segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Editorial Folha de São Paulo

Autonomia secundária
É testemunho dos tempos que tenha sido o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com seu histórico duvidoso no que se refere ao fortalecimento das instituições, quem tentou acelerar a tramitação de projeto de lei para conceder autonomia formal ao Banco Central.
A investida, já abandonada, era sem dúvida um exercício de pressão do Congresso para obter favores do Executivo. Mas não só.
A participação do ex-presidente Lula tinha outro objetivo político --tentar conter a perda de prestígio do governo perante o setor privado, preocupado com a erosão da qualidade da política econômica.
São, de saída, dois péssimos motivos para defender a independência formal do BC. É ilusório pensar que instituições sólidas se constroem com a caneta da autoridade política de plantão, ou que basta copiar modelos estrangeiros.
As instituições resultam da evolução histórica, cultural e social específica de cada país. A autonomia do BC, formal ou não, será apenas cosmética e passível de reversão se não tiver raiz profunda.
Se o chefe do Banco Central não puder ser facilmente demitido, o que garante, por exemplo, que um presidente da República não indicará para o cargo alguém pouco técnico e maleável?
A verdade é que tem servido bem ao país o padrão de trabalho entre a autoridade monetária e o governo --relação tecida ao longo de quase três décadas.
Com o advento do sistema de metas para a inflação, em 1999, foi consolidado o modelo de autonomia na prática, pelo qual o Banco Central, com grande independência em suas decisões cotidianas, busca cumprir a meta determinada pelo Conselho Monetário Nacional --instância na qual o poder democraticamente eleito hoje define a missão do banco.
Neste período, o BC mais acertou do que errou. Teve papel destacado na conquista da estabilidade monetária e reforçou sua credibilidade perante a sociedade --o mais forte sustentáculo de sua independência operacional.
É neste quesito que peca a gestão atual do BC. Nos últimos anos, consolidou-se a percepção de que segue determinações da presidente da República e do ministro da Fazenda. Comprometeu-se com uma visão excessivamente otimista sobre a inflação e aceitou sem ressalvas a ideia de que o governo teria maior controle sobre suas contas.
O debate sobre a autonomia formal é apenas mais um sintoma de seu enfraquecimento.

    Anticorpos científicos

    folha de são paulo
    Pesquisa global se esforça para enfrentar efeitos colaterais do próprio sucesso e expurgar do acervo os erros e fraudes em expansão
    Graças à conexão crescente entre redes de computadores, a pesquisa científica e a circulação de seus resultados se tornaram fenômeno de fato global, complexo e vulnerável. Só em 2011, mais de 1 milhão de estudos foram publicados --desafio gigantesco para o compromisso de objetividade e autocorreção que granjeou à ciência moderna um prestígio incomum.
    Verdade que as comportas existentes parecem resistir bem à maré montante de artigos e periódicos. Dois pilares sustentam as barreiras: revisão por pares (exame crítico do estudo, por especialistas na área) e compromisso de reprodutibilidade (possibilidade de repetir experimentos ou observações).
    Mas a própria comunidade científica tem ventilado suspeitas de que haja fissuras em tais esteios.
    No primeiro caso, na fonte do problema parecem estar a facilidade de publicar e a explosão de periódicos científicos online. Só um diretório mantido pela Universidade de Lund (Suécia) listava em 2012 um total de 8.250 desses "journals" eletrônicos, mil deles incluídos naquele mesmo ano.
    Tais periódicos se sustentam não com assinaturas e publicidade, mas com tarifas pagas pelos autores dos estudos. Sem interesse comercial em recusar clientes, os editores tenderiam a rebaixar os padrões da revisão --ou eliminá-la.
    Isso foi evidenciado pela mais tradicional revista científica dos EUA, a "Science". Um jornalista fabricou estudo sobre medicamento antitumoral fictício e enviou 304 versões para essas publicações. Mais da metade (157) foi aceita.
    No segundo caso, pululam indícios de que muitas pesquisas jamais serão reproduzidas. A empresa de biotecnologia Amgen, segundo a revista "The Economist", só conseguiu repetir 6 de 53 estudos rumorosos sobre câncer. A farmacêutica Bayer fracassou em três quartos das tentativas de replicar resultados de 67 artigos relevantes.
    Na melhor das hipóteses, o problema decorre da omissão de informações imprescindíveis. Na pior, é causada por erros --ou por fraude.
    Quando falhas ou fraudes são descobertas, o mecanismo consagrado de autocorreção é a retração ("retraction"), uma nota no mesmo periódico anunciando a "despublicação" do artigo. Levantamento publicado no periódico eletrônico "PLoS One" revela aumento das retrações, sobretudo após 1995.
    Mas a análise também mostra que o crescimento de retrações segue, grosso modo, o de artigos publicados; que o intervalo entre publicação e retração tem diminuído; e que os critérios estão mais rígidos. Há mais casos de retirada por plágio e duplicação, por exemplo.
    Existem problemas, mas a ciência não perdeu a capacidade de produzir anticorpos contra a própria degeneração.

      Estratégias de segurança de lojas em NY causam reclamações de clientes negros

      UOL

      J. David Goodman
      Nova York (EUA)

      Há alguns meses, uma reunião foi realizada na Barneys New York para discutir um problema crescente: uma quantidade significativa de mercadorias estava sendo perdida para furtos. Alguma coisa deveria ser feita.
      Uma nova equipe de segurança instituiu uma estratégia mais agressiva de prevenção às perdas. Os funcionários de segurança disseram que foram encorajados a "assumir riscos" ao abordar consumidores suspeitos, mesmo que isso significasse abordar pessoas inocentes. Uma prisão equivocada faz parte do negócio, disseram-lhes.
      O número de contatos com o Departamento de Polícia, feito quando os funcionários da segurança suspeitavam que uma pessoa estava furtando ou realizando uma fraude de cartão de crédito, logo saltou drasticamente.
      Mas junto com o aumento de casos, começaram a surgir queixas de consumidores negros que dizem ter sido vítimas de discriminação racial na loja, na Madison Avenue. Pelo menos um cliente entrou com uma ação contra a Barneys, e outros planejam fazer o mesmo.
      As ações, que vieram à tona na semana passada e acabaram na primeira página do The Daily News, atraíram a atenção nacional por suas alegações de discriminação baseadas em classe e cor. Os processos levantaram críticas não só contra a Barneys, mas também contra celebridades, como Jay-Z, que tem uma parceria com a loja. Elas também levaram à instauração de um inquérito por parte do procurador-geral estadual Eric T. Schneiderman, e, na terça-feira, houve uma reunião improvável entre o reverendo Al Sharpton e o executivo-chefe da Barneys, Mark Lee.
      Do outro lado da cidade, na principal loja da Macy's no Herald Square, pelo menos dois clientes negros, um deles o ator Robert Brown, da série "Treme" da HBO, disseram que também foram abordados este ano pela polícia depois que, segundo eles, funcionários da segurança consideraram suas compras suspeitas. O inquérito de Schneiderman também inclui a Macy's.
      Nenhum cliente que denunciou ter sido detido pela polícia foi acusado de qualquer crime.
      As acusações foram particularmente problemáticas para a Macy's, que, em 2005, chegou a um acordo com a Procuradoria Geral do Estado para corrigir suas práticas de segurança depois que investigadores descobriram que clientes negros e hispânicos eram abordados com mais frequência por suspeita de furto. O acordo terminou em 2008. Este ano, disse uma autoridade a par da investigação em curso e que não tem autorização para comentar publicamente os detalhes da mesma, a Procuradoria Geral do Estado recebeu cerca de uma dezena de reclamações de consumidores que disseram ter sido abordados por funcionários da segurança na Macy's.
      No caso da Barneys , disse o oficial, o procurador geral do Estado está investigando alegações de tratamento semelhante em outros casos que não os dos dois clientes que entraram na justiça.
      "Chegou à atenção da promotoria o fato de que há problemas com a prática chamada de 'compra e revista' em algumas grandes lojas de Nova York", disse Schneiderman numa coletiva de imprensa em Buffalo na terça-feira.
      Schneiderman disse que a investigação analisaria as políticas das lojas bem como a relação entre os funcionários de segurança e o Departamento de Polícia de Nova York. Tanto a Macy's quanto a Barneys negaram envolvimento nos episódios de detenção de compradores que vieram à tona.
      "Em ambos os casos, ninguém da Barneys New York levantou qualquer problema com essas compras", disse Lee na terça-feira, depois de sair de sua reunião com Sharpton no Harlem. "Ninguém da Barneys chamou a atenção da nossa segurança interna para estas pessoas, e ninguém da Barneys buscou qualquer autoridade externa."
      O Departamento de Polícia contestou essa afirmação. Em ambos os casos, "policiais do NYPD [Departamento de Polícia de Nova York] estavam conduzindo investigações independentes e tomaram atitudes com base em informações levadas a seu conhecimento por funcionários da Barneys enquanto estavam na sala de segurança", disse John J. McCarthy, porta-voz do departamento.
      No centro da disputa envolvendo a Barneys estão dois jovens clientes negros: Trayon Christian, 19, que entrou com ação contra a loja e a prefeitura no Supremo Tribunal estadual; e Kayla Phillips, 21, que entrou com uma notificação de intenção de processo.
      Em seu processo, Christian disse que o problema aconteceu dia 29 de abril depois que ele comprou um cinto Salvatore Ferragamo com seu cartão de débito Chase. A alguns quarteirões dali, na Quinta Avenida, ele disse que foi parado por policiais à paisana.
      Os policiais questionaram se ele podia pagar pelo cinto, no valor de cerca de US$ 350, e disseram que o cartão de débito deveria ser falso, de acordo com o processo. Christian foi algemado e levado para a 19ª Delegacia de Polícia onde ele foi detido, de acordo com o processo, por cerca de duas horas antes de ser solto.
      Phillips descreveu ter sido "parada, revistada e detida" pela polícia na loja depois de uma compra de uma bolsa de mais de US$ 2.000 na Barneys.
      Ambas as detenções, bem como mais duas relacionadas a clientes da Macy's, estão sendo investigadas pelo Departamento de Assuntos Internos da Polícia, disse McCarthy.
      As mudanças de segurança que a Barneys pôs em prática foram detalhadas por Raymel Cardona, um ex-assistente de gerente para prevenção de perdas na loja, e pelo ex-segurança à paisana, Aaron Argueta, 36. Ambos foram demitidos da Barneys e pretendem contestar suas demissões diante das autoridades de trabalho federais, disse seu advogado, J. Patrick DeLince.
      Tradutor: Eloise De Vylder

      Justiça do país veta 25 obras em dez anos

      folha de são paulo
      Levantamento realizado pela Folha mostra que hoje há pelo menos 19 livros que ainda estão proibidos no Brasil
      Pesquisa ouviu 250 editoras e consultou bancos digitais em tribunais de todos os Estados brasileiros
      DE SÃO PAULONos últimos dez anos, ao menos 25 obras foram proibidas pela Justiça após ações propostas por quem se sentiu caluniado, ofendido ou invadido em sua intimidade.
      Sentenças baseadas nos direitos à honra e à privacidade não impediram apenas a publicação de biografias. Também foram riscados de catálogo cordéis, investigações jornalísticas e até um relato mediúnico sobre os mortos no acidente da TAM.
      Deste total, pelo menos 19 obras continuam proibidas.
      Os livros e um espetáculo teatral saíram de circulação sob ameaça de multas de até R$ 50 mil diários.
      Esse é o valor que a editora Planeta teria de pagar a Roberto Carlos caso não recolhesse, em 2007, os exemplares da biografia "Roberto Carlos em Detalhes", tirada de circulação após acordo judicial entre as partes.
      Processos movidos por personalidades retratadas ouseus herdeiros inibiram o mercado. Há no mínimo três trabalhos de interesse público que não são publicados porque seus editores não conseguiram autorização daqueles que detêm o direito sobre imagem ou tema proposto.
      É o caso do livro de memórias que o ex-jogador Sócrates Brasileiro escreveu pouco antes de morrer em 2011.
      Para que a editora Prumo publique o livro deixado sob cuidados da viúva do autor, Kátia Bagnarelli, ela espera a autorização dos seus seis filhos. "Eles acham que não é o momento", diz Bagnarelli.
      Enquanto o livro escrito por Sócrates não é publicado, a viúva lança "Sócrates Brasileiro - Minha Vida ao Lado do Maior Torcedor do Brasil" (Prumo, R$ 34,90).
      LEVANTAMENTO
      O levantamento feito pela Folha consultou arquivos de jornais e bancos digitais dos 27 tribunais de Justiça do país. Foram consultados por e-mail 570 editoras, livreiros e distribuidores. Por telefone, foram ouvidas 250 editoras.
      O resultado da pesquisa não é completo porque há processos que correm sob segredo de Justiça. É o caso de "O Mapa da Corrupção no Governo FHC", de Larissa Bortoni e Ronaldo de Moura, proibido desde 2008.
      O levantamento abrange o período após a criação do novo Código Civil, de 2002, que defende (artigos 20 e 21) direitos relativos a intimidade e privacidade. O texto do Código é alvo de projeto que pretende facilitar a publicação de biografias não autorizadas, a ser votado na Câmara.
      Antes de 2002, no entanto, houve livros proibidos pela Justiça, como "Nos Bastidores do Reino", de Mario Justino, censurado e recolhido em 1995, a pedido da Igreja Universal do Reino de Deus. A mesma juíza que proibiu o livro o liberou um ano depois.
      Para Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado de Roberto Carlos, a opção para garantir direitos de biografados seria a supressão de trechos contestados em edições subsequentes.
      "Não existe mais espaço para defender a proibição de livros no Congresso, essa questão já foi superada", diz. A possibilidade de supressão de trechos já existe, mesmo sem regulamentação.
      Nos últimos dez anos, ao menos quatro livros foram modificados após ações judiciais, alguns porque continham dados questionáveis, outros porque expunham algo íntimo de alguém.
      Arnaldo Bloch, no livro sobre sua família "Os Irmãos Karamabloch "" Ascensão e Queda de um Império Familiar", mencionava antigo relacionamento extraconjugal com uma psicóloga.
      Na sentença, a juíza determinou supressão do nome da reclamante em futuras edições: "A circunstância de serem verdadeiros os fatos não dá direito ao autor de um livro de divulgá-los sem autorização, se envolvem intimidade de terceiro que não faz parte da família biografada."
      O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), por exemplo, pediu o recolhimento de "Na Toca dos Leões", de Fernando Morais, pois é citado em depoimento de um publicitário como alguém que defendia o controle populacional do Nordeste por meio de "remédio que esterilizava as mulheres" colocado na água.
      A obra, proibida em abril de 2005, foi liberada após seis meses; autor e editora, condenados a indenizar Caiado.
      BICHO DE SETE CABEÇAS
      O pedido de ação, hoje, pode partir de alguém que é citado em algum episódio, como no caso do livro "Canto dos Malditos" (Rocco), de Austregésilo Carrano Bueno, sobre suas internações em manicômios. A obra deu origem ao filme "Bicho de Sete Cabeças", de Laís Bodanzky.
      Em 2001, a família do psiquiatra Alô Guimarães pediu o recolhimento da obra, concedido em 2002 pelo Tribunal de Justiça paranaense.
      "O escritor criava diálogos imaginários, atribuía frases inteiras a Alô", diz Pedro Henrique Xavier, advogado dos herdeiros do médico.
      "A liberdade de expressão tem que ser respeitada, mas não pode ser a liberdade de praticar um crime."
      Em 2004, a obra voltou a circular, mas as edições subsequentes não trouxeram o nome do médico. "Eu me constrangeria de impedir previamente a manifestação do pensamento, mas se o produto é comprovadamente mentiroso, o Judiciário tem que ser acionado", diz Xavier.
      Para a professora de comunicação da USP Sandra Reimão, autora de "Repressão e Resistência: Censura a Livros na Ditadura Militar" (Edusp/ Fapesp, 2011) "a possibilidade censória para atividade intelectual, artística ou científica é uma violência e um limite à cidadania cujos malefícios ultrapassam muito os causados pela circulação de alguns bens culturais."

        PAUTE A FOLHA
        Ajude a listar os livros proibidos
        Para completar a listagem ao lado de obras impedidas nos últimos dez anos, a Folha convoca o leitor que conhece casos de proibição na Justiça a mandar e-mail para:livrosproibidos@grupofolha.com.br.

          Mônica Bergamo

          folha de são paulo

          Para empresas, burocracia é o principal entrave às exportações brasileiras

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          Uma pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com 600 empresas mostra que, para 44%, a burocracia alfandegária e aduaneira é o principal entrave às exportações de produtos brasileiros. Só perde para a taxa de câmbio, um problema para 46% dos executivos entrevistados.
          PAPEL PASSADO
          A burocracia tributária é apontada como um fator de dificuldade por 28% das empresas e as greves, por 27%. Para a CNI, um acordo para a facilitação do comércio, que pode ser assinado na reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) em Bali, em dezembro, deve ser instrumento eficiente para diminuir os entraves.
          PAPEL 2
          O acordo prevê, entre outros pontos, a redução de prazo e simplifica os processos para entrada e saída de mercadorias em 159 países membros da organização.
          QUE PENA
          A prisão de Ronilson Bezerra Rodrigues, que comandou a Receita Municipal e é acusado de ter liderado esquema de desvio de cerca de R$ 500 milhões, teve grande impacto na sede da Prefeitura de SP. Ele era querido por muitos funcionários.
          *
          Alguns ex-colegas do auditor chegaram a chorar.
          CINEMA EM CASA
          O jornalista Ruy Nogueira e Valquiria Sais ofereceram jantar em homenagem a Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, e ao ator Fabrício Boliveira. Ele protagoniza o filme "Faroeste Caboclo", inspirado na canção homônima do ex-líder da banda Legião Urbana. O diretor do longa, René Sampaio, foi ao encontro.

          Filho de Renato Russo é homenageado

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          Zé Carlos Barretta/Folhapress
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          Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, ex-líder da Legião Urbana, foi homenageado em jantar oferecido por Ruy Nogueira e Valquiria Sais
          A VOLTA...
          Deputados federais buscam saída para manter a Subcomissão de Cultura e Direitos Humanos, extinta por pressão da bancada evangélica. A troca do nome --para evitar suposto conflito de competências com a Comissão de Direitos Humanos-- e adaptações no plano de trabalho são estudadas. A presidência da Câmara deve dar parecer nos próximos dias.
          ...DOS QUE NÃO FORAM
          "O nome pouco importa", diz Jandira Feghali (PCdoB-RJ), presidente da Comissão de Cultura, à qual a subcomissão pertence. "O que importa é o tema: a relação entre direitos humanos e cultura. E dele não abrimos mão."
          DNA
          Cynthia Salles/Divulgação/TV Globo
          O ator Ricardo Graça Mello gravou participação na série "Pé na Cova", em episódio sobre circo que vai ao ar amanhã na Globo; ele surge como apresentador e palhaço e atua ao lado da mãe, Marília Pêra, estrela da atração.
          PÁGINA VIRADA
          Costanza Pascolato chamou atenção na primeira fila dos desfiles da SPFW pela energia e elegância de sempre. Há 50 dias, ela finalizou tratamento de um câncer de mama. "Tenho muita sorte, pois faço exame a cada seis meses. Estava bem no comecinho." A consultora de moda foi submetida a uma cirurgia, seguida de um mês e meio de radioterapia. Há 20 anos, ela havia tratado de um tumor na outra mama.
          PÁGINA REVISTA
          Plenamente recuperada, Costanza se prepara para a maratona de relançamento do seu livro "O Essencial", bíblia fashion lançada em 1998. "Agora será um guia mais popular, com uma linguagem mais 'interneteira'."
          NADA AZUL
          A Sociedade Brasileira de Urologia será homenageada hoje no Congresso Nacional pelas suas ações de conscientização e orientação sobre o câncer de próstata, chamadas de Novembro Azul. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que o número de casos novos pode chegar a 60.180 por ano, superando o de mama (52.680).
          NADA AZUL 2
          Será criada uma Frente Parlamentar de Atenção Integral à Saúde do Homem para discutir a assistência precária no SUS. Enquanto 16 milhões consultam o ginecologista, apenas 2 milhões vão ao urologista. Nos próximos dias, haverá campanha em estádios de futebol para conscientizar os homens.
          PEDRA SOBRE PEDRA
          O arquiteto Paulo Mendes da Rocha fez palestra na abertura da conferência Ideas City, no Sesc Pompeia. A artista plástica Jac Leirner, o músico Arto Lindsay e a curadora Corinne Erni, que também participam do projeto, estiveram no local.

          Paulo Mendes da Rocha dá palestra

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          Zanone Fraissat/Folhapress
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          O arquiteto Paulo Mendes da Rocha fez palestra na abertura da conferência Ideas City, no Sesc Pompeia
          CURTO-CIRCUITO
          O decorador José Antonio de Castro Bernardes lança hoje o livro "25 Anos de Festa", no Clube Harmonia. A partir das 17h.
          Elba Ramalho recebe o título de cidadã paulistana, hoje, na Câmara Municipal.
          Jana Rosa e Camila Fremder autografam hoje o livro "Como Ter uma Vida Normal Sendo Louca", às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
          O Santander inicia hoje a campanha Amigo de Valor 2013, que destina recursos para a infância.
          Alex Atala recebe hoje convidados no lançamento do livro "D.O.M. - Redescobrindo Ingredientes Brasileiros", no estúdio do fotógrafo Sérgio Coimbra, no Itaim.
          com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
          Mônica Bergamo
          Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

          Gregorio Duvivier

          folha de são paulo
          Nosso filho
          O comediante não pode mais fazer piada cegando gato. Vai ver era um experimento, tipo Instituto Royal
          Deve ter havido algum engano. Nosso filho não pode ter sido reprovado. Aposto que foi nessas matérias que ninguém se importa. Matemática, por exemplo, é uma coisa muito subjetiva. Vocês estão dizendo que x não é igual a y. Se ele tá dizendo que é, aposto que é. Ou então, que ainda vai ser. Matemática é uma coisa que muda o tempo todo. Daqui a pouco tá lá na "Superinteressante": x agora é igual a y. Vocês vão ler e perceber: reprovaram o Marcelinho à toa. Imagina a vergonha de vocês.
          Acho que vocês deviam levar em conta outros critérios. Por exemplo: ele tem muitos amigos. É querido por todos. Não. Eu não acredito nessa história que ele bateu num garoto. Deve ter sido um carinho. Um afago. É que ele tem a mão pesada. Às vezes parece porrada, mas é amor. Esse meu braço engessado, por exemplo, foi um abracinho.
          Ele chamou a menina de piranha? Duvido. Quer dizer, pode ter chamado. Mas, pra começar, essa menina, no caso, é uma piranha. Eu sei que ela só tem sete anos. Mas todo o mundo sabe que ela é uma piranha. Ele me falou. Parece que ela já beijou três meninos. Agora é crime falar a verdade? Que mania de bullying. Tudo é bullying. Deve ter sido um stand-up. Nosso filho é um comediante nato. Hoje em dia, ninguém mais pode zuar uma criança piranha que as pessoas já chamam de bullying. Essa patrulha do politicamente correto tá deixando ele com as mãos atadas.
          Quando ele diz que o amigo negro é um macaco, por exemplo, ele está fazendo uma piada. Não é racismo. Sabe por quê? Porque ninguém na família dele é racista. A gente aqui em casa ouve um pagode, assiste ao "Esquenta!", torce pelo Corinthians. Esse negócio de negro-macaco deve ter sido um stand-up que ele faz. Inclusive ele adora animais.
          Sim, teve aquela vez em que ele cegou um gato. Sim, isso é verdade. Mas, pra começar, a gente não sabe o que o gato fez pra merecer aquilo. Ele é um garoto justo. A gente só tem a versão do gato. Provavelmente era um stand-up que envolvia cegar o gato. Hoje em dia, o comediante não pode mais fazer nenhuma piada cegando gato. Vai ver era um experimento, tipo Instituto Royal. Às vezes um gato precisa perder um olho pro mundo ganhar a cura do câncer.
          Vocês têm que entender que não tá fácil pra ele. Ele tem sete anos e 18 processos nas costas. No sábado, ele faz três sessões de stand-up pra pagar as despesas com advogado. A agente dele me mata se eu contar pra ela que ele não passou.

            Luiz Felipe Pondé

            folha de são paulo
            Eu acuso
            O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior
            Muitos alunos de universidade e ensino médio estão sendo acuados em sala de aula por recusarem a pregação marxista. São reprovados em trabalhos ou taxados de egoístas e insensíveis. No Enem, questões ideológicas obrigam esses jovens a "fingirem" que são marxistas para não terem resultados ruins.
            Estamos entrando numa época de trevas no país. O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior. Vejamos.
            No cenário geral, desde a maldita ditadura, colou no país a imagem de que a esquerda é amante da liberdade. Mentira. Só analfabeto em história pensa isso. Também colou a imagem de que ela foi vítima da ditadura. Claro, muitas pessoas o foram, sofreram terríveis torturas e isso deve ser apurado. Mas, refiro-me ao projeto político da esquerda. Este se saiu muito bem porque conseguiu vender a imagem de que a esquerda é amante da liberdade, quando na realidade é extremamente autoritária.
            Nas universidades, tomaram as ciências humanas, principalmente as sociais, a ponto de fazerem da universidade púlpito de pregação. No ensino médio, assumem que a única coisa que os alunos devem conhecer como "estudo do meio" é a realidade do MST, como se o mundo fosse feito apenas por seus parceiros políticos. Demonizam a atividade empresarial como se esta fosse feita por criminosos usurários. Se pudessem, sacrificariam um Shylock por dia.
            Estamos entrando num período de trevas. Nos partidos políticos, a seita tomou o espectro ideológico na sua quase totalidade. Só há partidos de esquerda, centro-esquerda, esquerda corrupta (o que é normalíssimo) e do "pântano". Não há outra opção.
            A camada média dos agentes da mídia também é bastante tomada por crentes. A própria magistratura não escapa da influência do credo em questão. Artistas brincam de amantes dos "black blocs" e se esquecem que tudo que têm vem do mercado de bens culturais. Mas o fato é que brincar de simpatizante de mascarado vende disco.
            Em vez do debate de ideias, passam à violência difamatória, intimidação e recusam o jogo democrático em nome de uma suposta santidade política e moral que a história do século 20 na sua totalidade desmente. Usam táticas do fascismo mais antigo: eliminar o descrente antes de tudo pela redução dele ao silêncio, apostando no medo.
            Mesmos os institutos culturais financiados por bancos despejam rios de dinheiro na formação de jovens intelectuais contra a sociedade de mercado, contra a liberdade de expressão e a favor do flerte com a violência "revolucionária".
            Além da opção dos bancos por investirem em intelectuais da seita marxista (e suas similares), como a maioria esmagadora dos departamentos de ciências humanas estão fechados aos não crentes, dezenas de jovens não crentes na seita marxista soçobram no vazio profissional.
            Logo quase não haverá resistência ao ataque à democracia entre nós. A ameaça da ditadura volta, não carregada por um golpe, mas erguida por um lento processo de aniquilamento de qualquer pensamento possível contra a seita.
            E aí voltamos aos alunos. Além de sofrerem nas mãos de professores (claro que não se trata da totalidade da categoria) que acuam os não crentes, acusando-os de antiéticos porque não comungam com a crença "cubana", muitos desses jovens veem seu dia a dia confiscado pelo autoritarismo de colegas que se arvoram em representantes dos alunos ou das instituições de ensino, criando impasses cotidianos como invasão de reitorias e greves votadas por uma minoria que sequestra a liberdade da maioria de viver sua vida em paz.
            Muitos desses movimentos são autoritários, inclusive porque trabalham também com a intimidação e difamação dos colegas não crentes. Pura truculência ideológica.
            Como estes não crentes não formam um grupo, não são articulados nem têm tempo para sê-lo, a truculência dos autoritários faz um estrago diante da inexistência de uma resistência organizada.
            Recebo muitos e-mails desses jovens. Um deles, especificamente, já desistiu de dois cursos de humanas por não aceitar a pregação. Uma vergonha para nós.