terça-feira, 19 de novembro de 2013

'Romeu e Julieta', 1º espetáculo narrativo da São Paulo Cia. de Dança, estreia nesta quinta

folha de são paulo

Ouvir o texto
IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO
A versão mais trágica e clássica do amor chega na ponta dos pés em São Paulo. Estará no palco do Teatro Sérgio Cardoso no dia 21.
É a estreia do balé "Romeu e Julieta", primeira obra narrativa da São Paulo Companhia de Dança.
O grupo comemora cinco anos de vida com o balé musicado pelo compositor russo Serguei Prokofiev (1891-1953). A coreografia foi criada especialmente para a companhia pelo italiano Giovanni Di Palma, professor do ArchiTanz Ballet Studio, de Tóquio.

Romeu e Julieta

 Ver em tamanho maior »
Zé Carlos Barretta/Folhapress
AnteriorPróxima
Os bailarinos Nielson Souza e Aline Campos da São Paulo Companhia de Dança durante ensaio da peça 'Romeu e Julieta'
Criada para ser um núcleo de dança de base clássica que abarca também a produção contemporânea, a São Paulo Companhia de Dança já produziu 27 obras, mas ainda não tinha montado esse tipo de coreografia, que narra uma história.
"A gente se perguntava quando seria a estreia desse grande balé clássico", conta Inês Bogéa, diretora do grupo desde sua criação.
A hora chegou. Além de marcar meia década de vida da companhia, o balé inspirado na tragédia de Shakespeare (1564-1616) tem tudo a ver com o tema escolhido para nortear os trabalhos de 2013: amor, vida e morte.
Por coincidência, no mundo todo começam as produções para celebrar o autor inglês, por conta do aniversário dos 450 anos de seu nascimento, em abril do ano que vem. Mas não foram os preparativos para o ano shakespeariano que determinaram a escolha da peça.
"O mais importante era descobrir que obra a companhia estava pronta para fazer nesse momento. Tem relação com a maturidade cênica dos bailarinos", afirma Bogéa.
A montagem, além das exigências técnicas de praxe no balé, enfatiza as emoções embutidas na trama. Por isso, foram incluídas aulas de dramaturgia e interpretação nas seis horas diárias de treinos e ensaios dos bailarinos.
"Quando temos a possibilidade de dançar 'Romeu e Julieta', somos o que não poderíamos ser", diz Di Palma, referindo-se ao preparo dos bailarinos, que incluiu também aulas de esgrima.
Tudo isso sem perder de vista a base do trabalho, o balé: "A técnica clássica é como uma ioga: ajuda a focalizar um caminho".
O coreógrafo e bailarino italiano, que já interpretou vários balés baseados em Shakespeare, afirma que os textos do autor são perfeitos para a dança.
"Quando ele cria protagonistas que têm que expressar continuamente: 'Eu te amo, não posso te amar', isso já é um movimento."
O desafio, segundo Bogéa, foi conseguir expressar cada emoção tratada na história em um gesto universal.
"Toda vez que você refaz um balé clássico, ele acaba sendo do tempo presente. As pessoas estão com todas as emoções em seu corpo e vão representá-las por meio da dança. O coreógrafo vai captar essa atmosfera e colocar no espetáculo", diz Di Palma.
Ao mesmo tempo, ele quis, na montagem, ser claro, contar bem uma história para qualquer audiência entender. "Não tem que complicar, 'Romeu e Julieta' não precisa de uma interpretação do tipo freudiana nem de ser circo. O desafio atual da dança é recuperar a sua pureza."
ROMEU E JULIETA
QUANDO de 21 a 24/11 e de 28/11 a 1º/12; quintas e sábados, às 21h; sextas, às 21h30; domingos, às 18h
ONDE Teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 0/xx/11/3288-0136)
QUANTO R$ 12,50 e R$ 25
CLASSIFICAÇÃO livre
*
APRESENTAÇÕES HISTÓRICAS
*Versões famosas do balé musicado pelo compositor russo Serguei Prokofiev (1891-1953) *
1940
A obra foi montada pelo Kirov Ballet, com coreografia de Leonid Lavrosky e Galina Ulanova no papel de Julieta
1962
A coreografia de John Cranko para o Stuttgart Ballet deu fama internacional à companhia alemã
1965
Rudolf Nureyev e Margot Fontain estreiam a versão do coreógrafo Sir Kenneth MacMillan na Royal Opera House, de Londres
1984
O Joffrey Ballet, de Chicago, apresenta a primeira produção americana de 'Romeu e Julieta'
2008
O Mark Morris Dance Group, de Nova York, estreia a coreografia baseada na obra original de Prokofiev, reconstituída pelo musicólogo Simon Morrison a partir de documentos dos arquivos de Moscou

Nenhum comentário:

Postar um comentário