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Jovens adotam apps como Snapchat e WhatsApp para fugir dos adultos no Facebook
RAFAEL CAPANEMA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
No fim de outubro, durante a apresentação dos resultados trimestrais do Facebook, o diretor financeiro da empresa, David Ebersman, afirmou que a rede social teve um "declínio em usuários diários, especificamente entre os adolescentes mais jovens".
O motivo do êxodo, que tem beneficiado apps e serviços como o Snapchat e o WhatsApp, é simples: os jovens querem se comunicar longe das vistas de pais, parentes e professores, que muito provavelmente estão entre o 1,1 bilhão de usuários da maior rede social do mundo.
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É a primeira vez em que um executivo do Facebook trata do assunto publicamente, mas há tempos a empresa se preocupa com as ameaças à sua hegemonia e age vigorosamente para combatê-las.
Quando percebeu que as pessoas compartilhavam cada vez mais imagens no Instagram, comprou o aplicativo, em abril de 2012.
Diante do sucesso do Snapchat, que permite enviar fotos e vídeos que se autodestroem em alguns segundos, criou um clone, o Poke, que foi um fracasso.
Depois, tentou comprar o próprio Snapchat por US$ 3 bilhões --o triplo do que pagara pelo Instagram--, segundo revelou o "Wall Street Journal" na semana passada.
Ainda na última semana, reformulou seu aplicativo de mensagens para Android e iOS, que agora pode ser usado para a comunicação entre pessoas que não são amigas no Facebook.
Além disso, o app tomou emprestado de mensageiros instantâneos populares na Ásia, como o WeChat (China), o Line (Japão) e o KakaoTalk (Coreia do Sul), o tom neon do novo ícone e a ênfase nas figurinhas (emoticons gigantes e ultracoloridos).
Nenhum desses concorrentes, porém, age como um substituto direto do Facebook, como o Google+. Além disso, eles às vezes são usados de formas que não haviam sido previstas por seus criadores, observou o analista Benedict Evans.
"As pessoas não estão usando o Instagram para fotos, o WhatsApp para texto e o Line para adesivos. Elas estão usando tudo para tudo: o Instagram para informar aos outros que vão se atrasar, o WhatsApp para compartilhar fotos, o Snapchat para fazer planos para a noite e assim por diante."
Procurado pela Folha, o Facebook afirmou em nota: "De maneira geral, como o diretor financeiro do Facebook apontou, o uso do Facebook pelos jovens continua estável, eles continuam entre os usuários do Facebook mais ativos e isso está claro para múltiplas plataformas. O Facebook continua liderando em um ambiente em crescimento."
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Cansou
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"Desativei minha conta porque nada do que era postado lá me interessava", diz o estudante Victor Panizzi, 17. "As pessoas usam o Facebook só para demonstrar superioridade intelectual sobre os outros, em vez de compartilhar coisas sobre a vida."
Panizzi, que reativou seu cadastro no site depois de três semanas distante, diz que seu pai é um "usuário assíduo" da rede. "É claro que existe um monitoramento. Ele sempre vem me perguntar sobre as coisas que eu posto por lá. Tem que aprender a lidar."
Ele diz que o Instagram é a alternativa favorita. "É onde as pessoas podem expressar seu lado artístico. Fico surpreso com a quantidade de de conteúdo legal gerado lá."
O desenvolvedor web Gustavo Kuklinski, 22, diz que as publicações de seus contatos estavam ficando repetitivas com o tempo. "Sem contar as pessoas te bisbilhotando a cada movimento. Mal podia puxar assunto com alguém que já vinha a frase ah, tá, eu vi que você postou isso no Face'. Está se tornando o Orkut."
A rede que entusiasma Kuklinski hoje é o Google+, pela facilidade de organizar amigos em grupos "e poder ser seletivo na hora de postar". "Em privacidade, o Google+ vence o Facebook."
"O Facebook está muito diferente do que quando começou", diz a auxiliar administrativa Isis Rodrigues, 19. "Hoje em dia é muito comum [publicarem] pornografia, e eu não acho bacana."
Ainda que sobrem críticas dos mais novos, o site é considerado por alguns deles um "mal necessário", já que quase todo o mundo está lá.
"Perdia muito tempo on-line e precisava parar para estudar. Foi a única vez que desativei a conta, mas depois de algumas semanas, eu a reativei", conta a estudante Mariana Silva, 17. Isso porque perdeu "contatos importantes, como avisos de provas [da escola] que chegavam pelo grupo da minha classe."
"Às vezes penso em voltar a desativar, sim --toma muito tempo da minha vida. Mas vejo que já se tornou um vício e um que vai ser difícil de conseguir largar", diz.
Entre os aplicativos usados, o mensageiro WhatsApp foi quase uma unanimidade entre os entrevistados, mas seu uso não interfere no de redes sociais, segundo eles.
PERGUNTE-ME
Entre os adolescentes brasileiros, um serviço popular é o Ask.fm. Segundo a consultoria Hitwise, ele é mais usado que o Twitter no país.
"Nosso site é único por dar a oportunidade de fazer perguntas sem se identificar", disse o porta-voz da empresa Ross Hall em e-mail à Folha. Ele diz que houve crescimento de 80% no número de usuários brasileiros no último ano, chegando a 20 milhões. Mais de metade deles é composta por adolescentes.
Nove casos de suicídio de adolescentes foram atribuídos ao bullying que sofreram no Ask.fm, todos fora do Brasil. Para coibir as moléstias, diz Hall, o serviço dispõe de uma ferramenta de denúncia e a opção de proibir postagens de anônimos.
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