sábado, 26 de outubro de 2013

Mônica Bergamo

folha de são paulo

Produtora de Fernando Meirelles, 02 Filmes passará a atuar como distribuidora

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A 02 Filmes vai passar a atuar na área de distribuição. O novo braço operacional da produtora do cineasta Fernando Meirelles será a 02 Play, sob direção de Igor Kupstas. O primeiro filme a ser lançado pelo selo é o documentário "Cidade Cinza", que chegará aos cinemas em 22 de novembro, em codistribuição com a Espaço Filmes.
EM TODAS
Já a distribuição do longa "Latitudes", prevista para janeiro do ano que vem, ficará inteiramente a cargo da 02 Play. Com lançamento em março, "Entre Nós", de Paulo Morelli, será distribuído em parceria com a Paris Filmes e a Downtown Filmes. "Estamos entrando devagar para participar de toda a cadeia produtiva e fazer com que nossos filmes tenham mais visibilidade", diz Morelli, sócio da 02.
NA TELA
A família de Mário Covas autorizou documentário e cinebiografia sobre o ex-governador, morto em 2001. O roteirista Thiago Carvalho obteve a cessão de direitos da Fundação Mário Covas para tocar os dois projetos. Com custo de R$ 800 mil, o documentário vai ser inscrito na lei de incentivo estadual, Proac, e também na Lei Rouanet. "Vamos entrar com os pedidos ainda este ano para rodar em 2014", explica o roteirista, que também vai dirigir o documentário.
DENTES BRANCOS
O prêmio Sorriso do Bem será conferido ao "melhor dentista do mundo em 2013" nesta segunda, no teatro Alfa, em São Paulo. "Premiamos aquele profissional que entende que sua função na sociedade está muito além do consultório e dos clientes que pagam por uma consulta", diz Fábio Bibancos, presidente da organização.
A CASA É SUA
O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), foi saudado em um jantar anteontem com alguns dos maiores empresários do país, em São Paulo, como uma liderança agregadora e moderada. E que, segundo o anfitrião, João Doria Jr., em "muitos e muitos momentos, salvou o país do precipício institucional".

João Doria Jr. recebe convidados em jantar

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Zanone Fraissat/Folhapress
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O empresário João Doria Jr. e a mulher, Bia, receberam convidados em jantar de homenagem a Michel Temer, vice-presidente da República
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Temer correspondeu ao figurino. Ao tomar a palavra, admitiu logo de cara que o governo Dilma Rousseff tem arestas com os representantes do PIB brasileiro. "Eu sei que muitas e muitas vezes o setor empresarial tem problemas em relação ao governo. Vários empresários me procuram nos mais variados momentos [e dizem]: 'Mas, ô, Temer, vem cá, essa coisa do governo, você tem que ajudar nisso, ajudar naquilo'."
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Temer louvou a "responsabilidade fiscal" e a "democracia da eficiência", num discurso considerado "show" pelo banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. A outros convidados como Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, Jorge Gerdau Johannpeter, do grupo Gerdau, e Josué Gomes, da Coteminas, o peemedebista se ofereceu como "canal, veículo condutor" para levar demandas ao coração do governo.
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"Quando forem ao meu gabinete, as portas não estarão abertas. Eu mandarei tirar as portas para vocês entrarem", finalizou o vice de Dilma.
CURTO-CIRCUITO
A USP recebe a partir desta segunda a conferência Emancipação, Inclusão e Exclusão. Desafios do Passado e do Presente, às 14h, na praça do Relógio.
A Sara Nossa Terra lança hoje a revista "+Mulher", com reportagem sobre divórcio e entrevista com a empresária Sonia Hess.
A Casa 92 faz amanhã a festa infantil Caricatinhos, às 13h. Livre.
com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
Mônica Bergamo
Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

Ueba! Obama apanha da Merkel!

folha de são paulo
JOSÉ SIMÃO
E o Dida tá sendo procurado: matou um pato, 11 galinhas e 35 milhões de gambás. Crime ambiental!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! "Classificadora de pintos ganha pensão vitalícia." Diz que ela classifica 2.800 pintos por hora! Esse serve, esse não serve, esse é torto pra esquerda! Acho melhor ela não ser muito exigente na classificação!
E outra piada pronta: "Corinthians lança Seguro de Assistência Funeral". Eu tenho a foto do comercial: "Seguro de Assistência Funeral. Para quem é Corinthians do início até o fim. Com cerimônia de despedida especial corintiana". Deve ser despedida com pênalti do Pato! Aquele pênalti com cavadinha.
E eu já disse que corintiano não sabe fazer cavadinha, sabe fazer túnel. Pra fugir da penitenciária! Rarará!
E o Obama? O abelhudo! Espionando a Merkel. Se ele escapou de apanhar da Dilma, vai apanhar da Merkel! Com aquela cara de ressaca de Oktoberfest!
E a charge do San Salvador com Obama falando pro assessor: "Tô espionando uma alemãzinha que você precisa ver". Já vimos, é um bagulho! Rarará!
O Obama tem tara por mulher mal-amanhada: Dilma e Angela Merkel. As duas parecem que saíram da boca da vaca! Essas duas podiam se juntar e dar um pau no Obama! O Obama descobriu que a Dilma dorme de pijaminha de Che Guevara. E que a Merkel não dorme, RONCA!
E o Berlusconi, o Maluf Pornô, com aquela sutileza que lhe é peculiar, disse que a Angela Merkel tem uma bunda incomível. Incomível e inquebrável! A bunda da Merkel parece um apfelstrudel incomível. Rarará!
E o Brasil todo quer saber se o Obama sabe: a idade da Glória Maria! Sabe, mas não cabe na internet! Rarará!
E um leitor quer saber: "Caro presidente Obama, a minha mulher vai pro cabeleireiro três vezes por semana mesmo ou é migué dela?". E um outro leitor: "Caro presidente Obama, espero que o que eu fiz com a minha secretária ontem fique só entre nós três". Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
E atenção! Já tem uma nova dupla sertaneja em São Paulo: Alcksiemens e Serralstom. Só cantam no metrô! E um leitor me disse que o Haddad encheu a cidade de "haddares". Rarará!
E o Dida tá sendo procurado: matou um pato, 11 galinhas e 35 milhões de gambás. Crime ambiental! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

    Obra recupera memória de cantores esquecidos - Ruy Castro

    folha de são paulo
    CRÍTICA - BIOGRAFIA
    Voltada para iniciantes, 'Os Reis da Voz' faz refogado de fatos conhecidos e não cumpre promessa feita pelo título
    RUY CASTROCOLUNISTA DA FOLHAFrancisco Alves foi o maior cantor brasileiro de seu tempo --o que mais gravou e vendeu discos, o mais influente, mais rico etc. Orlando Silva, por sua vez, foi o melhor (e talvez do mundo) --mas só por um curto período de sua carreira, entre 1935 e 1942, antes que "a morfina, o álcool e uma mulher" o destruíssem.
    Já Silvio Caldas foi o mais durável: em 70 anos de microfone, sua voz, da qual ele se "despediu" 20 ou 30 vezes, nunca o abandonou. E Mário Reis, quem não o admirava?
    Inventou a bossa na música brasileira, fez dupla com Chico Alves e, grã-fino como ele só, aposentou-se prematuramente. Você sabia?
    Rápidas pinceladas poderiam ser dadas também a respeito de Vicente Celestino, Moreira da Silva, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto e outros grandes cantores brasileiros perfilados em "Os Reis da Voz", de Ronaldo Conde Aguiar.
    O livro presta um serviço: põe em letra de fôrma 15 artistas que, de 1930 a 1960, deslumbraram a cena nacional e, agora, quase todos mortos, caminham para o completo esquecimento.
    Ao contrário dos Estados Unidos, da França e da Argentina, o Brasil é ingrato para com seus velhos ídolos --tente comprar, hoje, CDs de muitos dos cantores citados.
    Tendo em vista um público talvez disposto a se iniciar nessa fase da música brasileira, o autor dispensa a busca de informações novas e faz um refogado do que se escreveu a respeito. Na verdade, vale-se mais de biografias já publicadas do que indica a bibliografia.
    O texto cita liberalmente fatos a custo levantados por esses biógrafos e, às vezes, joga uns contra os outros, apenas para concluir que "nada disso importa" --mas importou para que o autor encorpasse tal ou qual perfil.
    Há uma profusão de "há quem diga" e "há quem afirme", ao que se segue uma afirmação vaga e sem crédito --quem é "há"?
    Pena também que, partindo de uma ideia tão interessante, a promessa do título não seja cumprida. O texto não revela claramente o que tornou aqueles homens os "reis da voz".
    Passa batido pelo estilo de cantar e pela evolução dos talentos vocais da maioria deles e, em vez disso, concede grande espaço à trajetória de seus pais ou avós --algo indispensável numa biografia, mas impróprio para os limites de um perfil.
    O livro se sai melhor quando trata de cantores ainda menos estudados, como Carlos Galhardo, Cyro Monteiro, Jorge Goulart, Tito Madi, Germano Mathias, todos, um dia, merecedores de boas biografias --que, pela amostra, o autor poderia escrever.

      Painel das Letras - Raquel Cozer

      folha de são paulo
      Um passinho para trás
      Poucas semanas depois de abrir, em Curitiba, sua primeira filial fora de São Paulo, a Livraria da Vila fechará sua maior loja paulistana. A unidade do shopping Cidade Jardim, de 2.500 m2, dará lugar em 2014 a uma loja menor e em outro andar do centro comercial. "Quando abrimos essa loja, em 2008, achávamos que seria o ideal, mas nosso jeito de atender combina mais com espaços menores", diz Samuel Seibel, dono da rede. As unidades mais antigas têm até 900 m2.
      A rede tem hoje oito lojas, e segundo Seibel não há previsão de uma nona. Mas ele promete para 2014 o início da venda de livros impressos e digitais pelo site.
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      // NOVO FÔLEGO PARA A LASELVA
      A oferta de títulos à venda nas lojas da Laselva andou reduzida neste ano, em especial após a rede entrar com pedido de recuperação judicial, em maio, com dívidas estimadas em R$ 120 milhões. Como a empresa devia pagamentos a editoras, estas pararam de fornecer livros à rede. Esse cenário pode mudar com parceria anunciada a editores na quarta-feira.
      No encontro, eles foram convidados a fornecer livros via Superpedido, distribuidora que então abastecerá a Laselva. Com o intermediário, a rede pagará mais pelos livros, mas ao menos voltará a tê-los nas prateleiras. A princípio, em fase de testes, a parceria valerá apenas para a loja do aeroporto de Guarulhos.
      A Superpedido não confirma. Informa apenas que apresentou, no encontro, serviços para livreiros independentes.
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      ESTAMIRA VIVE Frases da catadora Estamira (1941-2011) no filme de 2004 de Marcos Prado integram o bilíngue 'Fragmentos de um Mundo em Abismo', que a N-1 lança em novembro, em embalagem tipo saco de lixo
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      Tango do demo O clássico cult "Sátántangó", do húngaro László Krasznahorkai, que originou filme homônimo de sete horas e meia de Béla Tarr, de 1994, foi comprado pela 34. Mais sucinto que a versão audiovisual, o romance de 320 páginas trata de uma vila impactada pelo retorno de um ex-morador com ares messiânicos.
      Na voz de Ana C. Ana Cristina Cesar narra o poema "Samba-Canção" no trailer do livro "Poética", que a Companhia das Letras divulga nos próximos dias para acompanhar o lançamento, programado para 25 de novembro. O vídeo será ilustrado com lambe-lambes, cartas e folhas mimeografadas, sob produção da Mínimas --que também fez o vídeo do "Toda Poesia", de Paulo Leminski.
      Fora de casa "Crônica da Casa Assassinada" (1959), de Lúcio Cardoso, ganhará tradução nos EUA em 2014. Os direitos foram adquiridos há pouco pela Open Letter Books. Curiosamente, o título está indisponível nas maiores livrarias do Brasil, mas, segundo a editora Record, isso será sanado em breve, quando for distribuída a edição com novo projeto gráfico.
      Fora de casa 2 O romance "Os Éguas" (Boitempo), do paraense Edyr Augusto, causou boa impressão na França, onde saiu há pouco. Uma leitura de "alto nível", segundo a revista "La Cause Littéraire", e "uma das surpresas mais agradáveis de 2013", segundo o jornal "Nice-Matin", o thriller aborda os vícios da alta sociedade manauense.
      Fora de casa 3 O tradutor Diniz Galhos teve trabalho árduo. Edyr Augusto teve de esclarecer, por exemplo, que "aceitou uma banda e deu um tapa" quer dizer "receber uns R$ 5, coisa pouca; já o tapa é uma pequena quantidade para fumar, seja em cachimbo, seja em cigarro, tipo crack". Em 2014 a editora Asphalte publica "Moscow", do mesmo autor.
      Natal A L&PM prevê para dezembro "Messi: O Garoto que Virou Lenda", de Luca Caioli. Em adaptação para o cinema pela Epic, a biografia conta detalhes como a enorme timidez e as dificuldades com a leitura que o atual jogador do Barcelona enfrentou na escola, na cidade argentina de Rosário, antes de ser detectado o problema hormonal que lhe retardou o desenvolvimento ósseo.

        sexta-feira, 25 de outubro de 2013

        Para Sheila Mann, refeição pode ser passo para o entendimento entre árabes e judeus

        folha de são paulo
        MARÍLIA MIRAGAIA
        DE SÃO PAULO
        Quando era pequena, minha mãe controlava minha alimentação, eu gostava muito de comer. Ela cozinhava receitas locais, árabes, feitas seguindo preceitos judaicos.
        Nós, judeus, não podemos misturar carne com leite e fazemos compras em açougues kosher. Eles existiam no bairro judeu onde morávamos,
        em Beirute, no Líbano. Nele, também havia sinagogas.
        Rama de Oliveira/Divulgação
        Escritora Sheila Mann, autora do livro "Culinária do Líbano a Israel"
        Escritora Sheila Mann, autora do livro "Culinária do Líbano a Israel"
        Poucas coisas não kosher entravam em casa. Uma delas era cabeça de carneiro assada. Se pudesse, comeria inteira, sozinha. Mas, naquela época, tínhamos de dividir tudo.
        Lembro da minha mãe desembrulhando, bem devagar, a cabeça, que vinha envolta em papel-manteiga e era temperada com pimenta-síria.
        Ela separava cada pedacinho -as bochechas, a língua, o miolo- e distribuía. O miolo, macio, era meu favorito.
        Lembro das comidinhas de quando ia para escola. Tinha pasta de damasco, pizza de zaatar, rosquinhas com sumac e picles de nabo. É uma pena que tinha só uma moedinha.
        Tinha 13 anos quando fomos morar em Israel. Foi uma mudança inesperada. Acho que meu pai pressentiu que a situação ia piorar. Isso aconteceu anos antes de estourar a guerra civil libanesa.
        Lá, continuamos a cozinhar as mesmas receitas árabes. A comida de Israel é muito parecida com a árabe.
        Já estava no sexto mês no Exército, obrigatório também para mulheres, quando conheci meu marido, um judeu que nasceu no Líbano, assim como eu. Mudei para o Brasil, onde ele já morava.
        Aqui, comecei a me interessar mais pelas receitas da minha mãe. A cozinha aproxima as pessoas. Quando você se senta à mesa tem algo em comum com o outro: todos dependemos de comida.
        Sou artista plástica e, depois que o chef Ferran Adrià participou da mostra de arte Documenta de Kassel, tive a ideia de fazer uma performance artística conectando a gastronomia e a convivência entre judeus e árabes na Pinacoteca.
        Decidi me envolver com essa questão depois que o rabino Henry Sobel nos lembrou que judeus e árabes são apenas dois povos habitando a mesma terra, somos os dois lados da mesma moeda.
        O Estado de Israel precisa existir, mas não concordo com a política do governo atual em relação aos territórios árabes ocupados.
        Assim surgiu o "Peace on the Table". Já realizei jantares para as duas comunidades e em meu livro também trato do tema. Uma refeição pode ser um passo para o
        entendimento.
        *
        KOSHER
        Alimento preparado segundo os preceitos da religião judaica
        SUMMAC
        Usado como condimento, é um pó vermelho e ácido extraído das folhas do arbusto sumagre
        ZAATAR
        Mistura de tomilho moído, summac, sementes de gergelim torradas e sal
        SERVIÇO
        Culinária do Líbano a Israel
        Autor Sheila Mann
        Quanto R$ 99 (167 págs.)

        Mônica Bergamo

        Estre Ambiental desiste de deixar Argentina após reunião com governo

        folha de são paulo
        MEIA-VOLTA
        A Estre Ambiental voltou atrás em sua decisão de deixar a Argentina. Depois de meses sem receber e de afirmar que não teria mais condições de seguir no país, o empresário brasileiro Wilson Quintella Filho foi chamado por autoridades de Buenos Aires para negociar. O acordo prevê que a dívida será saldada em várias parcelas.
        LONGO PRAZO
        A Estre, que faturou R$ 2 bilhões em 2012, atua em toda a cadeia de lixo e é uma das maiores empresas do Brasil na coleta de resíduos sólidos. Tem negócios também nos EUA e em estados como SP, Rio e Paraná. A expectativa da companhia, segundo Quintella, é a de que, passada a turbulência eleitoral, a economia argentina entre em um período de maior estabilidade, "qualquer que seja o presidente eleito".
        SEM CENSURA
        A Associação Brasileira de Imprensa encaminhou carta a Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da Rádio e TV Cultura), em apoio a Salomão Schwartzman, apresentador da rádio. O documento afirma que causou "espanto" a notícia de que "um conselheiro" [Ivo Herzog] havia pedido que "um jornalista seja banido de seu trabalho por ter feito um comentário sobre a triste realidade da segurança pública dos dias atuais".
        QUERER CALAR
        Ivo Herzog, conselheiro da fundação e filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura, protestou contra comentários de Schwartzman sobre "a turma dos direitos humanos". "Querer calar um jornalista é algo parecido com o que faziam os censores do regime militar", diz a ABI- SP.
        UMA DÉCADA DE MODA
        O estilista Sandro Barros comemorou dez anos de carreira com desfile anteontem nos jardins da casa de Liana Moraes, sogra de Renata Queiroz de Moraes, sua sócia. A administradora Mariana Auriemo, a advogada Ana Eliza Setúbal, a estudante Johanna Birman e a estilista Isabella Giobbi foram ao evento, que também contou com a presença de Tania Derani e Ruth Malzoni.

        Desfile do estilista Sandro Barros

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        Zanone Fraissat/Folhapress
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        Renata Queiroz de Moraes recebeu convidados na quarta (23) para o desfile de comemoração de dez anos de carreira do sócio, o estilista Sandro Barros
        CLÁUSULA PÉTREA
        Ivo Herzog diz que não quer calar o jornalista e sim "criticar e levar a debate declarações que não se coadunam com valores da fundação, de defesa da liberdade de expressão, da ética e dos direitos humanos".
        VENDE TUDO
        O ator e dramaturgo Mário Bortolotto colocou à venda a sua coleção de livros e gibis. Ele está se mudando para um apartamento menor. Vai usar o dinheiro para as "pesadas" prestações do novo imóvel.
        *
        Os mais de 300 títulos, entre biografias, obras clássicas e poesia, custam de R$ 5 a R$ 60, cada uma.
        HOMENAGEM
        O Senado vai condecorar a cantora Fafá de Belém com a medalha Ulysses Guimarães, criada para comemorar os 25 anos da Constituição. José Sarney, Michel Temer, Bernardo Cabral, Nelson Jobim, Fernando Henrique Cardoso e Lula também devem ser homenageados.
        LUZ DO SOL
        Dois condomínios do Minha Casa, Minha Vida, em Juazeiro (BA), foram autorizados a comercializar energia solar produzida a partir da instalação de módulos sobre os telhados de suas unidades habitacionais. O projeto, parceria da Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal e da empresa Brasil Solair, foi regulamentado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A energia será vendida para a própria CEF. Cada morador deve receber cerca de R$ 90, por mês, na condição de microgerador de energia.
        VIDA DE ESCRITOR
        O escritor Moacyr Scliar, morto em 2011, ganhará mostra sua vida no Santander Cultural, em Porto Alegre.
        *
        Ela será aberta em março de 2014.
        CURTO-CIRCUITO
        A Cia D'Alma estreia hoje o espetáculo "Doente", no teatro Aliança Francesa, às 21h. 12 anos.
        A Biblioteca Latino-Americana realiza hoje ciclo em homenagem aos 90 anos da escritora Lygia Fagundes Telles, às 18h.
        O diretor Eduardo Coutinho autografa seu livro amanhã, na livraria Blooks, às 18h.
        A culinária cabocla do alto rio Negro é tema do Entre Estantes & Panelas, nesta segunda, no teatro Eva Herz, às 19h30.
        com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
        Mônica Bergamo
        Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

        Análise do comportamento e autismo

        folha de são paulo
        DANIEL DEL REY, DENISE VILAS BOAS E JOÃO ILO
        "Rituais autísticos" decorrem de sensibilidade alterada a estímulos ambientais, dificuldade de integração e ausência de repertórios
        Em artigo publicado nesta seção, a presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Nilde Jacob Parada Franch ("Autismo e psicanálise", 13/9), referiu-se à abordagem da psicologia comportamental para o tratamento de autismo de forma simplista e equivocada.
        No passado, o autismo foi visto como resultado de problemas emocionais e o tratamento recomendado era a genérica psicoterapia.
        Com o avanço das neurociências, da genética e da própria psicologia, passou a ser compreendido como um problema de desenvolvimento. Referência mundial para a psiquiatria, o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) corrobora esse entendimento.
        O foco das intervenções passou então a ser educacional, visando a desenvolver e aprimorar habilidades e repertórios necessários para o bem-estar e a inserção social do autista.
        Foi nesse cenário que a tecnologia de ensino e de aprendizagem compreendida na ABA (análise comportamental aplicada) se sobressaiu e se tornou o tratamento privilegiado para pessoas com quadro do espectro autista. Isso se deve ao fato de a ABA historicamente ter se mostrado eficaz, e não pela propaganda de supostos benefícios.
        Os "rituais autísticos" mencionados por Nilde Franch, convém esclarecer, podem ter, em alguns casos, função de esquiva social, conforme ela mencionou. Mas, na maioria das vezes, decorrem da sensibilidade alterada do autista a estímulos ambientais, dificuldade de integração sensorial e ausência ou deficit acentuado de repertórios comportamentais básicos, como expressão verbal e aspectos paralinguísticos (expressões faciais, entonação da fala...).
        O estereótipo da psicologia comportamental como um método baseado em repetição e recompensa não passa de desconhecimento.
        A análise do comportamento não é um método, mas uma abordagem científica que examina a interação do sujeito com o seu entorno. Sua tecnologia de intervenção é efetiva porque articula um referencial teórico-conceitual sólido e dados empíricos robustos. Os métodos são embasados em estudos --atendimento em consultório e acompanhamento terapêutico no ambiente em que o cliente vive possibilitam a identificação de suas necessidades e o seu desenvolvimento.
        Basta consultar o banco de dados de periódicos como o "Jaba" (Jornal da Análise Comportamental Aplicada, na sigla em inglês) e os mais de 200 artigos sobre o autismo ali publicados para se conhecer os avanços científicos obtidos na área.
        Uma intervenção comportamental bem planejada tem de incluir o desenvolvimento de linguagem funcional, ensino de habilidades sociais, organização de rotina e estabelecimento de metas acadêmicas.
        Não é simplismo desenvolver pré-requisitos para se alcançar essas metas e para extinguir comportamentos autolesivos e estereotipados. Desses pré-requisitos dependem também o bem-estar do cliente e a possibilidade de um futuro com independência, produtividade acadêmica e equilíbrio emocional.
        Autismo é um transtorno grave que, se não for cuidado adequada e precocemente, comprometerá aspectos básicos para a sobrevivência e qualidade de vida das pessoas diagnosticadas com o problema. Seu tratamento exige a participação de equipes interdisciplinares envolvendo psicólogos comportamentais especializados, médicos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.
        A preocupação com a eficácia do tratamento é legítima. Famílias, órgãos governamentais e a sociedade precisam estar cientes dos riscos que despender tempo e recursos com propostas sem eficácia comprovada cientificamente representam. Tratamento inadequado pode resultar em consequências devastadoras para o desenvolvimento social, acadêmico e afetivo do autista.