eNTREVISTA - ROBERT MCCLELLAND, 84
Fiquei horrorizado ao ver a cabeça do presidente sangrando
Cirurgião que operou John Kennedy em Dallas acredita que havia um 2º atirador e que ordem de assassinato partiu do governo
O cirurgião Robert McClelland, 84, tinha 34 anos e trabalhava no hospital Parkland, em Dallas, quando foi convocado para o acontecimento mais importante de sua vida: operar o presidente dos EUA, que acabara de ser baleado. Nesta entrevista, McClelland relembra o dia e explica por que acha que uma conspiração matou JFK.
Pergunta - Como aquele dia mudou sua vida?
Robert McClelland - Foi o acontecimento isolado mais importante de minha vida. Eu tratava ferimentos como aquele todo dia --mas não o presidente, claro. Quando algo assim acontece a você, não há tempo para pensar, só para se mexer, reagir.
Robert McClelland - Foi o acontecimento isolado mais importante de minha vida. Eu tratava ferimentos como aquele todo dia --mas não o presidente, claro. Quando algo assim acontece a você, não há tempo para pensar, só para se mexer, reagir.
O que você sentiu?
Você não sente muita coisa, não pensa sobre seus sentimentos. O tempo é essencial.
Eu estava no segundo andar do hospital Parkland, numa sala de reuniões, exibindo um filme sobre hérnias aos residentes. Bateram na porta. Um de nossos cirurgiões sêniores, dr. Crenshaw, estava lá e me disse: "Pode sair? Preciso lhe contar uma coisa".
Saí e ele explicou que o presidente Kennedy estava sendo conduzido à sala de cirurgia --tinha sido ferido durante percurso em carro aberto no centro da cidade. E todo o pessoal cirúrgico estava sendo convocado ao primeiro andar imediatamente.
Quando cheguei lá, o lugar estava completamente lotado de homens de terno --quase enfileirados. Eu nunca tinha visto coisa parecida. Talvez 75, 100 pessoas. A multidão abriu caminho para mim, e vi a sra. Kennedy sentada em uma cadeira dobrável, com as roupas ensanguentadas.
Tive de me forçar a continuar caminhando até lá. O chefe de cirurgia do hospital não estava na cidade, e meus dois cirurgiões associados deviam estar na pausa para o almoço. Eu talvez fosse o único cirurgião disponível.
Fiquei horrorizado com o que vi. O presidente estava deitado, com a cabeça ensanguentada. Esse pensamento ainda me horroriza. Ao mesmo tempo, fiquei contente ao descobrir que meus cirurgiões associados, dr. Baxter e dr. Perry, haviam chegado à sala pouco antes de mim.
Você não sente muita coisa, não pensa sobre seus sentimentos. O tempo é essencial.
Eu estava no segundo andar do hospital Parkland, numa sala de reuniões, exibindo um filme sobre hérnias aos residentes. Bateram na porta. Um de nossos cirurgiões sêniores, dr. Crenshaw, estava lá e me disse: "Pode sair? Preciso lhe contar uma coisa".
Saí e ele explicou que o presidente Kennedy estava sendo conduzido à sala de cirurgia --tinha sido ferido durante percurso em carro aberto no centro da cidade. E todo o pessoal cirúrgico estava sendo convocado ao primeiro andar imediatamente.
Quando cheguei lá, o lugar estava completamente lotado de homens de terno --quase enfileirados. Eu nunca tinha visto coisa parecida. Talvez 75, 100 pessoas. A multidão abriu caminho para mim, e vi a sra. Kennedy sentada em uma cadeira dobrável, com as roupas ensanguentadas.
Tive de me forçar a continuar caminhando até lá. O chefe de cirurgia do hospital não estava na cidade, e meus dois cirurgiões associados deviam estar na pausa para o almoço. Eu talvez fosse o único cirurgião disponível.
Fiquei horrorizado com o que vi. O presidente estava deitado, com a cabeça ensanguentada. Esse pensamento ainda me horroriza. Ao mesmo tempo, fiquei contente ao descobrir que meus cirurgiões associados, dr. Baxter e dr. Perry, haviam chegado à sala pouco antes de mim.
O presidente já estava morto?
Não. Estava fazendo esforço para respirar, e o eletrocardiograma demonstrava excelente atividade cardíaca. Eu me inclinei e então vi o horrível ferimento na traseira da cabeça. Um terço da porção traseira do crânio desaparecera, do lado direito. A metade traseira do hemisfério cerebral havia sido destruída.
Eu observava quando a metade direita do cerebelo do presidente caiu lentamente daquela imensa ferida, para dentro do carrinho. E eu disse: "Meu Deus, viram a ferida na traseira da cabeça?" Meus colegas disseram que não.
Continuamos a trabalhar. Quatro ou cinco minutos depois, dr. Clark, nosso professor de neurologia, entrou na sala, olhou para a máquina de eletrocardiograma e percebeu que a atividade cardíaca parara. Disse ao dr. Perry: "Pode parar. Ele se foi".
Todos correram para fora da sala. Quando a sala se esvaziou, um padre entrou. Ele se preparou, descobriu o rosto do presidente e se inclinou em direção de seu ouvido esquerdo, a meio metro de mim. A porta se abriu de novo e a sra. Kennedy entrou.
Ela estava parada do lado oposto a nós. Perguntou ao padre se tinha dado a extrema-unção. Ele respondeu que dera uma absolvição condicional ao presidente. Ela fez uma careta, não gostou. Mas não disse nada. E trocou as alianças --pôs a dela no dedo do presidente e a dele em seu dedo.
Ficou ali por um momento, caminhou até o pé do presidente, que estava descoberto, beijou o pé dele e saiu.
Não. Estava fazendo esforço para respirar, e o eletrocardiograma demonstrava excelente atividade cardíaca. Eu me inclinei e então vi o horrível ferimento na traseira da cabeça. Um terço da porção traseira do crânio desaparecera, do lado direito. A metade traseira do hemisfério cerebral havia sido destruída.
Eu observava quando a metade direita do cerebelo do presidente caiu lentamente daquela imensa ferida, para dentro do carrinho. E eu disse: "Meu Deus, viram a ferida na traseira da cabeça?" Meus colegas disseram que não.
Continuamos a trabalhar. Quatro ou cinco minutos depois, dr. Clark, nosso professor de neurologia, entrou na sala, olhou para a máquina de eletrocardiograma e percebeu que a atividade cardíaca parara. Disse ao dr. Perry: "Pode parar. Ele se foi".
Todos correram para fora da sala. Quando a sala se esvaziou, um padre entrou. Ele se preparou, descobriu o rosto do presidente e se inclinou em direção de seu ouvido esquerdo, a meio metro de mim. A porta se abriu de novo e a sra. Kennedy entrou.
Ela estava parada do lado oposto a nós. Perguntou ao padre se tinha dado a extrema-unção. Ele respondeu que dera uma absolvição condicional ao presidente. Ela fez uma careta, não gostou. Mas não disse nada. E trocou as alianças --pôs a dela no dedo do presidente e a dele em seu dedo.
Ficou ali por um momento, caminhou até o pé do presidente, que estava descoberto, beijou o pé dele e saiu.
Você viu outros ferimentos?
Não vi, na hora. Por exemplo, não soubemos que ele tinha um ferimento nas costas até o dia seguinte, quando o dr. Perry recebeu ligação de um hospital da Marinha. Ele perguntou: "Sabia que ele tinha um ferimento nas costas, à direita?" Não sabíamos.
Não vi, na hora. Por exemplo, não soubemos que ele tinha um ferimento nas costas até o dia seguinte, quando o dr. Perry recebeu ligação de um hospital da Marinha. Ele perguntou: "Sabia que ele tinha um ferimento nas costas, à direita?" Não sabíamos.
Isso significa uma segunda bala nas costas?
No alto das costas. Bem, minha conclusão sobre isso não se firmou até que eu visse o filme de Zapruder. As imagens confirmaram o que eu imaginava ter acontecido.
Quando a comitiva entrou na rua Elm, o presidente e a sra. Kennedy estavam bem. Mas você percebe a mão dele subindo na direção do pescoço, logo depois que eles entram na rua. É a primeira bala. Alguns momentos mais tarde, ele continua com a mão no pescoço e a sra. Kennedy se aproxima, como que para perguntar o que há de errado.
Quando ela o faz, a cabeça dele literalmente explode, para trás e para a esquerda. Acho que é naquele momento que a bala o atinge pela frente. Algumas pessoas dizem que o movimento para trás foi efeito do cérebro se liquefazendo e projetando para trás, ou de alguma reação.
Não faz sentido para mim. Ele foi atingido por uma bala pesada na cabeça, e isso o jogou para trás. Provavelmente na linha do cabelo. Não sei. E a bala explodiu a porção traseira de sua cabeça. Não vi a ferida. Talvez tenha ficado encoberta pelo cabelo.
No alto das costas. Bem, minha conclusão sobre isso não se firmou até que eu visse o filme de Zapruder. As imagens confirmaram o que eu imaginava ter acontecido.
Quando a comitiva entrou na rua Elm, o presidente e a sra. Kennedy estavam bem. Mas você percebe a mão dele subindo na direção do pescoço, logo depois que eles entram na rua. É a primeira bala. Alguns momentos mais tarde, ele continua com a mão no pescoço e a sra. Kennedy se aproxima, como que para perguntar o que há de errado.
Quando ela o faz, a cabeça dele literalmente explode, para trás e para a esquerda. Acho que é naquele momento que a bala o atinge pela frente. Algumas pessoas dizem que o movimento para trás foi efeito do cérebro se liquefazendo e projetando para trás, ou de alguma reação.
Não faz sentido para mim. Ele foi atingido por uma bala pesada na cabeça, e isso o jogou para trás. Provavelmente na linha do cabelo. Não sei. E a bala explodiu a porção traseira de sua cabeça. Não vi a ferida. Talvez tenha ficado encoberta pelo cabelo.
Qual é a sua opinião?
Creio que o primeiro disparo veio do sexto andar [onde Lee Harvey Oswald estava]. Aquela bala provavelmente o atingiu nas costas. A ferida no pescoço era um ferimento de saída, e não de entrada. E então, segundos mais tarde, o segundo atirador disparou da cerca. Conheço uma testemunha ocular que viu um homem erguendo um fuzil por sobre a cerca e disparando.
Creio que o primeiro disparo veio do sexto andar [onde Lee Harvey Oswald estava]. Aquela bala provavelmente o atingiu nas costas. A ferida no pescoço era um ferimento de saída, e não de entrada. E então, segundos mais tarde, o segundo atirador disparou da cerca. Conheço uma testemunha ocular que viu um homem erguendo um fuzil por sobre a cerca e disparando.
Como vê a versão oficial?
A Comissão Warren [cuja investigação concluiu que Oswald agiu sozinho] é falsa. Por quê? Não sei. A maioria das pessoas acredita em conspiração, em mais de um atirador. Em 1979, uma comissão da Câmara concluiu que "era muito provável" que tivesse havido uma conspiração. Também declararam que não divulgariam os detalhes até 2029, 50 anos depois.
Minha opinião pessoal é que as ordens de assassinato vieram dos níveis mais elevados do governo. Há mais de 3.000 livros sobre o assunto, e um que li há pouco, "JFK and the Unspeakable", fala do envolvimento da CIA (agência de inteligência) e do FBI (polícia federal). Elementos dessas organizações.
A Comissão Warren [cuja investigação concluiu que Oswald agiu sozinho] é falsa. Por quê? Não sei. A maioria das pessoas acredita em conspiração, em mais de um atirador. Em 1979, uma comissão da Câmara concluiu que "era muito provável" que tivesse havido uma conspiração. Também declararam que não divulgariam os detalhes até 2029, 50 anos depois.
Minha opinião pessoal é que as ordens de assassinato vieram dos níveis mais elevados do governo. Há mais de 3.000 livros sobre o assunto, e um que li há pouco, "JFK and the Unspeakable", fala do envolvimento da CIA (agência de inteligência) e do FBI (polícia federal). Elementos dessas organizações.
Você também operou Oswald. Como isso aconteceu?
Naquele domingo, cheguei em casa vindo da igreja e liguei a TV. Antes de a imagem se formar, ouvi o narrador dizer "ele acaba de levar um tiro!": [Jack] Ruby acabara de atirar nele. Disse à minha mulher: "Não posso almoçar, tenho de ir para o Parkland: Oswald acaba de levar um tiro". E ela respondeu: "Quem é Oswald? Até mais tarde".
Naquele domingo, cheguei em casa vindo da igreja e liguei a TV. Antes de a imagem se formar, ouvi o narrador dizer "ele acaba de levar um tiro!": [Jack] Ruby acabara de atirar nele. Disse à minha mulher: "Não posso almoçar, tenho de ir para o Parkland: Oswald acaba de levar um tiro". E ela respondeu: "Quem é Oswald? Até mais tarde".
Nenhum comentário:
Postar um comentário