MÁFIA DO ISS
Haddad critica 'vaidade' policial e diz que há delegado citado em esquema
Acusada de omitir dados, gestão petista levanta suspeita e afirma que Controladoria é 'mocinha'
Corregedoria da Polícia Civil enviou pedido formal à prefeitura para saber sobre ligação de policial com fiscais
A afirmação do petista foi feita após José Eduardo Jorge, titular da 2ª Delegacia de Crimes Contra a Administração, dizer à Folha que a prefeitura está omitindo informações pedidas há seis meses sobre servidores suspeitos de enriquecimento ilícito.
A gestão Haddad afirma que os pedidos foram genéricos e que há colaboração de órgãos policiais no caso.
Após a prisão de quatro auditores no último dia 30 acusados de integrar uma quadrilha que dava desconto no ISS em troca de propina, a polícia decidiu abrir 12 inquéritos paralelos ao trabalho da prefeitura e da Promotoria.
Haddad disse que o trabalho da Controladoria-Geral do Município e do Ministério Público não pode ser refém de "vaidade".
"Estamos fazendo o jogo do bandido. A Controladoria é a mocinha da história."
"Existe o depoimento de uma testemunha, cujo anonimato está garantindo sua segurança, de que há um delegado envolvido com a máfia do ISS. Mas isso não tem nada a ver com o que foi dito hoje [pelo delegado à Folha]. O Ministério Público já sabe e está investigando o caso" declarou Haddad.
O petista não disse quem é o delegado. Afirmou somente que a investigação nada tem a ver com Eduardo Jorge.
O prefeito se refere ao depoimento de testemunha batizada de "Alpha". Ela disse ter ouvido de Ronilson Bezerra Rodrigues que um delegado de polícia vendia informações para a máfia do ISS.
Após as declarações do prefeito, a Corregedoria da Polícia Civil enviou um pedido à prefeitura para que sejam enviadas informações sobre o envolvimento do policial. "Assim que a Corregedoria receber os dados, abrirá investigação", diz nota da polícia.
Para Haddad, a afirmação do delegado de que a polícia fez ao menos três solicitações à prefeitura sobre os servidores para investigá-los é uma tentativa de colocar uma "névoa" nos resultados obtidos.
"Em vez de celebrarmos o êxito das investigações estamos promovendo uma discussão menor. Um trabalho tão bonito não pode se render à vaidade de uma pessoa."
A polícia abriu investigação em maio após o controlador Mário Spinelli dizer à revista "Veja" que havia servidores com bens incompatíveis com suas rendas.
MÁFIA DO ISS
Testemunha afirma que delegado vendia informações para fiscais
Segundo ela, policial exigiu R$ 7.000 de cada funcionário investigado para fornecer dados
Depoimento não detalhou período, nome nem cidade; Corregedoria da Polícia Civil já foi acionada
Batizada de "Alpha", para a preservação do verdadeiro nome, a testemunha disse ter ouvido de Ronilson Rodrigues, apontado como chefe do esquema, que um outro auditor conseguia apurar na Polícia Civil a existência de investigações em andamento.
Afirmou ainda que certa vez esse auditor descobriu existir uma investigação contra "vários auditores fiscais" e "o delegado de polícia" exigiu R$ 7.000 de cada "funcionário público investigado" para fornecer informações.
"[A testemunha] sabe dizer que alguns fiscais pagaram, inclusive Ronilson e [Eduardo] Barcellos. Não sabe indicar qual o departamento policial envolvido", afirma um trecho do depoimento, que foi obtido pela Folha.
Ela também não detalhou em que época os fatos teriam ocorrido, além do nome e da cidade do delegado.
Ontem, a Polícia Civil acionou a Corregedoria para efetivar eventuais medidas legais e administrativas.
FLATS
A Promotoria decidiu requisitar à Justiça o bloqueio judicial dos três flats vendidos para três auditores fiscais investigados na máfia do ISS --que pode ter causado um rombo de R$ 500 milhões aos cofres do município.Os imóveis foram adquiridos do empresário Marco Aurélio Garcia --irmão de Rodrigo Garcia, ex-secretário da gestão Gilberto Kassab (PSD) e atual secretário de Desenvolvimento do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
A suspeita do promotor Roberto Bodini é que eles tenham sido adquiridos de Garcia como forma de lavagem de dinheiro obtido através de atividades criminosas.
Garcia será investigado, já que as três compras não foram registradas em cartório.
O advogado de Garcia, Rogério Cury, informou, por meio de nota, que não existiu nenhuma ilegalidade na venda dos imóveis. Afirmou ainda que seu cliente não tinha "relacionamento próximo" com Ronilson.
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