sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Igor Gielow

ANÁLISE - folha de são paulo
Participação da ex-senadora na eleição presidencial de 2014 ainda não acabou
IGOR GIELOWDIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Marina Silva foi derrotada de forma acachapante ontem no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas a narrativa de sua participação no pleito de 2014 ainda não acabou.
Sem a sua sonhada Rede, Marina terá de decidir entre apresentar-se como uma injustiçada pela obsolescência do sistema de montagem partidária no país e abster-se do pleito de 2014 ou abraçar alguma das várias legendas que lhe oferecem abrigo.
Ao escolher a primeira opção, Marina corre o risco óbvio de perda de momento. Se já não disparou de forma incontestável na esteira dos protestos de junho, as pesquisas mostraram que a ex-senadora tem potencial de atrair o voto opositor difuso e que rejeita o PSDB como alternativa à hegemonia petista.
Assumindo a segunda hipótese, Marina enfrentará a acusação óbvia de que alugou uma legenda de ocasião e abraçou as mesmas práticas que diz denunciar. Ainda é difícil avaliar qual seria o impacto dessa decisão em sua base de apoio.
No esquema das coisas, contudo, parece um preço relativamente pequeno a pagar. Marina sempre poderá alegar que foi vítima de uma conspiração de um sistema bizantino de cartórios justamente no ramo mais informatizado do Judiciário brasileiro.
Mais difícil será ela obter tempo de TV, estrutura e palanques estaduais.
No Palácio do Planalto, sorrisos. Se Marina não for candidata, não são poucos os que veem a possibilidade de a polarização PT-PSDB se formar já no primeiro turno e favorecer quem tem a caneta e a liderança nas pesquisas. Se ela o for, as dificuldades para meramente criar uma sigla podem apontar obstáculos à frente do pretenso "novo modo" de fazer política.
Na oposição, notadamente os tucanos de Aécio Neves, preocupação. Marina levaria o pleito para o segundo turno, mas ao menos com a fotografia disponível a pouco mais de um ano da eleição, havia o risco de ser ela a desafiante de Dilma Rousseff.
Além disso, entre os aecistas há a percepção de que seu candidato reúne condições de enfrentar o PT sozinho --ou acompanhado do governador Eduardo Campos (PSB), que por sua vez teoricamente pode avançar sobre o espaço de Marina se ela estiver fora do jogo.

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