sábado, 26 de outubro de 2013

A andorinha Lola, criada por Laerte, ganha livro; veja tiras da personagem

folha de são paulo

A andorinha Lola, criada por Laerte, ganha livro; veja tiras da personagem

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BRUNO MOLINERO
DE SÃO PAULO
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Lola, a andorinha que voa na última página da "Folhinha" toda semana, vai bater asas em um livro.
A obra se chama "Lola, a Andorinha" e traz tiras da ave desde seu "nascimento", em junho de 2010.
"Mas a ordem do livro não é a mesma em que elas saíram no jornal. A Lola é livre até nisso", diz Laerte, que inventou a personagem para a "Folhinha".
Laerte
FOLHINHA - Lola, personagem do cartunista Laerte ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Capa do livro "Lola, a Andorinha"
Na época, o caderno passava por uma mudança gráfica. Com a reforma, Laerte deixou de ilustrar uma página inteira a cada 15 dias e passou a fazer uma tira semanal.
"Precisei inventar novas histórias em um novo espaço, mas não queria trabalhar com os personagens que eu já tinha. Então criei um passarinho, que é simples e leve", conta.
E ela também é tão livre que às vezes desaparece. Isso aconteceu no início do ano, quando ela "tirou férias" de dois meses, e Laerte a substituiu por desenhos livres.
"É ótimo poder dar 'tchau' para a Lola de vez em quando. Um personagem demanda muito engajamento, às vezes o cartunista se torna refém dele. Mas nunca tive a intenção de sumir definitivamente com ela", afirma.
A coletânea de tiras pode ajudar a matar a saudade na próxima vez que a andorinha desaparecer. "É um movimento natural. Assim como a Lola, outros personagens meus também fizeram o caminho do jornal ao livro", diz Laerte, que autografará a obra amanhã, a partir das 10h, na praça Benedito Calixto, em São Paulo.
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Laerte, 62
Cartunista importante para a história dos quadrinhos no Brasil.
Avener Prado - 4.mai.13/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 04-05-2013: Quadrinistas Laerte e Angeli estiveram em bate-papo na abertura da exposição "Abobrinhas da Brasilônia", de charges políticas do Glauco Vilas Boas. (Foto: Avener Prado/Folhapress, ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO FOLHA***
Laerte, cartunista
Tem no currículo obras como "Piratas do Tietê", "Suriá" e "Los 3 Amigos", esta última feita em parceria com Angeli e Glauco (1957-2010). Desde 1991, faz tiras para a Folha.
No jornal, assina atualmente uma tirinha diária na "Ilustrada" e cria as histórias da Lola para a "Folhinha".


"Lola, a Andorinha"
AUTOR Laerte
EDITORA Narval Comix
PREÇO R$ 40,50
INDICAÇÃO a partir de 3 anos

Xico Sá

folha de são paulo

Pato, o tragicômico

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Amigo torcedor, amigo secador, em uma semana de tantos e incríveis personagens, até o genial tio Nelson Rodrigues teria dificuldades imensas para escolher o cara, afinal de contas, nos últimos sete dias parece que Deus refez o mundo a cada 90 minutos de várias partidas.
No que o Rogério Ceni aproveitou para se banhar de novo na piscina de "Cocoon" --lembra deste filme?-- e tirou da boca do próprio são-paulino a palavra aposentadoria. Neste jogo no Chile, o goleiro remoçou dez anos. No mínimo. Herói dos Andes, louvado inclusive pelos boleiros da Universidad Católica, "mitou" novamente, para usar este maldito verbo das redes sociais.
Outro gigante foi o homem do gelo baiano, Dida, também sob o signo dos quarentões. Que tranquilidade, que frieza. Nem comemorar, comemora, mesmo diante da insistência juvenil dos colegas de ofício. Dida, esse menino do Grêmio e do mundo, ex-Vitória e principalmente ex-Asa de Arapiraca, tem a classe de um Lev Ivanovich Yashin, o aranha negra aqui na América do Sul, o pantera negra para os europeus.
Impossível, porém, sob qualquer ótica da dramaturgia, tirar o papel principal da semana do menino Pato. Nada mais trágico, nada mais cômico, tragicomédia no melhor sentido grego. Partiu para a bola cantando alegremente, como o pernalta da bossa do João Gilberto, e fez aquela coisa inominável, inclassificável, nunca dantes vista desde que o Charles Muller nos presenteou com o futiba.
Não que o profeta Vicente Matheus, mito da história do Corinthians, não tivesse cantando a jogada há décadas, repare nessa frase das antigas: "Jogador tem que ser igual ao pato, que é um ser aquático e gramático". Gênio.
É o personagem. E chega de bullying. Chega de piada infame, já gastaram todo o estoque. Chega mais ainda de tentativas de agressões. O castigo já foi suficiente. O cara pode até ficar para sempre fora do clube. Pode ter que voltar para o clã do Berlusconi. Chega. Pronto.
Agora falemos de um herói positivo da semana: Hernane, El Brocador baiano, três gols no Flamengo 4x0 Botafogo, poderia ser o herói da semana. Aos trancos e barrancos, o rubro-negro está com jeitão de campeão desta Copa do Brasil, seu Jaime, o técnico mais elegante do país, que o diga.
A torcida do Vasco e a sua demonstração de fé anteontem no Maraca, idem, testemunhei vinte mil léguas submarinas de vascaínos em procissão de fé, radinho colado, eco do narrador Luiz Penido em toda a cidade do Rio de Janeiro. O Goiás do Walter, apesar da derrota, roeu o pequi de quem ri melhor na vida.
Um capítulo à parte: e os passes do Ganso, hein, Felipão? O único que ainda sabe meter, à moda antiga, aquela bolinha de sinuca em diagonal no meio da desprevenida zaga adversária, zagueiros perdidos no contrapé, o único dos nossos dias. Zico repetia esse ato a cada jogo. Fui.
@xicosa
Xico Sá
Xico Sá, jornalista e escritor, com humor e prosa, faz a coluna para quem "torce". É autor de "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea" e "Chabadabadá - Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha", entre outros livros. Na Folha, foi repórter especial. Na TV, participa dos programas "Cartão Verde" (Cultura) e "Saia Justa" (GNT). Mantém blog e escreve às sextas, a cada quatro semanas, na versão impressa de "Esporte".

André Singer

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A biografia de Dilma

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Em outubro de 2010, a candidata Dilma Rousseff afirmou, no horário eleitoral: "É um crime privatizar o pré-sal". Passados três anos, a presidente entregou 60% da maior reserva de petróleo abaixo da camada salina para quatro empresas estrangeiras, duas privadas e duas estatais chinesas.
Preocupada com a distância entre intenção e gesto, que lhe será cobrada no ano que vem, Dilma foi outra vez à TV na segunda-feira passada. Agora, disse que 85% da renda a ser produzida no campo de Libra ficaria com o Estado e a Petrobras, por isso não teria havido privatização.
É verdade que, enquanto Fernando Henrique Cardoso usava o sistema de concessões, a atual gestão usa o método da partilha, aprovado no fim do segundo mandato de Lula. Porém, ainda que distintas, sendo a nova forma menos lesiva aos interesses nacionais, ambas são maneiras de abrir a exploração a empresas estrangeiras. A questão é por que fazê-lo.
A resposta, óbvia: o Brasil não teria condição de realizar o serviço por si só. Foi essa a afirmação do então deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB-ES) em 2010 àFolha. "Vamos precisar de centenas de bilhões de dólares para explorar o pré-sal e é uma sandice achar que a Petrobras e o Estado brasileiro terão dinheiro para fazer tudo", declarou o tucano, sendo redarguido por Dilma na forma relatada acima.
O compromisso da Dilma candidata parece mais adequado do que a ação da Dilma presidente, ao menos a julgar pela ação judicial impetrada pelo jurista Fábio Comparato e pelo engenheiro Ildo Sauer. Nela, há um trecho elucidativo do depoimento de Maria das Graças Foster, chefe da estatal, ao Senado em setembro. Segundo Foster, a Petrobras, "do ponto de vista técnico e operacional", poderia dar conta de 100% da exploração de Libra. O que a empresa não conseguiria era pagar os R$ 15 bilhões que o governo colocou como "bônus de assinatura" para uma companhia participar do leilão.
Mas qual é o sentido de o governo cobrar de uma empresa do próprio governo um dinheiro que ela não tem para entrar em um leilão que ele não precisava fazer? Aí está o pulo do gato. O alto valor de entrada, criticado até pelo ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, teria sido posto para impedir que a Petrobras sozinha pudesse explorar a maior fonte petrolífera já descoberta no país.
Por quê? Penso, mas não tenho como provar, que Dilma quis incorporar o capital privado à operação para mostrar bom comportamento em uma fase de profunda desconfiança da burguesia. Com isso, de acordo com Sauer e Comparato, a União vai deixar de ganhar R$ 176 bilhões, além da perda de soberania. Em 2014, o pleito até pode ser vencido, mas a biografia de Dilma vai pagar pela reviravolta.
Folhapress
André Singer é cientista político e professor da USP, onde se formou em ciências sociais e jornalismo. Foi porta-voz e secretário de Imprensa da Presidência no governo Lula.

Mônica Bergamo

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Produtora de Fernando Meirelles, 02 Filmes passará a atuar como distribuidora

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A 02 Filmes vai passar a atuar na área de distribuição. O novo braço operacional da produtora do cineasta Fernando Meirelles será a 02 Play, sob direção de Igor Kupstas. O primeiro filme a ser lançado pelo selo é o documentário "Cidade Cinza", que chegará aos cinemas em 22 de novembro, em codistribuição com a Espaço Filmes.
EM TODAS
Já a distribuição do longa "Latitudes", prevista para janeiro do ano que vem, ficará inteiramente a cargo da 02 Play. Com lançamento em março, "Entre Nós", de Paulo Morelli, será distribuído em parceria com a Paris Filmes e a Downtown Filmes. "Estamos entrando devagar para participar de toda a cadeia produtiva e fazer com que nossos filmes tenham mais visibilidade", diz Morelli, sócio da 02.
NA TELA
A família de Mário Covas autorizou documentário e cinebiografia sobre o ex-governador, morto em 2001. O roteirista Thiago Carvalho obteve a cessão de direitos da Fundação Mário Covas para tocar os dois projetos. Com custo de R$ 800 mil, o documentário vai ser inscrito na lei de incentivo estadual, Proac, e também na Lei Rouanet. "Vamos entrar com os pedidos ainda este ano para rodar em 2014", explica o roteirista, que também vai dirigir o documentário.
DENTES BRANCOS
O prêmio Sorriso do Bem será conferido ao "melhor dentista do mundo em 2013" nesta segunda, no teatro Alfa, em São Paulo. "Premiamos aquele profissional que entende que sua função na sociedade está muito além do consultório e dos clientes que pagam por uma consulta", diz Fábio Bibancos, presidente da organização.
A CASA É SUA
O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), foi saudado em um jantar anteontem com alguns dos maiores empresários do país, em São Paulo, como uma liderança agregadora e moderada. E que, segundo o anfitrião, João Doria Jr., em "muitos e muitos momentos, salvou o país do precipício institucional".

João Doria Jr. recebe convidados em jantar

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Zanone Fraissat/Folhapress
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O empresário João Doria Jr. e a mulher, Bia, receberam convidados em jantar de homenagem a Michel Temer, vice-presidente da República
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Temer correspondeu ao figurino. Ao tomar a palavra, admitiu logo de cara que o governo Dilma Rousseff tem arestas com os representantes do PIB brasileiro. "Eu sei que muitas e muitas vezes o setor empresarial tem problemas em relação ao governo. Vários empresários me procuram nos mais variados momentos [e dizem]: 'Mas, ô, Temer, vem cá, essa coisa do governo, você tem que ajudar nisso, ajudar naquilo'."
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Temer louvou a "responsabilidade fiscal" e a "democracia da eficiência", num discurso considerado "show" pelo banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. A outros convidados como Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, Jorge Gerdau Johannpeter, do grupo Gerdau, e Josué Gomes, da Coteminas, o peemedebista se ofereceu como "canal, veículo condutor" para levar demandas ao coração do governo.
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"Quando forem ao meu gabinete, as portas não estarão abertas. Eu mandarei tirar as portas para vocês entrarem", finalizou o vice de Dilma.
CURTO-CIRCUITO
A USP recebe a partir desta segunda a conferência Emancipação, Inclusão e Exclusão. Desafios do Passado e do Presente, às 14h, na praça do Relógio.
A Sara Nossa Terra lança hoje a revista "+Mulher", com reportagem sobre divórcio e entrevista com a empresária Sonia Hess.
A Casa 92 faz amanhã a festa infantil Caricatinhos, às 13h. Livre.
com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
Mônica Bergamo
Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

Ueba! Obama apanha da Merkel!

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JOSÉ SIMÃO
E o Dida tá sendo procurado: matou um pato, 11 galinhas e 35 milhões de gambás. Crime ambiental!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! "Classificadora de pintos ganha pensão vitalícia." Diz que ela classifica 2.800 pintos por hora! Esse serve, esse não serve, esse é torto pra esquerda! Acho melhor ela não ser muito exigente na classificação!
E outra piada pronta: "Corinthians lança Seguro de Assistência Funeral". Eu tenho a foto do comercial: "Seguro de Assistência Funeral. Para quem é Corinthians do início até o fim. Com cerimônia de despedida especial corintiana". Deve ser despedida com pênalti do Pato! Aquele pênalti com cavadinha.
E eu já disse que corintiano não sabe fazer cavadinha, sabe fazer túnel. Pra fugir da penitenciária! Rarará!
E o Obama? O abelhudo! Espionando a Merkel. Se ele escapou de apanhar da Dilma, vai apanhar da Merkel! Com aquela cara de ressaca de Oktoberfest!
E a charge do San Salvador com Obama falando pro assessor: "Tô espionando uma alemãzinha que você precisa ver". Já vimos, é um bagulho! Rarará!
O Obama tem tara por mulher mal-amanhada: Dilma e Angela Merkel. As duas parecem que saíram da boca da vaca! Essas duas podiam se juntar e dar um pau no Obama! O Obama descobriu que a Dilma dorme de pijaminha de Che Guevara. E que a Merkel não dorme, RONCA!
E o Berlusconi, o Maluf Pornô, com aquela sutileza que lhe é peculiar, disse que a Angela Merkel tem uma bunda incomível. Incomível e inquebrável! A bunda da Merkel parece um apfelstrudel incomível. Rarará!
E o Brasil todo quer saber se o Obama sabe: a idade da Glória Maria! Sabe, mas não cabe na internet! Rarará!
E um leitor quer saber: "Caro presidente Obama, a minha mulher vai pro cabeleireiro três vezes por semana mesmo ou é migué dela?". E um outro leitor: "Caro presidente Obama, espero que o que eu fiz com a minha secretária ontem fique só entre nós três". Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
E atenção! Já tem uma nova dupla sertaneja em São Paulo: Alcksiemens e Serralstom. Só cantam no metrô! E um leitor me disse que o Haddad encheu a cidade de "haddares". Rarará!
E o Dida tá sendo procurado: matou um pato, 11 galinhas e 35 milhões de gambás. Crime ambiental! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

    Obra recupera memória de cantores esquecidos - Ruy Castro

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    CRÍTICA - BIOGRAFIA
    Voltada para iniciantes, 'Os Reis da Voz' faz refogado de fatos conhecidos e não cumpre promessa feita pelo título
    RUY CASTROCOLUNISTA DA FOLHAFrancisco Alves foi o maior cantor brasileiro de seu tempo --o que mais gravou e vendeu discos, o mais influente, mais rico etc. Orlando Silva, por sua vez, foi o melhor (e talvez do mundo) --mas só por um curto período de sua carreira, entre 1935 e 1942, antes que "a morfina, o álcool e uma mulher" o destruíssem.
    Já Silvio Caldas foi o mais durável: em 70 anos de microfone, sua voz, da qual ele se "despediu" 20 ou 30 vezes, nunca o abandonou. E Mário Reis, quem não o admirava?
    Inventou a bossa na música brasileira, fez dupla com Chico Alves e, grã-fino como ele só, aposentou-se prematuramente. Você sabia?
    Rápidas pinceladas poderiam ser dadas também a respeito de Vicente Celestino, Moreira da Silva, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto e outros grandes cantores brasileiros perfilados em "Os Reis da Voz", de Ronaldo Conde Aguiar.
    O livro presta um serviço: põe em letra de fôrma 15 artistas que, de 1930 a 1960, deslumbraram a cena nacional e, agora, quase todos mortos, caminham para o completo esquecimento.
    Ao contrário dos Estados Unidos, da França e da Argentina, o Brasil é ingrato para com seus velhos ídolos --tente comprar, hoje, CDs de muitos dos cantores citados.
    Tendo em vista um público talvez disposto a se iniciar nessa fase da música brasileira, o autor dispensa a busca de informações novas e faz um refogado do que se escreveu a respeito. Na verdade, vale-se mais de biografias já publicadas do que indica a bibliografia.
    O texto cita liberalmente fatos a custo levantados por esses biógrafos e, às vezes, joga uns contra os outros, apenas para concluir que "nada disso importa" --mas importou para que o autor encorpasse tal ou qual perfil.
    Há uma profusão de "há quem diga" e "há quem afirme", ao que se segue uma afirmação vaga e sem crédito --quem é "há"?
    Pena também que, partindo de uma ideia tão interessante, a promessa do título não seja cumprida. O texto não revela claramente o que tornou aqueles homens os "reis da voz".
    Passa batido pelo estilo de cantar e pela evolução dos talentos vocais da maioria deles e, em vez disso, concede grande espaço à trajetória de seus pais ou avós --algo indispensável numa biografia, mas impróprio para os limites de um perfil.
    O livro se sai melhor quando trata de cantores ainda menos estudados, como Carlos Galhardo, Cyro Monteiro, Jorge Goulart, Tito Madi, Germano Mathias, todos, um dia, merecedores de boas biografias --que, pela amostra, o autor poderia escrever.

      Painel das Letras - Raquel Cozer

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      Um passinho para trás
      Poucas semanas depois de abrir, em Curitiba, sua primeira filial fora de São Paulo, a Livraria da Vila fechará sua maior loja paulistana. A unidade do shopping Cidade Jardim, de 2.500 m2, dará lugar em 2014 a uma loja menor e em outro andar do centro comercial. "Quando abrimos essa loja, em 2008, achávamos que seria o ideal, mas nosso jeito de atender combina mais com espaços menores", diz Samuel Seibel, dono da rede. As unidades mais antigas têm até 900 m2.
      A rede tem hoje oito lojas, e segundo Seibel não há previsão de uma nona. Mas ele promete para 2014 o início da venda de livros impressos e digitais pelo site.
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      // NOVO FÔLEGO PARA A LASELVA
      A oferta de títulos à venda nas lojas da Laselva andou reduzida neste ano, em especial após a rede entrar com pedido de recuperação judicial, em maio, com dívidas estimadas em R$ 120 milhões. Como a empresa devia pagamentos a editoras, estas pararam de fornecer livros à rede. Esse cenário pode mudar com parceria anunciada a editores na quarta-feira.
      No encontro, eles foram convidados a fornecer livros via Superpedido, distribuidora que então abastecerá a Laselva. Com o intermediário, a rede pagará mais pelos livros, mas ao menos voltará a tê-los nas prateleiras. A princípio, em fase de testes, a parceria valerá apenas para a loja do aeroporto de Guarulhos.
      A Superpedido não confirma. Informa apenas que apresentou, no encontro, serviços para livreiros independentes.
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      ESTAMIRA VIVE Frases da catadora Estamira (1941-2011) no filme de 2004 de Marcos Prado integram o bilíngue 'Fragmentos de um Mundo em Abismo', que a N-1 lança em novembro, em embalagem tipo saco de lixo
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      Tango do demo O clássico cult "Sátántangó", do húngaro László Krasznahorkai, que originou filme homônimo de sete horas e meia de Béla Tarr, de 1994, foi comprado pela 34. Mais sucinto que a versão audiovisual, o romance de 320 páginas trata de uma vila impactada pelo retorno de um ex-morador com ares messiânicos.
      Na voz de Ana C. Ana Cristina Cesar narra o poema "Samba-Canção" no trailer do livro "Poética", que a Companhia das Letras divulga nos próximos dias para acompanhar o lançamento, programado para 25 de novembro. O vídeo será ilustrado com lambe-lambes, cartas e folhas mimeografadas, sob produção da Mínimas --que também fez o vídeo do "Toda Poesia", de Paulo Leminski.
      Fora de casa "Crônica da Casa Assassinada" (1959), de Lúcio Cardoso, ganhará tradução nos EUA em 2014. Os direitos foram adquiridos há pouco pela Open Letter Books. Curiosamente, o título está indisponível nas maiores livrarias do Brasil, mas, segundo a editora Record, isso será sanado em breve, quando for distribuída a edição com novo projeto gráfico.
      Fora de casa 2 O romance "Os Éguas" (Boitempo), do paraense Edyr Augusto, causou boa impressão na França, onde saiu há pouco. Uma leitura de "alto nível", segundo a revista "La Cause Littéraire", e "uma das surpresas mais agradáveis de 2013", segundo o jornal "Nice-Matin", o thriller aborda os vícios da alta sociedade manauense.
      Fora de casa 3 O tradutor Diniz Galhos teve trabalho árduo. Edyr Augusto teve de esclarecer, por exemplo, que "aceitou uma banda e deu um tapa" quer dizer "receber uns R$ 5, coisa pouca; já o tapa é uma pequena quantidade para fumar, seja em cachimbo, seja em cigarro, tipo crack". Em 2014 a editora Asphalte publica "Moscow", do mesmo autor.
      Natal A L&PM prevê para dezembro "Messi: O Garoto que Virou Lenda", de Luca Caioli. Em adaptação para o cinema pela Epic, a biografia conta detalhes como a enorme timidez e as dificuldades com a leitura que o atual jogador do Barcelona enfrentou na escola, na cidade argentina de Rosário, antes de ser detectado o problema hormonal que lhe retardou o desenvolvimento ósseo.