Liberdade de imprensa
Nesta semana, a Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Columbia anunciou os Prêmios Maria Moors Cabot, a mais antiga premiação internacional de jornalismo, na rotunda de sua biblioteca memorial, em Nova York.Os prêmios foram criados há 75 anos, quando Godfrey Lowell Cabot estabeleceu um fundo para concedê-los, em memória de sua mulher. Com os deste ano, 265 prêmios e citações foram conferidos a jornalistas cujos interesses estão voltados aos assuntos do hemisfério ocidental, tanto na América do Sul quanto na do Norte.
A Escola de Jornalismo de Columbia foi fundada por Joseph Pulitzer, com a missão de treinar jornalistas sob os mais altos padrões e de conceder prêmios de reconhecimento à excelência no jornalismo, entre os quais os famosos Prêmios Pulitzer. A cada ano, a escola aceita 400 alunos, e, entre os mais de 11 mil estudantes que lá se formaram, há muitos jornalistas, editores, repórteres e produtores conhecidos, na mídia impressa, eletrônica e interativa de todo o planeta.
Para celebrar o 75º aniversário dos Prêmios Cabot, a escola realizou um simpósio de dois dias sobre liberdade de imprensa, padrões de imprensa e democracia na América Latina.
O Brasil teve presença marcante neste ano. Uma das medalhas de ouro coube a Mauri König, da "Gazeta do Povo", de Curitiba, por suas reportagens investigativas sobre abusos contra os direitos humanos, tráfico sexual e corrupção. Uma série de reportagens publicadas em 2006 e 2007 expunha casos de tráfico sexual ao longo das fronteiras brasileiras. Em 2002, König expôs o sequestro de crianças brasileiras para serviço militar na Bolívia, o que o levou a ser brutalmente espancado quando estava pesquisando para a história. Sua especialidade é o submundo corrupto do Brasil, e o Prêmio Cabot reconhece o jornalismo corajoso de König.
Alberto Dines, premiado com o Cabot em 1970, também falou no simpósio. Ele apontou que é importante recordar o quanto as coisas mudaram para melhor no Brasil depois da ditadura militar, e, para König, o trabalho de Dines continua a ser um marco de integridade.
Porém o conflito fundamental entre a liberdade de expressão e o segredo governamental continua irresolvido. Resta o paradoxo de termos Edward Snowden refugiado na Rússia, país que não é exatamente um baluarte da imprensa livre, e Julian Assange refugiado na Embaixada do Equador em Londres, em um momento no qual o governo equatoriano adota novas leis que muitos dos presentes à cerimônia dos Prêmios Cabot veem como restritivas à liberdade de imprensa.
Mas são exatamente essas as questões que os Prêmios Maria Moors Cabot têm por objetivo contemplar. E é evidente que continuarão a fazê-lo.
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