sexta-feira, 18 de outubro de 2013

José Simão

folha de são paulo
Ueba! Agora é Gayviões da Fiel!
E o debate no 'Saia Justa', da GNT? Esses artistas estão confundindo biografia com revista de fofoca
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Eu quero a minha biografia não autorizada. Com prefácio da Paula Lavigne! Pra vender em todos os sex shops do Brasil!
E o debate no "Saia Justa", na GNT? Resumindo: esses artistas estão confundindo biografia com revista de fofoca. E esses artistas criaram uma das situações mais desagradáveis: você discordar é falar mal de quem ama.
As fãs do Caetano não estão entendendo nada. As fãs do Chico estão todas internadas, em estado de choque. E as fãs do Roberto Carlos não lembram! Rarará!
"Quem é que censura toda hora/ qualquer livro da Jovem Guarda/ Esse cara sou eu". Roberto Carlos escreveu "Emoções", é um gênio. E fica com essa perrenga mal resolvida!
E a manchete do Sensacionalista: "Novo Testamento sai de circulação por ser biografia não autorizada de Cristo".
E essa: "Supremo admite que as biografias de Fiuk e Geisy Arruda não deveriam ter sido autorizadas". E a biografia do Frota é problema da Anvisa, Vigilância Sanitária! Rarará!
E o Timão? O Quase Ultimão! Direto do SBT: "Pablo do Qual é a Música?' cria torcida corintiana gay, Gaivotas". Apoio! Mas prefiro Gayviões. Gayviões da Fiel!
Todo gambá tem seu dia de bambi. Os Gambambis! Rarará! Só não sai gol! A última vez que o Corinthians fez um gol eu ainda usava Orkut. A última vez que o Corinthians fez um gol o Sarney ainda era vereador!
E o site FuteboldaDepressão: "A última vez que o Corinthians fez um gol, o Ceni ainda acertava pênalti". O Ceni ainda tinha cabelo! A última vez que o Corinthians fez um gol, o homem estava esfregando dois gravetos pra inventar o fogo! O último que viu um gol do Corinthians foi o homem de Neanderthal! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Olha o cartaz num motel bem fuleiro em São Paulo: "Favor não utilizar o controle remoto do televisor como objeto sexual e/ou ejacular sobre o mesmo. Grato. A gerência". Mais direto impossível!.
E esse cartaz num motel em Sobral: "Pedimos o obséquio de vossa senhoria não lavar a pistola na pia". Sobral? Deve ser do Cid Gomes. Ops, do Cidiverte! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

'Marighella' vence melhor biografia no Prêmio Jabuti

folha de são paulo
DE SÃO PAULO
"Marighella" (Companhia das Letras), de Mário Magalhães, é a vencedora na categoria biografia do Prêmio Jabuti 2013. A categoria foi anunciada pelo curador José Luiz Goldfarb, durante a apuração de votos da segunda fase, ontem, como "ameaçada de extinção" --uma referência ao debate sobre a necessidade de autorização dos retratados para publicação.
A obra teve média final de 29,5 pontos na avaliação dos três jurados da categoria --cujos nomes só serão revelados em 13 de novembro, na cerimônia de entrega.
Em segundo lugar, ficou "A Carne e o Sangue" (Rocco), de Mary del Priore, sobre o triângulo amoroso entre D. Pedro 1º, D. Leopoldina e a Marquesa de Santos, com 27,83 pontos, e "Getúlio: Dos Anos de Formação à Conquista de Poder (1882-1930)" (Companhia das Letras), de Lira Neto, com 26,67 pontos.
Magalhães e Neto estão entre os autores mais ativos no debate sobre biografias. Dias atrás, Magalhães fez em seu blog um texto afirmando que biógrafos não fazem fortunas com suas obras. Pelo primeiro lugar, receberá R$ 3.500. Caso se torne o vencedor na categoria livro do ano de não ficção, ganhará mais R$ 35 mil.
Até a conclusão desta edição, apenas 11 das 28 categorias tinham sido apuradas, e nenhuma delas auditada (os resultados ainda passariam por auditoria até a manhã de hoje).

"O cidadão tem o direito de não querer ser biografado" - Chico Buarque

folha de são paulo
BIOGRAFIAS
"O cidadão tem o direito de não querer ser biografado"
LUCAS NEVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
O cantor e compositor Chico Buarque ensaiou nesta quinta-feira (17), em entrevista à Folha em Paris, um mea-culpa em relação a seu apoio à necessidade de autorização prévia de figuras célebres ou dos herdeiros destas para a comercialização de biografias. Mas voltou a defender "que o cidadão tem o direito de não querer ser biografado".
"Posso até não estar muito bem informado sobre as leis e posso ter me precipitado [...] repito: posso ter me enganado [...]se a lei está errada, se eu estou errado, tudo bem, perdi", disse ele, ao ser abordado pela reportagem na entrada do prédio da Île Saint-Louis, um dos endereços mais nobres da capital francesa, onde escreve seu novo livro.
"Entendo que alguns artistas, algum cidadão, algum ator queira preservar a sua intimidade. Não acho que isso seja uma aberração. Acho que é um direito [...] São problemas que não são levados pelo artista ao público, [questões] com que ele toma o maior cuidado. Não transforma isso em música, não escreve a respeito, quer preservar para si. Acho respeitável", completou o músico.
Daryan Dorneles/Divulgação
O cantor e compositor Chico Buarque
O cantor e compositor Chico Buarque
A manutenção desse imperativo de anuência (ancorado em brecha do Código Civil brasileiro) é a principal bandeira do Procure Saber, grupo que reúne, além de Chico, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Milton Nascimento, Erasmo Carlos e Djavan, com a empresária e ex-mulher de Caetano, Paula Lavigne, como porta-voz.
Os músicos têm por antagonista a Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel), que move desde 2012 no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade questionando a obrigatoriedade do consentimento dos biografados. A corte deve realizar em novembro audiência pública para discutir o tema.
Depois de Chico quebrar o silêncio e publicar artigo no jornal "O Globo" na quarta-feira (16) defendendo o direito à privacidade de Roberto Carlos, que conseguiu banir livro a seu respeito em 2007, a reportagem foi procurá-lo para pedir detalhes sobre o alinhamento do compositor à agenda do Procure Saber. Esperou nos arredores do prédio dele por quase oito horas no primeiro dia, em vão. Mais tarde, o assessor do músico diria, por e-mail, que ele havia decidido não dar entrevistas, "pois o assunto já o distraiu bastante do processo de criação do novo livro".
A reportagem, no entanto, decidiu perseverar na vigília, talvez se aferrando ao sofisma costurado por Chico e Ruy Guerra à letra de "Bárbara": "Nunca é tarde, nunca é demais". Voltou, pois, ao posto de sentinela no dia seguinte. Passaram por ali turistas severamente não francófonos pedindo informações sobre a localização da vizinha Notre-Dame e um ou outro interessado nas pechinchas da também vizinha imobiliária (com destaque para o apartamento de 70 m² na Ile ela mesma, em edifício do século 18, a R$ 2,95 milhões).
Até que Chico apareceu a metros do portão de entrada de seu edifício, passo apressado, edição do "Le Monde" sob a axila, óculos de lente fosca. Só respondeu à reportagem ao terceiro "Chico!". Resistiu de início, dizendo já ter se pronunciado por intermédio do artigo. Mas acabou falando por quase oito minutos.
Leia abaixo a entrevista.
*
Folha - Por que aderiu ao grupo Procure Saber?
Chico Buarque - Posso até não estar muito bem informado sobre as leis e posso ter me precipitado, mas eu acho e continuo achando, que o cidadão tem o direito de não querer ser biografado, como tem o direito de não querer ser fotografado ou filmado. Me pareceu natural isso. Parece que não. Parece que essa ideia já está perdendo [espaço] na mídia, por interesses ou não por interesses, e está correndo o risco de não vingar na Justiça.
Agora, o que tem que ficar claro é que nós não começamos esse movimento. O movimento para modificar a lei partiu da Associação Nacional de Editores.
O que a gente pretendia era deixar as coisas como estão, no sentido de se poder preservar a privacidade de qualquer cidadão, não me refiro [necessariamente] a artista... agora, essa é uma discussão que é até bom que seja levada adiante, mas não nos termos em que as coisas estão acontecendo. Já virou uma batalha num nível muito pessoal --e desigual.
Não adianta querer dizer que os artistas são famosos, são isso, são aquilo. Nós somos pequenos nessa briga. Repito: posso ter me enganado. Eu julgava que eu estava tendo uma posição sensata.
Não é natural que se o público tenha curiosidade em saber mais sobre figuras que admira, e isso inclua episódios de diferentes naturezas, tanto favorável quanto desfavorável, para que se chegue a uma visão completa?
A mim, me pareceu --não falo nem por interesse pessoal. Quem tem interesse nisso são mais as editoras. Eu não tenho problema quanto a isso.
Entendo que alguns artistas, algum cidadão, algum ator queira preservar a sua intimidade. Não acho que isso seja uma aberração. Acho que é um direito.
Me pareceu [ênfase] que era um direito. E parece que não. Então tá bom: então vai se criar um outro tipo de situação.
As biografias serão automaticamente liberadas, e os biografados poderão recorrer à Justiça para receber uma indenização que parece que não é significativa. Ou, quem sabe, para até retirar o livro de circulação.
Paulo César de Araújo sugeriu que a sua filiação ao Procure Saber, ao pleito apresentado por Roberto Carlos [pela autorização prévia para biografias], teria sido uma moeda de troca ao apoio deste à agenda pró-fiscalização do Ecad que vocês três defendem. Houve esse acordo?
Isso é uma ilação dele. Eu, em relação ao Roberto Carlos, e ao que eu achava que era o direito do Roberto Carlos de preservar a sua vida pessoal, aspectos da sua vida que ele não queira... antes de se falar em Ecad, em Procure Saber, eu sempre tive essa opinião. Achava que ele tava certo, sim, de se proteger. [ri] Se for levar isso ao extremo, o sujeito é obrigado a deixar invadirem sua casa, fazerem fotografias [dele] de cueca, exporem sua mulher em trajes mínimos, sem poder recorrer.
[No caso do Roberto] Ele pode não querer que se fale de um casamento, de algum problema da infância. São problemas que não são levados pelo artista ao público, que ele toma o maior cuidado,quer preservar para si. Acho respeitável. Agora, se a lei tá errada, se eu tô errado, tudo bem. Perdi.
Como encara as críticas de quem vê incoerência histórica no fato de você, Caetano Veloso e Gilberto Gil terem sido perseguidos e censurados durante a ditadura e agora adotarem uma postura que alguns entendem como defesa da censura?
Dizer que é censura realmente é um pouco pesado. Parece que na lei há esse conflito entre a liberdade de expressão, que é justa e louvável, e o direito à privacidade. São duas coisas que entram em conflito, e é isso que tem de se resolver na lei. Parece que a lei é ambígua --é a informação que eu tenho. Também não estou muuuiiito por dentro da legislação, posso dizer aqui algum despropósito. São as informações que tenho. Estou me baseando nelas e na minha intuição pessoal.
O Procure Saber também faz lobby pelo pagamento de royalties aos biografados ou a seus herdeiros. Em nota, Djavan disse que "editores e biógrafos ganham fortunas enquanto aos biografados resta o ônus do sofrimento e da indignação". O grupo de fato acha que, no Brasil, escritores enriquecem com suas obras?
Não acredito que seja esse o problema central. Não acredito que a reparação financeira resolva tudo, não acredito que o Roberto Carlos queira reparação financeira. Não é disso que se trata. Não se falou de dinheiro em reunião nenhuma [dos integrantes do Procure Saber], que eu me lembre. Cada um pode ter sua posição. Eu não acho que seja o momento de levantar essa questão.
Colaboraram MATHEUS MAGENTA e JULIANA GRAGNANI, de São Paulo

BIOGRAFIAS
Chico pede desculpa por negar que deu entrevista a biógrafo
Compositor acusara Paulo César de Araújo de mentir sobre conversa; autor mostrou fotos do encontro
Direito à privacidade é argumento do músico e da família de Leminski para defender autorização prévia
DE SÃO PAULOO músico Chico Buarque pediu desculpas ontem por ter negado a informação de que dera entrevista para Paulo César de Araújo, biógrafo de Roberto Carlos. O autor sempre citara Chico como uma das fontes da obra, tirada de circulação por Roberto.
"No meio de uma entrevista de quatro horas, 20 anos atrás, uma pergunta sobre Roberto Carlos talvez fosse pouco para me lembrar que contribuí para sua biografia. De qualquer modo, errei e por isto lhe peço desculpas", afirmou Chico, em nota enviada por meio de sua assessoria.
Chico havia negado a entrevista em texto publicado no jornal "O Globo" anteontem. O texto dizia: "Lamento pelo autor, que diz ter empenhado 15 anos de sua vida em pesquisas e entrevistas com não sei quantas pessoas, inclusive eu. Só que ele nunca me entrevistou".
Depois da publicação do artigo de Chico, Araújo afirmou à Folha que a entrevista havia de fato ocorrido na tarde de 30 de março de 1992. O biógrafo enviou fotos da conversa com Chico para comprovar sua afirmação.
"A [entrevista] de Chico, como tantas outras, foi filmada e também está registrada em fotos. Ele se esqueceu", disse Araújo.
Chico fez, no entanto, uma ressalva, argumentando que apenas uma das perguntas foi sobre sua relação com Roberto Carlos: "Pelo que ele diz, foi uma entrevista de quatro horas onde falamos sobre censura, interrogatórios, diversas fases e canções da minha carreira. Ainda segundo ele, uma das suas perguntas foi sobre a minha relação com Roberto Carlos nos anos 60".
PRIVACIDADE
O artigo escrito por Chico contestava a veracidade de fatos publicados em biografias no Brasil. "Pensei que o Roberto Carlos tivesse o direito de preservar sua vida pessoal. Parece que não", escreveu.
Chico faz parte do grupo Procure Saber, que defende o pedido de autorização prévia para a publicação de obras do tipo, além de pagamento ao biografado.
O respeito à privacidade também é o argumento usado pelas filhas do poeta Paulo Leminski e sua ex-mulher, Alice Ruiz. Em nota enviada ontem à imprensa, os familiares do autor paranaense deram justificativas para a proibição de duas obras sobre a vida de Leminski.
A reedição do livro "Paulo Leminski - O Bandido que Sabia Latim" (ed. Record, 378 págs.), de Toninho Vaz, e a nova obra "Passeando por Paulo Leminski", de Domingos Pellegrini, foram barradas, segundo a família do poeta, "pela ausência de autorização expressa aos escritores para inclusão de imagens e poemas de Paulo Leminski, direitos pertencentes às herdeiras, garantidos pela Lei de Direitos Autorais".
As herdeiras de Leminski dizem não haver autorizado a publicação em razão da inclusão de trechos nas biografias que "violam a intimidade e honra do poeta, bem como da própria família, direitos personalíssimos assegurados constitucionalmente".

    quinta-feira, 17 de outubro de 2013

    Mônica Bergamo

    folha de são paulo

    Grupo desconhece lei sobre biografias, afirmam juristas

    Ouvir o texto

    CASO CONTRÁRIO
    Ao erguer o caso de Glória Perez como bandeira para justificar a defesa que fazem da restrição à publicação de biografias, artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso demonstram desconhecimento do assunto, segundo juristas e advogados ouvidos pela coluna.
    CASO CONTRÁRIO 2
    Quando a novelista conseguiu impedir a circulação do livro que o assassino de sua filha tentou publicar, na década de 90, o artigo 20 do Código Civil, que restringe as biografias, nem sequer existia. Ele entrou em vigor em 2003.
    CALENDÁRIO
    Outro caso citado por Chico Buarque ontem, em artigo no jornal "O Globo" --o de que já foi publicada uma biografia de Cabo Anselmo-- esbarra na mesma questão. O livro sobre o delator foi lançado em 1999, antes da existência do artigo 20. Hoje, o autor teria dificuldade de publicar a obra sem autorização do personagem.
    CALENDÁRIO 2
    Também a biografia sobre Garrincha escrita pelo jornalista Ruy Castro foi recolhida em 1995, oito anos antes de o artigo 20 entrar em vigor. "A Constituição sempre garantiu o direito à privacidade e permitiu a discussão em tribunais", diz o advogado Fernando Lottenberg, que atuou em parte do caso Garrincha pela Companhia das Letras.
    LENTE
    Lottenberg, que é consultor da Companhia das Letras, mas já patrocinou causas contra em nome de personagens atingidos pela publicação de livros, diz que a discussão está desfocada. "A remoção do artigo 20 não é suficiente. É necessária uma regra que resguarde expressamente a livre expressão. A Constituição e outras normas continuariam garantindo o direito à reparação por danos causados e à retificação de informações falsas."
    EM DIA
    A Associação Procure Saber, da qual Chico e Caetano fazem parte, deve reunir em breve advogados para discutir as questões jurídicas relativas ao tema.
    FUNDO DO JUDICIÁRIO
    O Fundo de Previdência dos funcionários do Judiciário foi formalizado nesta semana. Com R$ 26 milhões antecipados pelo Tesouro Nacional, ele já pode começar a funcionar. Um headhunter (caça-talentos) roda o país em busca de um executivo que possa tocar a empreitada.
    O fundo deve ser um dos maiores do país, com a adesão de funcionários de todos os tribunais superiores --entre eles, STF (Supremo Tribunal Federal), STJ (Superior Tribunal de Justiça), TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e TST (Tribunal Superior do Trabalho).
    DAS ARÁBIAS
    São Paulo vai abrigar o Museu da Língua e da Cultura Árabe, a primeira instituição do gênero no mundo. O diretor será o professor Paulo Daniel Farah, da USP, que foi curador da exposição "Islã", em 2010. "A Secretaria Municipal de Cultura ofereceu alguns espaços no centro e no Ipiranga para a futura sede do museu a ser inaugurado em 2014", diz Farah, que está visitando os locais para definir a sede.
    DAS ARÁBIAS 2
    A ideia é abrir um espaço para interessados na cultura árabe, entre eles os 16 milhões de descendentes que vivem hoje no Brasil.
    MAIS RENDA
    O aumento médio de renda dos alunos formados pelo programa ViraVida, que capacita jovens que passaram por exploração sexual, foi de R$ 183,55. Uma elevação de cerca de 45%, tão logo eles são inseridos no mercado de trabalho. De cada R$ 1 a mais de renda, R$ 0,40 vão compor o orçamento familiar.
    MAIS RENDA 2
    Os dados sobre o programa do Sesi (Serviço Social da Indústria), que já atendeu 3.700 estudantes em 23 cidades, serão apresentados hoje, em Washington, na 27ª Conferência Mundial de Avaliação de Programas, Tecnologias e Profissionais.
    CASAL
    Paschoal Rodriguez
    Cláudia Raia e seu namorado, Jarbas Homem de Mello, estreiam "Crazy for You", em 21 de novembro, no teatro do Complexo Ohtake Cultural, em SP; será o primeiro musical de sapateado da Broadway montado no país.
    NOVELÃO
    As fundações Roquete Pinto, Azeredo, Padre Anchieta e Fundac foram desqualificadas do processo de licitação para gerenciamento da TV Alerj, canal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, sob a justificativa de que não possuem registro no Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). A única concorrente que atendia a tal requisito é a Digilab, atual administradora do canal.
    NOVELÃO 2
    Vencedora da nova licitação do canal da assembleia paulista após recorrer à Justiça para ser reabilitada no processo, a Fundac entrou com recurso administrativo contra a decisão no Rio. "Produtoras de TV precisam de engenheiros de telecomunicações, mas não de registro no Crea", afirma o advogado Danilo Mayriques, da fundação paulista. Em nota, a Alerj diz que a procuradoria-geral irá analisar a legalidade dos recursos.
    NOITE DE ARRECADAÇÃO
    Maria Bernadete Marques da Silva, da AACD, recebeu convidados no jantar beneficente promovido pela instituição anteontem, no restaurante Figueira Rubaiyat. A apresentadora Isabella Fiorentino, a relações-públicas Maysa Marques, o consultor da TV Globo Octávio Florisbal e o executivo Clovis Ermirio Scripilliti com a mulher, Marcia, estiveram no evento.

    Jantar beneficente da AACD

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    Zanone Fraissat/Folhapress
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    A apresentadora Isabella Fiorentino foi ao jantar beneficente organizado pela AACD, na terça (15), no restaurante Figueira Rubaiyat
    CASO CONTRÁRIO
    Ao erguer o caso de Glória Perez como bandeira para justificar a defesa que fazem da restrição à publicação de biografias, artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso demonstram desconhecimento do assunto, segundo juristas e advogados ouvidos pela coluna.
    CASO CONTRÁRIO 2
    Quando a novelista conseguiu impedir a circulação do livro que o assassino de sua filha tentou publicar, na década de 90, o artigo 20 do Código Civil, que restringe as biografias, nem sequer existia. Ele entrou em vigor em 2003.
    CALENDÁRIO
    Outro caso citado por Chico Buarque ontem, em artigo no jornal "O Globo" --o de que já foi publicada uma biografia de Cabo Anselmo-- esbarra na mesma questão. O livro sobre o delator foi lançado em 1999, antes da existência do artigo 20. Hoje, o autor teria dificuldade de publicar a obra sem autorização do personagem.
    CALENDÁRIO 2
    Também a biografia sobre Garrincha escrita pelo jornalista Ruy Castro foi recolhida em 1995, oito anos antes de o artigo 20 entrar em vigor. "A Constituição sempre garantiu o direito à privacidade e permitiu a discussão em tribunais", diz o advogado Fernando Lottenberg, que atuou em parte do caso Garrincha pela Companhia das Letras.
    LENTE
    Lottenberg, que é consultor da Companhia das Letras, mas já patrocinou causas contra em nome de personagens atingidos pela publicação de livros, diz que a discussão está desfocada. "A remoção do artigo 20 não é suficiente. É necessária uma regra que resguarde expressamente a livre expressão. A Constituição e outras normas continuariam garantindo o direito à reparação por danos causados e à retificação de informações falsas."
    EM DIA
    A Associação Procure Saber, da qual Chico e Caetano fazem parte, deve reunir em breve advogados para discutir as questões jurídicas relativas ao tema.
    CURTO-CIRCUITO
    Claudia Matarazzo autografa hoje o livro "Amor sem Frescura", às 19h, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi.
    As agências de marketing George P. Jonhson e Mill Publicitá fazem festa hoje para comemorar nova parceria, no hotel Hyatt.
    Renata de Almeida abre hoje a 37ª Mostra Internacional de Cinema, às 20h30, no Auditório Ibirapuera.
    com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
    Mônica Bergamo
    Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

    Kenneth Maxwell

    folha de são paulo
    Populismo revivido
    Na França e na Inglaterra, nacionalistas, populistas e militantes céticos quanto à União Europeia estão causando abalos nas elites políticas. Enquanto isso, os nacionalistas catalães, na Espanha, e os nacionalistas escoceses, no Reino Unido, contestam a estrutura que define seu status nacional.
    Na França e na Inglaterra, os desafiantes apelam a um público desencantado com os políticos nacionais. Exploram a raiva quanto ao desemprego e a imigração, bem como a preocupação sobre a lei e a ordem.
    Na França, a Frente Nacional (FN), de Marine Le Pen, conquistou espantosa vitória na pequena cidade de Brignoles, no domingo, onde o candidato do partido, Laurent Lopez, ex-boxeador, mas elegantemente trajado em terno e gravata, conquistou 54% dos votos num distrito há muito dominado pelo Partido Comunista Francês.
    Ainda que a FN tenha só duas cadeiras na Assembleia Nacional, Marine Le Pen reformulou a agremiação, deixou de lado o antissemitismo e desintoxicou o partido raivoso criado por seu pai, Jean-Marie Le Pen. Ela parece destinada a obter bom desempenho nas eleições municipais de março e nas eleições europeias de maio, para as quais as pesquisas mostram a FN na liderança com 24% dos votos potenciais. O sucesso dela vem causando pânico aos políticos centristas de Paris.
    Na Inglaterra, o Partido da Independência do Reino Unido (Ukip), de Nigel Farage, representa igual desafio para as forças estabelecidas. Os líderes do Partido Conservador contemplam com ansiedade o sucesso do Ukip nas eleições locais e se preocupam com a eleição para o Parlamento Europeu, na qual o Ukip pode se sair muito bem, de acordo com pesquisas de opinião pública.
    O partido de Farage também atrai as pessoas desencantadas com os partidos políticos convencionais. O Ukip não tem representação no Parlamento nacional, mas conta com forte apoio de base.
    Na Catalunha e na Escócia, os desafiantes têm base mais ampla. Os nacionalistas catalães têm forte base histórica e cultural para seu separatismo.
    Os nacionalistas escoceses já controlam o governo da Escócia. Estão se preparando para o referendo de 2014, sobre o futuro do relacionamento entre a Escócia e o restante do Reino Unido, em uma votação sobre a independência escocesa, que pode pôr fim ao Reino Unido na forma pela qual é conhecido há mais de 400 anos.
    Marine Le Pen define o problema como um conflito entre "nacionalismo e globalização". Mas, em um momento no qual a Europa busca maior integração fiscal e econômica, muitos de seus principais países enfrentam crescente ameaça de fragmentação interna.
    O Brasil, com sua geografia continental e a despeito de seus problemas, ao menos não enfrenta esse tipo de desafio.

      José Simão

      folha de são paulo
      Ueba! Biografia da Lassie pode?
      Daqui a pouco, vai ter manifestação de biógrafos! Na Cinelândia! Black biógrafos! Rarará!
      Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Polêmica! Vou lançar a biografia não autorizada do Maluf: "Minha Vida é uma Esfirra Aberta". Vai ser um romance policial. Rarará!
      Mas como disse um cara no Twitter: "Biografa, mas não mata". Subtítulos sugeridos: "Não tenho conta no exterior" ou "Minha vida foi uma roubada". Rarará!
      O Maluf escreveu mesmo uma biografia chamada "Ele". E os advogados de defesa sugeriram mudar o nome pra "Não Foi Ele!". Rarará! E vou lançar a biografia autorizada do Sarney: "Moribundo de Fogo!". Rarará! E vou vender pro cinema: "Duro de Matar 5".
      Aliás, aquele livro do Sarney "Dono do Mar" devia se chamar "Dono do Mar...anhão". Rarará! E eu vou escrever a biografia do Bial chamada: "OI, BIAL". Porque brasileiro já nasce falando "Oi, Bial". O Bial inventou um novo tipo de biografia: a BIALGRAFIA do doutor Marinho!
      E vou lançar a biografia do Edir Macedo intitulada: "EDÍRZIMO". Edírzimo Macedo! E vou lançar a biografia do Kid Bengala: "O Gigante Acordou". E entrar pra ABL com o apoio da Ana Maria Braga e Louro José! E eu já disse que duas coisas nunca deram certo: humor a favor e biografia autorizada.
      E a manchete do Piauí Herald: "PM carioca reprime biógrafos com truculência". Daqui a pouco, vai ter manifestação de biógrafos! Na Cinelândia! Black biógrafos! Rarará! E acaba de sair uma nova versão do hit do Roberto Carlos: "O cara que censura toda hora/ qualquer livro da Jovem Guarda/ esse cara sou eu". Rarará!
      E eu não gosto de biografia chapa-branca. Gosto de biografia chapa quente: com sexo, sangue e Doritos com Coca-Cola. Daquelas bem podres! E a Saraiva botou a biografia de Freud na seção de autoajuda! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
      E eu não gosto de polêmica. Quem gosta de polêmica é o Nelson Rubens! Polêmica virou pauta do "TV Fama"! Já reparou nas manchetes do "TV Fama"? Todas começam com "POLÊMICA". Tipo: "Polêmica! Cantor sertanejo do Camaro Amarelo' diz que Miss Bumbum tem celulite". "Polêmica: Doutor Hollywood quer passar dois anos trabalhando no SUS de Rodeo Drive". Rarará!
      E biografia da Lassie pode? Pode! Contanto que não chame ela de cachorra! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
      Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

      Advogados também apontam falhas na argumentação usada por Caetano e Chico para defender proibição

      folha de são paulo
      BIOGRAFIAS
      Para juristas, lobby de músicos ameaça produção acadêmica
      Advogados também apontam falhas na argumentação usada por Caetano e Chico para defender proibição
      'Espero que os artistas não queiram censurar a academia, é um efeito colateral danoso', diz professor de direito
      JULIANA GRAGNANIDE SÃO PAULOA publicação acadêmica pode ser afetada caso o lobby dos músicos consiga manter a exigência de autorização prévia para a publicação de biografias na lei brasileira. O alerta foi feito por juristas e historiadores.
      O artigo do Código Civil que é centro do embate entre autores e músicos se refere à "divulgação de escritos", hoje mais aplicado à publicação de biografias. Mas também pode se estender a outras áreas, na visão de especialistas. "Espero que os artistas não queiram censurar a academia, mas a interpretação que defendem pode levar a isso. É um efeito colateral danoso", diz o professor de direito constitucional Joaquim Falcão, da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.
      A instituição representa o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no Supremo Tribunal Federal. A entidade entrou como "amicus curiae" (interessado na causa) no Supremo, integrando uma ação proposta por editores que questiona a constitucionalidade da norma vigente.
      Caetano, Chico e Gil, além de Roberto Carlos, Milton Nascimento, Djavan e Erasmo Carlos, integram o grupo Procure Saber, que defende a exigência de autorização prévia para a publicação de biografias, além de pagamento ao biografado.
      "A ciência precisa da publicação dos seus resultados para serem contestados", afirma Falcão.
      O documento que explica o posicionamento dos historiadores e que foi submetido ao Supremo usa a história de Tiradentes (1746-1792) como exemplo. O historiador Joaquim Norberto de Souza Silva (1820-1891) publicou obra questionando o papel desempenhado pelo "herói" da Inconfidência Mineira. Em seu trabalho, diz que Tiradentes não teria morrido como um patriota, mas como um frade.
      "Imagine-se que os descendentes de Tiradentes, invocando o artigo 20 do Código Civil, possam requerer a proibição de todas as obras que não retratem Tiradentes como o protomártir da independência do Brasil'? Tal cenário seria absurdo, e uma afronta à liberdade acadêmica, de ensino e de informação, pois os professores só poderiam retratar o Tiradentes que a família dele escolhesse", diz o memorial.
      "Isso pode criar dificuldades grandes para os historiadores e prejudicar imensamente a historiografia nacional", diz o diplomata e historiador Alberto da Costa e Silva, imortal da Academia Brasileira de Letras. "A formação de documentos contemporâneos fica prejudicada".
      DISSERTAÇÃO
      Em abril, os advogados de Roberto Carlos enviaram uma notificação extrajudicial pedindo a interrupção das vendas de "Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude" (Estação Letras e Cores), de Maíra Zimmermann.
      O livro, resultado do mestrado da autora, trata da relação do movimento com consolidação da cultura juvenil no Brasil nos anos 1960.
      A notificação alegava que a obra trazia "situações que envolvem o notificante e detalhes sobre a trajetória de sua vida e intimidade".
      Zimmermann enviou uma contranotificação ao escritório de Roberto, informando que a obra não tratava da intimidade do cantor e que se baseava principalmente em arquivos dos anos 1960.
      Na ocasião, a repercussão negativa fez os advogados de Roberto desistirem de impedir a circulação da dissertação de mestrado, que saiu com tiragem de mil exemplares.
      O professor Ivar Hartmann, também da FGV-Rio, aponta danos que a lei pode causar para a academia no futuro.
      "O problema não é só quando as normas proíbem a publicação de uma pesquisa acadêmica, é quando inviabilizam aos pesquisadores terem acesso a fontes, como artigos e biografias que deixaram de ser publicados. Quantos anos nós já perdemos de pesquisa?", questiona.
      ARGUMENTOS
      Em artigos publicados no jornal "O Globo", Chico Buarque e Caetano Veloso fazem menção à história da novelista Glória Perez, que, em 1995, tirou de circulação um livro sobre o assassinato de sua filha escrito pelo autor do crime. Chico diz que o procedimento foi possível "graças à lei que a associação de editores quer modificar".
      Mas o fato se deu antes da existência do Código Civil, lei sancionada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 2002.
      "O que o Código Civil fez foi piorar uma situação que já não era boa. A norma potencializa a tradição da Justiça brasileira de minar a liberdade de expressão", afirma Hartmann.