PAULO WERNECKCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA"Uma desconversa": assim o escritor Benjamin Moser, definiu a resposta de Caetano Veloso a sua carta aberta, que a Folha publicou em 9/10. Na carta, Moser pediu ao músico que reconsiderasse seu apoio à legislação que restringe a publicação de biografias não autorizadas.
Caetano respondeu em sua coluna no jornal "O Globo", no último domingo, sem se dirigir diretamente a Moser.
"Há um intraduzível verbo brasileiro, 'desconversar'. Foi uma desconversa", disse Moser à Folha, por e-mail.
Questionado sobre a frase com que Caetano recusa a pecha de censor ("Censor, eu? Nem morta!"), Moser afirma que os atos contradizem as aparências: "Ninguém sai por aí dizendo que quer restabelecer a Santa Inquisição. Na Feira de Frankfurt, o escritor Bernardo Carvalho falou que todo mundo [no Brasil] está contra a corrupção'. É tão fácil. Não significa nada. Com a censura é a mesma coisa."
Segundo ele, a divulgação da campanha do grupo Procure Saber na época da Feira de Frankfurt, "um dos mais importantes símbolos do livre intercâmbio de ideias, justamente no ano em que todos os olhos estavam no Brasil, deu uma impressão de, no mínimo, mau gosto".
Na Alemanha, onde participou de lançamentos de livros de Clarice Lispector e de sua biografia da escritora brasileira, Moser diz ter recebido amplo apoio.
"Todos os escritores, jornalistas, editores, professores, artistas e diplomatas ficaram chocados [com a legislação restritiva]. Eu diria a Caetano, Chico e Gil que nem a biografia mais brega é uma ameaça tão séria a seu legado quanto a decepção --o desprezo, até --da intelectualidade."
Moser ainda criticou o artigo de Chico Buarque, publicado ontem no jornal "O Globo": "E o Chico Buarque apoiando a censura pelo bem do país? Ah, é porque uma vez uma citação dele foi inventada ou tirada do contexto [segundo Chico, no livro "Eu Não sou Cachorro Não", de Paulo Cesar de Araujo]".
"E Chico confessa que nem sabe por que a própria editora [Companhia das Letras] teve que pagar uma indenização à família de Garrincha [pela biografia escrita por Ruy Castro], mas diz que acha uma boa."
Caetano respondeu em sua coluna no jornal "O Globo", no último domingo, sem se dirigir diretamente a Moser.
"Há um intraduzível verbo brasileiro, 'desconversar'. Foi uma desconversa", disse Moser à Folha, por e-mail.
Questionado sobre a frase com que Caetano recusa a pecha de censor ("Censor, eu? Nem morta!"), Moser afirma que os atos contradizem as aparências: "Ninguém sai por aí dizendo que quer restabelecer a Santa Inquisição. Na Feira de Frankfurt, o escritor Bernardo Carvalho falou que todo mundo [no Brasil] está contra a corrupção'. É tão fácil. Não significa nada. Com a censura é a mesma coisa."
Segundo ele, a divulgação da campanha do grupo Procure Saber na época da Feira de Frankfurt, "um dos mais importantes símbolos do livre intercâmbio de ideias, justamente no ano em que todos os olhos estavam no Brasil, deu uma impressão de, no mínimo, mau gosto".
Na Alemanha, onde participou de lançamentos de livros de Clarice Lispector e de sua biografia da escritora brasileira, Moser diz ter recebido amplo apoio.
"Todos os escritores, jornalistas, editores, professores, artistas e diplomatas ficaram chocados [com a legislação restritiva]. Eu diria a Caetano, Chico e Gil que nem a biografia mais brega é uma ameaça tão séria a seu legado quanto a decepção --o desprezo, até --da intelectualidade."
Moser ainda criticou o artigo de Chico Buarque, publicado ontem no jornal "O Globo": "E o Chico Buarque apoiando a censura pelo bem do país? Ah, é porque uma vez uma citação dele foi inventada ou tirada do contexto [segundo Chico, no livro "Eu Não sou Cachorro Não", de Paulo Cesar de Araujo]".
"E Chico confessa que nem sabe por que a própria editora [Companhia das Letras] teve que pagar uma indenização à família de Garrincha [pela biografia escrita por Ruy Castro], mas diz que acha uma boa."
Nenhum comentário:
Postar um comentário