sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Veja como a crise afeta os investidores [Eike]

folha de são paulo
Veja como a crise afeta os investidores
DE SÃO PAULO
Com o pedido de recuperação judicial, as ações deixam de compor, a partir de hoje, os índices da BM&FBovespa, entre eles o Ibovespa. Os papéis, no entanto, seguem sendo negociados, mas em "situação especial".
De acordo com Marcelo Sampaio, advogado do escritório Mattos Filho, quem permaneceu com os papéis da empresa precisa ter em mente que o acionista é o último a ser ressarcido no processo de recuperação judicial. Antes, recebem os credores, entre os quais funcionários, fornecedores e até o governo.
Caso o plano de recuperação fracasse ou não seja aprovado pela Justiça, o acionista perde todo o investimento.
Por outro lado, também há a possibilidade de que a recuperação seja um sucesso e as ações voltem a subir.
Nesse caso, ganhariam aqueles que permaneceram com as ações da empresa.
FUNDOS IBOVESPA
Sem a petroleira OGX, o Ibovespa fica mais previsível, variando segundo as perspectivas de lucro das empresas e da Bolsa. Para o investidor que aplica nos fundos ligados ao Ibovespa, a mudança é boa porque se livra de uma ação que derreteu 93% em 2013, arrastando o índice.
Devido à metodologia do índice --que mudará a partir de janeiro--, conforme o valor das ações cai, os fundos Ibovespa são obrigados a comprar mais papéis para manter a mesma participação da ação no fundo.
Isso criou um ciclo perverso: quando mais a empresa de Eike afundava, mais expunha os cotistas ao risco.
Até ontem, o Ibovespa era contaminado pelo sobe e desce das ações da OGX, que iniciaram setembro respondendo por 4,26% do índice.
A partir de hoje, o peso da petroleira será redistribuído, proporcionalmente, entre os demais 72 papéis.
O maior impacto, no entanto, será no índice futuro, que serve para mitigar os riscos na Bolsa e embutia um desconto por causa das dúvidas sobre a OGX.
Agora, voltou à normalidade, negociado com um pequeno ganho. (TONI SCIARRETTA E ANDERSON FIGO)
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Eike oferece R$ 100 mi para 'salvar' OSX
Endividada, empresa está em negociações com credores para tentar evitar pedido de recuperação judicial
Empresário só colocará recursos se Santander e Votorantim também injetarem cerca de R$ 200 milhões
RENATA AGOSTINIDE BRASÍLIARAQUEL LANDIMDE SÃO PAULOEike Batista sinalizou aos bancos credores que está disposto a aportar cerca de R$ 100 milhões na OSX caso isso ajude a companhia a escapar da recuperação judicial.
Um eventual processo de recuperação significará calote de R$ 1,6 bilhão nos bancos públicos, BNDES e Caixa.
O aporte do empresário, que detém 66,7% da OSX, faz parte do plano de salvamento da empresa naval apresentado aos bancos.
A OSX tenta renegociar dívidas de curto prazo de R$ 1 bilhão com BNDES e Caixa, garantidas, respectivamente, por Votorantim e Santander. A Caixa também emprestou outros R$ 600 milhões em linha de crédito de longo prazo.
Um acordo com os quatro bancos é crucial para que a empresa não seja forçada a seguir o caminho da petroleira OGX, que entrou em recuperação judicial anteontem.
Representantes dos bancos e do comando da OSX se reuniram ontem, mas não chegaram a um acordo. As conversas seguirão ao longo do dia de hoje, considerado o prazo máximo para resolver o impasse nas negociações, segundo apurou a Folha.
Caso não haja uma solução, a empresa terá de recorrer à recuperação já na próxima semana.
A empresa já está inadimplente com a Caixa há duas semanas e enfrenta o protesto das dívidas de pequenos fornecedores na Justiça.
Eike só vai injetar dinheiro na OSX se Santander e Votorantim também colocarem cerca de R$ 200 milhões.
A renovação dos empréstimos por mais um ano e os aportes de recursos são as bases da reestruturação da OSX, comandada por Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal.
BNDES e Votorantim já haviam concordado com as condições, mas houve impasse nas tratativas com Santander e Caixa. O Santander gostaria que a Caixa reduzisse o parcela do empréstimo que está garantida.
Luciano Coutinho, presidente do BNDES, sinalizou ontem que concorda com nova prorrogação do empréstimo à OSX. "Dar tempo para que as soluções aconteçam é uma estratégia sensata."
Caso o acordo com os bancos seja fechado, a OSX terá dinheiro para tocar as operações até o ano que vem.
Para afastar o risco de recuperação judicial, no entanto, precisará ter sucesso em outras frentes de negociação.
A primeira é com os bancos estrangeiros e os detentores de títulos da dívida da empresa. A OSX pede a todos carência de um ano para pagar os juros dos empréstimos.
Há ainda uma dura batalha com os fornecedores, com os quais reconhece R$ 650 milhões em dívidas. Mas só a fabricante de equipamentos Techint pede R$ 1 bilhão.
Em comunicado, a OSX informou estar "preparada" para a recuperação judicial caso seja necessário, mas segue trabalhando na reestruturação, que envolve "potenciais combinações empresariais".
Segundo apurou a Folha, há três memorandos de entendimento para parcerias no estaleiro da OSX, entre eles com a espanhola Dragados e a brasileira Asgaard.
    Médico perdeu 97% com aposta em petroleira de Eike
    OGX tinha 52 mil acionistas pessoa física, 8,6% dos investidores da Bolsa
    Mesmo minoritários, acionistas são os últimos a receber, atrás de funcionários, fornecedores e bancos
    MARIANA SALLOWICZDO RIO"Caí no canto da sereia." É a definição que o médico Rogério Kuga, 40, dá ao seu investimento nas ações da OGX, petroleira de Eike Batista, que entrou anteontem em recuperação judicial.
    Kuga apostou no forte desempenho projetado para a companhia do megaempresário e vendeu ações de empresas como Petrobras, Bradesco e Vale para colocar tudo nos papéis da OGX.
    "Coloquei na OGX diante de toda aquela perspectiva promissora para a empresa. Achava que os papéis estavam baratos", disse, sem revelar o valor que aplicou.
    O preço médio das ações compradas por Kuga foi de R$ 4,90. Ontem, os papéis fecharam cotados a R$ 0,13 --uma desvalorização de 97,35%.
    O economista Aurélio Valporto, 50, também se frustrou. "Comprei ações de uma empresa que dizia ter descoberto muito petróleo, o que não se mostrou real. Foi uma fraude", diz. "Ele [Eike Batista] vendeu uma série de ações em maio e junho, pouco antes de anunciar que os poços eram secos."
    Até abril, dado mais recente disponível, havia 51,9 mil investidores pessoas físicas na OGX --8,6% dos 600,9 mil investidores pessoas físicas na BM&FBovespa.
    No início de julho, a companhia informou que pode parar em 2014 o seu único campo de petróleo em produção, o de Tubarão Azul.

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