FOCO - MÁFIA DO ISS
Amilcar José Cançado Lemos postou mensagem poucos dias antes de saber que era investigado
"Sou contra o indulto de Natal. Quem também é, compartilha", diz o texto sobre um desenho que mostra uma série de presos em fuga da cadeia, todos gargalhando, ao lado de uma imagem da Justiça desnorteada.
Amilcar não chegou a ser preso, mas faz parte do grupo de fiscais suspeitos de cobrar propinas de incorporadores para reduzir o valor do ISS de imóveis recém construídos, essencial para obtenção do "Habite-se", autorização para o local ser ocupado.
Quatro deles, acusados de acumular um patrimônio de R$ 80 milhões, foram presos no último dia 30 e depois liberados. A casa de Amilcar foi alvo de uma operação de busca e apreensão na última quarta-feira.
PAIXÃO POR MOTOS
A mensagem na rede social sobre os presos é um ponto fora da curva nos relatos de Amilcar. A maior parte das mensagens e fotos que ele coloca no Facebook é sobre as motos Harley Davidson.
Ele é tão fanático pela motocicleta que foi à celebração dos 110 anos da marca, em Milwaukee (no meio-oeste dos Estados Unidos), no final de agosto deste ano.
Lá, fez uma foto em que aparece sorrindo ao lado de um gigante cartaz com o número 110, sobre a mensagem "110 Years of Freedom" (110 anos de Liberdade).
A página no Facebook de Amilcar mostra que ele fez uma travessia nos EUA com um grupo de amigos, entre agosto e setembro, sempre parando em bares de motoqueiros e se hospedando em hotéis que trazem o logotipo da Harley Davidson no nome.
Saíram de Milwaukee, perto da fronteira com o Canadá, e acabaram na Flórida, no sul, onde ficaram hospedados no Casa Marina -Waldorf Astoria Resort.
Também fizeram uma parada em Las Vegas para celebrar o aniversário de casamento da filha.
OUTRO LADO
Advogado diz ser impedido de comentar
Luis Alexandre Cardoso de Magalhães fez acordo de delação premiada; Amilcar José Cançado Lemos não foi encontrado
O advogado do fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, Mario Ricca, afirma que não pode comentar qualquer questão sobre uma eventual conta nos Estados Unidos de seu cliente por causa do acordo de delação premiada que Magalhães assinou na última semana com o Ministério Público.
Pelo acordo firmado com a Promotoria, Magalhães pode ter uma redução de pena de até um terço de uma eventual condenação.
Isso poderia acontecer se as informações que fornecer aos promotores ajudarem a desvendar o suposto esquema montado em torno da Secretaria das Finanças para reduzir impostos de incorporadores em troca de suborno.
SEM RESPOSTA
A reportagem da Folha procurou Amilcar José Cançado Lemos por meio de uma advogada que aparece em outro processo que ele move, mas não obteve resposta.
A reportagem também enviou perguntas ao auditor fiscal por meio de sua sua página no Facebook.
Uma das perguntavas mencionava a conta bancária nos Estados Unidos. Amilcar não respondeu a nenhum dos questionamentos.
A reportagem enviou um pedido de informação ao Israel Discount Bank, por meio do site da instituição. Também não obteve resposta até a conclusão desta edição.
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