Redução do desmate da Amazônia foi a principal causa da queda
Entre 1990 e 2012, as emissões brasileiras cresceram 7% --bem abaixo da média mundial, que foi de 37%.
Os números são de uma iniciativa inédita para estimar a quantidade de gases-estufa emitida no Brasil. Lançado ontem, o Seeg (Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa) é um esforço do Observatório do Clima, um coletivo de ONGs ambientais que se debruçou sobre os dados mais recentes a respeito do tema no país.
Até agora, as informações sobre as emissões nacionais nunca foram muito claras. O Brasil não faz parte do grupo de países que é obrigado a oferecer anualmente um inventário com esses números, e o governo tem fornecido esses dados sem uma periodicidade definida.
"Nesses inventários oficiais, havia uma defasagem grande entre a divulgação dos dados e o período a que eles se referem", afirma Tasso de Azevedo, coordenador do projeto.
A estimativa foi feita seguindo critérios científicos do IPCC (painel de mudanças climáticas da ONU), usando algoritmos e cálculos de cruzamento de informações oficiais e dados de acesso aberto. O conteúdo está disponível gratuitamente na internet.
"O inventário não quer substituir [os números oficiais], mas nos dá uma boa fotografia de como estamos atualmente", diz Carlos Rittl, coordenador do Seeg no Observatório do Clima.
ALERTA
Apesar de o Brasil responder por apenas 2,8% entre os 52 bilhões de toneladas das emissões de todo o mundo em 2012, os autores alertaram: a tendência é que as emissões voltem a subir.Historicamente, o desmatamento tem sido o grande vilão nas emissões brasileiras, respondendo por mais de 60% do total. Com sua redução, no entanto, cresce a participação das outras fontes.
Segundo o relatório, outros setores têm tido "uma nítida tendência de aumento de emissões". A subida mais significativa foi no setor energético, que elevou suas emissões de gases de efeito estufa em 126% entre 1990 e 2012.
O Brasil ainda tem boa parte de sua matriz energética baseada em fontes renováveis, mas, segundo o relatório, essa "zona de conforto" está se reduzindo, conforme aumenta a participação de fontes "sujas" de geração de energia, como as usinas termelétricas.
Os processos industriais e a as emissões ligadas à questão de resíduos também tiveram altas significativas: 65% e 64%, respectivamente.
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