quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Marta diz que faltou lado 'literário' em discurso de Ruffato

Ministra criticou a aplaudida fala de protesto do autor, mas defendeu Temer, vaiado na Feira de Frankfurt
Desistência de Paulo Coelho também foi mencionada pelos escritores brasileiros que debateram ontem
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A FRANKFURTOs discursos de abertura do escritor Luiz Ruffato e do vice-presidente Michel Temer na Feira de Frankfurt, na noite de terça, continuaram em debate ontem no evento.
Ruffato havia apontado uma lista de mazelas brasileiras e terminou ovacionado. Temer, por sua vez, foi vaiado após exaltar sua atuação como poeta e no grupo que criou a Constituição de 1988.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse ontem, na feira, ter sentido falta do aspecto "literário e mágico" do Brasil no discurso de Ruffato.
"O Brasil hoje tem programas sociais extraordinários e o autor escolheu fazer uma reflexão por outro ângulo", afirmou Marta, ao mesmo tempo em que defendeu Temer.
Segundo ela, o vice-presidente "se saiu bem após captar o que foi colocado [por Ruffato] e improvisar".
"Ele falou da democracia do nosso país, que permite, num fórum internacional,alguém falar coisas duras como Ruffato falou."
Ruffato chamou a atenção durante toda a quarta.
Pela manhã, participou de mesa em uma das seções de entrevistas mais tradicionais da feira, com público prioritariamente alemão, dizendo que o papel da literatura é fazer uma "reflexão da sociedade". Concluiu o périplo ao ter o nome incluído numa espécie de "calçada da fama" do evento, iniciativa inaugurada neste ano.
A seleção de estrelados é eclética: inclui de Christiane F. ("Drogada e Prostituída") a J.R.R. Tolkien, além de brasileiros como Mauricio de Sousa e Patrícia Melo.
Sobre os discursos, o escritor Marçal Aquino abriu seu debate dizendo: "Sempre vamos preferir um artista que faça política do que um político que faça poesia".
PAULO COELHO
A romancista Nélida Pinon também se referiu ao caso em mesa com Carlos Heitor Cony, antes de fazer crítica indireta a Paulo Coelho por ter desistido de vir ao não concordar com a lista de convidados.
Sobre o autor de "O Alquimista", Marta Suplicy disse achar "uma pena que o maior escritor brasileiro em vendas e fãs não tenha podido comparecer a um evento no qual o Brasil é homenageado".
A ministra afirmou, no entanto, que não ficaram claras para ela as razões da desistência do autor.
Em entrevista ao jornal alemão "Die Welt", Coelho disse que tomou a decisão depois de "fazer seu melhor" para conseguir incluir na delegação autores como Raphael Draccon e André Vianco.
Tanto Marta quanto o curador da programação, Manuel da Costa Pinto, informaram que essa demanda nunca chegou a eles.
    AUSENTES
    Cinco autores não foram a Frankfurt
    Embora o Brasil tenha convidado 70 autores para a feira, houve ao menos cinco baixas. Além de Paulo Coelho, desistiram a poeta Adélia Prado, a ensaísta Walnice Nogueira Galvão, o romancista João Gilberto Noll e o biógrafo Fernando Morais. Nenhum convidado extra foi chamado.

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