Inclusão digital (e desigual)
RIO DE JANEIRO - O acesso ao celular no Brasil é uma fotografia idêntica à da renda. Quanto menor a remuneração numa região, mais baixa é a penetração do telefone móvel. O mesmo retrato se repete quando o tema é o uso da internet.A partir dessa premissa, extraída dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012, pode-se vislumbrar que a inclusão digital, crescente ano após ano, caminha para replicar um padrão histórico de desigualdade no país.
No Nordeste, 64,6% das pessoas possuem celular. No rico Sudeste, 77,1% dispõem do aparelho. A pesquisa releva ainda o que intuitivamente já sabíamos: os mais jovens são mais conectados à rede.
O advento crescente dos smartphones junta as duas coisas: internet e telefonia móvel. A ideia de que na era do conhecimento haverá um computador por pessoa possivelmente se materializará com os telefones inteligentes. Mais caros, esses aparelhos são menos acessíveis às regiões e faixas de renda mais pobres. Ainda mais num país que pratica a mais alta tarifa de celular do mundo, segundo levantamento de entidade da ONU.
No anúncio da fusão da Oi com a Portugal Telecom, na semana passada, o presidente da nova companhia (que nasce carioca), Zeinal Bava, prometeu custos menores, a serem repassados nas tarifas. O compromisso parece distante ao se desenhar uma possível venda da TIM para a Vivo, limando uma concorrente.
Sob o pretexto de criar uma "supertele" nacional, o governo Lula mudou as regras e estimulou a compra da Brasil Telecom pela Oi, em 2008. O negócio, que tinha estrangeiros no páreo, só saiu graças ao gordo financiamento do BNDES. O projeto naufragou e o mercado perdeu um competidor.
Ao fim e ao cabo, não importa a nacionalidade da prestadora de serviços. Para o consumidor, o relevante é a maior concorrência, que abre espaço para tarifas mais baixas.
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