domingo, 3 de novembro de 2013

James Spader é o trunfo da nova 'Blacklist'

folha de são paulo
CRÍTICA SERIAL
LUCIANA COELHO - coelho.l@uol.com.br
Protagonista irreverente segura suspense de ação sobre criminoso genial à caça de seus desafetos
JAMES SPADER É o tipo raro de ator que pode segurar uma série sozinho, mesmo que o roteiro seja esquemático, o elenco de apoio, mediano, e a fórmula a ser explorada não seja lá a coisa mais original do mundo.
Por isso, é estranho que a nova "The Blacklist" não tenha sido escrita para ele --ainda que o ex-galã cult de "Sexo, Mentiras e Videotape", muito melhor em sua versão envelhecida, engordada e com menos cabelos, fosse a primeira opção dos produtores.
A série, aposta de peso do canal americano NBC (e no Brasil, do Sony) para esta temporada, revolve em torno de Raymond "Red" Reddington, um gênio do crime procurado pelo FBI que se entrega às autoridades com uma lista de desafetos a procurar/desgraçar/exterminar.
Sim, "gênio do crime" é uma expressão deveras clichê, mas o personagem também é. O que o salva é justamente o humor negro, o timing refinado e o charme um tanto perturbador que Spader é capaz de lhe atribuir.
É isso que torna possível para o espectador crer que Red, uma espécie de cruza de Sherlock Holmes com Jack Bauer com Hannibal Lecter, pode fazer o que faz.
E que torna difícil imaginar o que a série seria se ele rejeitasse o papel como fez até o último minuto, segundo entrevistas dos produtores. Provavelmente, uma sequência de cenas de ação bem-feitas, que entretêm por alguns episódios e só.
O mistério da história é que Red só aceita conversar com a agente novata Liz Keen (Megan Boone, sem nada relevante no currículo, segura direitinho a missão de coprotagonista). Assim como as intenções do criminoso, o passado da policial nunca fica claro. E tampouco a relação prévia entre eles.
Apesar das muitas perguntas a responder, cada episódio de "The Blacklist" é uma história fechada sobre um dos ex-sócios ou inimigos de Red. Dos quatro já exibidos no Brasil, o melhor é o que traz Isabella Rossellini, sexagenária e linda, como uma ativista de intenções dúbias.
O resto do elenco é anódino. Diego Klattenhoff, o Mike de "Homeland", continua sem saber atuar na pele do agente Donald Ressler, parceiro de Liz. Ryan Eggold, o marido da agente, é igualmente insosso.
Mesmo o experiente Harry Lennix, de "Matrix", é massacrado em qualquer cena com Spader. A segunda melhor ali é Parminder Nagra, a adolescente jeitosa com a bola de "Driblando o Destino" que cresceu e vive a agente Meera.
Ainda assim, "The Blacklist" funciona. O cosmopolitismo de cenários lhe dá ritmo, os casos são bem escritos, as perguntas mantêm o suspense, a tensão entre os protagonistas flui e há James Spader, que sozinho salvou a saudosa "The Office" do naufrágio quando já não havia Steve Carrell para fazer rir.
Não vai revolucionar a TV nem criar uma legião de adoradores, mas pode garantir uma audiência cativa por boas temporadas --equação perfeita para o horário nobre de um canal comercial de peso. Pense em uma novela bem-feita. É suficiente.

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