domingo, 10 de novembro de 2013

TV Globo retoma características clássicas da novela com 'Em Família'

folha de são paulo
A volta do novelão
Com 'Em Família', que tem estreia prevista para fevereiro
ISABELLE MOREIRA LIMA
ENVIADA ESPECIAL A GOIÂNIA
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Um novelão daqueles vai encerrar a saga das Helenas de Manoel Carlos. "Em Família", novela das 21h da Globo que estreia em fevereiro, retoma as características clássicas do gênero: muito drama, romances problemáticos, histórias de superação e uma linguagem visual careta.
Desde "Avenida Brasil" (2012), com reviravoltas diárias e um ritmo acelerado comum aos seriados norte-americanos, a emissora tem tentado emular o gênero estrangeiro transmutando o que sempre foi sua principal fonte de audiência, a telenovela.
Com a estreia, é como se congelasse a estratégia e voltasse à fórmula que em outros tempos era garantia de sucesso: uma trama que se desenvolve lentamente e se explica a cada capítulo.
João Miguel Júnior/Divulgação/TV Globo
Bruna Marquezine grava cena em praça no centro de Goiânia (GO)
Bruna Marquezine grava cena em praça no centro de Goiânia (GO)
"Vamos usar uma linguagem menos arrojada, queremos uma coisa mais tradicional", diz o diretor-geral de "Em Família", Leonardo Nogueira. Jayme Monjardim assina a direção de núcleo.
Partindo dessa ideia, a Globo escolhe mostrar uma trama baseada em situações familiares e triângulos amorosos, além dos temas "campanha social" -como o alcoolismo e a doença de Parkinson-, num ritmo mais lento, de "vida real", que caracteriza a obra de Manoel Carlos.
"Estou escrevendo como sempre escrevi. Talvez seja correto dar a esse formato o nome de tradicional, mas para mim é apenas o que acredito saber fazer", diz o autor. Ele anunciou que essa deve ser sua última novela.
A história central em questão é a de uma menina, Helena, que se apaixona pelo primo, Laerte, com quem cresce e quase casa, até que um evento (este fechado a sete chaves pela Globo) os leva a direções opostas.
Ela deixa Goiás, onde os dois nasceram, e se muda para o Rio. Ele, anos depois, vai para o exterior e vira um flautista famoso.
Bruna Marquezine e Júlia Lemmertz interpretam Helena, a protagonista, em duas fases da vida. Marquezine, na segunda parte da novela, vive ainda sua filha, Luiza.
A escalação foi bem planejada por Manoel Carlos. Marquezine começou a carreira em uma novela do autor, "Mulheres Apaixonadas" (2003), como a menina Salete, aos 8 anos, e desde então não trabalhou mais com seus textos.
Lemmertz é filha de Lilian Lemmertz (1937-1986), a primeira Helena e a quem a novela é dedicada. "Pensei imediatamente na Júlia, uma atriz que sempre admirei e para quem nunca escrevi."
Sobre Marquezine, diz que precisava de uma artista versátil: "É uma atriz jovem, mas já com experiência para encarar dois papéis diferentes".
Laerte, o primo que se envolverá com mãe e filha, é interpretado por Guilherme Leicam ("Malhação") e por Gabriel Braga Nunes.
A repórter viajou a convite da TV Globo
CAPA
Globo vai a Goiânia atrás de audiência
Primeiros capítulos incluem cidades de Goiás, numa tentativa de melhorar o mau desempenho da emissora no Estado
Próxima novela das nove pode ser a última de Manoel Carlos; autor diz que vai passar a escrever minisséries
ISABELLE MOREIRA LIMADA ENVIADA ESPECIAL A GOIÂNIANovela de Manoel Carlos é sinônimo de Leblon, bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro. Mas, desta vez, outro cenário deve abrir a nova trama das 21h da Globo: Goiás. A novela tem início na cidade fictícia de Esperança, onde Helena viverá sua infância. Foram feitas gravações em locações do município de Goiás e na capital, Goiânia.
Assim como a escalação das atrizes, a escolha das cidades é estratégica para a Globo, que enfrenta na capital goiana sua pior audiência.
"Temos o enorme desafio de fazer com que as pessoas assistam à TV aqui", disse o diretor-geral Leonardo Nogueira antes de gravar cenas com Bruna Marquezine.
Já Manoel Carlos diz que a história começa fora do Rio porque precisava de um cenário "rico, mas que mantivesse os costumes regionais". Na vida adulta, Helena sairá de lá e viverá no Leblon.
A Folha assistiu a gravações da novela na capital goiana. Na primeira, a vida real da cidade quase interferiu na "vida real" que a novela tentava reproduzir.
Gabriel Braga Nunes (Laerte) e Helena Ranaldi (Verônica) faziam sua primeira cena em um parque, onde adolescentes fantasiados de fantasmas e zumbis cobertos de sangue falso comemoravam o Dia das Bruxas.
Horas mais tarde, no centro, Helena (Bruna Marquezine) vivia seu romance juvenil na saída de um baile de formatura, ao lado do primo, vivido por Guilherme Leicam.
A cena, que se passa nos anos 1990, era composta por figurantes com longos vaporosos e penteados extravagantes, além de Opalas e Chevettes estacionados.
A novela será dividida em três fases que se passam nos anos 1980 e 1990 e em 2014. Além de Goiás e do Rio, Viena será cenário.
A cidade foi escolhida, diz o diretor Jayme Monjardim, "por ser musical", uma vez que a novela conta com ao menos quatro músicos entre os personagens principais.
Mas Monjardim afirma que nenhum desses elementos deve ser a principal marca da obra: "Nada fala mais alto nas novelas do Maneco [Manoel Carlos] do que o próprio Maneco. O desafio é não atrapalhar o texto dele."
O autor diz que essa será sua última novela. Esse anúncio já fora feito há dez anos, quando ele lançou "Mulheres Apaixonadas" (2003). "Cheguei aos 80 anos e prefiro parar enquanto me julgo ainda capaz de encarar essa empreitada", afirma.
Ele diz, no entanto, que não está se aposentando: quer escrever minisséries e pode ainda experimentar o formato dos seriados.

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