sábado, 23 de novembro de 2013

Ruy Castro

folha de são paulo
Um dia, saberemos
RIO DE JANEIRO - John Kennedy, cujos 50 anos de morte aconteceram ontem, só perde, em número de livros a seu respeito, para Jesus Cristo, Napoleão, Hitler e, talvez, Marilyn Monroe e os Beatles. Fala-se em mais de 40 mil títulos sobre sua vida, seu governo (1961-1963) e sua época. Mesmo que tenham errado nos zeros e a verdade esteja em torno de 4.000, ainda é muito livro sobre uma só pessoa.
Se Kennedy tivesse sobrevivido e se reelegesse, sairia da Casa Branca em 1968 e logo publicaria suas memórias da Presidência --o que não o livraria de ter sua vida pessoal e política esquadrinhada por biógrafos, jornalistas e ensaístas. Foi assim com Roosevelt, Truman, Eisenhower, Johnson, Nixon, Carter, Reagan, Clinton e os Bush pai e filho. Entre na Amazon e morra de inveja: há dezenas de livros em inglês sobre cada um.
No Brasil, estamos longe dessa tradição de escrever sobre presidentes. Há uma considerável bibliografia sobre Getúlio e Juscelino, uma ou duas biografias de Jango e Castello Branco e livros bobos, de "causos", sobre Jânio. Mas onde estão as biografias de Dutra, Café Filho, Costa e Silva, Médici, Geisel, Figueiredo, Tancredo?
Grande parte da história moderna do Brasil permanece em arquivos, gavetas ou memórias, estas em processo de apagamento parcial ou definitivo. Apenas na área das ciências, Oswaldo Cruz, Rondon e Anísio Teixeira já podem ter merecido biografias, mas, e as de Carlos Chagas, Roquette-Pinto, Vital Brazil, Josué de Castro e Mario Schenberg?
O mesmo na literatura. Conhecemos a obra, mas como foi a vida de Bandeira, Drummond, José Lins do Rego, Cecília Meireles ou Guimarães Rosa? Um dia, saberemos se, afinal, Mário de Andrade era gay ou não, e se não era só a Pauliceia que era desvairada. E se isso tinha qualquer importância. Nesse dia, teremos, quem sabe, chegado à maioridade.

    Mônica Bergamo

    folha de são paulo

    Cuidadora de Norma Bengell em seus últimos anos de vida é sua única herdeira

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    Norma Bengell fez de Luciene Marques, 31, sua cuidadora nos últimos cinco anos, sua única herdeira. Pelo testamento, a funcionária será dona dos direitos de imagem e do acervo da atriz e deverá receber a indenização de ex-anistiada política que ainda não havia sido paga em vida. O valor é de R$ 300 mil.
    A HERDEIRA
    O inventário foi aberto há duas semanas. O advogado Jorge Bloise diz que a atriz, morta em outubro, não deixou patrimônio. Uma casa na Gávea teria sido negociada há anos para quitar dívidas. Entre elas, R$ 30 mil com farmácia. "Ela enfrentava problemas financeiros e sobreviveu com o dinheiro apurado com o imóvel e com a ajuda dos amigos", afirma o advogado.
    A HERDEIRA 2
    O espólio da atriz responderá pela ação que pede a devolução aos cofres públicos de R$ 2,4 milhões, pelo fato de "O Guarani" (1996), dirigido e produzido por Norma, ter tido a prestação de contas recusada. Segundo Bloise, não há como pagar a dívida. "A inicial era de R$ 234 mil e virou bola de neve."
    MAU EXEMPLO
    Fotos expostas do lado de fora do Sesc Bom Retiro, parte da exposição "Bom Retiro e Luz: Um Roteiro", foram rasgadas na semana passada. As câmeras de segurança mostram que o vandalismo foi praticado por uma família de classe média --o pai e o filho mais velho destruíram as fotos, enquanto a mãe empurrava um carrinho de bebê.
    VELOZES E FURIOSOS
    Os pilotos Luciano Burti, Felipe Massa e Lorenzo Carvalho --famoso pelas baladas que frequenta em Portugal--, estiveram em festa da Ferrari, anteontem, no Leopolldo Jardins. As apresentadoras Patrícia Dejesus e Sabrina Sato, com o namorado, João Vicente de Castro, e o ator André Bankoff estiveram no evento da marca TNT, patrocinadora da escuderia.

    Pilotos vão a festa da Ferrari

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    Bruno Poletti/Folhapress
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    A apresentadora e atriz Patrícia Dejesus circulou pela noite
    BISCOITO FINO
    Um dos sinais da concorrência pesada que SP enfrenta na eleição para escolher a sede da Expo 2020 é o investimento dos adversários. Os delegados que visitaram Dubai (Emirados Árabes) foram presenteados com canetas Montblanc e celulares Samsung. Os que vieram à capital paulista ganharam suvenires como saquinho de pó de café e livro de fotos de Sebastião Salgado.
    SEM APOSTAS
    Para a comitiva paulistana que viaja para Paris, local da votação na quarta, Dubai é forte adversária por ter dinheiro de sobra para bancar a megafeira, que só perde em importância para a Copa e a Olimpíada. Turquia e Rússia também estão no páreo. "É atípico. A disputa costuma ser entre duas candidatas", diz a vice-prefeita Nádia Campeão. O Brasil acredita ter o voto da maioria dos países da América do Sul e da África, em um total de 161.
    HOJE É UM NOVO DIA...
    A equipe do grupo Barbatuques responsável pela coreografia da vinheta de fim de ano da Globo foi orientada a "pegar leve" com os astros do jornalismo. Na hora de fazer as batidas no corpo, eles podiam ser mais contidos. A gravação reuniu 300 estrelas da emissora há duas semanas. Alguns atores se sentiram constrangidos pela forma como os grupos foram selecionados pela produção. A campanha vai ao ar a partir de amanhã.
    MELHOR NO FUTURO
    Os Prêmios Empreendedor Social e Empreendedor Social de Futuro, promovidos pelaFolha, foram entregues anteontem no Masp. Kenneth Turner, gerente para a América Latina e África da Fundação Schwab, e os empreendedores sociais David Hertz e Fernando Botelho, com a mulher, Flávia de Paula, participaram do evento. O economista José Dias Campos foi um dos homenageados.

    Prêmio Empreendedor Social

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    Bruno Poletti/Folhapress
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    O economista José Dias Campos recebeu menção honrosa na noite de entrega dos Prêmios Empreendedor Social e Empreendedor Social do Futuro, na quinta (21), no Masp
    CURTO-CIRCUITO
    Luiz Fernando Emediato e os filhos Antonio Anselmo e Fernanda fazem lançamento conjunto de seus livros na segunda. A partir das 18h30, na Saraiva Megastore do shopping Pátio Higienópolis.
    Marcelo Rubens Paiva apresenta hoje, às 15h, estampas de camisetas que criou para a Livraria Cultura. No shopping Iguatemi.
    Juca Chaves faz o show de comédia "Finalmente em Pé... Quase!", hoje, às 23h, na Hebraica, nos Jardins. Classificação livre.
    com ELIANE TRINDADE (interina), JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
    mônica bergamo
    Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

    A queda crônica - Xico Sá

    folha de são paulo

    A queda crônica

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    Amigo torcedor, amigo secador, você ali com seu time à beira do abismo, segundona à vista, você ali, ô pá, caro colega do time da Colina, você ali sob o risco da degola... Aí lá vem ela, toda faceira, toda fogosa, como se nada estivesse acontecendo de importante no mundo, lá vem ela como aquela nega do "Gol anulado", a música do rubro-negro João Bosco e do vascaíno Aldir Blanc, a desavisada que grita no gol do Zico.
    É duro, mas você aí amigo timbu já está conformado, teve muitas rodadas para isso, você está reposto, está no jogo, meia-bomba, óbvio, a queda não é fácil, mas a queda é para os fortes, no próximo ano levanta, acontece. Você do Coxa, nada coxinha, você que recita"macho não ganha flor", como no livro genial do Dalton Trevisan, você logo avisa: depois do campeonato a gente compensa, amor.
    A ciência comprova e eu repito aqui pela vez milésima. Quando o time do homem está em baixa, a testosterona também despenca. Segundo pesquisa de malucos americanos da Universidade da Geórgia, a queda chega a exatos 27,6%. Faz sentido. Aqui em casa a coisa anda meio ali como feriado municipal, bandeira a meio pau, a turma do meio da tabela, saca?
    Você ai da Ponte Preta vive a disfunção de um lado, no solo pátrio, e a animação, a quase glória sul-americana depois da surra da Macaca no tricolor aristocrata. Você é aquele sujeito que falha no lar-doce-lar e se consagra mundo afora. Você sabe que o importante é estar no jogo, mas vê se cuida mais dos próprios domínios.
    O que dizer do tricolor das Laranjeiras, meu caro Mário Prata --o cara, testosteronicamente em paz com o seu Linense, está aqui do meu lado em Aquiraz, Ceará, só botando pilha. O Flu não cai mais, embora corra risco. Deixa isso lá com o Gravatinha do tio Nelson, só ele sabe a resposta a essa altura.
    Bora Bahêeea, segura, meu rapaz, nem que seja na tenda dos milagres. Faço todos os votos. Não quero que caia ninguém do Nordeste. Se o problema da disfunção é mais psicológico do que futebolístico, catuaba e ovo de codorna nele.
    Hora difícil dos tarados pelo futiba. Uma cabeça mexe com a outra e maluco é quem não entende como isso funciona. Não que não mexa também com os hormônios das mulheres. Óbvio que também faz um rebuliço. Acontece que a gente sabe menos separar as coisas. Não existe o tal clichê moderno da troca de chip. É tudo ao mesmo tempo agora. É tudo uma maluquice.
    Amigo torcedor, amigo secador, calma, cair é coisa para os fortes, repito, o importante é saber levantar bonito, nem que seja pela segunda, pela terceira, pela vez milésima. Onde os fracos não têm vez, no faroeste dos homens, a queda é apenas um momento de coçar o queixo, acender aquele cigarro metafísico depois do fracasso e repensar a vida.
    Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro. Fica a dica. Boa rodada a todos.
    @xicosa
    xico sá
    Xico Sá, jornalista e escritor, com humor e prosa, faz a coluna para quem "torce". É autor de "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea" e "Chabadabadá - Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha", entre outros livros. Na Folha, foi repórter especial. Na TV, participa dos programas "Cartão Verde" (Cultura) e "Saia Justa" (GNT). Mantém blog e escreve às sextas, a cada quatro semanas, na versão impressa de "Esporte".

    Álvaro Pereira Júnior

    folha de são paulo

    Churrasco de aorta

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    Em luta contra o analfabetismo, vislumbro a placa salvadora em caracteres ocidentais: "Yakiniku". Isso eu conheço, é o churrasco coreano adaptado ao paladar japonês, com menos alho e (um pouco menos) pimenta. Perfeito. Até então, perdido entre neons e ideogramas, não sabia onde jantar.
    Osaka, terceira cidade do Japão, 2,6 milhões de habitantes, é ainda menos ocidentalizada que Tóquio. Tem a atração turística mais visitada do país, um lindo castelo do século 16, e pouco além disso.
    Sua maior atração é a comida. Gente de respeito, como o crítico inglês Michael Booth, a considera a principal cidade gastronômica do mundo. O lema local é "kuidaore": algo como "comer até cair".
    No bairro de Namba, um beco chamado Hozen-ji Yokocho, tão estreito que por ele não passam carros, reúne por metro quadrado a maior concentração de restaurantes com estrelas Michelin da Terra (informação do "Wall Street Journal": http://kfc.io/i9).
    Uma outra viela, essa ainda mais apertada, a ponto de mal caberem duas pessoas lado a lado, abriga o venerando Nakamura, expoente de uma especialidade local, a cozinha "kappo". A base é o frescor absoluto dos produtos de época, com leves toques ocidentais.
    Osaka é uma cidade descontraída, e o desfrute da "kappo" se dá não em mesas com toalhas de linho branco, mas na informalidade de um balcão. Tudo preparado diante do cliente, uma tendência que se espalha pelo mundo.
    O único problema é encontrar esses lugares tão especiais. Osaka quase só tem cartazes e letreiros que não facilitam para ninguém. Tudo está nos alfabetos nipônicos.
    Daí o alívio ao achar um restaurante anunciado em letras latinas: "Yakiniku".
    Como quase sempre no Japão, fica em um prédio onde parecem existir uns cem botecos e lugares de comer. Subo a escada até o primeiro andar, entro no restaurante. Ouço vozes, mas não vejo ninguém.
    Demora um pouco, alguém me recebe. Indicador da mão esquerda para cima, aviso que estou sozinho.
    A moça me leva por um corredor escuro. Não se ouve mais nada do burburinho das ruas. Só vozes abafadas de dentro do próprio restaurante.
    Imagino que o corredor vá terminar em um salão, ou balcão, onde finalmente eu possa encontrar os outros fregueses. De repente, a jovem para. Desliza uma porta, manda que eu entre.
    O que surge do outro lado desafia meu poder de descrição. É um híbrido de cubículo e buraco, com as dimensões de um confessionário.
    Agora entendo de onde vinham as vozes abafadas. O restaurante não tinha um espaço comum. As pessoas jantavam dentro de salas. E para mim, viajante solitário, o pragmatismo nipo-coreano reservou aquele curioso muquifo: a sala para um.
    Não posso dizer que tenha entrado no recinto e me acomodado. Eu, na verdade, mergulhei em pé. Sob a mesa, havia um buraco fundo, onde encaixei as pernas. Sentado,
    minha cabeça ficava na altura do chão do corredor por onde vim.
    A moça fechou a porta e atirou o cardápio, que felizmente, tinha uma versão (mais ou menos) em inglês.
    Sozinho no cubículo, com uma parede branca a 30 centímetros do meu nariz, em um espaço total de não mais que um metro quadrado, tive certeza de que seria o jantar mais triste da minha vida --e olhe que a disputa, em se tratando deste colunista, é das mais acirradas.
    As surpresas continuam. Vendo o menu, percebo que não é um restaurante de "yakiniku" qualquer. Pertence à variante mais extrema da modalidade, a "horumon-yaki", típica de Osaka. Se o "yakiniku" tradicional é o Fleetwood Mac, o "horumon-yaki" são os Sex Pistols. Aqui não existe lugar para sutilezas, e o esquema é "do it yourself".
    Entre as iguarias bovinas, há base da língua, segundo e terceiro estômagos, cortes macios de altíssimo grau de gordura, entranhas de toda sorte e, "last but not least", aorta. Com um detalhe: tudo a ser preparado por mim mesmo, numa grelha embutida na mesa.
    Posso garantir: nunca as tradições do "horumon-yaki" foram tão desrespeitadas. Não acertei a intensidade do fogo, deixei tudo passar do ponto e não fazia ideia de como usar as cinco variedades de sal disponíveis na minha frente.
    Mas tenho o prazer de informar que aorta tem gosto e consistência de lula. Pelo menos a que preparei. Peço perdão a Osaka.
    álvaro pereira júnior
    Álvaro Pereira Júnior é graduado em química e jornalismo pela USP, com especialização em jornalismo científico pelo MIT. Trabalha no programa "Fantástico", na TV Globo. Escreve aos sábados, a cada duas semanas, na versão impressa de "Ilustrada".

    Painel das Letras Raquel Cozer

    folha de são paulo

    Contos da ditadura

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    Junto à leva de livros-reportagem sobre a ditadura previstos pelas editoras para 2014, quando se completam 50 anos do golpe de 64, uma ficção deve se destacar. Trata-se do primeiro livro de contos do cientista político Bernardo Kucinski, que, em 2012, foi finalista dos prêmios Portugal Telecom e SP de Literatura com o romance "K" (Expressão Popular, esgotado), sobre o mesmo tema. A obra sairá pela Cosac Naify, que planeja lançá-lo junto com a reedição de "K". Kucinski diz que "muitos personagens levarão os leitores a se perguntarem 'será que é ele?' ou 'será que é ela?'" e que algumas histórias inspiram-se em relatos reais. E argumenta que as narrativas, embora sejam "invenções", "transmitem melhor do que um estudo acadêmico o clima que se viveu no Brasil nos anos 1960 e 1970".
    Exemplares raros
    Dos 896 mil índigenas que vivem hoje no Brasil, só 35 são escritores que publicam obras regularmente, segundo dados do Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas. Quatro deles estarão na Flipoços, a festa literária de Poços de Caldas, de 26 de abril a 3 de maio de 2014.
    São eles Daniel Munduruku --único representante indígena da última Feira de Frankfurt, em outubro--, Cristino Wapichana, Olivio Jekupé e Rosy Wasiry Guará, todos com produção para o público infantojuvenil.
    Wapichana, presidente da Associação dos Escritores Indígenas, diz que esses autores também se dedicam a obras adultas, mas o olhar para o público jovem ganhou força com a lei 11.645/08, que estipula o ensino sobre culturas afrobrasileira e indígena nas escolas.
    Moda
    Flávio de Carvalho
    Mais de cem ilustrações de Flávio de Carvalho (1899-1973) para sua coluna 'A Moda e o Novo Homem' (editada no 'Diário de S.Paulo' em 1956) integrarão livro da série Cadernos de Desenho, da Editora da Unicamp/Imesp, no início de 2014.
    Guerra
    "The Year of the Jungle", infantil da megaseller Suzanne Collins, sairá pela Rocco no ano que vem. É baseado nas memórias da escritora, que viu o pai deixar a família para lutar a Guerra do Vietnã quando ela tinha seis anos. A série mais famosa da autora, "Jogos Vorazes", já vendeu 500 mil cópias no país. Seu segundo volume, "Em Chamas", chegou ao cinema na última semana.
    Saúde digital
    Do vício no joguinho "Candy Crush" à interação via redes sociais nas manifestações, a relação (por vezes doentia) dos usuários com a tecnologia virtual é o tema de "Conecte-se ao que Importa", espécie de manual para uma vida digital saudável, que a LeYa programa para o ano que vem. O autor é Pedro Burgos, editor-chefe do site Gizmodo Brasil.
    Só depois
    Por falar em digital, por ora chegará apenas nesse formato o número 69 da "Revista da Biblioteca Mário de Andrade", com lançamento nesta quinta-feira, às 17h30, na instituição.
    Só depois 2
    A versão impressa da revista anual, que nesta edição inclui dossiês sobre Hilda Hilst e a Boca do Lixo, fica para 2014. A Imprensa Oficial do Estado de SP, que edita a revista, está ocupada com publicações para a Fundação para o Desenvolvimento da Educação.
    A verdade de Tyson
    A autobiografia de Mike Tyson, "Undisputed Truth", sai no próximo semestre pela Benvirá. A obra deu o que falar no exterior, com informações como a de que Tyson chegou a usar pênis falso com urina "limpa" para passar em testes antidopping.
    Depois da vida
    O catálogo de Jack Kerouac (1922-1969) pela L&PM ganha força com três obras póstumas do autor, inéditas no país. Em fevereiro, sai o romance "O Mar É Meu Irmão", publicado em 2011 nos EUA. As novelas reunidas em 1971 em "Pic" saem em julho, e, em novembro, "Some of the Dharma", de 1997, considerado fundamental para entender a espiritualidade do autor.
    painel das letras
    Raquel Cozer é jornalista especializada na cobertura de literatura, mercado editorial e políticas de livro e leitura. É colunista e repórter da "Ilustrada", na Folha, desde 2012, com passagem anterior pelo caderno de 2006 a 2009. Foi repórter do "Sabático", no "Estado de S. Paulo", e do jornal "Agora", do Grupo Folha. Também trabalhou nas editoras Abril, Globo e Record. Escreve a coluna Painel das Letras, aos sábados.

    Veja as manchetes dos principais jornais deste sábado

    folha de são paulo

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    DE SÃO PAULO
    *
    Jornais nacionais
    O Estado de S.Paulo
    Cardozo levou à PF denúncia de petista contra tucanos
    O Globo
    Privatização de aeroportos - Consórcio aposta no Rio e paga R$ 19 bi por Galeão
    Correio Braziliense
    Poupador briga para recuperar o que perdeu
    Estado de Minas
    Vendido e agora?
    Zero Hora
    30% das vagas da UFRGS serão do Enem em 2015
    *
    Jornais internacionais
    The New York Times (EUA)
    Senado limita uso do Filibuster
    The Washington Post (EUA)
    Senado elimina filibusters na maioria dos candidatos
    The Guardian (Reino Unido)
    Polícia estuda que seita seria motivo da servidão dos sequestrados
    El País (Espanha)
    Juiz Ruz atribui ao PP uso de uma caixa de b "tempo contínuo"

    sexta-feira, 22 de novembro de 2013

    Vinicius Torres Freire

    folha de são paulo
    O que querem as mulheres?
    Número de empregados e de gente no mercado de trabalho cai, coisa rara, em especial entre as mulheres
    FOI UMA PEÇA RARA o desempenho do mercado de trabalho em outubro, segundo a pesquisa mensal do IBGE. Menos gente trabalha, menos gente quer trabalho, em especial as mulheres.
    O número de pessoas trabalhando caiu em relação a outubro do ano passado (a comparação mais adequada). O número de pessoas empregadas e à procura de emprego também caiu ("população economicamente ativa").
    Desde que os números podem ser comparados (2002), o número de pessoas empregadas caiu apenas outras duas vezes, no ano ruim de 2009, de recessão.
    Nesse período, houve redução do número de homens empregados (em 12 ocasiões), mas a incorporação das mulheres ao mercado compensava a diferença. É muito rara a redução do número de mulheres ocupadas (apenas duas ocasiões).
    Em suma, como a taxa de desemprego é a proporção dos desempregados entre aqueles economicamente ativos, o desemprego diminuiu. Mas, ressalte-se, há menos gente trabalhando do que no ano passado.
    Sim, o mercado de trabalho esfria faz algum tempo, muito lentamente. A média de crescimento da população ocupada (em 12 meses) cai desde 2010. Os motivos são mais ou menos óbvios ou conhecidos.
    A economia cresce pouco desde 2011, a perspectiva de crescimento para 2014 é medíocre e os salários estão relativamente altos.
    Além do mais, as empresas demitiram pouco no ano passado, até agora o pior dos piores do mandato de Dilma Rousseff. "Represaram" trabalhadores, dados os custos da demissão (trabalhistas) e de readmissão (treinamento).
    Enfim, há menos gente para empregar e empregável. A população em idade de trabalhar cresce menos.
    Setembro já havia sido quase de estagnação do número de pessoas empregadas (sempre na comparação com o mesmo mês de 2012), alta de só 0,1% (nos anos bons deste século, na maioria das vezes essa variação ficou na casa de 2% a 3%). Outubro foi de decréscimo, de 0,37%.
    Entre as mulheres, a queda na ocupação foi de 0,66%. Entre os homens, de 0,13%.
    Houve também um decréscimo acentuado no número de jovens (até 24 anos) empregados, embora essa seja uma tendência que venha de longe, de mais de cinco anos (e positiva: há menos crianças trabalhando, há mais jovens na escola). A faixa de idade em que o emprego mais cresce é a da turma de mais de 50 anos, pelo menos desde 2008.
    Em suma, o tombo grande e raro no número de pessoas empregadas e querendo trabalho deveu-se majoritariamente a mulheres, provavelmente mulheres entre 18 e 24 anos. Pode ser um ponto fora da curva, uma ocorrência atípica. Um mês apenas é pouco para dizer.
    No mais, no conjunto da obra, a pesquisa mensal de emprego do IBGE indica outros sinais de esfriamento. A massa salarial, que nos anos bons recentes cresceu a 4% ou 5% ao ano, agora cresce a 1,4% (a massa salarial é o total dos salários pagos). O salário médio cresce 1,8% acima da inflação.
    Ainda não há sinal de aumento significativo de desemprego. Os custos salariais para as empresas ainda crescem, mas mais devagar. A massa de salários crescendo mais devagar, porém, não deve animar a economia de 2014.
    vinit@uol.com.br