O que a espionagem comprova
A OEA desmoraliza quem a integra, excetuados os EUA. É um imperativo moral, para os demais Estados, repudiá-la
A lista dos 35 não foi divulgada. Ainda que repita nomes presentes em revelações recentes, como Angela Merkel, François Hollande, o mexicano Peña Nieto e seu antecessor Felipe Calderón, o italiano Enrico Letta e Dilma Rousseff, o acúmulo dá à lista um potencial explosivo. Só as duas mulheres já citadas tiveram altivez e coragem de enfrentar Obama e o seu poder. O provável é que, juntos, os homens citados sintam condições de defender a dignidade dos seus países ao menos nos foros internacionais. Presente já na primeira revelação, François Hollande até conseguiu, agora, dizer que a França levantará na União Europeia o problema da espionagem americana.
No nosso caso, de brasileiros com Presidência, governo e empresas atingidas por crime internacional de interceptação, o que se tem, quanto a foro apropriado, não é mais do que a exibição de indignidade da OEA, que explora o abusivo nome de Organização dos Estados Americanos. Os EUA são um desses Estados. O Brasil é outro. O México, idem. Sujeitos, como os demais, a regramentos rigorosos de convivência no âmbito das Américas, sob controle e dever de aplicação entregues à OEA. Para quê?
Se não é, a OEA parece uma organização especializada em fugas. Podem os EUA fazer o que quiserem --invadir, instalar-se ilegalmente em território alheio, organizar a derrubada de governos, praticar ações de sabotagem da CIA a governantes: tudo isso acontece sistematicamente na América Latina-- e a OEA foge ao enfrentamento dessas transgressões a seus princípios como se ela própria fosse peça da máquina transgressora. À qual, na omissão, acaba mesmo por incorporar-se.
A OEA desmoraliza quem a integra, excetuados os EUA. É um imperativo moral, para os demais Estados, repudiá-la.
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