quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Aposta na ignorância - Editorial FolhaSP

folha de são paulo
EDITORIAIS
Aposta na ignorância
Senadores voltam a tentar proibir a divulgação de pesquisas antes das eleições; iniciativa semelhante já foi declarada inconstitucional
Ainda que o assunto já tenha sido debatido inúmeras vezes, e a despeito de o Supremo Tribunal Federal já ter decretado a inconstitucionalidade da medida, deputados e senadores não desistem de tentar impedir a divulgação de pesquisas de intenção de voto nos dias mais próximos das eleições.
A discussão, no Brasil, é pelo menos tão antiga quanto a própria Constituição. Em outubro de 1988, a empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha, ajuizou mandado de segurança no Tribunal Superior Eleitoral, contra resolução da própria corte, a fim de liberar a publicação dos levantamentos --a rádio Jovem Pan e a Rede Bandeirantes fizeram o mesmo.
Foi um julgamento unânime. Todos os ministros acompanharam o voto do relator, José Francisco Rezek, segundo quem a divulgação de pesquisas é "um direito absolutamente fluente do artigo 220 e de seu parágrafo 1º da nova Carta".
Ao lado de outras garantias fundamentais, o dispositivo --que proíbe obstáculos legais à "plena liberdade de informação jornalística"-- foi invocado pelo STF em 2006. Naquele ano, a corte julgou inconstitucional trecho de lei aprovada pelo Congresso que restringia a publicação de pesquisas.
Entretanto, tramita no Senado uma proposta de emenda constitucional com o mesmo intuito. Com parecer favorável de Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a iniciativa de Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) propõe 15 dias de censura.
Talvez os senadores não saibam, mas nos países onde vigora esse tipo de impedimento, como a Itália, debate-se justamente sua derrubada. Quando menos porque tendências eleitorais --conhecidas pelos candidatos, que fazem suas próprias sondagens-- inevitavelmente terminam na internet.
Cria-se uma situação perversa: rumores e falsas notícias circulam livremente, mas fica bloqueado o acesso dos cidadãos aos institutos de pesquisa, cujas atividades estão sob o escrutínio dos candidatos e da Justiça Eleitoral.
Há uma questão de fundo ainda mais importante. Como sempre, justifica-se a censura aos levantamentos pela influência que possam exercer no voto dos indecisos.
Dentre os vários equívocos que se superpõem nesse argumento, destaca-se a pressuposição infeliz de que ao eleitor convém ter menos, e não mais, informações sobre o pleito. Por esse raciocínio, a incúria dos governantes tampouco deveria ser noticiada pela imprensa, dado o potencial de influenciar o eleitor. Logo se vê o disparate.
Sem dúvida há certa tendência a sufragar o favorito, de modo a não "desperdiçar" o voto num candidato sem competitividade. Trata-se de problema menor ante os ganhos democráticos. Pesquisas abrem o leque de informações do eleitor, permitindo que ele tome sua decisão em condições melhores.
Desperdiçado, na verdade, é o sufrágio de quem vai às urnas num estado de desinteresse e desatenção. O voto obrigatório, contudo, não merece dos legisladores tanto desejo de mudança constitucional quanto as iniciativas de censura e aposta na ignorância do eleitor.
    O banquinho de Raúl
    Cuba anunciou a unificação das duas moedas usadas pelo país desde 1994. A medida, ainda sem prazo para viger, será o passo mais ambicioso do processo de reformas que o ditador Raúl Castro tem implementado para evitar o colapso econômico da ilha e prolongar o regime autoritário de partido único.
    Nenhuma das atuais moedas de Cuba é válida no exterior. O peso cubano (CUP), utilizado para pagar a maior parte dos salários, além de produtos e serviços básicos, vale US$ 0,04 (R$ 0,086); e o peso conversível (CUC), equiparado ao dólar, é corrente na indústria do turismo, em estabelecimentos mais luxuosos e no comércio exterior.
    Adotado por Fidel Castro, o modelo pretendia regular o câmbio do peso com o dólar, na época negociado ilegalmente. Quase 20 anos depois, aprofunda a desigualdade social na ilha, ao contrário do que estatui a cartilha dos defensores do regime. Os privilegiados com acesso ao CUC desfrutam de poder econômico várias vezes superior ao da maioria.
    A julgar pelo ritmo das reformas concebidas até aqui por Raúl Castro, a unificação da moeda deverá demorar, até porque se justifica certa cautela. Dada a imensa disparidade entre as duas moedas, é grande o risco de disparada na inflação, já que muitos produtos básicos são importados e vendidos a preços subsidiados.
    Por outro lado, Cuba não pode demorar demais. A Venezuela, principal parceira do regime, enfrenta dificuldades crescentes.
    Há também insatisfação interna. O crescimento do PIB, de 3% em 2012, não chega a amainar os problemas gerados pela hegemonia do Estado na economia. Reformas na agricultura, com um pouco mais de iniciativa privada, tiveram pequeno impacto na produção.
    Dotado do mesmo instinto de sobrevivência do seu irmão, Raúl, 82, já anunciou que deixará o governo em 2018. Até lá, quer concretizar uma transição parecida com a chinesa, sem alterar o monopólio do Partido Comunista. Mas Cuba não dispõe das vantagens geoeconômicas da China. Em Havana, a conciliação entre sistema autoritário e prosperidade econômica parece bem mais improvável.

      Pasquale Cipro Neto

      folha de são paulo
      'E deixe os Portugais morrerem...'
      Quem já teve dois segundos de interesse pelos fatos da língua sabe que o infinitivo é verdadeira cilada
      Estava na capa da Folha do último dia 15: "Dilma manda rivais estudarem; Marina vê retrocesso no país". Alguns leitores reclamaram do emprego da forma "estudarem", ou seja, reclamaram do emprego da forma flexionada do infinitivo. Para esses leitores, a forma correta seria "Dilma manda rivais estudar".
      Ai, ai, ai... Como diz uma querida senhora (que não está longe dos 80), "pode até pensar, mas não pode dizer". Tradução: é melhor eu não dizer o que penso da arbitrariedade dessas "autoridades linguísticas".
      Quem já teve dois segundos de interesse pelos fatos da língua sabe muito bem que o emprego do infinitivo é verdadeira cilada. Vale a pena ver o que diz sobre o tema a sempre importante "Nova Gramática do Português Contemporâneo", dos queridos e saudosos Celso Cunha (brasileiro) e Lindley Cintra (português):
      "O emprego das formas flexionada e não flexionada do infinitivo é uma das questões mais controvertidas da sintaxe portuguesa. (...) Em verdade, os escritores das diversas fases da língua portuguesa nunca se pautaram, no caso, por exclusivas razões de lógica gramatical, mas se viram sempre, no ato da escolha, influenciados por ponderáveis motivos de ordem estilística, tais como o ritmo da frase, a ênfase do enunciado, a clareza da expressão. Por tudo isso, parece-nos mais acertado falar não de regras, mas de tendências que se observam no emprego de uma e de outra forma do infinitivo".
      Em seguida, os autores dão uma relação de algumas das tendências observadas, o que também se vê em outras boas gramáticas, que, como a de Cunha e Cintra, também se baseiam na observação das tendências.
      Uma dessas tendências se refere ao caso em tela (o da manchete da Folha), em que há um verbo auxiliar chamado causativo ("mandar") + infinitivo ("estudar"). Dizem as boas gramáticas que, nesses casos, quando o sujeito do infinitivo é expresso por um pronome oblíquo, o infinitivo costuma ocorrer em sua forma não flexionada: "Eu as deixei entrar"; "Ele os mandou sair"; "Não nos deixeis cair..."; "Mande-os ler"; "Faça-os ficar"; "Deixai-as vir a mim".
      Quando o sujeito do infinitivo é um substantivo, posto entre o verbo auxiliar e o infinitivo, qual é a tendência? Ocorrem as duas formas do infinitivo: "Deixai as criancinhas vir (ou virem') a mim"; "Quero (...) ver as águas dos rios correr" (como escreveu Candeia em "Preciso me Encontrar") ou "Quero ver as águas correrem".
      No título desta coluna, há um trecho da antológica canção "Língua", de Caetano Veloso. Diz a letra: "E deixe os Portugais morrerem à míngua". Caetano optou por "morrerem", forma que enfatiza o sujeito do infinitivo ("Portugais"); poderia ter optado por "morrer", forma que enfatizaria o processo expresso pelo verbo, e não o seu agente.
      Como se vê, o título da Folha ("Dilma manda rivais estudarem...") se apoia numa das tendências verificadas no uso do infinitivo. A outra tendência é a opção pela forma não flexionada ("estudar"), igualmente abonada nos registros cultos da língua.
      Moral da história: é perfeitamente possível substituir a forma escolhida pelo jornal ("estudarem") pela não flexionada ("estudar"), mas é bom lembrar que "perfeitamente possível" não equivale a "obrigatório".
      A esta altura, algum defensor do reducionismo geral talvez já esteja dizendo que bastaria dizer que tanto faz. Não "tanto faz", caro leitor. O que se diz, nesse caso (e em tantos outros), é "depende". E depende de quê? Repito um trecho do que dizem Cunha e Cintra: "...influenciados por ponderáveis motivos de ordem estilística, tais como o ritmo da frase, a ênfase do enunciado, a clareza da expressão". É isso.

      Janio de Freitas

      folha de são paulo
      Crime político
      O pobre Amarildo foi um morto comum. O morto Amarildo tornou-se arma política
      O ato de tortura e morte do pedreiro Amarildo seria mais um da série infinita em que os criminosos são policiais. Um crime vulgar. Revelou-se um crime político. Pouco importa que não o fosse na origem. Nas consequências veio a sê-lo.
      As responsabilidades e circunstâncias da morte estão esclarecidas, 25 PMs presos por diferentes presenças no episódio, e é indispensável justiça reconhecer, nesse resultado, a obsessiva competência da promotora Carmen Bastos, de policiais civis representáveis por sua chefe, delegada Marta Rocha, e sempre a de José Mariano Beltrame, secretário de Segurança. Além do PM, ou PMs, com o seu perigoso e iluminador testemunho.
      É impossível medir a influência do movimento de opinião pública na ação investigatória. Não há dúvida de que foi forte. Mas não há como avaliar, também, quanto houve de motivação política no lançamento e no incentivo constante das cobranças de esclarecimento do caso. Em pouco, essas cobranças, até à simples menção do nome Amarildo, estavam transformadas em ataque político a Sérgio Cabral, mesmo nas menores oportunidades. "Onde está Amarildo?" tornou-se um slogan político devastador.
      O desaparecimento de Amarildo, desde logo dado por sua família como obra da PM, incidiu no momento mais agudo da crise de desgaste que Sérgio Cabral criou para si, com uma sucessão de atitudes pessoais intoleráveis pela opinião pública -- por ele desconsiderada com arrogância da qual precisou, por fim, penitenciar-se. Sérgio Cabral passou a ser identificado como responsável pelo desaparecimento de Amarildo e pelo aturdimento de então da polícia, responsabilidade que não podia ser sua. Mas despropósito permitido pela política, com os efeitos esperados.
      Até piores do que os efeitos visados. A campanha estendeu-se de Cabral para as UPPs, as unidades policiais criadas para a ocupação pacificante das favelas, e recaiu sobre o secretário Beltrame. Ou seja, o uso político da tragédia de Amarildo levou seu efeito corrosivo ao trabalho social que decorre do modelo de ação nas favelas, ou "comunidades", já com resultados que mudaram o convívio urbano e suburbano em grande parte do Rio.
      O cerco a Cabral resvalou ainda sobre Eduardo Paes, o prefeito. Pode ser um efeito de menor duração, porque o prefeito tem um trabalho enorme a apresentar, em variedade geográfica que inclui a tão desprezada Zona Norte da cidade, em modernização de muitos tipos e sentidos, e em presteza de atenção a problemas reclamados como o Rio não via há muitas e muitas décadas. Mas o reflexo de Cabral pode atingir o futuro de Paes se o governador não conseguir recuperar política e eleitoralmente o PMDB que a sua crise enfraqueceu bastante.
      O pobre Amarildo foi um morto comum nas mãos de policiais com vocação criminosa, entre tantos cujos nomes e destinos pouco ou nada importam à opinião pública. O morto Amarildo tornou-se arma política.

        A história não autorizada de Guimarães Rosa - Raquel Cozer

        folha de são paulo
        Filme exibido na Mostra de SP sem permissão das herdeiras mostra a atuação do autor como diplomata na Segunda Guerra
        RAQUEL COZERCOLUNISTA DA FOLHAUm João Guimarães Rosa (1908-1967) que ajudou a salvar judeus na Alemanha e foi investigado pelos nazistas na Segunda Guerra, antes de se firmar como escritor, é o centro de "Outro Sertão", longa exibido hoje na Mostra de Cinema de São Paulo.
        A faceta menos conhecida do autor de "Grande Sertão: Veredas" (1956) vem à tona com o documentário de estreia de Adriana Jacobsen e Soraia Vilela. O filme, premiado no Festival de Cinema de Brasília, ilustra um viés menos lembrado no debate sobre a autorização para biografias: o de casos envolvendo obras cinematográficas.
        A pesquisa para o filme começou em 2003, com o aval das filhas de Rosa. Em 2011, esse braço da família pediu, dizem as diretoras, R$ 60 mil para autorizar a veiculação.
        "Fizemos contraproposta de R$ 30 mil ou R$ 40 mil. Fomos então informadas de que queriam R$ 300 mil e, depois, que não queriam mais a veiculação", diz Jacobsen.
        Antes da exibição em Brasília, a dupla pediu às herdeiras uma reavaliação da decisão. Receberam um telegrama do advogado informando que as filhas não autorizavam a veiculação por questões de "foro íntimo". As herdeiras negam ter sido contatadas nessa ocasião.
        A outra parte da família, representada pelo advogado Eduardo Tess Filho, neto da segunda mulher de Guimarães Rosa, apoiou o projeto.
        O filme teve patrocínio da Petrobras e dos bancos BNDES e BDMG, totalizando cerca de R$ 1 milhão. "Considerando os dez anos de trabalho, tivemos um honorário básico de diretor", diz Vilela.
        Sem notificação judicial, a dupla manteve as exibições. "Não podemos pôr em circuito comercial sem autorização, mas podemos exibir em festivais", diz Adriana. Depois da Mostra, o filme deve ser apresentado em evento da USP e na Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro.
        CADERNETAS
        A base do documentário são duas cadernetas com anotações de Guimarães Rosa no período em que foi cônsul-adjunto em Hamburgo, na Alemanha, de 1938 a 1942.
        Uma cópia delas está na Universidade Federal de Minas Gerais. Foi com a autorização das filhas do autor, dez anos atrás, que as diretoras tiveram acesso ao texto.
        Inéditas em livro, as cadernetas estão no centro de uma disputa familiar. Em Hamburgo, o autor se apaixonou por Aracy Moebius de Carvalho (1908-2011), que trabalhava com ele no consulado e se tornaria sua segunda mulher.
        Segundo o neto Eduardo Tess Filho, as referências a Aracy nas cadernetas incomodam as filhas do primeiro casamento do escritor.
        "Ele ficou menos de dez anos com Lygia e quase 30 com Aracy, mas elas querem apagar isso da história", diz.
        O filme tem ainda como fontes cartas, crônicas e documentos inéditos. Quase não aborda a vida pessoal do escritor, embora Aracy não pudesse ficar de fora, já que trabalhou com o então diplomata para conseguir vistos para judeus no Brasil.
        Um dos achados da pesquisa foi um dossiê da polícia nazista, a Gestapo, que revela que o escritor foi espionado por alguém próximo.
        Segundo um relatório, de 6 de julho de 1940, Guimarães Rosa fez desenhos na margem de um jornal representando a cabeça do Führer e uma forca. Teria comentado que aquela era a forca onde Hitler seria pendurado.
        As autoridades alemãs pediram ao embaixador brasileiro em Berlim, Cyro de Freitas Vale, que repreendesse Guimarães Rosa. No diário do dia posterior a esse relatório, o escritor diz: "Vou a Berlim".
        Outro documento é uma entrevista à TV alemã, de 1962, nunca veiculada, em que o autor cita a origem germânica de seu sobrenome.
        As diretoras querem publicar o material excedente em site. Esperam, antes de outras iniciativas, o aval das herdeiras ou mudanças na lei, em discussão no Congresso e no Supremo Tribunal Federal.

        OUTRO LADO
        Herdeiras dizem que advogado vai procurar diretoras
        DA COLUNISTA DA FOLHAAs filhas de Guimarães Rosa negaram à Folha terem sido contatadas por Adriana Jacobsen e Soraia Vilela, diretoras de "Outro Sertão", antes da primeira exibição do filme, no Festival de Cinema de Brasília, em setembro.
        "Conheci essas moças anos atrás, em Berlim, quando fui fazer uma conferência sobre meu pai. Elas disseram que iam me mostrar [o material]. Depois, não tive mais contato", disse Vilma Guimarães Rosa, 82, autora das memórias "Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu Pai" (Nova Fronteira).
        Agnes, 80, disse que viu o filme "há muito tempo". "Do que vi, eu gostei." Disse, no entanto, que seu advogado "entrará em contato com elas. Porque não foi autorizado."
        Sobre detalhes das conversas com as diretoras, elas pediram à Folha que entrasse em contato com o advogado Roberto Halbouti. Por e-mail, ele se dispôs a falar com a reportagem, mas, em viagem a Londres, não foi localizado até a conclusão desta edição.
        Vilma diz não ter restrição à publicação dos diários, restrição essa que estaria ligadas a menções a Aracy, a segunda mulher de seu pai. "É fofoca", disse, e acrescentou: "Eu pretendo publicar [as cadernetas] um dia. Não tenho interesse em prender as coisas de papai".
        Ela disse ainda ser pelo "meio termo" no debate sobre autorização de biografias. "Se quiser fazer biografia, vá à família, converse, faça algo bonito, divulgue se valer ser divulgado. Sou contra intromissão na intimidade."

          José Simão

          folha de são paulo
          IPTU! Impossível Pagar Tudo Isso!
          O PlayStation 4 vai custar R$ 4.000 no Brasil! Ajudem uma quenga a comprar um PlayStation 4!
          Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Sony diz que PlayStation 4 no Brasil vai custar R$ 4.000! Ajudem uma quenga a comprar um PlayStation 4!
          Olha esse classificado: "Thais linda, pernas grossas, bumbum grande, cintura fina, R$ 800,00 a noite toda. Não está caro, vale a pena. Tenho que comprar meu PlayStation 4!".
          Como o PlayStation 4 está por R$ 4.000, ela vai ter que dar cinco vezes pra jogar um videogame. Se depender de mim, ela não compra nem um Atari! Rarará!
          E esse outro:"Procura-se garotas de programa evangélicas. Tratar com Cida". Tratar com Cida, Feliciano e Malafaia. Programa com dízimo incluso! Rarará!
          E o leilão xing-ling do pré-sal! Mais uma charge do Aroeira com o ministro Lobão, vulgo porteiro de necrotério, batendo o martelo: "Dou-lhe uma! Dou-lhe duas! Vendido pra dentuça da primeira fila". Rarará! Partilha: metade pra dentuça e metade pro panda! Rarará! A Petrobras vai mudar de nome pra Petropanda!
          E avisa pro Malddad que IPTU quer dizer Impossivel Pagar Tudo Isso! E aí vem as chuvas de verão e IPTU vira Imposto sobre Teto Úmido!
          E sabe que imposto eu vou pagar? O IPN, Imposto sobre Porra Nenhuma! Não vou pagar nada e o Malddad vai ficar na saudade, ops SALDDAD! Rarará! E a manchete: "Vendeu a casa pra pagar o IPTU".
          Aliás, eu já disse que o Haddad devia ser prefeito de Bollywood. Cara de galã indiano! E que o Haddad é um pré-feito. Pré-feito pelo Lula. Rarará!
          E em São Paulo, carro é que paga IPTU. Por bem imóvel! Rarará!
          E a manchete do Piauí Herald: "Eike Batista leiloa gravata usada". E será que os chineses que compraram o pré-sal, vão comprar a gravata também?
          Glavata Pilata! A Glavata é Nossa! Rarará!
          E essa bem infame de horário de verão. O cara no ponto de ônibus: "Que horas são?". "Duas na velha e três na nova." E a velhinha ao lado: "e cinco na sua mãe, seu fdp!". Rarará. É mole? É mole mas sobe!
          Os Predestinados! Um amigo foi fazer curso de combate a incêndio na empresa EcoFire e adivinha o nome do bombeiro instrutor? Claudio ÁGUA!
          E essa direto do porto de Santos: despachante aduaneiro, ANTIMAR Junior! Rarará. Nóis sofre mas nóis goza!
          Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

            Contardo Calligaris

            folha de são paulo
            'Longe da Árvore'
            Será que saberíamos produzir vidas com uma esperança diferente da de reproduzir a nós mesmos?
            Li o novo livro de Andrew Solomon quando foi publicado nos EUA, no fim de 2012. Para explicar por que ele é, para mim, um dos ensaios mais importantes das últimas décadas, preferi esperar a tradução em português, "Longe da Árvore "" Pais, Filhos e a Busca da Identidade" (Companhia das Letras).
            O título se refere ao ditado segundo o qual os frutos nunca caem longe da árvore que os produziu --ou seja, "tais pais, tais filhos". Só que, às vezes, nossos filhos nos parecem diferentes de nós: frutos caídos longe da árvore. De qualquer forma, a árvore quase sempre acha que seus frutos caíram mais longe do que ela gostaria. E, na nossa cultura, amar os filhos que são diferentes de nós não é nada óbvio.
            A obra de Solomon é um extraordinário elogio da diversidade e da possibilidade de amar e respeitar a diferença, mesmo e sobretudo nos nossos filhos. Por acaso, li o livro de Solomon logo depois das tocantes e bonitas memórias de Diogo Mainardi ("A Queda", Record) sobre o amor por seu primogênito, Tito, diferente por ser portador de paralisia cerebral.
            A leitura de "Longe da Árvore" ajudará qualquer pai a não transformar suas expectativas em condições de seu amor. Isso bastaria para que a obra de Solomon fosse imprescindível --para pais e para filhos. Mas há mais.
            Retomo uma distinção que Solomon usa. Chamemos de identidades verticais as que são impostas ou transmitidas de geração em geração: elas são consequência da família, da tribo, da nação na qual nascemos e também das expectativas dos pais (quando elas moldarem os filhos). Chamemos de identidades horizontais as que inventamos ou às quais aderimos junto com nossos pares e coetâneos: elas são tentativas de definir quem somos por nossa conta, sem nada dever à árvore da qual caímos.
            O paradoxo é o seguinte: a ideia crucial da modernidade é que as identidades verticais não constituem mais nosso destino (por exemplo, o fato de nascer nobre ou camponês não decide o lugar que o indivíduo ocupará na sociedade).
            Os filhos, portanto, conhecem uma liberdade sem precedentes (viajam, mudam de país, de status, de profissão etc.), atrás do sonho moderno de "se realizarem" --e não do sonho antigo de repetirem seus antepassados. Mas acontece que esse sonho de "se realizarem" é também o dos pais, os quais, como qualquer um, só "aconteceram" pela metade (quando muito). Consequência e conflito: os filhos deveriam correr livres atrás de seus próprios sonhos, enquanto os pais esperam e pedem que os filhos vivam para contrabalançar as frustrações da vida de seus genitores.
            Será que um dia seremos capazes de um amor não narcisista pelos nossos filhos? Será que seremos capazes de querer produzir vidas por uma razão diferente da de reproduzir a nós mesmos?
            Se isso acontecer um dia, será possível dizer que "Longe da Árvore" foi o primeiro indicador de uma mudança que transformou nossa cultura para sempre.
            Alguns poderiam se assustar diante do tamanho da obra de Solomon, que é monumental (mais de 800 páginas). Reassegurem-se: a leitura é fascinante.
            O livro é construído assim: há uma introdução, "Filho", imperdível, e uma conclusão, "Pai" (de filho para pai é o caminho que o próprio Solomon percorreu na sua vida).
            No meio, há dez capítulos (que não precisam ser lidos na ordem) sobre as "diferenças" de filhos que caíram longe da árvore e como os pais lidaram com elas (surdos, anões, síndrome de Down, autismo, esquizofrenia, deficiência, [crianças-]prodígios, [filhos de] estupro, crime, transgêneros). A essa lista é necessário acrescentar gay e disléxico, que são os traços que fizeram de Solomon um diferente.
            Das centenas de entrevistas nas quais ele se baseia, Solomon sai com um certo otimismo sobre a possibilidade de os pais aprenderem a amar filhos diferentes deles.
            Entendo seu otimismo assim: as diferenças extremas (como as que ele contempla) derrotam o narcisismo dos pais de antemão (esses filhos nunca serão uma continuação trivial de vocês) e portanto levam à possibilidade de amar os filhos como entes separados de nós.
            No dia a dia corriqueiro da relação pai-filho, o narcisismo dos pais e dos adultos produz uma falsa e incurável infantolatria: parecemos adorar as crianças, mas mal as enxergamos --apenas amamos nelas a esperança de que elas realizem nossos entediantes sonhos frustrados.

            Mônica Bergamo

            folha de são paulo

            Artistas se reúnem na casa de Wagner Moura para criar protesto contra repressão policial

            Ouvir o texto

            Um grupo de artistas se reuniu anteontem, no Rio, na casa de Wagner Moura, para estudar uma forma de protestar contra a repressão policial às manifestações. E também criticar parte da mídia, que, no entendimento deles, estaria "criminalizando" as passeatas no país. Decidiram gravar depoimentos para espalhar um viral na internet.
            CARA A CARA
            Na reunião, eles ouviram a exposição de advogados ligados à defesa dos direitos humanos. Os profissionais disseram que a polícia, quando é truculenta, acaba aumentando a confusão na rua, gerando reações exacerbadas de alguns manifestantes.
            ADESÃO
            Estavam presentes, entre outros, Camila Pitanga, Leandra Leal e o advogado João Tancredo, do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos. Artistas que não estavam na reunião se comprometeram a enviar vídeos para engrossar o movimento.
            ATUAL
            E o instituto, com outras organizações, prepara levantamento nacional com dados atualizados sobre o número de pessoas desaparecidas nos últimos anos. Vai tentar determinar, entre eles, os casos em que a polícia é suspeita de participar do sumiço.
            'SERIA UM PRAZER VESTIR A PRESIDENTE DILMA'
            De óculos escuros e a jovem namorada como escudo, Roberto Cavalli recebeu convidados, anteontem, para jantar em sua homenagem no Morumbi. Deborah Secco foi a primeira a chegar. Usava vestido do estilista, assim como a maioria das convidadas.

            Jantar para Roberto Cavalli

             Ver em tamanho maior »
            Divulgação
            AnteriorPróxima
            A empresária Janete Boghosian ofereceu jantar para o estilista Roberto Cavalli, na terça (22). A atriz Deborah Secco, as modelos Izabel Goulart e Fernanda Motta e a filha da anfitriã, Fernanda, foram ao evento
            *
            "Como adoro as mulheres brasileiras, estou no paraíso", fez charme o italiano de 73 anos. Ele não desgrudou da modelo suíça Sandra Bergman, seu novo affair, várias décadas mais jovem. Recém-separado de Eva, sua segunda mulher, o estilista circulou no verão europeu com a russa Lina Nilson, 20.
            *
            Eleito de várias poderosas de Hollywood, Cavalli acredita que poderia agradar na área política. "Seria um prazer vestir a presidente Dilma", disse à Folha. Sobre o estilo sóbrio da brasileira e da chanceler alemã, Angela Merkel, indaga: "Por que mulheres maduras que chegam ao poder só usam roupas minimalistas?".
            *
            O estilista, rei da estamparia de pele de animais e das fendas e decotes, veio a SP lançar sua linha para a C&A.
            *
            Na tarde de terça-feira, Cavalli reservou um horário para as clientes da sua marca de luxo. Mais tarde, emendou o ti-ti-ti com algumas delas no jantar oferecido por Janete Boghosian, representante da grife no Brasil.
            *
            O estilista diz que está satisfeito com os negócios no país. Sua última visita foi há nove anos, quando inaugurou a loja em SP. "É um grande mercado. Tanto que estou voltando." Revela conversa com uma editora brasileira para lançar sua autobiografia ( "Just Me") em português.
            *
            Luciana Gimenez chegou à festa minutos depois da partida do homenageado, por volta da meia-noite. Escolheu modelo Cavalli com fenda à la Angelina Jolie.
            *
            Com 59 kg em 1,82m, dizia-se triste por ter "engordado um pouquinho". Para evitar marcas indesejadas no longo justíssimo, usava espécie de tapa-sexo, truque que aprendeu em Cannes.
            *
            A top Fernanda Motta, grávida de quatro meses, exibia a barriguinha em um vestido com estampa de vaca.
            *
            Em um míni de pedraria, também do estilista, a aniversariante Izabel Goulart ganhou mimos pelos 29 anos.
            *
            A produtora Tatiana Quintella optou por um longo estampado de leopardo e divulgava os números do primeiro final de semana de exibição do filme "Serra Pelada". "Foram 130 mil espectadores entre sexta e segunda. Se for para o Oscar, vou de Cavalli."
            PELO CORREIO
            A Nissan deve encaminhar ainda nesta semana resposta à carta que Lula enviou ao presidente mundial da montadora, Carlos Ghosn, condenando restrições à sindicalização numa fábrica no Mississipi (EUA). Dirá que foram feitas duas eleições secretas entre os funcionários da empresa e que eles optaram por não se filiar a nenhuma organização sindical.
            PELO CORREIO 2
            Há cerca de 50 dias, o ex-presidente escreveu: "Me causa um sentimento de indignação que a Nissan mantenha atitude de intransigência e intolerância em uma planta americana, cabendo indagar se isso decorre de alguma decisão da própria empresa ou, mais grave ainda, se é fruto de intervenções inaceitáveis do governo dos EUA".
            GRANDE FAMÍLIA
            Zezé Di Camargo vai ser avô novamente: a cantora Wanessa Camargo e o genro do cantor, Marcus Buaiz, vão ter o segundo filho. Ela recebeu a confirmação da gestação de quase dois meses na sexta-feira passada.
            NÃO AUTORIZADA
            Juca Chaves está escrevendo sua "autobiografia não autorizada", e deve concluir o projeto todo em sete dias. O humorista estuda proposta de duas editoras que se ofereceram para lançar a obra.
            À FRANCESA
            A diretora do Théâtre du Soleil, Ariane Mnouchkine, chega a SP na segunda para a estreia de seu novo filme, "Os Náufragos da Louca Esperança", no CineSesc.
            PARECE E É
            Na nova edição do livro "O Essencial", Costanza Pascolato incluiu o capítulo Maturidade. "Nunca menti a idade. Na verdade, sempre gostei de aumentá-la um ou dois anos. Assim, pelo menos me habituei a ouvir o clássico elogio 'você parece mais nova!' sem culpa. E não é que eu sou mais nova mesmo?", diz a consultora de moda de 74 anos. No capítulo Tempos Modernos, Comprando pela Internet, ela dá dicas de como otimizar compras online.
            CAIXA
            Fidel Castro enviou charutos Cohiba Lanceros para o escritor Fernando Morais na semana passada. O emissário foi o cônsul para assuntos comerciais do país em SP, René Capote.
            DOIS EM UM
            O artista plástico Kleber Matheus recebeu convidados na inauguração da exposição "Bold" e da 7ª edição do 2Fanzine, em parceria com Dudu Bertholini. Estiveram por lá a empresária Karina Mota, o fotógrafo Guilherme Dalvi e Luana Araujo.

            Inauguração da exposição "Bold"

             Ver em tamanho maior »
            Zanone Fraissat/Folhapress
            AnteriorPróxima
            O artista plástico Kleber Matheus recebeu convidados na inauguração da exposição "Bold" e do lançamento da 7ª edição do 2Fanzine, feito em parceria com o estilista Dudu Bertholini, na terça (22), na Galeria Nacional.
            CURTO-CIRCUITO
            O Sesc Bom Retiro promove hoje o debate "Olhares para a boemia, a prostituição e a crônica", às 19h.
            Frejat apresenta amanhã o show "O Amor é Quente" no HSBC Brasil, às 22h. 14 anos.
            O Instituto George Mark Klabin realiza hoje jantar beneficente para comemoração do seu aniversário de 20 anos, no Bar des Arts.
            Marcelo Rubens Paiva e Mara Gabrilli falam amanhã no workshop "A Inclusão Social no Cooperativismo", na Sescoop/SP, as 11h30.
            A banda Forgotten Boys lança clipe no Club Noir amanhã, às 22h. 18 anos.
            Os atores Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello participam amanhã de jantar italiano beneficente do GRAACC, na Vila Olímpia.
            Mônica Bergamo
            Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.