Curador da feira rebate acusação de 'nepotismo'
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A FRANKFURTAo final da Feira de Frankfurt, no domingo, o curador Manuel da Costa Pinto se manifestou sobre a acusação de "nepotismo" na seleção dos escritores brasileiros.Dias antes da feira, Paulo Coelho dissera em entrevista que desistira de integrar a lista de autores devido a ausência de nomes como Eduardo Spohr e André Vianco e por só conhecer 20 dos 70 selecionados. "Presumo que sejam amigos dos amigos dos amigos. Nepotismo."
"É uma acusação grave", rebateu Costa Pinto, colunista da Folha. "Nepotista é ele, que quis trazer os amigos. Aliás, mui amigo', usando-os como cortina de fumaça para encobrir os motivos de sua desistência."
O curador afirma que a ausência dos nomes conhecidos de Coelho nunca foi reclamada por sua agente, Monica Antunes. E que, no entanto, ela já vinha, desde a Feira de Frankfurt de 2012, antes da definição dos nomes, falando com a organização para que Paulo Coelho fizesse o discurso de abertura.
Sobre os autores escolhidos, Costa Pinto diz que, como crítico literário, conhece a obra "de cada um deles. Inclusive a de Paulo Coelho, de quem li oito livros". "Tinha a dimensão da mensagem que cada um deles teria para passar", diz o curador, que fez a seleção em parceria com Antonio Martinelli, coordenador da programação cultural.
"Sempre achei natural e desejável a presença de Paulo Coelho na lista. Não pela qualidade literária ou pelo valor estético de sua obra, mas como fenômeno de leitura."
O curador conta que, ao ser convidado por Martinelli, no fim de 2012, foi informado das exigências da agente. "Falei que só faria a curadoria se todos os autores tivessem tratamento igual. Se fosse o Paulo Coelho no discurso de abertura, não seria eu o curador."
Em entrevista ao portal Jovem Nerd, Coelho alegou que sua decisão estava tomada desde março. "Avisei o Ministério da Cultura de que não ia participar. Tanto que não estou na programação oficial nem tive hotel marcado." Semanas antes da feira, Coelho postara em seu blog: "Embora seja convidado da delegação, quem organizou minha ida foi minha editora alemã. Portanto, tenho hotel".
Sobre a ausência na programação, Costa Pinto diz que a agente de Coelho conversava diretamente com a feira para organizar um evento em auditório, e não no pavilhão. Ela nega, diz que os contatos foram feitos com Galeno Amorim [ex-presidente da Biblioteca Nacional]".
"Minha proposta foi realizar uma conferência para o máximo de 400 editores internacionais, jornalistas presentes na feira, junto com a organização do Brasil. Deixei claro que ou faríamos juntos com a organização do Brasil ou não faríamos."
A agente diz que não esperava privilégio algum. "Nossa proposta visava a melhor projeção do Brasil e de sua comitiva."
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