A volta do novelão
Com 'Em Família', que tem estreia prevista para fevereiro
ENVIADA ESPECIAL A GOIÂNIA
Um novelão daqueles vai encerrar a saga das Helenas de Manoel Carlos. "Em Família", novela das 21h da Globo que estreia em fevereiro, retoma as características clássicas do gênero: muito drama, romances problemáticos, histórias de superação e uma linguagem visual careta.
Desde "Avenida Brasil" (2012), com reviravoltas diárias e um ritmo acelerado comum aos seriados norte-americanos, a emissora tem tentado emular o gênero estrangeiro transmutando o que sempre foi sua principal fonte de audiência, a telenovela.
Com a estreia, é como se congelasse a estratégia e voltasse à fórmula que em outros tempos era garantia de sucesso: uma trama que se desenvolve lentamente e se explica a cada capítulo.
João Miguel Júnior/Divulgação/TV Globo | ||
Bruna Marquezine grava cena em praça no centro de Goiânia (GO) |
"Vamos usar uma linguagem menos arrojada, queremos uma coisa mais tradicional", diz o diretor-geral de "Em Família", Leonardo Nogueira. Jayme Monjardim assina a direção de núcleo.
Partindo dessa ideia, a Globo escolhe mostrar uma trama baseada em situações familiares e triângulos amorosos, além dos temas "campanha social" -como o alcoolismo e a doença de Parkinson-, num ritmo mais lento, de "vida real", que caracteriza a obra de Manoel Carlos.
"Estou escrevendo como sempre escrevi. Talvez seja correto dar a esse formato o nome de tradicional, mas para mim é apenas o que acredito saber fazer", diz o autor. Ele anunciou que essa deve ser sua última novela.
A história central em questão é a de uma menina, Helena, que se apaixona pelo primo, Laerte, com quem cresce e quase casa, até que um evento (este fechado a sete chaves pela Globo) os leva a direções opostas.
Ela deixa Goiás, onde os dois nasceram, e se muda para o Rio. Ele, anos depois, vai para o exterior e vira um flautista famoso.
Bruna Marquezine e Júlia Lemmertz interpretam Helena, a protagonista, em duas fases da vida. Marquezine, na segunda parte da novela, vive ainda sua filha, Luiza.
A escalação foi bem planejada por Manoel Carlos. Marquezine começou a carreira em uma novela do autor, "Mulheres Apaixonadas" (2003), como a menina Salete, aos 8 anos, e desde então não trabalhou mais com seus textos.
Lemmertz é filha de Lilian Lemmertz (1937-1986), a primeira Helena e a quem a novela é dedicada. "Pensei imediatamente na Júlia, uma atriz que sempre admirei e para quem nunca escrevi."
Sobre Marquezine, diz que precisava de uma artista versátil: "É uma atriz jovem, mas já com experiência para encarar dois papéis diferentes".
Sobre Marquezine, diz que precisava de uma artista versátil: "É uma atriz jovem, mas já com experiência para encarar dois papéis diferentes".
Laerte, o primo que se envolverá com mãe e filha, é interpretado por Guilherme Leicam ("Malhação") e por Gabriel Braga Nunes.
A repórter viajou a convite da TV Globo
CAPA
Globo vai a Goiânia atrás de audiência
Primeiros capítulos incluem cidades de Goiás, numa tentativa de melhorar o mau desempenho da emissora no Estado
Próxima novela das nove pode ser a última de Manoel Carlos; autor diz que vai passar a escrever minisséries
Assim como a escalação das atrizes, a escolha das cidades é estratégica para a Globo, que enfrenta na capital goiana sua pior audiência.
"Temos o enorme desafio de fazer com que as pessoas assistam à TV aqui", disse o diretor-geral Leonardo Nogueira antes de gravar cenas com Bruna Marquezine.
Já Manoel Carlos diz que a história começa fora do Rio porque precisava de um cenário "rico, mas que mantivesse os costumes regionais". Na vida adulta, Helena sairá de lá e viverá no Leblon.
A Folha assistiu a gravações da novela na capital goiana. Na primeira, a vida real da cidade quase interferiu na "vida real" que a novela tentava reproduzir.
Gabriel Braga Nunes (Laerte) e Helena Ranaldi (Verônica) faziam sua primeira cena em um parque, onde adolescentes fantasiados de fantasmas e zumbis cobertos de sangue falso comemoravam o Dia das Bruxas.
Horas mais tarde, no centro, Helena (Bruna Marquezine) vivia seu romance juvenil na saída de um baile de formatura, ao lado do primo, vivido por Guilherme Leicam.
A cena, que se passa nos anos 1990, era composta por figurantes com longos vaporosos e penteados extravagantes, além de Opalas e Chevettes estacionados.
A novela será dividida em três fases que se passam nos anos 1980 e 1990 e em 2014. Além de Goiás e do Rio, Viena será cenário.
A cidade foi escolhida, diz o diretor Jayme Monjardim, "por ser musical", uma vez que a novela conta com ao menos quatro músicos entre os personagens principais.
Mas Monjardim afirma que nenhum desses elementos deve ser a principal marca da obra: "Nada fala mais alto nas novelas do Maneco [Manoel Carlos] do que o próprio Maneco. O desafio é não atrapalhar o texto dele."
O autor diz que essa será sua última novela. Esse anúncio já fora feito há dez anos, quando ele lançou "Mulheres Apaixonadas" (2003). "Cheguei aos 80 anos e prefiro parar enquanto me julgo ainda capaz de encarar essa empreitada", afirma.
Ele diz, no entanto, que não está se aposentando: quer escrever minisséries e pode ainda experimentar o formato dos seriados.
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