Luiza Brunet chega aos 51 apaixonada e disposta a tirar o silicone dos seios
A foto foi feita por Bruce Weber, badalado fotógrafo de moda, no Copacabana Palace, em 1986. Hoje, a imagem da morena de seios à mostra repousa emoldurada em um apartamento em Nova York.
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É um dos retratos mais famosos de Luiza Brunet, colocado à venda em 2008 na Christie's, tradicional casa de leilões. O então marido da modelo, Armando Fernandez, via os lances pela internet, mas não entrou no páreo. Havia um "gringo" disposto a pagar muito pelo clique alçado à condição de obra de arte.
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O dono do lance de US$ 50 mil (cerca de R$ 110 mil) era o empresário gaúcho Lirio Parisotto, 60, dono da Videolar, com faturamento de US$ 1,4 bilhão. Três anos depois do leilão, ele arremataria também o coração da modelo.
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Luiza Brunet cansou de ser sexy
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Aos 51 anos, Luiza Brunet diz que já tá transcendeu ao rótulo de "sex symbol" e anuncia que vai tirar as próteses de silicone dos seios
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"Comprei várias fotos históricas. Escolhi a da Luiza pela beleza brejeira de um ícone brasileiro", relata ele à repórter Eliane Trindade. "Nem imaginava que um dia iria namorar a moça."
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Na sala do apartamento dele nos Jardins, em SP -famoso pela adega de 30 m² com mais de 10 mil garrafas de vinho-, ela fala dos prazeres de uma relação madura. "Era pouco provável, na minha idade, conhecer alguém de quem gostasse realmente e que fosse disponível. É maravilhoso estar apaixonada e viver um amor na maturidade."
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O namoro se firmou na ponte área -ela mora no Rio com o filho caçula, Antônio, 16. O casal se conheceu em um jantar no Copacabana Palace, cenário da foto icônica.
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Aos 51 anos, uma das mulheres mais desejadas do país diz ter ficado cerca de dois anos sem sexo, após se divorciar em 2008. "Quando falei isso, foi uma loucura. Fizeram reportagens de comportamento, ouviram especialista", conta, rindo.
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"A questão não é conseguir sexo. Por que a fila tem que andar rapidinho?" A dificuldade não era parceiro, diz, mas virar a página após 24 anos ao lado de Armando, pai de seus dois filhos. "Foi doloroso aprender a estar só. Sentia falta até das discussões."
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Precisou se reestruturar. Cortou o cabelo curto, fez regime. "Estava largada", admite. Não mais. Ela se mantém nos 64 kg em 1,76 m. Já pesou 58 kg. "Não preciso mais estar tão magra."
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É empresária de si mesma. O perfume que leva seu nome vendeu 3 milhões de unidades. Aposentou-se como rainha de bateria no Carnaval, mas continua na ativa como modelo em um mercado que cobra juventude. Relata comentários agressivos na internet em fotos nas quais aparecem as marcas inevitáveis do tempo. "Alguns são agressivos, me chamam de velha."
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Não esconde idade. "Olho fotos minhas com 20, 30 anos, e gosto mais de mim hoje. Não tenho nenhum problema com envelhecimento. Já a morte me assusta. Perder a lucidez me apavora."
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Luiza quer se despir da pele de "sex symbol". "Já transcendi a essa história de símbolo sexual." Vai retirar as próteses de silicone dos seios (170 ml cada uma). "Estou em busca de outras coisas e quero uma estética mais natural, menos sensualidade."
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Posou nua pela última vez em 1986 para a revista masculina "Playboy".
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"Eu me sentia super à vontade", diz. "Mas o nu era mais discreto. Eu não posaria hoje de jeito nenhum. É muita exposição. As fotos estão na internet na mesma hora."
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O empresário Humberto Saade, dono da grife Dijon, a descobriu quando fazia um ensaio sensual para a revista "Ele & Ela". Nascia La Brunet (sobrenome do engenheiro com quem foi casada dos 16 aos 22 anos). Nas imagens publicitárias dos anos 1980, ela aparece sempre sem blusa, ao lado do patrão.
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Ela nasceu Luiza Botelho da Silva, no Mato Grosso do Sul, e foi criada em um subúrbio do Rio. Queria ser cabeleireira. "Era o meu horizonte." É a segunda de oito irmãos (dois morreram pequenos). Aos 12 anos, virou babá. "Cuidava de duas meninas, de 4 e 6 anos. Éramos três crianças, mas eu me comportava como uma senhora. Me sentia importante por ajudar em casa."
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Sentia-se preparada para as ciladas da futura carreira. "Sobrevivi como modelo porque nunca vivi dentro do mundo da moda. Trabalhava e voltava para minha família."
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Prostituição e drogas estavam no cardápio. "É difícil fazer as coisas funcionarem e não se corromper", diz Luiza. "Existe todo tipo de assédio. Propostas indecorosas e decorosas. Nem sempre de dinheiro. Mas nunca passou pela minha cabeça, em nenhuma fase, ter vida boa em troca de favores sexuais."
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Passou a cartilha à filha Yasmin, 25, também modelo. "A cobrança era terrível. Falavam: 'Sua mãe é maravilhosa, se você chegar aos pés dela...'. É como se ela tivesse obrigação de ser melhor do que eu." A garota decidiu morar em Nova York. "Foi uma forma de sair da sombra e resgatar a autoestima."
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Luiza Brunet leva gravado no corpo o nome das duas crias. Fez a primeira tatuagem no braço, aos 39 anos. A princípio, os desenhos (fez outros no quadril e no tornozelo) serviram para disfarçar manchas de vitiligo. "É uma doença autoimune que aflorou por conta de passagens da minha vida." Evita entrar em detalhes. "Momentos difíceis todos enfrentam."
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Os primeiros sinais de despigmentação da pele apareceram na infância. Chegou a tentar um tratamento famoso em Cuba, mas não deu certo. Aprendeu a conviver com a doença e a controlá-la. "O estresse é sempre um gatilho. Se estou menos estressada e me cuido, não se desenvolve." As marcas não a impediram de fechar importantes contratos com empresas de cosméticos.
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No dia a dia e nas fotos, usa creme autobronzeante para camuflar as manchas. Segue a linha natural na hora de apelar para métodos de rejuvenescimento. Fez plástica no rosto aos 47 anos. "Um minilifiting. Nem perceberam."
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Dá risada das histórias da vida. Conta, às gargalhadas, episódios como o dia em que foi apresentada ao ex-presidente José Sarney, em Búzios. "Estava fazendo faxina. Meu vizinho apareceu. Abri a porta e dei de cara com o Sarney." Detalhe: estava só com a parte de baixo do biquíni. E foi de topless que cumprimentou as visitas. "Era como ficava em casa na praia."
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Foi apresentada a Pelé junto com Xuxa, quando o trio posou para uma revista. "Nos conhecemos no mesmo dia. Ele sempre xavecando todo mundo. Acabou saindo com a loura", brinca Luiza.
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As duas eram amigas, mas se distanciaram quando Xuxa virou um fenômeno na TV. Luiza agora também está na Globo, na série "Correio Feminino", do "Fantástico". Foi escolhida pelo diretor Luiz Fernando Carvalho para encarnar uma das mulheres que dão vida às crônicas de Clarice Lispector. "Viver o universo de uma mulher madura me deixou segura."
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Após duas novelas e participações especiais, ela é crítica quanto à própria atuação. "Eu era totalmente despreparada para fazer novela." Trauma das resenhas impiedosas ao seu papel em "Os Trapalhões no Reino do Futebol" (1986). "Me destruíram", diverte-se. "Morro de vergonha. Estava muito ruim mesmo."
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Agora finaliza a autobiografia, que lançará em breve. "Foi difícil me abrir, mas nunca escondi minha origem, meus defeitos, minhas ansiedades. Acho legal compartilhar. Descobri faz tempo que a gente só aprende na dor, na porrada, na crítica", diz a Luiza na versão 5.0.
Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.
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