sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Quem vai pagar a conta de Eike Batista? - Raquel Landim

folha de são paulo

Quem vai pagar a conta de Eike Batista?

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Tudo indica que a conta do calote de Eike Batista vai sobrar para os acionistas minoritários, para os credores estrangeiros e para os fornecedores de suas empresas. O empresário está fazendo de tudo para livrar os bancos e, principalmente, o governo de amargar prejuízos.
A OGX entrou nessa semana com o maior pedido de recuperação judicial da América Latina, deixando para trás R$ 11,2 bilhões de dívidas não pagas. Pode causar espanto, mas não há dívidas bancárias envolvidas. A maior fatia - quase R$ 8 bilhões - é com investidores do exterior, que compraram os títulos de dívida da empresa.
As únicas dívidas bancárias da OGX estavam na subsidiária OGX Maranhão, que produz gás na bacia do Parnaíba. Se a OGX Maranhão tivesse sucumbido, Itaú BBA, Morgan Stanley e Santander teriam tomado um calote de R$ 200 milhões cada um. Na véspera da recuperação judicial da petroleira, o fundo Cambuhy, do banqueiro Pedro Moreira Salles (Itaú Unibanco) topou injetar dinheiro na empresa.
Ontem à noite estava sendo costurado um acordo para salvar a empresa naval OSX de ter o mesmo destino da OGX. A OSX é hoje o principal risco de dor de cabeça para a administração Dilma Rousseff, que terá que explicar uma "tunga" de R$ 1,6 bilhão em Caixa e BNDES se a empresa for à lona.
Até ontem o que estava sendo costurado era uma solução que não comprometesse o governo, porque passava por uma injeção de recursos dos bancos privados que garantem os empréstimos (Santander e Votorantim) e do próprio Eike, que colocaria R$ 100 milhões na empresa.
Causa espanto a disposição de Eike de por dinheiro na OSX, já que ele se negou recentemente a injetar a mesma quantia na OGX. Talvez a relação especial que o empresário sempre gozou com Lula e Dilma ajude a explicar sua opção.
Nos últimos meses, Eike também conseguiu passar para frente pedaços da termelétrica MPX (hoje chamada Eneva), da mineradora MMX e da empresa de logística LLX. A exposição dos bancos brasileiros, que chegava a cerca de R$ 20 bilhões, estava fortemente concentrada nessas três empresas. Se tivessem sido contaminadas, o estrago seria grande.
Até ontem, ainda não era certeza que a OSX escaparia da recuperação judicial, mas, se tudo sair como planejado, a conta do calote de Eike ficará apenas com os acionistas minoritários de suas empresas, cujos papeis se desvalorizaram muito, e com os credores internacionais.
As ações da OGX, por exemplo, foram cotadas ontem a míseros R$ 0,13. Os fundos internacionais, como Pinco e BlackRock, também não vão escapar de um desconto brutal no pagamento de seus empréstimos durante a recuperação da petroleira.
É claro que investir em ações ou bônus de uma petroleira pré-operacional é um risco e todos devem saber disso, mas os prejuízos para o país são significativos.
A bolsa brasileira já vem sofrendo com o "efeito OGX", que prejudica um canal importante para as empresas se financiarem e para as pessoas elevarem sua poupança.
Além disso, as portas lá fora estarão difíceis de abrir a partir de agora para empresas brasileiras novatas que possuam um bom projeto de infraestrutura, mas nenhuma receita. E isso num país que precisa muito de investimentos é preocupante.
De forma indireta e, apesar dos esforços para deixar o governo de fora, a conta de Eike Batista já caiu um pouco no colo de todos nós. Se a OSX não se salvar, vai ficar ainda mais salgada.
raquel landim
Raquel Landim é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas-feiras, sobre economia, negócios e comércio exterior. Formou-se em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP) e tem mestrado em Jornalismo pela London School of Journalism e em Negociações Internacionais pelo convênio PUC/Unesp/Unicamp

Veja como a crise afeta os investidores [Eike]

folha de são paulo
Veja como a crise afeta os investidores
DE SÃO PAULO
Com o pedido de recuperação judicial, as ações deixam de compor, a partir de hoje, os índices da BM&FBovespa, entre eles o Ibovespa. Os papéis, no entanto, seguem sendo negociados, mas em "situação especial".
De acordo com Marcelo Sampaio, advogado do escritório Mattos Filho, quem permaneceu com os papéis da empresa precisa ter em mente que o acionista é o último a ser ressarcido no processo de recuperação judicial. Antes, recebem os credores, entre os quais funcionários, fornecedores e até o governo.
Caso o plano de recuperação fracasse ou não seja aprovado pela Justiça, o acionista perde todo o investimento.
Por outro lado, também há a possibilidade de que a recuperação seja um sucesso e as ações voltem a subir.
Nesse caso, ganhariam aqueles que permaneceram com as ações da empresa.
FUNDOS IBOVESPA
Sem a petroleira OGX, o Ibovespa fica mais previsível, variando segundo as perspectivas de lucro das empresas e da Bolsa. Para o investidor que aplica nos fundos ligados ao Ibovespa, a mudança é boa porque se livra de uma ação que derreteu 93% em 2013, arrastando o índice.
Devido à metodologia do índice --que mudará a partir de janeiro--, conforme o valor das ações cai, os fundos Ibovespa são obrigados a comprar mais papéis para manter a mesma participação da ação no fundo.
Isso criou um ciclo perverso: quando mais a empresa de Eike afundava, mais expunha os cotistas ao risco.
Até ontem, o Ibovespa era contaminado pelo sobe e desce das ações da OGX, que iniciaram setembro respondendo por 4,26% do índice.
A partir de hoje, o peso da petroleira será redistribuído, proporcionalmente, entre os demais 72 papéis.
O maior impacto, no entanto, será no índice futuro, que serve para mitigar os riscos na Bolsa e embutia um desconto por causa das dúvidas sobre a OGX.
Agora, voltou à normalidade, negociado com um pequeno ganho. (TONI SCIARRETTA E ANDERSON FIGO)
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Investidores em mercados emergentes rejeitam ações de estatais


Eike oferece R$ 100 mi para 'salvar' OSX
Endividada, empresa está em negociações com credores para tentar evitar pedido de recuperação judicial
Empresário só colocará recursos se Santander e Votorantim também injetarem cerca de R$ 200 milhões
RENATA AGOSTINIDE BRASÍLIARAQUEL LANDIMDE SÃO PAULOEike Batista sinalizou aos bancos credores que está disposto a aportar cerca de R$ 100 milhões na OSX caso isso ajude a companhia a escapar da recuperação judicial.
Um eventual processo de recuperação significará calote de R$ 1,6 bilhão nos bancos públicos, BNDES e Caixa.
O aporte do empresário, que detém 66,7% da OSX, faz parte do plano de salvamento da empresa naval apresentado aos bancos.
A OSX tenta renegociar dívidas de curto prazo de R$ 1 bilhão com BNDES e Caixa, garantidas, respectivamente, por Votorantim e Santander. A Caixa também emprestou outros R$ 600 milhões em linha de crédito de longo prazo.
Um acordo com os quatro bancos é crucial para que a empresa não seja forçada a seguir o caminho da petroleira OGX, que entrou em recuperação judicial anteontem.
Representantes dos bancos e do comando da OSX se reuniram ontem, mas não chegaram a um acordo. As conversas seguirão ao longo do dia de hoje, considerado o prazo máximo para resolver o impasse nas negociações, segundo apurou a Folha.
Caso não haja uma solução, a empresa terá de recorrer à recuperação já na próxima semana.
A empresa já está inadimplente com a Caixa há duas semanas e enfrenta o protesto das dívidas de pequenos fornecedores na Justiça.
Eike só vai injetar dinheiro na OSX se Santander e Votorantim também colocarem cerca de R$ 200 milhões.
A renovação dos empréstimos por mais um ano e os aportes de recursos são as bases da reestruturação da OSX, comandada por Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal.
BNDES e Votorantim já haviam concordado com as condições, mas houve impasse nas tratativas com Santander e Caixa. O Santander gostaria que a Caixa reduzisse o parcela do empréstimo que está garantida.
Luciano Coutinho, presidente do BNDES, sinalizou ontem que concorda com nova prorrogação do empréstimo à OSX. "Dar tempo para que as soluções aconteçam é uma estratégia sensata."
Caso o acordo com os bancos seja fechado, a OSX terá dinheiro para tocar as operações até o ano que vem.
Para afastar o risco de recuperação judicial, no entanto, precisará ter sucesso em outras frentes de negociação.
A primeira é com os bancos estrangeiros e os detentores de títulos da dívida da empresa. A OSX pede a todos carência de um ano para pagar os juros dos empréstimos.
Há ainda uma dura batalha com os fornecedores, com os quais reconhece R$ 650 milhões em dívidas. Mas só a fabricante de equipamentos Techint pede R$ 1 bilhão.
Em comunicado, a OSX informou estar "preparada" para a recuperação judicial caso seja necessário, mas segue trabalhando na reestruturação, que envolve "potenciais combinações empresariais".
Segundo apurou a Folha, há três memorandos de entendimento para parcerias no estaleiro da OSX, entre eles com a espanhola Dragados e a brasileira Asgaard.
    Médico perdeu 97% com aposta em petroleira de Eike
    OGX tinha 52 mil acionistas pessoa física, 8,6% dos investidores da Bolsa
    Mesmo minoritários, acionistas são os últimos a receber, atrás de funcionários, fornecedores e bancos
    MARIANA SALLOWICZDO RIO"Caí no canto da sereia." É a definição que o médico Rogério Kuga, 40, dá ao seu investimento nas ações da OGX, petroleira de Eike Batista, que entrou anteontem em recuperação judicial.
    Kuga apostou no forte desempenho projetado para a companhia do megaempresário e vendeu ações de empresas como Petrobras, Bradesco e Vale para colocar tudo nos papéis da OGX.
    "Coloquei na OGX diante de toda aquela perspectiva promissora para a empresa. Achava que os papéis estavam baratos", disse, sem revelar o valor que aplicou.
    O preço médio das ações compradas por Kuga foi de R$ 4,90. Ontem, os papéis fecharam cotados a R$ 0,13 --uma desvalorização de 97,35%.
    O economista Aurélio Valporto, 50, também se frustrou. "Comprei ações de uma empresa que dizia ter descoberto muito petróleo, o que não se mostrou real. Foi uma fraude", diz. "Ele [Eike Batista] vendeu uma série de ações em maio e junho, pouco antes de anunciar que os poços eram secos."
    Até abril, dado mais recente disponível, havia 51,9 mil investidores pessoas físicas na OGX --8,6% dos 600,9 mil investidores pessoas físicas na BM&FBovespa.
    No início de julho, a companhia informou que pode parar em 2014 o seu único campo de petróleo em produção, o de Tubarão Azul.

      Dois lados da moeda [Eike] - FT

      folha de são paulo
      Dois lados da moeda
      Pivô da maior recuperação judicial do continente, Eike é ao mesmo tempo credor e devedor
      DE SÃO PAULO DO "FINANCIAL TIMES"Os credores da OGX, de Eike Batista, terão um concorrente inesperado nas negociações sobre a dívida da petroleira: o próprio Eike.
      A OSX, companhia de serviços petroleiros de Batista, é uma das maiores prestadoras de serviços à OGX, com pagamentos a receber da ordem de US$ 2,6 bilhões.
      O grupo, no entanto, incluiu apenas US$ 900 milhões desse total no passivo estimado de US$ 5,1 bilhões.
      Batista, que no passado alardeava seu grupo como maior explorador privado de petróleo do Brasil, pediu recuperação judicial em um tribunal do Rio anteontem, no maior caso do tipo da história da América Latina.
      O pedido representa o fim do "sonho" de Eike Batista, que havia declarado sua intenção de se tornar o homem mais rico do mundo.
      No início de 2012 figurou entre os dez primeiros mais ricos do mundo. O empresário perdeu mais de US$ 30 bilhões desde então e não integra mais a lista de bilionários.
      Seu patrimônio pessoal desabou com a queda no valor das ações de suas companhias. Só no caso da OGX, da qual ele detém hoje 50%, as ações perderam mais de 99% do valor entre outubro de 2010 e o fechamento do pregão na última quarta.
      AS REGRAS E OS 2 LADOS
      Com base na lei de falências brasileira, o acionista controlador de uma empresa tem a obrigação de apresentar um plano de reestruturação ao tribunal, o que significa que os credores da OGX negociarão com Eike dos dois lados da mesa.
      Ele não só ajudará a conduzir o processo de falência, já que terá o poder de vetar propostas rivais às suas, como também terá voz entre os credores por meio da OSX.
      Sob a regulamentação brasileira, as reivindicações da OSX terão prioridade equivalente à dos detentores de títulos de dívida e outros credores da companhia, dizem especialistas em falências.
      A OSX já começou a agir contra a OGX, anunciando que rescindiria o arrendamento à petroleira de uma de suas plataformas e declarando um impasse de dívida com os credores da companhia de leasing pelo equipamento.
      A plataforma está sendo usada em um dos campos da OGX que devem fechar, o Tubarão Azul.
      Era um dos poucos campos em produção da empresa, mas falhou em cumprir suas metas de produção, até que a companhia anunciou seu possível fechamento, meses atrás, o que deflagrou o colapso do império empresarial de Eike.

        Marcos Troyjo

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        Choque de Civilizações: 20 anos
        Testemunhamos em anos recentes renascimento do Estado-Nação como ator preponderante do mundo
        Há 20 anos, a prestigiosa revista "Foreign Affairs" publicava um dos mais importantes artigos de sua nonagenária história: "Choque de Civilizações", de Samuel Huntington, cientista político de Harvard, falecido em 2008.
        Argumento central: conflitos pós-queda do Muro de Berlim seriam engendrados sobretudo por diferenças culturais. Percorremos em 500 anos a trajetória de confrontação entre príncipes, Estados-Nação, ideologias e, finalmente, civilizações.
        A teoria do "choque" explicaria a guerra na ex-Iugoslávia, o 11 de Setembro e atentados em Madri (2004) e Londres (2005). Serviu de "fermento" à Guerra ao Terror e incursões dos EUA no Iraque e Afeganistão.
        Desferiu duro golpe nos entusiastas da globalização. Demarcou limites ao otimismo de que economia de mercado e democracia representariam objetivos universais. Eclipsou, assim, a tese do "Fim da História", apresentada por Francis Fukuyama em 1989.
        Talvez apenas "As Fontes da Conduta Soviética" supere o "Choque" em impacto histórico de um artigo sobre política mundial. Publicado em 1947 também na Foreign Affairs pelo ministro-conselheiro da embaixada dos EUA em Moscou, George Kennan (à época sob o pseudônimo "X"), o texto forneceu substrato intelectual para a doutrina da contenção e o início da Guerra Fria.
        Examinar o mundo pela lente do choque civilizacional continua valendo? A própria classificação de Huntington sobre quais seriam as civilizações é bastante controversa (identifica a América Latina, por exemplo, como algo em separado da civilização ocidental).
        Ademais, tanto o 11 de Setembro como a Grande Recessão de 2008 parecem ter surtido efeito "regressivo" na escala de Huntington.
        Testemunhamos em anos recentes verdadeiro renascimento do Estado-Nação como ator preponderante da cena mundial.
        Por pressão de seu público --nacional e interno--, alguns ocidentais como Reino Unido, Espanha e Alemanha mostraram-se mais reticentes a cerrar fileiras em torno da cruzada contra o terror.
        Na dimensão geoeconômica, acordos de comércio e investimento em gestação, como a Parceria Transpacífico, congregam atores tão civilizacionalmente distintos quanto Chile, EUA e Coreia do Sul.
        E um dos principais temas do noticiário atual, a espionagem de grandes proporções efetivada pelos EUA, volta-se não apenas a "adversários civilizacionais". Prolifera também sobre parceiros de interesses comuns.
        É o caso do Brasil (que juntamente com os EUA formam as duas maiores democracias do continente). Do México, parceiro dos EUA no Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte). E de sócios dos EUA em alianças de defesa, como França e Alemanha no âmbito da Otan. Todos ampla e sofisticadamente bisbilhotados pelos EUA.
        Por mais que nesses 20 anos o paradigma civilizacional tenha oferecido valiosos elementos à interpretação do pós-Guerra Fria, a confluência entre os interesses nacionais de cada país ainda é o principal gerador de cooperação e conflito no tabuleiro global.

        Olhem mais para o Ocidente, diz líder da 'bancada do Brasil' - Raul Juste Lores

        folha de são paulo

        RELAÇÃO DESGASTADA
        Olhem mais para o Ocidente, diz líder da 'bancada do Brasil'
        Deputado americano Devin Nunes pede que Dilma se afaste de China e Rússia
        Congressista, que é um republicano do Estado da Califórnia, diz que lamenta cancelamento de visita de presidente
        RAUL JUSTE LORESDE WASHINGTONO Brasil precisa escolher quem são seus amigos --e deixar os Brics de lado para se juntar aos EUA, diz o presidente da "bancada do Brasil" no Congresso americano, o deputado republicano Devin Nunes, 40, da Califórnia.
        "Decepcionado" com o cancelamento da visita de Estado de Dilma, ele acha que as denúncias de espionagem americana vão "cicatrizar" e que o Brasil precisa começar a discutir mais livre-comércio e investimentos com os EUA.
        Bisneto de imigrantes açorianos em seu quinto mandato na Câmara, ele preside pela terceira vez a bancada que une congressistas com interesses no Brasil --34 deputados, ao todo.
        Nunes recebeu a Folha em um dia nada silencioso em seu escritório: duas assessoras recebiam sem parar ligações de eleitores cobrando mais oposição ao Obamacare, plano de saúde universal do governo.
        A poucos metros, na porta do gabinete do presidente da Câmara, John Boehner, imigrantes mexicanos rezavam ajoelhados no corredor, para pedir que Boehner apoiasse a reforma imigratória. Leia trechos da conversa.
        ESCOLHER AMIGOS
        A longo prazo, os EUA têm que focar mais no Brasil, um parceiro estratégico. Por outro lado, o Brasil tem de ser um ator mundial. Precisa de liderança, tomar decisões duras. O Brasil precisa escolher quem serão os seus amigos --entre o Ocidente e olhar para trás. Eu acho que o Brasil precisa se juntar ao Ocidente.
        DEIXAR OS BRICS
        A aliança comercial dos EUA com os países do Pacífico [bloco que reunirá de Japão e Sudeste Asiático a Peru, México, Austrália e Canadá] vai acontecer. O acordo com a Europa virá depois.
        Quando você olha os Brics, você vê que não é o lugar do Brasil. Deveria ser Rics. O Brasil é pacífico e democrático, diferente daquele grupo. Deveria desenvolver mais parcerias com o mundo ocidental.
        ESPIONAGEM
        Há uma reação exagerada pelo mundo depois dessas denúncias. O Congresso faz a supervisão da NSA [Agência de Segurança Nacional]. O que pouca gente sabe, até mesmo aqui, é que a NSA é um braço das Forças Armadas, dirigido pelas Forças Armadas.
        Não ligamos para outro país, "ei, vá atrás de onde a gente acha que tem um terrorista". Não funciona assim. Juntam-se sinais, pistas, informação.
        Os chineses e os russos, e outros personagens do mal, estão espionando por todos os lados as redes de vocês, por razões econômicas, e há pontos nevrálgicos no Brasil em temas de segurança.
        Cada celular, tablet e e-mail, hoje em dia, todo mundo consegue grampear. Mas, se você está no seu telefone, e-mail, alguém vai interceptar isso. Melhor guardar seus segredos e cuidar mais da tecnologia.
        PETROBRAS
        Há uma razão para a espionagem da Petrobras, que não posso explicar a você porque é assunto confidencial. Mas soube que nosso Departamento de Estado compartilhou com a presidente Dilma Rousseff precisamente por que isso foi feito na Petrobras. Há uma razão de segurança para isso.
        O tempo vai passar, cicatrizar. Os brasileiros vão entender. Outros Brics são os maiores violadores de espionagem econômica. Nós não fazemos espionagem com fins econômicos para benefício de empresas americanas.
        CONSELHO DE SEGURANÇA
        Se o diálogo melhorar e o comércio começar a melhorar, acho que haveria esse apoio. O Brasil não precisa ser parte dos Brics, pode se erguer por si só. Mas a Venezuela é um problema, a Argentina também, a Rússia é uma plutocracia. Entendo que vocês precisem ser aliados de vizinhos, mas será duro para o Brasil entrar no Conselho de Segurança com esses aliados. Mas é a Casa Branca que decide.
        VISTO AMERICANO
        Acho que a liberação do visto é o objetivo comum. Mas o problema não tem nada a ver com as pessoas no Brasil, em São Paulo. A fronteira é muito porosa. Outras pessoas usariam o Brasil de passagem para vir aos EUA. Há essa preocupação.
        CONGRESSO
        Há diversos diálogos EUA-Brasil acontecendo, mas sem uma marca, muita papelada, algo confuso. O objetivo final é desenvolver uma parceria econômica mais forte com o Brasil, como a que temos com Canadá e México.
          RAIO-X - DEVIN NUNES
          Nascimento
          1º.out.73, Tulare, Califórnia
          Formação
          Administração agrícola
          Carreira
          Deputado pela Califórnia, em seu quinto mandato; preside 'Brazil Caucus' no Congresso

            Fiscal confirma esquema de fraude em SP - Mario Cesar Carvalho

            folha de são paulo
            Servidor preso aceita delação premiada; cada acusado faturava pelo menos R$ 60 mil por semana, diz Ministério Público
            Promotoria investiga se "o louco", como era chamado pelos colegas, enviou dinheiro para o exterior ilegalmente
            MARIO CESAR CARVALHODE SÃO PAULOO fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, um dos quatro servidores da Prefeitura de São Paulo presos sob acusação de cobrar propina para reduzir o valor do ISS (Imposto sobre Serviços) de imóveis novos, aceitou fazer uma delação premiada --dar detalhes do esquema em troca de redução de pena.
            Diante das provas apresentadas pelo promotor Roberto Bodini, o fiscal confirmou o esquema em depoimento. "Ele apresentou detalhes que só alguém que participava do grupo conhecia", disse Bodini.
            Entre outros detalhes, Magalhães contou que os quatro recebiam a maior parte da propina em dinheiro vivo.
            Além de Bodini, outros dois profissionais da investigação confirmaram à Folha a confissão, embora seu advogado negue.
            O grupo oferecia a empresas a possibilidade de reduzir até pela metade o imposto devido se pagassem uma comissão ao grupo.
            A prefeitura estima que o esquema causou prejuízo de R$ 500 milhões em impostos que não foram recolhidos.
            Segundo Bodini, cada um dos participantes do grupo faturava entre R$ 60 mil e R$ 80 mil por semana há pelo menos quatro anos.
            Em levantamento inicial, a corregedoria da prefeitura identificou cerca de 500 imóveis liberados para serem habitados após pagamento de comissão aos quatro fiscais.
            Magalhães é o elo mais fraco do grupo preso. Não chegou a ocupar cargos de chefia, ao contrário dos demais.
            Dois deles (Eduardo Horle Barcellos e Carlos Augusto di Lallo do Amaral) foram diretores da Secretaria de Finanças da prefeitura.
            Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como líder do grupo, foi subsecretário da Receita do município na gestão Kassab (PSD), de 2009 a 2012, na época das fraudes. Recentemente, foi diretor na SPTrans, na gestão petista.
            Magalhães era chamado de "o louco" pelos outros três presos pela liberalidade com que tratava de assuntos tabus ao telefone, como a abertura de uma conta no exterior para canalizar recursos ilícitos. Ou por aceitar receber propina no banco, por meio de depósito identificado, de acordo com a investigação.
            Foi a partir de um desses telefonemas, interceptados com autorização judicial, que os promotores encontraram indícios de que a conta no exterior foi aberta. Ele conversou sobre a questão com a funcionária de um banco em Miami, nos Estados Unidos.
            A delação premiada era considerada tão certa pelo advogado do fiscal, Mário Ricca, que ele e o Ministério Público chegaram a pedir a liberdade de Magalhães usando esse argumento.
            O juiz Eduardo Pereira Santos Jr. negou porque a delação não havia sido formalizada. Ainda segundo o juiz, "a soltura poderia implicar em risco à prova".
            Magalhães juntou um patrimônio de cerca de R$ 18 milhões, segundo levantamento da prefeitura, que contabilizou somente os imóveis que ele tem em seu nome.
            Ele ganhava cerca R$ 14 mil, segundo a Folha apurou.
            O fiscal tem duas lotéricas, nos shoppings Morumbi e Paulista, que os promotores consideram peças-chaves para a lavagem de dinheiro.
            A suspeita da corregedoria é que as lotéricas legalizavam a propina que ele recebia em espécie. Uma hipótese é que o dinheiro ingressava na lotérica como se fosse aposta. Magalhães tinha ainda cinco flats em Angra dos Reis, quatro em Moema e um apartamento na Vila Nova Conceição.

              OUTRO LADO
              Fiscal não confessou e é inocente, diz defesa
              'Não quer dizer que um veículo que está na nossa garagem é nosso', afirma advogado sobre Porsche apreendido
              DE SÃO PAULOO advogado Mário Ricca, defensor do auditor Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, negou ontem a afirmação do Ministério Público de São Paulo de que o cliente teria confessado participação no esquema.
              "Nada foi confirmado ainda", disse ele, após o depoimento de Magalhães na delegacia. Ricca não quis comentar o teor do depoimento.
              "Ele é inocente até que se prove o contrário. Vão ser provados todos os bens [de Magalhães]. Não há provas contra ele", disse.
              O defensor confirmou que a delação premiada foi oferecida ao seu cliente, mas não disse se o benefício foi aceito ou não.
              O advogado negou, ainda, que o Porsche apreendido na casa de Magalhães seja de seu cliente, mas disse que ele usava o veículo.
              "Não quer dizer que um veículo que está na nossa garagem é nosso. Ele [Magalhães] usa o carro às vezes, mas é aquela coisa de amizade", argumentou.
              O advogado ainda afirmou que Magalhães não lhe informou quem seria o dono do veículo apreendido.
              Folha tentou conversar com Márcio Sayeg, advogado do ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues, também detido sob suspeita de envolvimento no esquema.
              Ele disse que não poderia falar e pediu para que a reportagem ligasse depois.
              Contatado durante a noite, Sayeg não atendeu ao celular. A Folha não conseguiu localizar os advogados dos outros dois suspeitos detidos, Eduardo Horle Barcellos e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral.
                Prefeito conversa com Kassab sobre ação
                DE BRASÍLIAO prefeito Fernando Haddad (PT) telefonou para seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD), anteontem, no final do dia. Falaram-se por três minutos. Foi uma conversa protocolar, em tom amistoso.
                Kassab não fez nenhuma queixa a Haddad. O prefeito telefonou para dizer que a investigação em curso, sobre cobrança de propinas, tem sido pautada pela impessoalidade.
                A vários interlocutores, entretanto, Kassab tem reclamado a respeito da forma como a operação foi divulgada para a imprensa --como se tudo estivesse na conta da administração anterior.
                O ex-prefeito tem dito que Ronilson Bezerra Rodrigues, um dos principais acusados do esquema atual, foi exonerado no final de 2012 pelo então secretário de Finanças da prefeitura, Mauro Ricardo.
                À época, na transição para a nova administração, o fato foi comunicado à equipe de Haddad, sustenta.
                Rodrigues foi nomeado em fevereiro deste ano, na gestão Haddad, para o cargo de diretor de finanças da SPTrans, empresa que gerencia o transporte municipal.
                A prefeitura alega que a investigação do ano passado era apenas um "expediente" e que, neste ano, Rodrigues não foi demitido após a constatação de seu enriquecimento ilícito para não alertá-lo da suspeita.
                Apesar da insatisfação com a forma de divulgação da operação, o ex-prefeito diz não ver consequências eleitorais para si e para seu partido.
                Seu interesse continua sendo ser candidato a governador de São Paulo --o que elimina a possibilidade de apoio ao PT na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.
                No plano nacional, também não há mudanças. O ruído entre PT e PSD na cidade até agora não atrapalhou o apoio que Kassab pretende dar para o projeto de reeleição de Dilma Rousseff.
                "Não tem como não apoiá-la", diz o ex-prefeito a quando fala sobre alianças em 2014.
                  Há mais envolvidos em esquema de fraude, diz Haddad
                  DE SÃO PAULO
                  O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse que há outros envolvidos no esquema de corrupção revelado na quarta-feira na Secretaria de Finanças.
                  "Sim, há mais envolvidos. [...] Os servidores presos estão prestando depoimento, a rede pode ter se expandido", disse Haddad.
                  Segundo o prefeito, os nomes não podem ser revelados ainda, pois as investigações estão em andamento, mas o esquema de fraude está na mira da Controladoria Geral do Município.
                  As empresas envolvidas serão ouvidas para tentar esclarecer em que "circunstâncias acontecia o esquema", diz Haddad. Ele espera a colaboração das construtoras.

                  IMPOSTO
                  Prefeitura vai informatizar notas fiscais
                  Até o final do ano, um sistema que acabará com o manuseio de notas fiscais nos processos de ISS (Imposto Sobre Serviços) será implantado, diz a prefeitura. A tramitação passará a ser 100% eletrônica. Segundo a prefeitura, o sistema foi feito para aprimorar os processos.
                  Chefe de arrecadação dizia combater fraudes
                  Em palestra na véspera de assumir o cargo, Ronilson Rodrigues afirmou que luta contra sonegação era prioridade
                  Patrimônio do auditor inclui apartamento de R$ 1,2 mi em Santos, segundo polícia; defesa diz que ele é inocente
                  DE SÃO PAULOO auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, preso sob a suspeita de participar de esquema de desvios na Prefeitura de São Paulo, apresentava-se como defensor do combate às fraudes e à sonegação na administração pública.
                  Foi o que fez em palestra no Tribunal de Contas do Município, em maio de 2009, na véspera de assumir a Subsecretaria da Receita na gestão de Gilberto Kassab (PSD).
                  Ele elencava os pontos que uma administração séria deveria seguir para garantir uma "melhoria da qualidade de vida da população de São Paulo". Entre eles, listou: "combate à fraude, à sonegação e à inadimplência".
                  Rodrigues voltava à gestão paulistana depois de rápida passagem pela Prefeitura de Santo André, no ABC paulista, onde foi secretário-adjunto de Planejamento e Orçamento na administração Aidan Ravin (na época, PTB).
                  Após um ano no cargo de subsecretário, em 2010, Rodrigues abriu com a mulher, Cassiana Manhães Alves, a Pedra Branca Assessoria e Consultoria --o endereço era o apartamento do casal na Vila Mariana (zona sul).
                  Em 2012, ele deixou a sociedade e a empresa foi transferida para uma sala no largo da Misericórdia, chamada de "o ninho" pelo Ministério Público: era ali, a 350 m da prefeitura, o suposto local de reuniões do grupo.
                  Em sua última declaração de bens entregue à prefeitura, em dezembro de 2012, Rodrigues lista apartamentos na Vila Mariana, onde mora, em Juiz de Fora (MG) e no Rio e um prédio na rua Tucuna, em Perdizes (zona oeste).
                  E ainda três veículos, avaliados em cerca de R$ 180 mil: um Honda CRV, um Volvo XC60 e uma camionete Hilux.
                  Não consta nessa relação um apartamento em Santos, na Ponta da Praia, que, diz a polícia, pertence a ele. Um apartamento no condomínio do edifício, o Afrodite, está avaliado em R$ 1,2 milhão.
                  Em 2013, quando se tornou diretor de Finanças da SPTrans (empresa municipal de transporte), já na gestão Fernando Haddad (PT), Rodrigues dizia a colegas que sabia estar sendo investigado por um suposto enriquecimento ilícito.
                  Segundo esses colegas, ele dizia que não havia nenhum risco de ser processado porque havia justificativa para sua evolução patrimonial: a mulher, fazendeira, era rica.
                  A defesa de Rodrigues diz que ele é inocente.
                    BENS DOS SUSPEITOS, SEGUNDO A INVESTIGAÇÃO
                    SUSPEITO
                    Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral
                    BEM
                    Apartamento na rua Martiniano de Carvalho, 836, centro de SP
                    VALOR ESTIMADO
                    R$ 2 milhões
                    SUSPEITO
                    Luis Alexandre Cardoso de Magalhães
                    BEM
                    Apartamento na rua Periquito, 160, Moema, zona sul de São Paulo
                    VALOR ESTIMADO
                    R$ 1,6 milhão
                    SUSPEITO
                    Ronilson Bezerra Rodrigues
                    BEM
                    Apartamento na av. Rei Alberto, 268, Ponta da Praia, em Santos (SP)
                    VALOR ESTIMADO
                    R$ 1,2 milhão

                    Barbara Gancia

                    folha de são paulo
                    Deixo o jornalismo pela proctologia
                    Alguém sabe quando serão abertas as próximas matrículas do Senac para o curso de acupunturista?
                    Tenho um cacoete em comum com o tapuia que reclama do Brasil com o distanciamen­to de quem nasceu na longínqua Tuvalu. Você o conhece, não? É aquele camarada que adora come­çar frases com: "Só no Brasil..."
                    Pois eu padeço de mal semelhan­te. Falo de jornalistas como se eu fosse, digamos, dentista. Ou bate­rista, eletricista, anestesista, em suma, qualquer outra coisa menos alguém que está empenhada em tentar entender o fenômeno "black blocs".
                    Em tentar verificar que pode até haver neonazista infiltrado no gru­po, mas que é piada comparar a re­sistência pacifista de Martin Lu­ther King ao ativismo de Malcolm X para defender a ideia de que a mi­litância domingueira de calçadão do Sou da Paz seja válida, en­quanto a estratégia de quebra-que­bra de símbolos do capitalismo em­preendida pelos jovens desta gera­ção de excluídos da globalização não seja.
                    O fenômeno nem é novo, vem da Europa, anos 90, trazido por quem se enxerga como vítima de uma violência invisível, a do mercado glo­balizado dominado pelos grandes conglomerados.
                    Em Seattle, Bruxelas e Bolonha eles são "manifestantes". E aqui, sem separar o joio do trigo, nós os chamamos de "vândalos". Pois não adianta agora o ministro da Secre­taria-Geral da presidência, Gilber­to Carvalho, convidar "black blocs" para tomar um cafezinho. A bronca dessa turma não é com o governo. Problema deles é: 1) sociedade de consumo e 2) sustentabilidade. Chegamos até aqui, promovemos bem estar, tecnologia, saúde, saber e, mesmo assim, destruição, desi­gualdade e ganância continuam a prevalecer. A contracultura raivosa quer usar a violência para apontar onde está a verdadeira violência. Tratá-los como foras da lei só vai fazer reforçar o mal-entendido.
                    Veja outro exemplo da imprensa ir achar passarinho cantando em toca de raposa (ainda lembrando de que se trata de uma proctologista ou maquinista falando): nesta se­mana, a bem-humorada "Forbes", que sobrevive de compilar listas com a mesma credibilidade do ran­king de seleções da Fifa, afirmou que o russo Putin ultrapassou Oba­ma no ranking dos líderes mais podero­sos.
                    Ah, tá. Aquela caricatura de Yul Brynner, de um dia para o outro, deixou para trás o arsenal bélico, o gigantismo da economia e todo o poderio de conhecimento e pes­quisa norte-americanos? Tudo bem, eu sei que os russos são um azougue energético, mas vamos e venhamos. Enquanto os EUA tive­rem uma máquina de propaganda chamada Hollywood, ainda segu­ram os corações e mentes de mui­tos, yes?
                    Quer mais um exemplo de santa ingenuidade dessa turma que hoje cobre guerra a partir do ar condi­cionado de centro de imprensa? Não é que o pessoal entrou na onda do vasculhado e passou a tratar com suprema indignidade o fato corri­queiro de que os EUA investigam e sempre investigaram as comunica­ções de líderes mundiais? Que mi­mimi é esse?
                    O cerne da questão é outro intei­ramente, esse, sim, de suma impor­tância: o problema é que o governo norte-americano insiste em tratar como criminosos os jornalistas que divulgam informações sobre suas atividades ilegais.
                    Em um mundo que se acostuma a conviver com câmeras que flagram quem tira meleca do nariz no eleva­dor, ou seja, em que a privacidade foi para o beleléu, há uma onda per­niciosa que ainda tenta abafar a in­formação. Parta ela da maior po­tência do mundo ou de artistas de­crépitos. E os jornalistas, veja só, ainda não entenderam bem de que lado devem estar.