontro na fria capital polonesa. O Fundo Verde do Clima, criado para financiar medidas de mitigação e adaptação as mudanças climáticas nos países pobres, precisa ter regras mais claras. Especialmente sobre formas de financiamento e uso das verbas.
O chamado REDD+, compensação financeira pela conservação florestal, é uma das esperanças de acordo concreto. Reconhecido na COP de 2010, ele ainda precisa de regras claras para sua implementação. No ano passado, o Brasil foi acusado de travar o avanço dos diálogos por não concordar com o modelo de verificação internacional proposto.
A vertiginosa queda dos preços dos créditos de carbono é um fator que deve dificultar as negociações, uma vez que limita as projeções de lucros de muitas das ações ambientais.

Ronaldo Lemos

Revolução silenciosa dos 'fazedores' vem com tudo

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Há alguns dias visitei um "hackerspace" na cidade de San Francisco. O espaço é uma espécie de LAN house, só que turbinadíssima. Há impressoras 3D, máquinas de corte de precisão a laser, computadores (é claro), livros (!) e toda sorte de equipamento necessário para a fabricação eletrônica. Na decoração, havia até um eletroencefalograma dos anos 1950 que parecia ter saído de um filme de terror.
O acesso a tudo é gratuito. Basta tocar a campainha, subir uma escada e passar o dia usando. Quem chega recebe boas-vindas de quem estiver lá (não há porteiro, recepcionista ou "dono" do lugar). Usando uma das impressoras 3D estava um típico "homeless" de San Francisco. Com aparência de que não tomava banho há dias, imprimia um componente de precisão para uma drum machine (bateria eletrônica). Quase uma utopia: um sem-teto realizando com total normalidade uma atividade de ponta.
Esse tipo de espaço é típico abre-alas da revolução silenciosa dos "fazedores" (chamados em inglês de "makers"). Assim como o código aberto é hoje central, do Linux ao Android, está entre nós a onda do hardware aberto. As aplicações são muitas: conectar objetos do dia a dia à rede (como a geladeira, a fechadura da casa ou o medidor de eletricidade) ou mesmo inventar novos protótipos industriais.
A questão é como fazer essa onda, que vai gerar mudanças econômicas importantes, se ampliar no Brasil. Os desafios começam na dificuldade de encontrar componentes, ou mesmo ferramentas. Mas, com dificuldades ainda maiores, o Brasil chegou a ter mais de 100 mil LAN houses na década passada. Vou torcer para chegarmos a 100 mil hackerspaces nesta.
*
JÁ ERA
Celular só para fazer chamadas e mandar mensagens
JÁ É
Pagar despesas com o celular
JÁ VEM
Abrir a porta de casa com o celular, com o Lockitron.com
ronaldo lemos
Ronaldo Lemos é diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e do Creative Commons no Brasil. É professor de Propriedade Intelectual da Faculdade de Direito da UERJ e pesquisador do MIT Media Lab. Foi professor visitante da Universidade de Princeton. Mestre em direito por Harvard e doutor em direito pela USP, é autor de livros como "Tecnobrega: o Pará Reiventando o Negócio da Música" (Aeroplano) e "Futuros Possíveis" (Ed. Sulina). Escreve às segundas na versão impressa do "Tec".

Marion Strecker

folha de são paulo
Astroturfing
A Samsung me ensinou o que é astroturfe; algo enganoso, que se faz passar por algo que não é de fato
Já ouviu falar de astroturfing? Eu não conhecia essa palavra até outubro, quando a gigante sul-coreana Samsung foi multada em US$ 340 mil em Taiwan por pagar pessoas para falar mal, na internet, de produtos da concorrente HTC e bem de seu próprio smartphone. Essas falas deveriam parecer depoimentos espontâneos do público.
Duas empresas de marketing que faziam tal servicinho também foram multadas pela Comissão de Comércio de Taiwan (FTC), que considerou a prática similar a uma propaganda enganosa.
Eu mesma já vi executivo criticar concorrente aproveitando o anonimato na internet. Já vi blogueiro fraudando data de publicação de texto para enganar o sistema de busca do Google. Já vi tuiteiro usar software para aumentar artificialmente sua popularidade, usando seguidores fantasmas criados para esse fim. Já soube de robôs que inflam números de audiência ou resultados de publicidade. Mas para cada veneno há de haver um antídoto.
Por conta da Samsung, descobri que turfe, além de hipismo, quer dizer prado, relva. E que Astroturf é nome de uma empresa que fabrica grama sintética. Por extensão, astroturfe é alguma coisa enganosa, que se faz passar por algo que não é de fato.
O astroturfing marketing consiste em dar a impressão de que há endosso público a algum produto, serviço, ideia ou pessoa, pagando gente para fingir esse apoio. Partidos políticos e sindicalistas fazem isso quando pagam pessoas para participar de comícios, passeatas ou vestir a camiseta de um candidato.
Na mídia, o astroturfing pode se dar em cartas ao editor ou mensagens em murais e fóruns de discussão, incluindo respostas a críticas feitas espontaneamente.
Ainda que antiético e ilegal, hoje é possível contratar empresas no mercado para fazer marketing de detração (quando alguém quer nocautear a imagem de um concorrente), além do marketing de evangelização (quando o assunto é conversão de pessoas a favor de algo).
Os sites de avaliação de produtos, os blogs e as redes sociais são paraísos para astroturfistas.
Há softwares que permitem aos astroturfistas mascarar a própria identidade. Com isso, um indivíduo pode operar com muitas personas diferentes, de acordo com a agenda do cliente.
Estudos sugerem que o astroturfing pode ser eficaz, já que muita gente não sabe que boa parte dos comentários e avaliações que vemos na internet são falsos.
Nosso comportamento é largamente influenciado pela opinião dos outros na vida. Na internet, temos a ilusão da verdade ao ler comentários do público, mesmo quando os comentários são forjados e os autores são inventados.
Bing Liu, professor do departamento de ciência da computação da Universidade de Illinois, em Chicago, estima que um terço das resenhas de consumidores na internet sejam falsas.
Bing Liu é um especialista em "opinion mining" ou análise de sentimento, um campo de estudo que analisa opinião, sentimentos, avaliações, atitudes e emoções a partir da linguagem escrita. É um caminho para empresas que querem soluções de engenharia para problemas éticos.

Disparam denúncias de violência contra deficientes em SP - Jairo Marques

folha de são paulo
Em 2012, foram 1.209 ocorrências registradas pelos serviços estadual e federal responsáveis pela anotação desses dados
Abuso e exploração sexual, maus-tratos, abandono, violência psicológica e física estão entre ocorrências
JAIRO MARQUESDE SÃO PAULOTodos os dias, pelo menos três denúncias de violência contra pessoas com deficiência são registradas no Estado de São Paulo pelos serviços federal e estadual de notificação. O número disparou desde 2011, quando as anotações começaram.
São casos de maus-tratos, abandono, violência psicológica, violência física, abuso e exploração sexual, além de apropriação de recursos financeiros dos deficientes.
Em 2011, quando o serviço federal Disque 100 começou a recolher esse tipo de denúncia, 208 relatos foram registrados pelos atendentes.
O número, que se refere apenas ao Estado de São Paulo, saltou para 558 em 2012. Se somado aos registros do 181, o Disque Denúncia estadual, em funcionamento desde 2012, o total de ocorrências é de 1.209.
Diante dos dados, uma ação integrada de prevenção e combate à violência contra pessoas com deficiência foi lançada no começo do mês.
Seis secretarias de Estado (Saúde, Direitos das Pessoa com Deficiência, Segurança Pública, Justiça e Cidadania, Educação e Assistência Social), além da Defensoria Pública e do Ministério Público, trabalharão em conjunto.
AÇÕES
Serão 23 ações que envolvem: aperfeiçoar o sistema de notificação e aumentar os canais de denúncia; informar e treinar servidores públicos sobre o que é deficiência, como identificá-la e qual encaminhamento deve ser feito quando ocorre, além de prevenção e atendimento.
Também estão previstas campanhas de conscientização pública, oferta de apoio psicológico e encaminhamento de vítimas, familiares e até de agressores a cursos profissionalizantes ou programas de geração de renda.
INVISIBILIDADE
"Ainda é muito grande a invisibilidade dessa situação de violência para a sociedade. É preciso mostrar que ela existe para poder combatê-la, a exemplo do que foi feito para a proteção da mulher, da criança", afirma Linamara Rizzo Batisttella, secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
O levantamento revelou que, em 72% dos casos, o agressor é um membro da família da vítima. Já em 14% das ocorrências, ele é um agente público. Em 11% das denúncias, a violência foi cometida por uma pessoa sem relação com o deficiente.
DIFÍCIL DE DENUNCIAR
"Os dados mexem com a humanidade de qualquer um e, infelizmente, ainda são subnotificados. Um surdo que queira fazer uma denúncia vai ter muita dificuldade, assim como alguém com deficiência intelectual. Isso terá de ser mudado, e rapidamente", diz a secretária Linamara Rizzo Battistella.
    Psicóloga diz sofrer violência dentro e fora de sua casa
    DE SÃO PAULO
    Desde o aneurisma que afetou os movimentos de todo o lado esquerdo de seu corpo, a psicóloga Fátima (nome fictício), 56, afirma que vem sofrendo diversos tipos de violência, tanto fora como dentro de sua própria casa.
    "À medida que fui saindo para o espaço público, fui ficando mais exposta à agressão tanto provocada pelas barreiras físicas como pelas barreiras de atitude das pessoas", diz a psicóloga.
    Fátima convive com a deficiência física que resultou do aneurisma há nove anos.
    A última situação enfrentada por ela foi em uma estação de metrô. O elevador do prédio estava quebrado e Fátima pediu apoio da equipe da estação para subir a escada rolante, o que ela não conseguiria fazer sozinha.
    "Pedi uma cadeira de rodas, porque não conseguiria andar até um ponto de táxi só com o apoio da minha bengala. Fui ignorada, mas insisti, até entrar em conflito com a segurança."
    O caso acabou parando na delegacia e está sendo apurado pelo Metrô.
    A psicóloga afirma ter sido agredida, não compreendida e desrespeitada.
    TAPA NA CARA
    A mobilidade reduzida também acabou gerando um episódio de conflito para Fátima durante uma situação familiar rotineira.
    "Após reclamar que, ao final de um almoço, deixaram toda a louça suja para eu lavar, acabei levando um tapa no rosto de meu marido", conta a psicóloga.
    "Hoje percebo que qualquer reação de uma pessoa com deficiência vira, para os outros, sinônimo de loucura", diz Fátima. (JM)

    Irmão de senadora colunista da Folha é acusado de explorar trabalho escravo

    folha de são paulo
    Funcionários faziam jornadas de 11 horas e viviam em alojamento sem luz, diz vistoria do Ministério do Trabalho
    Dono da fazenda, Luiz de Abreu nega as acusações e diz que ação tinha Kátia Abreu (PMDB-TO) como alvo
    PEDRO IVO TOMÉDIÓGENES CAMPANHADE SÃO PAULO
    Uma equipe de fiscalização do Ministério do Trabalho registrou indícios de trabalho semelhante à escravidão em uma fazenda do advogado Luiz Alfredo Feresin de Abreu, irmão da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO).
    Ele nega irregularidades e diz que a operação visava atingir sua irmã. Principal líder da bancada ruralista no Congresso e colunista da Folha, Kátia Abreu preside a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
    Em vistoria de 23 de agosto, fiscais dizem ter encontrado cinco pessoas em condições de trabalho escravo na fazenda Taiaçu II, a 48 km do município de Vila Rica, no nordeste do Mato Grosso.
    De acordo com o relatório, os trabalhadores tinham jornada de 11 horas e moravam em um alojamento sem energia elétrica ou água. No momento, o vaso sanitário do banheiro estava quebrado.
    A investigação aponta que os empregados receberam proposta para dividir R$ 400 por alqueire roçado. Dois teriam sido recrutados no Maranhão.
    Produtos necessários para o trabalho, como botina, lanterna, garrafa térmica e chapéu, eram fornecidos, mas seriam descontados do pagamento. "Já faz algum tempo que está ocorrendo situação de trabalho escravo", diz Giselle Vianna, coordenadora de fiscalização rural no Estado.
    Três dos empregados teriam sido contratados temporariamente para trabalhar nessas condições desde 2010.
    Os funcionários foram levados a um hotel em Vila Rica, onde ficaram por uma semana. De lá, seguiram para suas cidades de origem, segundo a Superintendência do Mato Grosso, responsável por autuar a fazenda. Luiz de Abreu pagou o transporte e a estadia.
    As irregularidades foram registradas em 19 autos de infração contra o proprietário; os documentos, encaminhados ao Ministério Público Federal.
    A pena a quem submete alguém à condição análoga à de escravo pode chegar a oito anos de prisão, fora multa.
    OUTRO LADO
    Luiz de Abreu afirmou que contratou apenas um dos trabalhadores, José Orlando da Silva, para roçar o pasto e que esse empregado chamou quatro amigos para uma "sociedade", dividindo com eles o serviço e o pagamento.
    Ele anexou à defesa, enviada ao superintendente regional do Trabalho em Mato Grosso, depoimentos registrados em cartório em que os roceiros afirmam que trabalhavam por empreita e não tinham vínculo empregatício com o advogado, que o alojamento tinha luz, água encanada e que pretendiam continuar na fazenda pois recebiam em dia.
    Luiz Abreu acusa os fiscais de má-fé, pois teriam omitido trechos das declarações dos trabalhadores que lhe eram favoráveis e, segundo ele, buscavam vincular a senadora à propriedade.
    Em um trecho da defesa, Abreu faz referência à chacina de Unaí (MG), em 2004, quando três fiscais do trabalho foram mortos em uma emboscada: "A sorte de Vossa Senhoria e dos fiscais é que eu não tenho personalidade marcada pela psicopatia e acredito na justiça dos homens, senão certamente vocês teriam o mesmo destino daqueles fiscais de Unaí", escreveu.
    Abreu disse não temer que a frase seja interpretada como ameaça. "Digo justamente que ele não corre esse risco. É mais um desabafo", declarou.

    Bem-vindo ao Brasil, prefeito

    folha de são paulo
    RICARDO MELO
    Bem-vindo ao Brasil, prefeito
    Haddad tem a chance de inovar de fato e agir de forma diferente: divulgar a lista dos que se locupletaram
    Ao referir-se à situação da Prefeitura de São Paulo como "de descalabro", o prefeito Fernando Haddad parece decidido a ingressar no mundo real. Parece.
    Impossível não comentar o atraso no diagnóstico. Maracutaias envolvendo fiscais nunca foram novidade, nem aqui nem na China. Do ambulante que precisa de uma licença para juntar uns trocados ao empreiteiro sedento por engordar os lucros, passando por quem se arrisca a erguer um puxadinho, quase todo mundo já penou diante de tais "autoridades".
    Com diferenças. O ambulante que não molha a mão do chefe do rapa perde tudo e ainda leva bordoadas da guarda municipal. O dono do puxadinho vive assombrado com a possibilidade de assistir a uma motoniveladora colocar a obra dele abaixo. Já o empreiteiro ou construtor graúdo tem a opção de elevar a oferta ou escolher outro negócio. Sem contar a garantia de que, embora corruptor, continuará com a vida mansa e o nome estampado em colunas sociais.
    Falta muito, portanto, para o filho de Khalil e da Norma, como se definiu Haddad (curioso: por que não militante do PT?), convencer o público de que não se trata de mais uma jogada marqueteira ou um ás na manga para futuras negociações eleitorais. Motivos para duvidar não faltam.
    O PT já esteve na Prefeitura em outras épocas. Esquemas semelhantes, quando não o mesmo, certamente já operavam, mas nunca foram incomodados. Vereadores do partido habitam a Câmara Municipal há várias eleições. Impossível nunca ter ouvido falar, ou ao menos suspeitado, da gatunagem espraiada nas repartições municipais.
    Em todo caso, conceda-se ao prefeito o benefício da dúvida. Na mesma entrevista aos jornalistas Fernanda Mena e Mario Cesar Carvalho, Haddad afirma existirem "evidências fortes de que esses fiscais também atuavam no cadastro do IPTU. A fraude no IPTU pode ser pior que a do ISS."
    O prefeito diz que fala sério. Então, a primeira providência é suspender imediatamente o aumento do IPTU, sem que a Justiça precise se pronunciar. Vamos combinar: dá para convencer alguém a pagar mais imposto frente às evidências de que o montante desviado na roubalheira iguala, ou até supera, o valor a ser arrecadado com a elevação das alíquotas?
    A segunda medida é ainda mais óbvia. A máquina de corrupção só funciona se houver quem receba, e quem pague. Alguns, apenas alguns, dos que recebem vêm sendo execrados em praça pública. Resta saber o que acontecerá com quem participou do jogo do outro lado do balcão. Invariavelmente é aí que a coisa pega. Haddad tem a chance de inovar de fato e agir de forma diferente: divulgar a lista dos que se locupletaram e cobrar o ressarcimento do que era devido e não foi pago ""além de exigir providências penais de praxe.
    O Supremo Tribunal Federal retoma em breve o julgamento do mensalão. A vingar a tese extravagante do tal domínio do fato, em que todo réu é culpado até prova em contrário, em breve teremos uma lista estrelada nas sessões da corte.
    Para falar apenas dos vivos, eis alguns nomes sugeridos pelo noticiário recente: José Serra, Geraldo Alckmin, Andrea Matarazzo e cia., no escândalo Alstom-Siemens; Eduardo Campos, pelas condições degradantes impostas às crianças de Pernambuco; papa Francisco, pelos casos de pedofilia na Igreja Católica no Brasil.

      Chances desiguais - O diagnóstico precoce do câncer pediátrico é fundamental.

      folha de são paulo
      ANTONIO SERGIO PETRILLI
      Chances desiguais
      O diagnóstico precoce do câncer pediátrico é fundamental. Muitas vezes, os sintomas são semelhantes aos de doenças comuns
      O câncer infantil corresponde de 2% a 3% de todos os tumores malignos no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer, estima-se para 2013 a ocorrência de mais de 500 mil novos casos de câncer no Brasil, sendo 11.530 em crianças e adolescentes até os 19 anos, à exceção dos tumores de pele não melanoma.
      Assim como em países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte por doença em crianças e adolescentes.
      A sobrevida de crianças com câncer melhorou muito nas últimas décadas. Atualmente, cerca de 75% das 50 mil crianças diagnosticadas a cada ano em países desenvolvidos sobreviverão. No entanto, em países em desenvolvimento, onde vivem 80% de todas as crianças do mundo, apenas 25% das 200 mil crianças diagnosticadas sobreviverão, devido ao acesso limitado aos tratamentos curativos.
      No Brasil, existem centros em que a sobrevida é satisfatória, mas diferenças regionais de recursos para atendimento à população dificultam a extensão de tais resultados.
      Os mapas das taxas de mortalidade por câncer e indicadores de assistência --internações, quimioterapias e radioterapias-- do Sistema Único de Saúde (SUS) de 2000-2007 mostram a desigualdade no acesso. O volume de tratamentos é menor para moradores nas regiões mais carentes do país --Norte e algumas regiões do Nordeste.
      Felizmente, o câncer em crianças e adolescentes é, em sua maioria, sensível ao tratamento quimioterápico e tem alto potencial de cura, se tratado com presteza.
      O diagnóstico precoce é, entretanto, o principal desafio, já que vários tipos de câncer nessa faixa etária apresentam sinais iniciais e sintomas que são semelhantes aos de doenças benignas e comuns e geralmente envolvem um curto período de latência com crescimento rápido.
      Estudos internacionais indicam que os melhores resultados são obtidos em centros especializados com equipe multiprofissional e infraestrutura adequada. É fundamental o treinamento de pediatras para a suspeita clínica precoce e definição de fluxos rápidos para aumentar a chance de cura.
      Até o momento, faltam dados completos sobre a epidemiologia do câncer pediátrico no Brasil, e estes ainda sofrem de muitas fontes de erro, tais como certidões de óbito imprecisas, erro diagnóstico e casos não notificados.
      Entretanto, avaliar a incidência de câncer, sobrevida e mortalidade em âmbito nacional é importante para observar mudanças populacionais, gerar hipóteses para estudos causais, medir o impacto de novos tratamentos e orientar futuras pesquisas e políticas de saúde publica.
      Um estudo avaliou 14 registros de câncer de base populacional brasileiro e os principais tipos, em ordem de frequência, foram leucemia e linfoma. Entretanto, os tumores de sistema nervoso central, anteriormente reportados como terceira neoplasia mais comum na infância, passaram a aparecer em segundo lugar nos registros de Porto Alegre, Campinas e Aracaju, assim como acontece nos países desenvolvidos. Esse aumento observado na incidência deve ser devido ao maior acesso a exames de imagem.
      Diante de tamanha disparidade nacional, a luta em nosso país deve ser focada em garantir maior sensibilidade do sistema de saúde para a detecção dos casos novos de câncer.
      Pensando nisso, o Instituto de Oncologia Pediátrica Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer) - Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), por meio de uma parceria público-privada, inaugurou o anexo de seu hospital, que ampliará o atendimento.
      Com o novo complexo com radioterapia de alta tecnologia, o Graacc reforça o objetivo de, atendendo 90% de pacientes SUS, diminuir as sequelas a longo prazo e oferecer todos os recursos necessários para alcançar índices de cura de 70%.

      Valdo Cruz

      folha de são paulo
      Pátria das dificuldades
      BRASÍLIA - Somos a pátria das dificuldades, terreno propício para o grande negócio da venda de facilidades. Um ramo sempre à disposição de gente que deseja ganhar a vida facilmente com o seu, o meu, o nosso dinheiro, o dos impostos.
      As justificativas oficiais para a existência de imensas dificuldades em todos os escaninhos do setor público são muitas, todas levando a uma explicação quase consensual: proteger o patrimônio público.
      Pode funcionar em muitos casos, mas cria brechas para larápios como os da máfia de fiscais de São Paulo. O que, convenhamos, já é suficiente para repensar todo o sistema de procedimento, regras e exigências no mundo do setor público.
      Não só para combater o roubo de recursos públicos, como assistimos agora na cidade de São Paulo. Mas também para tornar o Brasil um país menos hostil e mais amigável àqueles que decidem fazer do setor produtivo, seja em que esfera for, uma forma de ganhar a vida.
      Triste notar, porém, que esse é um discurso antigo. Não é de hoje que se defende a modernização da administração pública para torná-la mais eficiente e reduzir entraves para quem deseja produzir.
      Afinal, parte do nosso fraco crescimento econômico tem origem no Estado pesado e grande demais, complicado demais, que confunde rigor com excesso de controle. Muitas vezes por obra de grupos interessados na manutenção do poder.
      Modelo perfeito para pequenos e grandes desvios de recursos públicos. Gerando tanto esquemas sofisticados montados pelos donos do poder como por servidores que deveriam zelar pela coisa pública, mas a utilizam para se enriquecer.
      Daí que tudo é mais custoso no Estado brasileiro. Desde um simples habite-se até grandes obras federais. Enfim, sei que não é a resposta para tudo, mas o ideal seria reduzir os tentáculos do Estado na economia, diminuindo o imenso campo fértil para a corrupção.

        Vinicius Mota

        folha de são paulo
        Urbanismo bandeirante
        SÃO PAULO - Está em curso na capital paulista uma série de audiências públicas em torno da nova edição do Plano Diretor, o código que deveria orientar o desenvolvimento urbano ao longo dos próximos anos. Deveria. O noticiário dá reiteradas mostras de que, na prática, uma interação caótica de ilegalidades e lobbies econômicos continuará usurpando o papel do plano.
        Ilegalidades miúdas brotam a todo momento, na relação que muitos paulistanos de todas as classes de renda estabelecem com o espaço. Agem como desbravadores da terra virgem. Nesse bandeirantismo do asfalto, edificam o que lhes dá na telha, apropriam-se de áreas públicas, estrangulam e enchem de obstáculos os passeios dos pedestres.
        A selvageria ganha volume e amplia seu impacto quando se trata de grandes construtores. Eles têm acesso direto a vereadores e a autoridades do Executivo, financiam campanhas, influenciam soberbamente a feitura das legislações que lhes interessem. Sabem que a via da corrupção está aberta em caso de necessidade. Aberta e incentivada pelo mesmo círculo de relações no poder.
        Fraudes milionárias descobertas com facilidade pela corregedoria da gestão Fernando Haddad (PT) indicam o grau de acomodação e acobertamento mútuo que prevalecia entre corruptores e autoridades --algumas eleitas; outras, servidores de carreira, alçadas a postos de confiança por meio de indicações políticas.
        O prefeito terá interesse de puxar todos os caranguejos desse saco? Sairão os mais graúdos, as carapaças coruscantes que, na vereança, na prefeitura e em empresas, há décadas imprimem o urbanismo de fato na capital? A iniciativa irá até o ponto de enfrentar lobbies como o que torpedeia a limitação de vagas de garagem em edifícios providos de boa infraestrutura de transporte público?
        A percepção de um recuo nesse flanco seria deletéria para um prefeito já precocemente desgastado.
        vinimota@uol.com.br

          Ruy Castro

          folha de são paulo
          Neonazistas
          RIO DE JANEIRO - Numa época em que os governos, inclusive o nosso, não fazem outra coisa exceto se espionar --e em que cada e-mail, telefonema ou mensagem pode ser gravado, lido, cheirado, ouvido e bisbilhotado--, a Polícia Federal levou quatro meses para rastrear 130 "black blocs", suspeitos de incitar a violência, desafiar a polícia e promover a destruição de bens públicos e privados.
          Não que, desde o começo, os "black blocs" não fornecessem farto material de escuta e análise --afinal, passam o dia nas "redes sociais" tramando ações e depredações. Foram precisos muitos prédios danificados, agências bancárias invadidas, orelhões e lixeiras arrancados de seus postes e, agora, ônibus e caminhões incendiados, para que os órgãos de inteligência começassem a levantar o perfil de pessoas ligadas a tais atos.
          Para alguns, uma surpresa nesse perfil será o desprezo dos "black blocs" pelos manifestantes que eles simulam apoiar --na forma de hostilidades contra sindicalistas, estudantes e jornalistas. Mas será uma surpresa?
          Para os "black blocs", o objetivo é criar o máximo de tumulto em cada manifestação, contando com reações desastradas da polícia e, com isso, gerar pretextos para mais "protestos". Uma balbúrdia reprimida, por exemplo, em São Paulo, com prisões e pancadaria, será respondida no Rio, em Curitiba, Brasília ou Porto Alegre. E sabe-se agora que eles se comunicam e se instruem até internacionalmente --ou seja, já não há inocentes ou românticos em suas fileiras.
          Há duas semanas, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, por precaução, cancelou uma palestra que daria num centro cultural no Leblon. Havia "black blocs" nas proximidades. O que significa: o homem que costuma pôr o tráfico para correr teve de curvar-se à ação desses inesperados --já não há outra palavra-- neonazistas.

            Mônica Bergamo

            folha de são paulo

            Governo de SP estuda testar monitoramento eletrônico de presos provisórios

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            O governo de São Paulo estuda testar o monitoramento eletrônico de presos provisórios. Um projeto-piloto deve ser feito na capital e na região metropolitana com 1.500 pessoas, que receberiam tornozeleiras ou pulseiras. A proposta está em relatório assinado pelo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella.
            EM CASA
            Monitorados, os presos que ainda aguardam julgamento não precisariam lotar as celas. "Seria uma alternativa ao cárcere na fase processual", diz o advogado Paulo José Iasz de Moraes, da OAB-SP, que integrou a comissão que estudou o tema. "E evitaria a ida de muitas pessoas para as penitenciárias, que são escolas do crime." Cada equipamento tem custo estimado de R$ 3.000.
            GRANDE AMIGA
            Luciana Temer, secretária municipal de Assistência Social, sai em defesa de Antonio Donato, de Governo. Ela afirma que o petista nada teve a ver com a nomeação da servidora Paula Nagamati para um cargo em sua equipe. "Ela chegou aqui por indicação de Fábio Remesso, era muito amiga dele", diz, referindo-se a seu ex-chefe de gabinete que foi afastado em junho.
            GRANDE AMIGA 2
            Remesso, que por sua vez foi indicado a Luciana Temer pelo vereador Nelo Rodolfo (PMDB-SP), é apontado pelo Ministério Público como integrante da máfia dos fiscais. Paula depôs como testemunha. Ex-chefe de gabinete da Secretaria de Finanças na gestão de Mauro Ricardo, que comandou a pasta no governo de Gilberto Kassab, ela era próxima também de Ronilson Rodrigues, tido como chefe do esquema.
            GRANDE AMIGA 3
            Aos promotores do Ministério Público, a servidora afirmou que os fiscais deram dinheiro para campanhas eleitorais de Donato.
            *
            O secretário nega ter recebido qualquer tipo de contribuição deles.
            RAP
            Gui Calíssi
            Flora Matos, contratada pelo selo do rapper Emicida, lança este ano o single "O Jeito"; a música faz parte de seu primeiro disco, que será lançado em 2014 e é produzido por Andres Levin, que já trabalhou com Marisa Monte

            Marco Nanini estreia monólogo

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            Zé Carlos Barretta/Folhapress
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            Guel Arraes e Marco Nanini, ator e diretor de "A Arte e a Maneira de Abordar Seu Chefe para Pedir Um Aumento", monólogo que está em cartaz até o dia 1º de dezembro no Sesc Vila Mariana

            Ministro do STJ lança livro

             Ver em tamanho maior »
            Divulgação
            AnteriorPróxima
            O ministro do STJ (Supremo Tribunal de Justiça) Luis Felipe Salomão, que lançou o livro "Direito Privado - Teoria e Prática", e o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal
            ARCO-ÍRIS
            Membros dos conselhos municipal e estadual dos direitos LGBT divulgam carta nos próximos dias com propostas para reverter o fechamento da área do parque Ibirapuera conhecida como "Autorama". Ponto de encontro de gays, lésbicas e travestis, o local deixou de funcionar nas madrugadas após denúncias de prostituição, exploração de menores e tráfico de drogas.
            ARCO-ÍRIS 2
            Entre as sugestões, estão reforço na atuação da Guarda Civil, melhoria na iluminação e visitas do Conselho Tutelar. A prefeitura diz estar disposta a negociar soluções.
            CANTO E RISO
            A ida do Porta dos Fundos para os palcos, na forma de um musical, deve ficar a cargo da Aventura, empresa dos produtores culturais Luiz Calainho e Aniela Jordan. As negociações entre a companhia e o canal de vídeos de humor, um dos mais populares do YouTube, estão avançadas. O projeto é para 2015.
            DIREÇÃO DE ARTE
            Marília Pêra vai dirigir Cássio Reis e Silvia Pfeifer no espetáculo "Callas", que estreia no mês que vem no Rio. A peça é um "documentário vivo" sobre os 90 anos que a cantora lírica Maria Callas completaria no ano que vem.
            PF DE LUXO
            O prato em homenagem ao jogador Neymar no restaurante Paris 6 terá arroz, feijão, ovo frito, farofa de bacon e carne. A refeição custará cerca de R$ 40. Cinco meses após a abertura da primeira unidade carioca, na Barra da Tijuca, no Rio, Isaac Azar, chef e proprietário do estabelecimento, já procura um ponto na zona sul para outra filial na cidade.
            CURTO-CIRCUITO
            A Cachaça da Tulha lança hoje a Edição Única 2013, no bar Ilha das Flores, na Cidade Jardim, às 19h30.
            Adilson Paes de Souza autografa hoje o livro "O Guardião da Cidade - Reflexões sobre Casos de Violência Praticados por Policiais Militares". A partir das 18h30, na Livraria Martins Fontes da avenida Paulista.
            Fernando Henrique Cardoso será homenageado hoje no Prêmio Marketing Best Sustentabilidade, às 19h, na ESPM.
            A exposição "O Prêmio Nobel - Ideias Mudando o Mundo" será aberta hoje, às 19h30, na sede da Fiesp, na avenida Paulista.
            O livro "Milton Neves, Biografia do Jornalista Esportivo mais Polêmico do Brasil", de André Rosemberg, será lançado hoje, às 19h, no shopping Frei Caneca.
            com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
            Mônica Bergamo
            Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.