Ministra criticou a aplaudida fala de protesto do autor, mas defendeu Temer, vaiado na Feira de Frankfurt
Desistência de Paulo Coelho também foi mencionada pelos escritores brasileiros que debateram ontem
Ruffato havia apontado uma lista de mazelas brasileiras e terminou ovacionado. Temer, por sua vez, foi vaiado após exaltar sua atuação como poeta e no grupo que criou a Constituição de 1988.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse ontem, na feira, ter sentido falta do aspecto "literário e mágico" do Brasil no discurso de Ruffato.
"O Brasil hoje tem programas sociais extraordinários e o autor escolheu fazer uma reflexão por outro ângulo", afirmou Marta, ao mesmo tempo em que defendeu Temer.
Segundo ela, o vice-presidente "se saiu bem após captar o que foi colocado [por Ruffato] e improvisar".
"Ele falou da democracia do nosso país, que permite, num fórum internacional,alguém falar coisas duras como Ruffato falou."
Ruffato chamou a atenção durante toda a quarta.
Pela manhã, participou de mesa em uma das seções de entrevistas mais tradicionais da feira, com público prioritariamente alemão, dizendo que o papel da literatura é fazer uma "reflexão da sociedade". Concluiu o périplo ao ter o nome incluído numa espécie de "calçada da fama" do evento, iniciativa inaugurada neste ano.
A seleção de estrelados é eclética: inclui de Christiane F. ("Drogada e Prostituída") a J.R.R. Tolkien, além de brasileiros como Mauricio de Sousa e Patrícia Melo.
Sobre os discursos, o escritor Marçal Aquino abriu seu debate dizendo: "Sempre vamos preferir um artista que faça política do que um político que faça poesia".
PAULO COELHO
A romancista Nélida Pinon também se referiu ao caso em mesa com Carlos Heitor Cony, antes de fazer crítica indireta a Paulo Coelho por ter desistido de vir ao não concordar com a lista de convidados.Sobre o autor de "O Alquimista", Marta Suplicy disse achar "uma pena que o maior escritor brasileiro em vendas e fãs não tenha podido comparecer a um evento no qual o Brasil é homenageado".
A ministra afirmou, no entanto, que não ficaram claras para ela as razões da desistência do autor.
Em entrevista ao jornal alemão "Die Welt", Coelho disse que tomou a decisão depois de "fazer seu melhor" para conseguir incluir na delegação autores como Raphael Draccon e André Vianco.
Tanto Marta quanto o curador da programação, Manuel da Costa Pinto, informaram que essa demanda nunca chegou a eles.
AUSENTES
Cinco autores não foram a Frankfurt
Embora o Brasil tenha convidado 70 autores para a feira, houve ao menos cinco baixas. Além de Paulo Coelho, desistiram a poeta Adélia Prado, a ensaísta Walnice Nogueira Galvão, o romancista João Gilberto Noll e o biógrafo Fernando Morais. Nenhum convidado extra foi chamado.
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