Veja como a crise afeta os investidores
DE SÃO PAULO
Com o pedido de recuperação judicial, as ações deixam de compor, a partir de hoje, os índices da BM&FBovespa, entre eles o Ibovespa. Os papéis, no entanto, seguem sendo negociados, mas em "situação especial".
De acordo com Marcelo Sampaio, advogado do escritório Mattos Filho, quem permaneceu com os papéis da empresa precisa ter em mente que o acionista é o último a ser ressarcido no processo de recuperação judicial. Antes, recebem os credores, entre os quais funcionários, fornecedores e até o governo.
Caso o plano de recuperação fracasse ou não seja aprovado pela Justiça, o acionista perde todo o investimento.
Por outro lado, também há a possibilidade de que a recuperação seja um sucesso e as ações voltem a subir.
Nesse caso, ganhariam aqueles que permaneceram com as ações da empresa.
FUNDOS IBOVESPA
Sem a petroleira OGX, o Ibovespa fica mais previsível, variando segundo as perspectivas de lucro das empresas e da Bolsa. Para o investidor que aplica nos fundos ligados ao Ibovespa, a mudança é boa porque se livra de uma ação que derreteu 93% em 2013, arrastando o índice.
Devido à metodologia do índice --que mudará a partir de janeiro--, conforme o valor das ações cai, os fundos Ibovespa são obrigados a comprar mais papéis para manter a mesma participação da ação no fundo.
Isso criou um ciclo perverso: quando mais a empresa de Eike afundava, mais expunha os cotistas ao risco.
Até ontem, o Ibovespa era contaminado pelo sobe e desce das ações da OGX, que iniciaram setembro respondendo por 4,26% do índice.
A partir de hoje, o peso da petroleira será redistribuído, proporcionalmente, entre os demais 72 papéis.
O maior impacto, no entanto, será no índice futuro, que serve para mitigar os riscos na Bolsa e embutia um desconto por causa das dúvidas sobre a OGX.
Agora, voltou à normalidade, negociado com um pequeno ganho. (TONI SCIARRETTA E ANDERSON FIGO)
Acompanhe o movimento da Bolsa em tempo real
Investidores em mercados emergentes rejeitam ações de estatais
Endividada, empresa está em negociações com credores para tentar evitar pedido de recuperação judicial
Empresário só colocará recursos se Santander e Votorantim também injetarem cerca de R$ 200 milhões
Um eventual processo de recuperação significará calote de R$ 1,6 bilhão nos bancos públicos, BNDES e Caixa.
O aporte do empresário, que detém 66,7% da OSX, faz parte do plano de salvamento da empresa naval apresentado aos bancos.
A OSX tenta renegociar dívidas de curto prazo de R$ 1 bilhão com BNDES e Caixa, garantidas, respectivamente, por Votorantim e Santander. A Caixa também emprestou outros R$ 600 milhões em linha de crédito de longo prazo.
Um acordo com os quatro bancos é crucial para que a empresa não seja forçada a seguir o caminho da petroleira OGX, que entrou em recuperação judicial anteontem.
Representantes dos bancos e do comando da OSX se reuniram ontem, mas não chegaram a um acordo. As conversas seguirão ao longo do dia de hoje, considerado o prazo máximo para resolver o impasse nas negociações, segundo apurou a Folha.
Caso não haja uma solução, a empresa terá de recorrer à recuperação já na próxima semana.
A empresa já está inadimplente com a Caixa há duas semanas e enfrenta o protesto das dívidas de pequenos fornecedores na Justiça.
Eike só vai injetar dinheiro na OSX se Santander e Votorantim também colocarem cerca de R$ 200 milhões.
A renovação dos empréstimos por mais um ano e os aportes de recursos são as bases da reestruturação da OSX, comandada por Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal.
BNDES e Votorantim já haviam concordado com as condições, mas houve impasse nas tratativas com Santander e Caixa. O Santander gostaria que a Caixa reduzisse o parcela do empréstimo que está garantida.
Luciano Coutinho, presidente do BNDES, sinalizou ontem que concorda com nova prorrogação do empréstimo à OSX. "Dar tempo para que as soluções aconteçam é uma estratégia sensata."
Caso o acordo com os bancos seja fechado, a OSX terá dinheiro para tocar as operações até o ano que vem.
Para afastar o risco de recuperação judicial, no entanto, precisará ter sucesso em outras frentes de negociação.
A primeira é com os bancos estrangeiros e os detentores de títulos da dívida da empresa. A OSX pede a todos carência de um ano para pagar os juros dos empréstimos.
Há ainda uma dura batalha com os fornecedores, com os quais reconhece R$ 650 milhões em dívidas. Mas só a fabricante de equipamentos Techint pede R$ 1 bilhão.
Em comunicado, a OSX informou estar "preparada" para a recuperação judicial caso seja necessário, mas segue trabalhando na reestruturação, que envolve "potenciais combinações empresariais".
Segundo apurou a Folha, há três memorandos de entendimento para parcerias no estaleiro da OSX, entre eles com a espanhola Dragados e a brasileira Asgaard.
Médico perdeu 97% com aposta em petroleira de Eike
OGX tinha 52 mil acionistas pessoa física, 8,6% dos investidores da Bolsa
Mesmo minoritários, acionistas são os últimos a receber, atrás de funcionários, fornecedores e bancos
Kuga apostou no forte desempenho projetado para a companhia do megaempresário e vendeu ações de empresas como Petrobras, Bradesco e Vale para colocar tudo nos papéis da OGX.
"Coloquei na OGX diante de toda aquela perspectiva promissora para a empresa. Achava que os papéis estavam baratos", disse, sem revelar o valor que aplicou.
O preço médio das ações compradas por Kuga foi de R$ 4,90. Ontem, os papéis fecharam cotados a R$ 0,13 --uma desvalorização de 97,35%.
O economista Aurélio Valporto, 50, também se frustrou. "Comprei ações de uma empresa que dizia ter descoberto muito petróleo, o que não se mostrou real. Foi uma fraude", diz. "Ele [Eike Batista] vendeu uma série de ações em maio e junho, pouco antes de anunciar que os poços eram secos."
Até abril, dado mais recente disponível, havia 51,9 mil investidores pessoas físicas na OGX --8,6% dos 600,9 mil investidores pessoas físicas na BM&FBovespa.
No início de julho, a companhia informou que pode parar em 2014 o seu único campo de petróleo em produção, o de Tubarão Azul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário