Briga de peixes, com morte e aposta
Converso muito com o Guerrero. Não me refiro ao Paolo, o autor de um dos gols mais importantes da história do Corinthians, o da final do Mundial de Clubes, em 2012. Meu interlocutor frequente é um peixe-beta, cujo aquário fica sobre minha escrivaninha, ao lado do computador.
Enquanto trabalho, Guerrero, batizado em homenagem ao artilheiro, estica suas frondosas nadadeiras e cauda arroxeadas, num degradê bastante sutil. As cores contrastam com o verde-água das pedrinhas na base da beteira, como é conhecido o aquário construído para abrigar um dos peixes mais populares entre apaixonados pela fauna marinha.
O contraste colorido fica mais gritante quando Guerrero repousa no fundo de sua casa. Quando me aproximo, ele majestosamente abre as nadadeiras, bate a cauda e irrompe numa acelerada movimentação para a superfície. Espera que eu polvilhe o alimento.
Ilustração Tiago Elcerdo | ||
Guerrero é o segundo peixe-beta em casa. Tivemos antes o Nemo, que viveu cerca de três anos. Foi o primeiro bicho que a minha filha Silvia, então com três anos, pôde
comprar e chamar de seu. Alimentar o peixe e vê-lo nadar com elegância, exibindo suas cores vivas, fascinavam a menina.
comprar e chamar de seu. Alimentar o peixe e vê-lo nadar com elegância, exibindo suas cores vivas, fascinavam a menina.
Muito das cores dos peixes-beta à venda tem os dedos humano e da seleção genética. Na natureza, o animal costuma carregar coloração acastanhada, com leves pinceladas em azul e vermelho, num desenho para ajudar a escapar de predadores. Mas hoje alguns não escapam é da imbecilidade humana.
O peixe-beta é territorialista, agressivo com machos da mesma espécie. Quando vislumbra um rival, eriça-se e pode partir para a briga. E, sobretudo no sudeste asiático, são promovidas lutas entre os peixes, com apostas e muitas vezes morte de um deles. Às vezes falo sobre isso ao meu Guerrero. E juro que ele parece fazer cara de quem não acredita que possa haver tal selvageria.
Jaime Spitzcovsky, jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Escreve sobre animais de estimação aos domingos, a cada duas semanas, na revista 'sãopaulo'.
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