sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Por que inovamos tão pouco? - Marcos Troyjo

MARCOS TROYJO
Por que inovamos tão pouco?
Produção científica brasileira gera cada vez mais artigos, mas poucos produtos inovadores
O número de patentes geradas a cada ano não é a única forma de medir o que um país produz em termos de inovação. Quando, no entanto, se trata de pedir registro de novas patentes à OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual), os números são embaraçosos.
Em 2012, os EUA entraram com 50 mil novos pedidos; China, 17 mil; Coreia do Sul, 11.000. Brasil? Pouco mais de 600.
Por que o Brasil vai mal em inovação intensiva em tecnologia quando o mundo nos vê criativos e empreendedores?
Nossa criatividade voltada ao mercado é bem-sucedida: o aclamado design das Havaianas e os cosméticos ecologicamente corretos da Natura são bons exemplos.
Ademais, o Relatório de 2010 do Global Entrepreneurship Monitor aponta o Brasil como o mais empreendedor dos países do G20.
Por que então não surgem mais start-ups brasileiras com potencial para virarem novos Googles ou Teslas? Bem, "criatividade não é suficiente", estipulava Theodore Levitt. Para esse lendário guru de Harvard, "criatividade é pensar coisas novas, inovação é fazer coisas novas".
A inovação brasileira é do tipo "adaptação criativa", não a schumpeteriana "destruição criativa", que reinventa setores e inaugura ciclos econômicos. É a isso que convida a política industrial de substituição de importações dos últimos dez anos.
Inovar vem da interação entre capital, conhecimento, empreendedorismo e um ecossistema que catalise tudo isso. Seria possível esperar do Brasil grandes inovações quando investimos apenas 1% de nosso PIB em pesquisa & desenvolvimento (P&D)? A média nos 20 países mais inovadores é de 2,3%.
O Brasil concentra 80% dos gastos com inovação em instituições governamentais. A maioria dedica-se à ciência pura. Interação com empresas não faz parte de seu ethos.
E nas universidades públicas muitos professores e alunos demonstram feroz resistência ideológica a laços estreitos com empresas.
A presidente Dilma Rousseff busca estimular a inovação por meio do "Ciência sem Fronteiras". Ainda que louvável, o programa apenas tangencia a P&D orientada a mercado, o que requer do Brasil ambiente de negócios conducente à inovação.
Resultado: a "produção científica" brasileira expande-se com mais e mais artigos publicados em revistas indexadas, mas poucos produtos inovadores.
Mas se seu papel é chave, por que o setor privado investe tão pouco em inovação?
Abismo entre universidades e empresas. Políticas que sufocam a concorrência. Complexidades burocráticas, trabalhistas e fiscais a exaurir recursos que poderiam ser destinados a laboratórios e cientistas.
Eis os fatores que arrastam o Brasil à 56 ª posição no mais recente Relatório de Competitividade Global.
Nosso subdesempenho inovador tem menos que ver com deficiências na ciência, criatividade ou capacidade empreendedora e mais com camisas de força microeconômicas e institucionais. Os obstáculos que coíbem a inovação empresarial são os mesmos que bloqueiam nosso caminho à prosperidade.
mt2792@columbia.edu

    São Paulo pode ganhar 11 novos municípios

    folha de são paulo
    Projeto aprovado exige que áreas do Sudeste que pretendem se emancipar tenham ao menos 12 mil habitantes
    Deputado estadual afirma que nova regra é um avanço, mas admite que levará a aumento de gastos
    PAULO GAMADE SÃO PAULODas 74 regiões paulistas que já pretendiam se emancipar, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, apenas 11 superam a marca de 12 mil habitantes, requisito estabelecido pela norma aprovada pelo Senado anteontem que regulamentou a criação de municípios no país. O projeto segue para sanção ou veto da presidente Dilma Rousseff.
    Associações que coordenam os movimentos de separação iniciam agora as atividades para superar o que consideram uma das principais barreiras para protocolar o projeto na Assembleia Legislativa: a assinatura de apoio de 20% dos eleitores da área afetada pela mudança.
    "A lei é é ruim porque impõe requisitos muito difíceis, mas ao menos define os trâmites. Antes, não conseguíamos dar sequência ao processo porque não havia regras", diz o químico Renato César Pereira, um dos idealizadores do Movimento Emancipa Barão, que pretende separar o distrito de Barão Geraldo, onde fica a Unicamp, da cidade de Campinas.
    Ele diz que tem conversado com líderes de outras regiões e que pretendem formar uma federação para que os grupos trabalhem juntos.
    Proprietário de uma concessionária de carros, José Nunes, que preside outra entidade do gênero, está à frente do movimento que quer separar Área Cura e mais dois distritos da cidade de Sumaré, próximo de Campinas.
    Apesar da diferença entre os dois grupos --o movimento de Barão Geraldo diz que não aceita filiados a partidos, enquanto Nunes pretende se tornar prefeito da nova cidade--, as justificativas para o pleito de emancipação são semelhantes: a distância física da sede do município e o descaso das administrações com as regiões que representam.
    "Barão é responsável por cerca de 15% da arrecadação de Campinas, e só 2,5% voltam. Não tem ninguém que lute por isso aqui", diz Pereira.
    Segundo a Frente Parlamentar de Apoio à Criação de Novos Municípios, da Câmara dos Deputados, 188 regiões em todo o país cumprem os novos requisitos aprovados. Se todos se tornarem municípios, haverá um impacto de R$ 9 bilhões mensais nos cofres públicos, segundo estimativas governistas.
    Nunes diz que o custo local é pequeno se comparado ao benefício que a descentralização trará ao distrito.
    O deputado estadual João Caramez (PSDB-SP), da Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da Assembleia, diz que o projeto é um avanço ao definir regras, "mas é temerário, porque cria gastos em um momento de crise". O presidente da comissão, deputado Roberto Morais (PPS), prevê um "batalhão de novos pedidos" com a definição das regras.
      ANÁLISE
      Modelo brasileiro estimula prefeituras sem capacidade de gerar receita própria
      PREFEITOS PODEM GASTAR MAIS TEMPO PEDINDO FAVORES DO QUE TENTANDO ELEVAR A ARRECADAÇÃO
      GUSTAVO PATUDE BRASÍLIAA criação de novos municípios pode fazer sentido do ponto de vista administrativo, principalmente em casos de transformações econômicas e demográficas. Prefeitos, afinal, conhecem mais de perto as necessidades locais.
      Há sinais, porém, de que não foram critérios tão racionais que pautaram a proliferação de municípios a partir dos anos 80 --o que gera temores sobre o texto recém-aprovado no Congresso sobre o tema.
      Com vasto atraso, o Legislativo regulamentou um dispositivo constitucional de 1996 que impunha limites à instalação de novas cidades. As normas definidas abrem caminho para 188 delas.
      O modelo federativo brasileiro estimula a existência de prefeituras sem nenhuma capacidade de gerar receitas, vivendo eternamente dos repasses obrigatórios do Estado e do governo federal.
      A partir da Constituição de 1988, municípios se tornaram entes federativos, com autonomia decisória e maior participação no bolo tributário. A condição, rara no mundo, multiplicou o número de prefeituras --viáveis ou não.
      Dados reunidos no mês passado pelo Tesouro Nacional mostram que, de um total de 4.581 municípios com dados disponíveis, 2.546 (56%) geraram menos de 10% de suas receitas orçamentárias no ano passado.
      É natural que municípios recebam recursos de outros entes da Federação, porque sua capacidade de tributar é limitada. Mesmo uma metrópole como São Paulo depende de repasses federais e, principalmente, estaduais para viabilizar um terço de seu Orçamento.
      Mas a disponibilidade de recursos garantidos por tempo indeterminado permite que prefeitos gastem mais tempo pedindo favores adicionais a governadores e presidentes do que tentando elevar a arrecadação.
      A receita com o IPTU, por exemplo, fica abaixo do potencial na maior parte do país --porque cobrar dos proprietários locais é mais difícil do que participar de marchas reivindicatórias a Brasília.

        Marina Silva

        folha de são paulo
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        Li e quero compartilhar o artigo de Sérgio Abranches (em www.ecopolitica.com.br) que mostra com clareza a ideia de aliança programática, dando exemplos de como ocorre na Europa e do avanço que pode trazer à política brasileira.
        Uso, assim, um instrumento comum na internet, onde se desenvolvem novos aplicativos para a democracia. Pelo compartilhamento recebo contribuições vindas de diferentes lugares e pessoas. Mas gosto da ideia para além do ambiente virtual, quando acontece na vida em sociedade: compartilhar é distribuir, colocar à disposição, recomendar. Assim se ampliam as possibilidades de uma nova política, na qual prospera um ativismo autoral, sem o controle das estruturas estagnadas de poder.
        A democracia controlada pelos partidos, com a participação popular reduzida ao voto nas eleições, é só o passo inicial de uma longa evolução. Lutamos para conquistá-la, devemos defendê-la contra qualquer tentativa de retrocesso. Porém essa defesa não pode ser passiva, estacionária, tem que se dar num movimento de ampliar e aprofundar.
        Podemos superar a ideia de hegemonia, que baseou a formação dos movimentos políticos modernos. Partidos buscam hegemonia na política, facções lutam pela hegemonia em cada partido, indivíduos o fazem dentro de cada facção. Paradoxalmente, a democracia torna-se o ambiente em que todos buscam reduzir a própria democracia.
        A hegemonia se faz na ocupação de espaços, na divisão de cargos, na coalizão baseada em acúmulo de poder. O atraso político leva tudo isso ao pântano, ao ponto de degradar até a linguagem das negociações. Tome-se, por exemplo, a distribuição de ministérios e secretarias "com porteira fechada", expressão que designa o controle de todos os cargos pela facção que recebe aquele pedaço do Estado.
        Só um realinhamento político ancorado num programa pode desconstruir as máquinas de hegemonia e controle através do compartilhamento, da distribuição horizontal do poder e de ideias oriundas de vários centros não hierarquizados.
        É possível ter estabilidade e "fazer as coisas" com uma política radicalmente democrática? Essa dúvida vem do medo de aceitar o outro, ouvir sua voz, compreender a necessidade de sua presença. Permanece entre nós a ideia militarista de divisão, embate, ordem unida. Eis a bipolaridade: governo contra oposição, aliados contra inimigos. No final das contas, brasileiros contra brasileiros. Repete-se o "ame-o ou deixe-o", como se fosse impossível amar e discordar.
        Numa agenda pactuada com a sociedade, compartilhando poder e responsabilidades, podemos criar um campo virtuoso em que a democracia é o ambiente no qual se gera mais democracia.
        Chegaremos lá.

          Marco Aurélio Canônico

          folha de são paulo
          Duelo biográfico
          RIO DE JANEIRO - "Mas isso aqui não me interessa, pelo amor de Deus", diz a voz idosa, num tom irritado --ouve-se, na sequência, uma batida na mesa. "Ou você faz a minha vida como administrador ou eu não quero o livro."
          A gravação é um registro da tensa negociação entre um biógrafo --o jornalista Ernesto Rodrigues-- e seu biografado: João Havelange, o ex-presidente da Fifa.
          Ela aparece em um documentário exemplar para a atual discussão sobre biografias: "Conversa com JH", dirigido pelo próprio Rodrigues, e que será exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
          O filme expõe a via crucis por que o jornalista passou a partir do momento em que cumpriu o acordo de apresentar a seu personagem os originais do livro "Jogo Duro - A história de João Havelange", lançado em 2007.
          Além de tentar derrubar depoimentos de inimigos e qualquer menção a episódios que manchassem sua imagem, Havelange implica até com histórias narradas por amigos, que ajudam a humanizar sua figura.
          "Conversa com JH" não apenas narra as desgastantes negociações entre autor e personagem, mas arma, a partir delas, um debate sobre as fronteiras éticas e profissionais da relação entre biógrafos e biografados.
          Rodrigues admite ter feito concessões a Havelange antes mesmo que elas fossem requisitadas. "Alguns assuntos que eu sei que são desconfortáveis para o senhor eu coloco na boca dos seus amigos", diz ele, numa das reuniões.
          A precaução é inócua. A certa altura, numa tentativa de encerrar o caso, Havelange sugere: "Faz o seguinte, o senhor guarda tudo isso, no dia em que eu morrer o senhor publica".
          Infelizmente, como deixam claros vários exemplos de livros vetados por herdeiros, nem a morte do personagem é garantia de que o autor poderá lançar sua obra.

            Helio Schwartsman

            folha de são paulo
            Liberdade de expressão
            SÃO PAULO - Já que as biografias não saem mesmo das manchetes, é o caso de investigar melhor os fundamentos teóricos da liberdade de expressão. Em outras palavras, por que devemos ser contra a censura, seja ela prévia ou póstuma?
            Como já alertava o filósofo John Stuart Mill, no século 19, existem muitas formas de oprimir uma pessoa. Dois candidatos fortes a fazê-lo são o Estado, com suas leis e corpo policial nem sempre razoáveis, e a sociedade, por meio das "opiniões e sentimentos prevalecentes". O único modo de contrapor-se a isso é assegurar ao indivíduo um núcleo de liberdades irredutíveis, entre as quais se destacam a de pensamento, expressão e reunião. Se eu puder me juntar a quem pense como eu, tenho chance de escapar da "tirania da maioria".
            O interessante é que os benefícios dessa tolerância institucionalizada não ficam restritos ao indivíduo. Ela está na base de instituições que definem a modernidade, como a liberdade acadêmica e, com ela, o desenvolvimento tecnológico e científico, e a imprensa que, ainda que muito imperfeitamente, ajuda a controlar os apetites de nossos governantes.
            Mais do que isso, a liberdade de expressão, ao assegurar que todos os temas possam ser discutidos sob todas as perspectivas, contribui para a sociedade encontrar o balanço entre mudança e estabilidade. Tome-se o caso da moral. Um debate aberto facilita o ajuste fino entre a saudável contestação e o necessário consenso.
            É importante frisar que a liberdade de expressão só faz sentido se for estabelecida de maneira forte, ainda que não absoluta. Ninguém, afinal, precisa de garantias para dizer o que todos querem ouvir. Esse instituto só se torna relevante quando permite que mesmo ideias que nos pareçam desprezíveis, incluindo manifestações nazistas, racistas e biografias não autorizadas, circulem livremente. O tempo e um pouco de sorte acabam se encarregando de enterrar o que é lixo e preservar o que é útil.
            helio@uol.com.br

              Monica Bergamo

              folha de são paulo

              Vídeo de entrevista de Chico Buarque deixou Procure Saber em choque

              Ouvir o texto

              O vídeo em que Chico Buarque aparece dando a entrevista ao biógrafo de Roberto Carlos que ele sempre disse que jamais havia dado deixou integrantes da Associação Procure Saber, da qual ele faz parte, em choque. Chico sempre usou o argumento de que a entrevista não existira para sustentar sua posição, contra a publicação de biografias não autorizadas.
              TECLA
              Repetindo a informação, que o escritor, Paulo César Araújo, provou ser falsa ao divulgar anteontem as imagens da conversa (o cantor pediu desculpas dizendo que não se lembrava), Chico tentava animar os outros integrantes da Procure Saber a aderir à causa defendida por Roberto Carlos.
              MUITO PESSOAL
              Nas reuniões do grupo, Chico Buarque era o mais radical, depois de Roberto, na defesa da restrição às biografias, o que é creditado ao seu "pânico" de ter a vida invadida, à aversão pela indústria da celebridade e a informações equivocadas já publicadas sobre ele na imprensa.
              TEMPO AO TEMPO
              Gilberto Gil revelava dúvidas, mas acabou tomando a decisão de apoiar a causa. Caetano Veloso dizia ser a favor da liberação das biografias, com argumentos como o de que quem está na chuva (os artistas) é para se molhar.
              TEMPO AO TEMPO 2
              Caetano, na época, concordou em não se manifestar publicamente enquanto o tema não fosse elevado à condição de prioridade (ele diz que depois se somou a seus colegas mais cautelosos do grupo). Naquele momento, a Procure Saber estava mobilizada para aprovar no Congresso alterações na arrecadação de direitos autorais.
              NADA DISSO
              O assunto era tratado como tabu, pelo temor de parte do grupo de explicitar publicamente divergências que afastassem Roberto Carlos da causa dos direitos autorais. Pedro Tourinho, na época uma espécie de porta-voz do grupo, chegou a enviar um e-mail à coluna para afirmar que "não houve uma discussão sobre o assunto" das biografias nas reuniões da associação
              CALVÁRIO
              Paulo César Araújo, o biógrafo de Roberto Carlos que teve seus livros recolhidos em 2007, já revelou a editores que pensa agora em escrever "O Rei e o Réu". Tem planos de colocar no papel a sua experiência com Roberto Carlos. Seria uma obra em primeira pessoa.
              MÚLTIPLAS CLARICES
              Daniel Primo
              "A Via Crucis do Corpo" foi o primeiro livro de Clarice Lispector que Alessandra Maestrini leu. "É o meu predileto", diz a atriz, uma das protagonistas de série "Correio Feminino", inspirada na escritora, que estreia no próximo dia 27.
              *
              "São oito filmetes para o 'Fantástico', a partir das colunas femininas assinadas pela escritora em jornais", explica o diretor Luiz Fernando Carvalho.
              *
              Além de Maestrini, 36, Luiza Brunet, 51, e Cintia Dicker, 27, encarnam as figuras femininas da série ambientada nos anos 50 e 60. Cada uma representa uma idade de mulher.
              FOTOGRAFIA LATINA
              O Itaú Cultural abriu anteontem a exposição "Fotonovela - Sociedade/Classes/Fotografia", em sua sede, na avenida Paulista. Os fotógrafos Nicolas Wormull, Eustáquio Neves, Juan Pablo Echeverri, Claudia Jaguaribe e Helena de Castro, com o filho, Luca, estiveram no evento. Milú Villela, presidente do espaço, também compareceu.

              Mostra de foto no Itaú Cultural

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              Zanone Fraissat/Folhapress
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              Milú Villela, presidente do Itaú Cultural, recebeu convidados na abertura da exposição "Fotonovela/Sociedade/Classes/Fotografia" na quarta (16)
              SÓ PENSA NAQUILO
              A editora LeYa lança no começo de 2014 livro inspirado na série americana "Masters of Sex", exibida pelo canal pago Showtime. A obra narra as experiências de William Masters e Virginia Johnson, famosos pelas pesquisas sobre comportamento sexual na década de 1950.
              GASTANDO
              As famílias paulistanas estão mais confiantes em relação à economia. É o que mostra o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da Fecomercio, em setembro, que ficou em 123,9 pontos, com alta de 2,7% em relação a agosto. O índice vai de zero a 200 pontos.
              GASTANDO 2
              A Fecomercio divulga os dados hoje e credita a maior predisposição ao consumo à queda da inflação, aos tímidos sinais de crescimento econômico e ao fim dos protestos em massa nas ruas. O otimismo, no entanto, é menor do que o apurado em setembro do ano passado, com recuo de 11,6% no indicador.
              SEGUNDA PELE
              Regina Duarte fez tratamento para remoçar, antes de subir ao palco em "Bem-Vindo, Estranho", que estreia hoje em SP. Submeteu-se a uma sessão de laser que faz a troca da pele do rosto na clínica de Jardis Volpe.
              MOTORISTA
              A Casa Cor exibirá neste ano também carros de alto luxo no Jockey Club, em novembro. O evento fechou parceria com o Auto Premium Show, que exibirá modelos das marcas Land Rover, Jaguar, BMW, Mitsubishi e Porsche. As pessoas poderão dar uma volta com os automóveis. Um dos modelos, usado pela família real da Inglaterra e feito de alumínio, custa R$ 600 mil.
              DIPLOMÁTICO
              O embaixador do Haiti, Madsen Chérubim, homenageou o novo cônsul-geral do país em São Paulo, José Carlos Kalil, com coquetel anteontem, no Jardim América. A diretora comercial Thaisa Carvalho e Elaine Kalil, mulher do homenageado, estiveram lá.

              Homenagem ao cônsul-geral do Haiti em SP

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              Zanone Fraissat/Folhapress
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              Madsen Chérubim, embaixador do Haiti, em coquetel em homenagem a José Carlos Kalil, novo cônsul-geral do país em São Paulo
              CURTO-CIRCUITO
              Eduardo Maretti autografa amanhã o livro "O Filho da Promessa", às 14h, na Paulinas Livraria.
              A marca L'Occitane inicia venda de sabonete solidário em prol de centro de alfabetização em Burkina Faso, na África.
              A Big Time Orchestra faz show hoje, às 23h30, no Bourbon Street. 18 anos.
              Jairzinho participa do Cantores do Bem, evento em benefício da Associação Aquarela. No próximo dia 29.
              Karin Rodrigues estreia em "Duas Mulheres que Dançam", amanhã, às 21h, no Teatro Eva Herz. 14 anos.
              com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
              Mônica Bergamo
              Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

              Muitas emoções - Barbara Gancia

              folha de são paulo
              Sou do tempo em que a pessoa mais desequilibrada da sala costumava ser sempre eu. Para você ver como as coisas mu­dam. Hoje, consigo não só contar até dez antes de cometer alguma asneira, como fui buscar prazer em outras localidades que não os buei­ros infectos que outrora visitava nos horários em que o cidadão de boa cêpa começa a adentrar o 13º ciclo REM do sono.
              Não chego a ser nenhuma Darlene Glória arrependida, mas já con­quistei o troféu Baby Consuelo da regeneração. Uma Baby Consuelo, veja bem, SEM empresária (pé de pato mangalô três vezes!), mas ain­da assim que fez da recuperação da dependência seu sacerdócio e da virtude da vida saudável seu lema.
              Nem por isso, deixo de estar imensamente preocupada. Sabe o que é? Ontem vi na "Ilustrada", na co­luna daquele adônis do Calligaris, que quem não lê ficção literária bom sujeito não é. Não adianta ler apenas. Nos últimos tempos, tro­quei a remuneração de um traba­lho feito para uma livraria pelos se­guintes e portentosos volumes: "Formação do Brasil Contemporâ­neo", Caio Prado Jr.; "Raízes do Brasil", Sérgio Buarque de Holan­da; "A Integração do Negro na So­ciedade de Classes", Florestan Fer­nandes e assim vai.
              Pois é, nem abri. Alguns foram e voltaram de Miconos virgens, ou­tros eu levei para conhecer uma das maravilhas do mundo, a cidade de Machu Picchu, e mais um par foi comigo até a Terra do Fogo, e de lá voltamos três desconhecidos.
              Se eu não leio nem mesmo livros que me dariam substância para en­tender o país em que vivo e, conse­quentemente, para tentar enrique­cer minha conta bancária, digo, o meu diálogo com você, meu ursi­nho de pelúcia, imagine se eu teria tempo de enfrentar um "Moby Dick"? Contardo menciona estudo que diz que a ficção ajuda a aprimo­rar a capacidade de reconhecer o que os outros sentem, nos ensina a ter empatia.
              Ou seja, estou perdida e o mundo prestes e escoar pelo ralo. Entre iPhone, iPad, BigMac e WhatsApp, ao fim do dia tão sugada, que só con­sigo ficar olhando imagens no Ins­tagram antes de pegar no sono. Nem mesmo na reprise de "Água Viva" consigo me concentrar.
              Nem mesmo para ler provérbio no Facebook eu tenho mais foco. Os 140 caracteres do Twitter então, são "Cem Anos de Solidão". Rever um filme do Bergman hoje em dia equi­valeria aos 27 anos passados por Mandela em Robben Island. Mas o problema maior não sou eu.
              Sejamos sinceros. Eu já estou no ponto para moer e servir de ração para peixinho dourado. E já me dis­pus a mandar às favas Facebook, Instagram e Twitter. Reconheço que estou passando dos limites. Re­de social e fissura em iPhone, depois da coluna do Contardo só na eventualidade de algum assunto de interesse maior, como um ataque de tarântu­las censoras ao STF.
              A questão maior é como domar a testosterona dessa geração de ga­rotos que passam o dia enfurnados no quarto com o nariz grudado na tela. Quando são obrigados a lidar com a vida real, em um mundo em que figura paterna e materna estão cada vez mais bagunçadas, eles es­tão sem saber distinguir entre real e virtual.
              Nesta semana, ouvi relatos apavo­rados de uma testemunha sobre um jovem que trafegava pela zona sul sobre a caçamba de uma pick-up desferindo golpes em motoboys com taco de beisebol. Na cabeça. O camarada parecia estar se divertin­do muito. Claro, assim como a dis­tinção entre sexo virtual e sexo na vida real, o GTA (Grand Theft Au­to) de verdade deve ser bem mais emocionante do que o jogo.
              Barbara Gancia
              Barbara Gancia, mito vivo do jornalismo tapuia e torcedora do Santos FC, detesta se envolver em polêmica. E já chegou na idade de ter de recusar alimentos contendo gordura animal. É colunista do caderno "Cotidiano" e da revista "sãopaulo".