sábado, 23 de novembro de 2013

Roseana inaugurou 29 dos 72 hospitais que prometeu

folha de são paulo
O ESTADO DA FEDERAÇÃO - MARANHÃO
Governo diz que 14 estão atrasados, e os restantes aguardam equipamentos
Oposição afirma que a entrega dos hospitais não tem garantido atendimento adequado ao público do Estado
REYNALDO TUROLLO JR.DE SÃO PAULOApesar da receita em elevação e da dívida sob controle, o governo Roseana Sarney (PMDB-MA) enfrenta dificuldades para cumprir sua principal promessa de campanha: entregar 72 hospitais em pleno funcionamento.
Reeleita em 2010 em eleição apertada, Roseana prometera os hospitais ainda para aquele ano, pois já havia iniciado as obras. Passados três anos, inaugurou 29.
A Saúde estadual diz que 14 unidades estão atrasadas porque houve rescisões de contratos de obras. Os restantes aguardam equipamentos.
A oposição afirma que a entrega dos hospitais não tem garantido atendimento adequado ao público do Estado.
Para equipar as unidades e acelerar as entregas, a gestão recorreu ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
É também com recursos do banco que Roseana aposta fichas na ampliação de projetos privados de infraestrutura --no total, foram R$ 3,8 bilhões tomados do banco.
INFRAESTRUTURA
O secretário de Planejamento, João Bernardo Bringel, exalta a "política agressiva" de captação de investimento privado da gestão.
Entre os maiores projetos privados estão a instalação da refinaria Premium da Petrobras, em Bacabeira, e da fábrica da Suzano Papel e Celulose, em Imperatriz.
A destinação crescente de verbas à Secretaria de Infraestrutura também tem gerado críticas da oposição.
Isso porque o titular da pasta, Luis Fernando Silva (PMDB), deve ser candidato ao governo do Estado em 2014, com apoio de Roseana.
"O secretário entrega as obras e vai estar com o caixa cheio no ano da eleição", diz o deputado federal Domingos Dutra, ex-petista e hoje no recém-criado Solidariedade.
Além de quase triplicar as despesas com infraestrutura, o projeto de orçamento para 2014 enviado à Assembleia por Roseana indica cortes em educação e segurança.
E a segurança é hoje um dos principais problemas da gestão. A taxa de homicídios no Estado avançou 17% em 2012 e houve casos recentes de ataques de facções criminosas contra policiais.
Segundo o titular do Planejamento, áreas dependentes de verbas da União, como educação, tiveram orçamento reduzido devido à expectativa de repasses federais menores em 2014. "Mas estará mantido o mínimo constitucional." Já a Segurança, afirma ele, terá investimento de R$ 100 milhões até 2015.
Os gastos com pessoal da gestão subiram 70% em 2013 ante 2011 --alta que o governo atribui à aprovação do plano de cargos dos servidores. O plano garantiu relativa tranquilidade nas relações com o funcionalismo: o sindicato é ligado à CUT e ao vice-governador Washington Luiz (PT).
No cenário eleitoral, o candidato do governo deverá enfrentar no próximo ano o atual presidente da Embratur, Flávio Dino (PC do B). Rival histórico da família Sarney, Dino foi o segundo colocado nas eleições de 2010.
O papel do PT em 2014 é incerto. O partido tem o vice de Roseana, mas alguns líderes defendem o apoio a Dino.
    RAIO-X
    Série especial analisa gestões nos estados
    A reportagem sobre o Maranhão faz parte de uma série especial iniciada em agosto. Nela, a Folha produz um raio-X das gestões dos 26 Estados e do Distrito Federal. A ideia é avaliar a aplicação dos recursos e o cumprimento das promessas de campanha dos governadores.

    Genoino não teve infarto na prisão, afirma hospital

    folha de são paulo
    Jamais deixarei a vida política, diz deputado a revista
    DE SÃO PAULOO deputado federal licenciado José Genoino (PT-SP) disse que, mesmo preso, não pretende deixar a política.
    "Jamais deixarei a vida política. Posso ter que mudar a forma, o local e o uniforme, mas o sentido da minha vida é lutar por sonhos e causas" afirmou à revista "IstoÉ".
    A entrevista foi feita dentro do presídio da Papuda, anteontem, no Distrito Federal, pouco antes dele ser transferido para um hospital depois de passar mal.
    "Não cometi nenhum crime. Estou preso porque era presidente do PT. Por isso sou um preso político", declarou.
    O deputado também revelou que o momento mais tenso do julgamento do mensalão foi a dosimetria, quando o tamanho das penas foi definido: "Fui condenado por corrupção sem nunca ter mexido com dinheiro".
    Ele também negou a formação de quadrilha. "Nós, no PT, não nos associamos para cometer crimes, e sim para mudar a realidade do Brasil".
    Foi a primeira entrevista de Genoino desde que ele se entregou, no dia 15, para começar a cumprir a pena por sua participação no mensalão.
    IMAGENS TERRÍVEIS
    O ex-presidente do PT disse que quando chegou à prisão, lembrou das "imagens terríveis" de suas prisões na ditadura --ele foi preso e torturado duas vezes durante o regime militar. "A sensação de estar preso injustamente é a mesma", declarou.
    O deputado disse ainda que nunca pensou em fugir do Brasil e criticou a transferência dos presos a Brasília. "Ficamos quatro horas em um pátio porque não sabiam onde nos colocar", disse o deputado. "Se não sabiam onde nos colocar, por que nos fizeram viajar?", acrescentou.
    Genoino deu detalhes ainda sobre as suas condições de saúde. Ele afirmou que precisa fazer uma biópsia porque está cuspindo sangue e sofre com palpitações, dores nas pernas e alteração na voz.
      Segundo boletim médico, ex-presidente do PT sofreu crise de pressão alta
      Petista será examinado hoje por junta médica convocada pelo STF, que analisa pedido de prisão domiciliarp(kicker red). Mensalão as prisões
      DE BRASÍLIAO boletim médico divulgado ontem pelo Instituto de Cardiologia do Distrito Federal descartou que o deputado federal licenciado e ex-presidente do PT José Genoino, condenado no mensalão, tenha sofrido infarto enquanto estava preso e o diagnosticou com crise de pressão alta.
      Hoje, um grupo de médicos irá examiná-lo e enviará um relatório para o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que irá decidir o local onde o deputado cumprirá sua pena.
      O advogado de Genoino, Luiz Fernando Pacheco, havia pedido que seu cliente deixasse a penitenciária da Papuda e ficasse em prisão domiciliar por questões de saúde.
      Barbosa atendeu parcialmente ao pedido ao permitir que ele fique no hospital ou faça tratamentos de saúde em casa até que a junta médica avalie seu quadro clínico.
      A junta é composta por cinco médicos ligados à UnB (Universidade de Brasília). Eles foram indicados pela superintendência do Hospital Universitário de Brasília e pela direção da faculdade de medicina da universidade.
      Folha apurou que Genoino passou a tarde na companhia da mulher e se sentia melhor que no dia anterior.
      A nota do Instituto de Cardiologia diz que "foi descartado infarto agudo do miocárdio e diagnosticada elevação dos níveis pressóricos (pressão arterial), que podem comprometer o resultado da cirurgia de correção de dissecção da aorta, e alteração de coagulação secundária ao uso de anticoagulante, que aumenta o risco de sangramentos".
      Genoino sofre de problemas cardíacos e passou por uma cirurgia em julho. O boletim diz ainda que o "paciente encontra-se estável e deverá permanecer internado até o controle adequado da pressão arterial e dos parâmetros da coagulação".
      Anteontem, quando estava na Papuda, o deputado passou mal e recebeu o primeiro atendimento no presídio. O médico do próprio sistema prisional resolveu transferi-lo para um hospital.
      Em um primeiro momento, o advogado de Genoino havia dito que o petista sofrera um princípio de infarto. Ontem, por meio de carta, ele afirmou que seu cliente havia sido internado às pressas por "suspeita" de infarto.
      O senador José Sarney (PMDB-AP) visitou ontem Genoino no hospital e afirmou que ele estava "bem, mas muito abatido".
      "Quando estive internado no Incor, ele foi duas vezes me visitar. Vim fazer uma visita de cortesia para retribuir e cumprir os deveres da amizade", disse Sarney.
      O ex-presidente do PT foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão por corrupção ativa e a 2 anos e 3 meses por formação de quadrilha.
      Ele continua a receber o salário de deputado, de R$ 26,7 mil, mas está licenciado por motivos de saúde.
      A Câmara deve decidir na próxima semana o que fazer com seu mandato. Outra junta médica deve examiná-lo para fazer um laudo relativo ao pedido dele de aposentadoria por invalidez.

        Editora relança 'Teatro do Oprimido' e obras de referência mundial de Augusto Boal

        folha de são paulo

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        NELSON DE SÁ
        DE SÃO PAULO

        "A outra música que te mando é um chorinho de Francis Hime com letra minha. Fiz pra você. A gravação é precária, Francis e eu às 4h da manhã, alegres demais. Por incrível que pareça, passou na censura. Fiz umas mutretas na letra, eles não entenderam nada e aprovaram. Quando sair o disco, vão ficar puto dentro das calças."
        Era Chico Buarque, em trecho de uma carta para Augusto Boal (1931-2009), no exílio em Portugal. "Meu Caro Amigo", que saiu em disco em 1976, junto com "Mulheres de Atenas", parceria de Chico e Boal também citada na carta, se transformaria em hino contra a ditadura militar:
        "Meu caro amigo, me perdoe, por favor/ Se não lhe faço uma visita/ Mas como agora apareceu portador/ Mando notícias nessa fita/ Aqui na terra tão jogando futebol/ Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll/ Uns dias chove, noutros dias bate sol/ Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta".

        Augusto Boal

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        Divulgação
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        O dramaturgo carioca Augusto Boal (1931-2009), fundador do Teatro do Oprimido
        Boal relatou depois que ouviu a fita ao lado da mulher, Cecília, e de Paulo Freire, Darcy Ribeiro "e outros amigos exilados". A carta faz parte do acervo do diretor e teórico de teatro, que no momento está sendo catalogado e pode resultar na edição dos inéditos pela Cosac Naify.
        DITADURA, 50
        A editora está dando início a uma coleção de Boal com "Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas", a sua principal obra teórica. No ano que vem, para o 50º aniversário da ditadura, em abril, sairá "Hamlet e o Filho do Padeiro", livro de memórias, esgotado há uma década.
        Milton Ohata, coordenador editorial, diz que a Cosac está avaliando a publicação de inéditos e que ele próprio já foi até o acervo, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na ilha do Fundão. "Está em processamento, separando por gênero, correspondência etc. Tem bastante coisa. Por enquanto ainda não dá porque é um mundo, precisa selecionar o material."
        Mas a ideia é, "em todas as edições e reedições, colocar material inédito". No caso de "Jogos para Atores e Não Atores", que será relançado no segundo semestre de 2014, deve ser um texto "transcrito pelo Boal de uma aula que ele deu, na temporada que passou na Royal Shakespeare Company, explicando o Teatro do Oprimido aos atores".
        A psicanalista Cecília Boal, viúva do diretor e fundadora do Instituto Augusto Boal, diz que "ainda não se falou disso", mas confirma que "no futuro a gente pode publicar inéditos que estão no acervo". Destaca as cartas trocadas com Carlos Porto, "teórico do teatro que ajudou muito o Boal em Portugal", e com o crítico Sábato Magaldi.
        GUARNIERI, LULA
        "O professor Eduardo Coelho, encarregado do acervo, me disse que encontrou até uma carta da [bailarina e diretora alemã] Pina Bausch", conta Cecília.
        Professor da Faculdade de Letras da UFRJ, é um especialista que antes chefiou o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa.
        "O acervo tem muitos textos de caráter mais teórico inéditos", diz Coelho. "Tem muitas crônicas de Boal que nunca foram recolhidas. E existem algumas peças que ele escreveu. Além das correspondências, que estão todas inéditas, do período na Argentina, em Paris. Tem carta do [dramaturgo Gianfrancesco] Guarnieri, do Lula, do [poeta] Ferreira Gullar."
        Dos textos teóricos inéditos, ressalta aqueles em que, já nos anos 1980, Boal "trata o teatro no contexto de uma cultura maior, como formador de um processo de conscientização política". Foi um período de muitas palestras dele pela América Latina e de sua experiência como vereador pelo PT, no Rio.
        É dessa época uma outra obra prevista para reedição, "Teatro Legislativo", que poderá sair num único volume ao lado de "Teatro como Arte Marcial".
        A Cosac Naify programa ainda reeditar as suas peças _a partir dos dois volumes do "Teatro de Augusto Boal" que saíram em 1986 pela Hucitec, também já esgotados.
        TEATRO DO OPRIMIDO
        AUTOR Augusto Boal
        EDITORA Cosac Naify
        QUANTO R$ 39,90 (224 págs.)

        José Simão

        folha de são paulo
        Ueba! A Papuda é um roubo!
        E o Alckmin Picolé de Chuchu devia processar duas coisas: a turma do Serra e o xampu antiqueda!
        Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Fim de semana animado: Interlagos, Maracanã e Papuda! Esse presídio da Papuda é uma exploração! Vocês viram os preços da cantina do semiaberto? Cigarro: R$ 10. Copo de Coca-Cola: R$ 3. Copo d'água: R$ 2! Mais caro que o frigobar do Park Hyatt de Tóquio!
        A Papuda tem que ser presa. Prática de preços extorsivos. A PAPUDA É UM ROUBO! Precisa ser milionário pra ficar preso! Tem que ter mensalão pros mensaleiros! Bolsa-Papuda!
        E a visita-bullying do Suplicy? O Redator Bipolar diz que quando o Suplicy começou a cantar, houve suicídio em massa na Papuda. Era só preso enforcado. Rarará!
        E o chargista Fausto diz que no Brasil tá tendo tanto mensalão (mensalão petista, mensalão tucano) que virou um IMENSALÃO! Rarará!
        E um leitor me disse que Genoino e Dirceu, ambos têm problema de saúde: o Genoino é cardiopata e o Dirceu é psicopata. Ops, psicocisne! Rarará!
        Amanhã, Interlagos! Sabe o que o Felipe Amassa devia fazer em Interlagos? VENDER BATIDA! Rarará.
        E a Fórmula 1 devia mudar de nome pra Fórmula do UM: Vettel!
        E os pilotos gringos só querem saber de duas coisas em São Paulo: churrascaria e casa de entretenimento. Ou seja, churrasco e quenga. Ou seja, vieram pra comer!
        E amanhã o Galvão entra em erupção! Ele vai transmitir? Não, ele vai gritar! Aliás, tentar gritar. Porque tá mais rouco que a foca da Disney. Os "Rs" acabaram com a garganta do Galvão! E eu sempre digo que a melhor profissão do mundo é piloto: trabalha deitado, roda até ficar tonto e quando perde, bota a culpa no carro! Rarará!
        E depois Maracanã: Flamengo x Corinthians. Urubu x Gambá! Vixe, só bicho que fede! O jogo devia ser no lixão. No lixão da Mãe Lucinda! Rarará!
        E é claro que todos estão falando que os arrastões no Rio eram pra comprar ingresso pro Flamengo! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
        E uma pergunta inconveniente: por que corrupção de tucano se chama cartel? Supostos tucanos praticam suposto roubo chamado suposto cartel. Isso posto, Papuda neles! Rarará! Não tem virgem na zona!
        E o Alckmin Picolé de Chuchu quer processar todo mundo! O Alckmin devia processar duas coisas: a turma do Serra e o xampu antiqueda! Processa a turma do Serra! Rarará.
        Nóis sofre, mas nóis goza.
        Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

        Biblioteca Nacional cancela prêmio após 1 ano de atraso

        folha de são paulo
        45 instituições concorriam ao Vivaleitura, para projetos de incentivo à leitura
        Fundação diz que faltou respaldo legal, em edital, sobre fonte de recursos; finalista diz que viveu transtorno
        RAQUEL COZERCOLUNISTA DA FOLHAA Fundação Biblioteca Nacional (FBN) cancelou ontem o edital de 2012 do Prêmio Vivaleitura, que estipulava o pagamento de um total de R$ 540 mil a 18 escolas, bibliotecas e ONGs responsáveis por projetos bem-sucedidos de incentivo à leitura.
        Há 11 meses, 45 instituições anunciadas como finalistas concorriam a esses 18 prêmios, de R$ 30 mil cada um.
        Nesse período, os responsáveis pelos 45 projetos foram convocados e desconvocados três vezes para a cerimônia de entrega, que aconteceria em um hotel em Brasília.
        Segundo a pedagoga Dinorá Couto Cançado, finalista pelo projeto "Luz e Autor em Braille", para inclusão de cegos por meio da leitura, em Taguatinga (DF), a indefinição causou transtornos.
        "Da primeira vez que marcaram o evento, eu ia iniciar um tratamento de saúde e adiei para não perder a cerimônia. Foram vários adiamentos até eu parar de receber notícias", ela disse.
        Ontem, os finalistas receberam e-mails da Biblioteca Nacional informando que o prêmio foi anulado "em função de sua ilegalidade".
        O argumento é que a portaria que instituiu o prêmio, de 2005, determinava que não poderiam ser aplicados à premiação "quaisquer recursos orçamentários de contrapartida da União", enquanto o edital de 2012 previa como fonte de recursos o Fundo Nacional de Cultura, mecanismo de financiamento do Ministério da Cultura.
        Criado em 2005 numa parceria entre o governo federal e a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), o prêmio só poderia ocorrer mediante patrocínio.
        Foi assim até 2011, quando a espanhola Fundação Santilliana avisou que não mais arcaria com as despesas.
        Mas em 2012 a Fundação Biblioteca Nacional decidiu manter e ampliar a premiação, que passou de R$ 90 mil (R$ 30 mil para três vencedores) a R$ 540 mil (R$ 30 mil para 18 instituições).
        Galeno Amorim, presidente da FBN na ocasião, informa que não só havia verba (que seria paga via convênio com a Universidade de Brasília, usando recursos do MinC) como respaldo para o uso do Fundo Nacional de Cultura.
        Isso seria possível devido ao decreto 7.559/2011, que estipulava que o MinC e o MEC criariam novas regras para o Vivaleitura. Esse decreto, diz Galeno, permitiria a criação de nova portaria autorizando o uso de verbas federais.
        O atual presidente da FBN, Renato Lessa, diz que uma nova portaria não poderia ter efeito retroativo, não podendo, portanto, reger um edital já publicado.
        O Ministério da Cultura informa que haverá novo edital para o prêmio em 2014.
          Setor de livro e leitura será mantido até março
          DA COLUNISTA DA FOLHA
          Passados oito meses da decisão de Marta Suplicy de retirar as políticas federais de livro e leitura da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), a diretoria responsável pela área continua legal e fisicamente alocada dentro da instituição.
          Essa situação não deve se resolver antes de março, quando se completa um ano do anúncio da divisão.
          "As questões políticas e administrativas já foram debatidas e acordadas com a ministra e seguem os ritos burocráticos: decretos e instruções administrativas que viabilizarão essa operação", diz José Castilho Marques Neto, secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura, área responsável pelas políticas de livro e leitura
          Com a demora, o que garante algum andamento na área é um "acordo informal", diz Renato Lessa, presidente da Biblioteca Nacional. "Tudo o que a diretoria de livro e leitura faz hoje, faz como parte da FBN. Temos um acordo pelo qual a diretoria tem autonomia, mas decidimos em conjunto porque sou o responsável pelo orçamento."
          Com isso, tudo se resolve a passos lentos. Não houve neste ano, por exemplo, os editais de criação e circulação literária, sob responsabilidade da área de livro e leitura.
          A mesma coisa do lado que permanecerá na biblioteca. Anunciadas há anos, as obras na sede e no anexo da instituição, localizados no centro e na zona portuária do Rio, devem começar só em 2014.

          Rapper afegã participa de festa literária em comunidade do Rio

          folha de são paulo
          Paradise Sorouri, que denuncia a misoginia em suas canções, faz debate e show na Flupp
          A dupla 143Band, com seu noivo, o cantor Diverse, fala hoje em mesa com poeta afegão e se apresenta amanhã
          MARCO AURÉLIO CANÔNICODO RIONão há profissão fácil na República Islâmica do Afeganistão, um dos países mais pobres e mais perigosos do mundo, mas decidir ser cantora, de um gênero ocidental (rap/hip hop), com letras feministas, é tornar-se pária.
          "O que mais me incomoda é ver que mesmo as mulheres me xingam por algo que estou fazendo para elas. Sendo assim, o que esperar dos homens?", diz Paradise Sorouri, 28, rapper afegã que ganhou destaque internacional por suas canções que denunciam a misoginia do país.
          Ela veio ao Rio acompanhada do noivo, o também rapper Ahmad Marwi, 27, para participar da Festa Literária das Unidades de Polícia Pacificadora (Flupp), que acontece na comunidade de Vigário Geral, na zona norte.
          Ao lado do poeta afegão Suhrab Sirat, eles participam da mesa "Occupy Afeganistão", hoje, às 11h, e fazem o show de encerramento, amanhã, às 20h45.
          Filhos de afegãos que se refugiaram no Irã durante os conflitos políticos da década de 1970, Paradise e Ahmad --que usa o nome artístico Diverse-- nasceram no país persa, mas sempre mantiveram laços com o Afeganistão, para onde se mudaram em 2007.
          O casal se conheceu no ano seguinte, na Universidade de Herat, onde Diverse era professor de informática e Paradise, secretária.
          "Começamos a namorar, o que era estritamente proibido em Herat, e formamos a 143Band", diz Diverse, que conversou por e-mail com a Folha, como sua noiva.
          Cantando em persa --e em sua variante afegã, o dari--, o duo foi investindo suas economias na carreira.
          O estilo e o visual do casal são claramente inspirados no modelo americano de hip-hop, o que é comprovado pelas influências que eles citam: Eminem, Jay Z, Tupac.
          Paradise sentiu desde o início o perigo de se lançar na carreira artística num país onde a presença do Taliban ainda tem força: por questões de segurança, foi obrigada a desistir da universidade e se mudar para o Tadjiquistão.
          "Eles me xingavam de puta' quando estava no palco, me olhavam feio, como se eu estivesse fazendo algo errado. Me tratavam muito mal."
          Foi no país vizinho que gravou a canção "Faryade Zan" ("O Grito de Uma Mulher"), cujo vídeo mostra a rapper sendo sequestrada e torturada --algo que, felizmente, não chegou a acontecer.
          "Já recebi muitas ameaças e fui agredida nas ruas, mas ainda não chegou a isso. Mas é algo que acontece com muitas mulheres no país, que são até vendidas", diz ela, que voltou ao Afeganistão após três anos e vive em Cabul.
          Do Brasil, terceiro país em que se apresentam, não conhecem nada além de "futebol" e "selva", mas se dizem surpresos com o convite e felizes por "representar internacionalmente o Afeganistão".

            André Singer

            folha de são paulo
            Justiça do espetáculo
            Numa atitude que vem se tornando recorrente, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, mais uma vez usou as prerrogativas de que dispõe para conturbar o delicado ambiente que envolve a ação penal 470. A maneira pela qual decidiu o início da execução das sentenças parece obedecer mais a fins de publicidade do que a necessidades objetivas.
            Não se questiona aqui que condenações transitadas em julgado fossem executadas, ainda que diversos aspectos do processo permaneçam duvidosos. Mas o "modus faciendi" altera bastante o resultado final, dando conotação de parcialidade aos atos do ministro. Em lugar de amenizar os aspectos espetaculares das medidas, como seria de esperar caso houvesse preocupação profunda com o espírito da lei, ele os potencializou, em uma demonstração de que o janismo pode reaparecer onde menos se espera.
            A entrevista de Marco Aurélio Mello, colega de tribunal, ao jornalista Josias de Souza, não deixa dúvida a respeito. Em primeiro lugar, não havia nenhuma necessidade de açodamento, disse Mello, em relação à execução das sentenças. Acrescente-se que, depois de uma sessão confusa na quarta, 13 de novembro, Barbosa ainda precisava explicar, no dia seguinte, ao plenário, qual era a situação de cada um dos condenados.
            Não só não o fez, como, para surpresa geral --o que, aliás, é parte da "síndrome Quadros" que o atinge--, resolveu utilizar um feriado extenso, em que não há notícias para disputar o espaço noticioso nem mobilização para contestar o decidido, e colocar em presídio de segurança de Brasília um trio de altos ex-dirigentes do PT. O fato de ser a data da comemoração da República completa o simbolismo ideal para um possível futuro candidato a chefe do Executivo.
            Em segundo lugar, afirma Marco Aurélio, Barbosa acabou por produzir uma desnecessária prisão provisória em regime fechado para cidadãos que tem direito ao semiaberto nos lugares em que residem. Caso os devidos ritos fossem cumpridos com calma, teria havido situação bem diferente, com os acusados livres ao menos durante o dia. Assim, além de ser ilegal a reclusão a que estão submetidos José Dirceu e Delúbio Soares, foi ameaçada gratuitamente a integridade de José Genoino, cuja frágil situação de saúde é de todos conhecida.
            A concessão de tratamento em hospital ou domicílio a Genoino, anteontem, começou a reparar a série de abusos praticados no aparente intuito de causar sensação. Passada a fervura midiática e com a aparição de vozes divergentes em cena, espera-se que os demais atropelos também sejam corrigidos. Fica, no entanto, a impressão de que há um incendiário no comando, o que lança dúvidas sobre a condução que impôs a todo processo anterior.